Johannesburgo, África do Sul
O assasinato do líder do Movimento de Resistência Africânder (AWB na sigla em inglês), Eugene Terreblanche, aumenta o alerta dos organizadores da Copa do Mundo da África do Sul quanto à segurança do evento. O grupo de ultradireita, que defende a volta do extinto sistema político apartheid, recomendou aos países estrangeiros cuidado para não se envolver em possíveis choques violentos em resposta ao que chamaram de "declaração de guerra" de negros contra brancos.
De acordo com o jornal Mail & Guardian, de Johannesburgo, o dirigente de alto escalão do AWB, Andre Visagie, fez alerta direto às condições de segurança na África do Sul, ao afirmar que o partido se reunirá em uma convenção no dia 1º de maio, para definir "como será vingada a morte de Terreblanche".
Os acusados de cometerem o crime são dois funcionários da propriedade de Terreblanche, na zona rural de Ventersdorp, região localizada a oeste de Johannesburgo, principal cidade da África do Sul. O grupo de ultradireita tem atribuído relação no incidente às manifestações do partido de oposição, Aliança Democrática, que teriam acirrado os conflitos raciais na região ao entoarem uma canção cujo um dos trechos diz "kill the farmer" (mate o fazendeiro).
Ontem, um dia após um anúncio por televisão do presidente Jacob Zuma, pedindo calma e unidade à população, altos dirigentes regionais viajaram a Ventersdorp para tentar conter os ânimos entre as partes envolvidas. Domingo, após o enterro do ex-líder do Movimento de Resistência Africânder, partidários disseram que não pretendem promover atos violentos em resposta ao assassinato.
Além dos conflitos no interior da África do Sul, a organização do Mundial de Futebol também mostra preocupação com as condições de segurança em Johannesburgo. A maior cidade do país, onde o Brasil disputará dois jogos da primeira fase da competição, tem bolsões de miséria entre os seus 3,2 milhões de habitantes, formados quase totalmente pela população negra.
Ainda sobre a Copa do Mundo, o presidente sul-africano admitiu que o assassinato prejudicou a imagem do país: "É a natureza desse crime que nos deixa preocupados. Mas eu posso dizer que o nosso planejamento na luta contra a violência já está dando resultados", ponderou.