Se trabalhar com muitos treinadores ajuda a moldar um jovem talento, Neymar, 18, pode se tornar uma "enciclopédia do futebol".
Em menos de dois anos como profissional, o atacante foi comandado por seis treinadores no Santos --quatro efetivos (Vagner Mancini, Vanderlei Luxemburgo, Dorival Jr., e Adilson Batista) e dois interinos (Serginho Chulapa e Marcelo Martelotte).
Depois da demissão de Adilson, anunciada anteontem, o atacante se prepara para ouvir as ordens de seu sétimo técnico no clube.
Entre os grandes times paulistas, ninguém trocou tanto de treinador na era Neymar como o Santos. Corinthians e São Paulo tiveram três técnicos efetivos no período, e o Palmeiras, quatro.
A rotatividade de treinadores na Vila Belmiro acontece apesar dos bons resultados --Adilson foi dispensado com um retrospecto de uma derrota em 11 partidas.
Contraria também a promessa de maior profissionalismo da diretoria atual, que já deixou, em pouco mais de um ano, sua joia sob as ordens de Dorival Jr., Adilson e por meses, em 2010, com o interino Marcelo Martelotte, que, agora, novamente ocupa o cargo enquanto a diretoria procura um novo técnico.
Ao contrário do que aconteceu com Vanderlei Luxemburgo e Dorival Jr. que deixaram o Santos após desentendimentos com Neymar, Adilson não teve problemas com o atacante, que também já trabalhou com Mano Menezes na seleção brasileira.
Tanto que Neymar foi escalado ontem para abafar a crise na Vila Belmiro, apimentada após queixas de cartolas sobre o posicionamento do atacante em campo com o demitido treinador.
"Tive pouco contato com o Adilson. Mas ele é uma pessoa maravilhosa, me recebeu muito bem", falou Neymar sobre o treinador com quem atuou em apenas três jogos e não venceu --foram dois empates (Deportivo Táchira e São Bernardo) e uma derrota (contra o Corinthians).
O atacante tratou de defender um outro técnico com que trabalhou --Ney Franco, treinador da seleção sub-20.
"O Ney Franco é uma pessoa maravilhosa, dentro e fora do gramado. No tempo em que eu estive com ele, foi muito bom. Ele me ajudou muito, ganhei um título importante com ele e classificamos o Brasil para a Olimpíada. É um treinador de muita qualidade, que, se vier, será muito bem recebido", disse.
Mas a chance de um reencontro é pequena. O próprio Ney Franco, apesar de se dizer honrado com a possibilidade de treinar o Santos, declarou que seu acerto com a CBF prevê exclusividade no comando das categorias de base da seleção brasileira.