Campeão dos 1.500m e bronze nos 5.000m na edição deste ano nos Jogos Paralímpicos, realizado em Paris (França), o campo-grandense Yeltsin Jacques foi “esquecido” na lista de indicados ao prêmio Melhores no Esporte do Ano 2024, que premia os destaques esportivos sul-mato-grossenses.
A relação definitiva foi divulgada nesta sexta-feira (22) e surpreendeu ao não constar o nome do melhor atleta de Mato Grosso do Sul nos últimos anos. Segundo prevê o edital, a inscrição dos atletas nas categorias é feita pela Federação daquela determinada modalidade ou pelos Clubes ou Associações que fomentam a referida modalidade no estado.
Ao todo, o prêmio é dividido em 14 categorias, sendo três grandes temas: modalidades individuais masculino e feminino, modalidades coletivas masculino e feminino e profissionais do esporte (técnico/treinadores e árbitros). As categorias são:
Individual Masculino e Feminino
- Infantojuvenil (até 17 anos);
- Adulto (a partir de 18 anos);
- Paradesporto/surdolímpico (até 17 anos);
- Paradesporto/surdolímpico (a partir de 18 anos);
- Melhor Idade (a partir de 60 anos);
Coletivo Masculino e Feminino
- Infantojuvenil (até 17 anos);
- Adulto (a partir de 18 anos);
- Paradesporto/surdolímpico (até 17 anos);
- Paradesporto/surdolímpico (a partir de 18 anos);
- Melhor Idade (a partir de 60 anos);
- Melhor equipe;
Profissionais do esporte (técnico/treinadores e árbitros)
- Melhor Treinador(a);
- Melhor Treinador(a) Paradesporto/surdolímpico;
- Melhor Árbitro(a);
A categoria da qual se encaixaria Yeltsin é a Paradesporto/surdolímpico (a partir de 18 anos) e nela foram indicados outros seis atletas: Aldrey Gonzada Mareco (Paratletismo), André Luis Barroso Filho (Bocha Paralímpica), Fernando Rufino De Paulo (Paracanoagem), Jorge Diodi Nakashita (Judô De Cegos), Luiz Nelson Nunes Azevedo (Tiro Esportivo) e Rivair Souza Da Silva (Boliche).
A diretoria de excelência e capacitação esportiva da Fundesporte respondeu que as federações e associações são as responsáveis pelas indicações no caso do paradesporto e melhor idade, mas os atletas que participaram da Paralimpíada serão premiados
Sobre o prêmio, no próximo dia 4, a a Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul) anuncia a lista com os 5 finalistas em cada categoria. Uma semana depois, dia 11, às 19h, acontece a cerimônia de premiação, no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo, no Parque dos Poderes, em Campo Grande.
Para conferir todos os indicados, clique aqui.
Biografia do Yeltsin
Segundo consta no site oficial da Confederação Paralímpico Brasileiro (CPB), Yeltsin nasceu, em 1991, com baixa visão, mas seu começo não foi no atletismo. Em 2003, com apenas 12 anos, ele competiu no Campeonato Brasileiro de Judô e, posteriormente, chegou a praticar natação.
Porém, com 16 anos, ele se apaixonou pela corrida após ajudar um amigo, totalmente cego, a praticar a modalidade. Em 2007, se inscreveu na sua primeira competição oficial, a Paralimpíadas Escolares. Yeltsin corre na classe T11, para atletas com deficiência visual quase total, alguns deles têm a capacidade de identificar um objeto a 25cm, do qual todos competem com óculos escuros e com um guia.
Principais conquistas:
- Prata nos 1.500m e bronze nos 800m no Mundial de 2013 na França;
- Ouro nos 1.500m e bronze nos 5.000m nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015;
- Ouro nos 1.500m nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019;
- Ouro nos 5.000m e nos 1.500m nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020;
- Ouro nos 1.500m e bronze nos 5.000m no Mundial de Paris 2023;
- Ouro nos 5.000m nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023;
- Ouro nos 5.000m no Mundial de Kobe 2024;
Ainda, em 2021, após conquistar os dois ouros em Tóquio, Yeltsin recebeu o prêmio "Surto Olímpico" de melhor atleta paralímpico masculino. Além disso, a medalha no 1.500m foi histórica, já que foi o 100º ouro brasileiro nos Jogos, com direito a recorde mundial, ao terminar a corrida no tempo de 3min57s60.
Rufino
No último dia de paralímpiada, Fernando Rufino, sul-mato-grossense nascido em Eldorado, conquistou a medalha de ouro na paracanoagem, na prova de 200 metros da classe VL2 (canoa, em que se usa tronco e braços na remada).
O "Cowboy de Aço", como é conhecido, completou o percurso em 50s47, estabelecendo o novo recorde dos Jogos. Rufino conquistou o bi-campeonato, já que o atleta também foi medalhista de ouro nesta mesma prova nos Jogos Paralímpicos de Toquio 2020. Rufino também foi porta-bandeira do Brasil na cerimônia de encerramento dos Jogos Paralímpicos de Paris-2024, ao lado da nadadora Carol Santiago.
Rufino atualmente é tricampeão mundial na paracanoagem. A primeira conquista foi em 2021, na cidade de Copenhague, na Dinamarca. O segundo título veio no ano passado, em Duisburg, na Alemanha. Neste ano, o atleta chegou ao tricampeonato em maio, alcançando o primeiro lugar em Szeged, na Hungria.
Em entrevista para o Correio do Estado, Fernando Rufino contou quais são suas metas após o bicampeonato paralímpico.
“Eu quero chegar em alto nível competitivo em Los Angeles 2028. Estou descansando agora, em casa, com a minha família, mas ano que vem tem Mundial, em agosto. Já estamos pensando na preparação para Los Angeles, vendo o que a gente fez na Paralimpíada para melhorar”, declarou Rufino.
Outras medalhas de MS na Paralímpiadas
Outro sul-mato-grossense que se destacou nas paralímpiadas foi o campo-grandense Yeltsin Jacques, que conquistou o ouro nos 1.500m e o bronze no 5.000m na classe T11 (atletas cegos) no atletismo.
Na prova dos 1.500m, Yeltsin se tornou bi-campeão paralímpico, batendo o seu próprio recorde que foi atingido nas paralímpiadas de Toquio. Yeltsin e o guia Guilherme Ademilson concluíram a prova de Paris em 3m55s82. Na prova de Tóquio 2020, Yeltsin realizou o percurso em 3m57s60.
No salto em distância, o douradense Paulo Henrique dos Reis, competiu nas paralímpiadas pela primeira vez em Paris, e logo na sua estreia o sul-mato-grossense conquistou a medalha de bronze. Paulo dos Reis atingiu a marca de 7.20m, a sua melhor marca da temporada na classe T13.
A judoca Érika Cheres Zoaga, nascida em Guia Lopes da Laguna e criada em Campo Grande, também estreou nos Jogos Paralímpicos conquistando medalha, Érika foi medalhista de prata na categoria de +70kg no judo da classe J1 (cegos totais).
*Colaborou Judson Marinho