Com a redução dos juros, a inflação controlada e o aumento nas concessões de crédito, o comércio projeta crescimento neste ano. A expectativa positiva leva em consideração uma tímida retomada dos empregos formais e do poder de compra do consumidor. Conforme a Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), a projeção é de acréscimo de 3% nas vendas.
As apostas de mercado indicam que a Selic pode chegar a 5% até o fim do ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne esta semana para definir a nova taxa básica de juro, que atualmente é de 6% ao ano.
O economista-chefe da ACICG, Normann Kallmus, confirma a tendência de recuperação. “Nós temos notado desde o começo do ano uma melhora no desempenho, não são mudanças bruscas. Todos os meses deste ano têm sido melhores que os meses de 2018. Um dos motivos é a mudança de expectativa das pessoas. Se você está com receio de como vai pagar as contas, você economiza. As pessoas estão mais otimistas, muita gente está com o nome limpo, então, a qualidade do crédito aumentou”, diz.
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), outro fator que está impulsionando o comércio é o aumento no crédito. A concessão de crédito para pessoas físicas aumentou 14,3% no ano, comparativamente a 2018, segundo o Banco Central (BC). Ao todo, foi liberado R$ 1,3 trilhão no período.
A projeção é de um fim de ano bem melhor, baseado em todos os indicativos. “Sempre podem acontecer coisas estranhas no meio do caminho. Se continuarmos com as condições atuais, nós temos, sim, uma expectativa de fechar o ano com 3% a mais que no ano passado. O setor do comércio e serviços tem crescido. O setor de serviços principalmente, pois ninguém vai a São Paulo só para cortar os cabelos ou almoçar. É importante mencionar a qualidade do crédito, as pessoas estão com o nome limpo”, diz o economista da ACICG.
De acordo com a economista do Instituto de Pesquisa da Fecomércio-MS (IPF-MS), Daniela Teixeira Dias, o segundo semestre costuma ser mais lucrativo para o comércio. “A gente percebe que no segundo semestre tanto os empresários quanto os consumidores estão mais otimistas. Houve uma reação na intenção de consumo dos últimos meses, desde junho. Geralmente, o segundo semestre é mais otimista porque temos o Dia das Crianças, restituição do imposto de renda, o pagamento do FGTS e o Natal, que acabam interferindo na expectativa. Com essas rendas extras, eu crio uma condição de confiança de recuperação da economia”, analisa.
EMPREGOS
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que o medo do desemprego é menor do que no ano passado. E a confiança do consumidor é maior. Kallmus diz que, em Campo Grande, a retomada dos empregos influencia diretamente no aumento do consumo. “Cresceu o número de vagas e, com mais gente trabalhando, mais gente consome. A flexibilização da questão da terceirização possibilita a contratação de maior número de temporários. A perspectiva da aprovação da reforma da Previdenciária, a queda do risco no Brasil, a queda na taxa de juros, todos são fatores que influenciam no clima de otimismo. Não é que tudo esteja funcionando às mil maravilhas, mas nós temos mais possibilidades”.
A economista do IPF-MS diz que a confiança tanto do empresário quanto do consumidor aumentou no Estado. “O ano não iniciou ruim, a confiança tanto do empresário quanto do consumidor oscilou. Com o empresário mais confiante, maior a possibilidade de ele contratar. As pessoas ainda têm um pouco de medo, mas estão mais confiantes. A evolução do emprego também está positiva. Esse também é o momento de contratação de temporários e estima-se um aumento do quadro em torno de 15% para mais. Essas pessoas novamente empregadas passam a consumir mais”, explica Daniela.