Correio B

FOLIA NA PRAÇA

Cordão Valu realizará evento pré-Carnaval com seis atrações musicais

Uma conversa sobre carnaval, preconceito e representatividade com Silvana Valu, professora Bartô e Vovô do Ilê, presidente do bloco afro-baiano, além de homenagens ao Grupo TEZ e o Ilê Aiyê

Continue lendo...

Depois de movimentar a Praça Coophafé, no domingo passado, durante a oitava edição da Feira Borogodó, o Cordão Valu realizará mais um evento pré-carnaval amanhã, na Praça do Rádio, a partir das 18h, com seis atrações musicais e um tributo ao Grupo TEZ – Trabalho e Estudos Zumbi e ao Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro da Bahia, que completa 50 anos em 2025.

A festa de amanhã, com acesso gratuito, contará com ritmistas da Absoluta, a bateria da Igrejinha, além de passistas e outros integrantes da escola de samba; o cantor Chokito, do grupo Pagode do Tadeu, e mais três atrações para uma participação especial: Angelique, Silveira e Marta Cel.

“Será uma festa muito alegre, com muito samba, muito axé, pro pessoal cair na folia”, promete Silvana Valu, uma das fundadoras do tradicional cordão carnavalesco da Capital, criado em 2006.

Com Ilê Aiyê, que será representado por seu presidente e fundador Antônio Carlos dos Santos Vovô, o Vovô do Ilê, o Grupo TEZ, criado há quatro décadas em Campo Grande, com uma trajetória pioneira no combate ao racismo que extrapola Mato Grosso do Sul, também será homenageado pelo Valu no carnaval deste ano. 

Acompanhe a seguir os melhores momentos da entrevista exclusiva para o Correio B com Silvana Valu e a pedagoga Bartolina Ramalho Catanante, carinhosamente conhecida como professora Bartô, presidente do TEZ. As duas são presenças confirmadas no evento de amanhã ao lado de Vovô do Ilê.

RECONHECIMENTO

“Estamos preparando um evento especial com muito carinho, porque estamos homenageando os 50 anos do Ilê Aiyê, primeiro bloco afro do Brasil, pela sua resistência, pela sua força e por tudo que representa dentro do movimento negro e da cultura afro para o nosso país. E, daqui, estamos homenageando o TEZ, que é um grupo de grande importância e relevância para o combate ao racismo em MS”, confirma Silvana. 

“Essas duas instituições serão homenageadas, com a presença do Vovô do Ilê, que vem e é fundador e presidente do Ilê. Será uma grande homenagem para eles. É dentro dessa temática que vamos levar o nosso evento. Vamos ter várias atrações, convidados, com muito samba, muito axé, a bateria da Escola de Samba Igrejinha. Uma festa muito alegre, com várias bandas, pro pessoal cair na folia”, diz a presidente do Valu.

“Para o TEZ, penso que é reconhecimento do trabalho desenvolvido pelo grupo, principalmente relacionado à cultura. Porque durante o início do Valu, o Grupo Tez também abrigou e deu apoio ao Cordão [Valu] de uma forma irrestrita, participando das atividades e fazendo uma série de coisas. E mais ainda: é o tempo de reconhecimento. São 40 anos de luta, de trabalho efetivo a favor do combate ao racismo, ao preconceito racial, à discriminação”, afirma professora Bartô.

MAIS FESTA

“Sei que está todo mundo com muita saudade do Carnaval já. Afinal de contas, já é fevereiro, e em fevereiro tem que ter Carnaval, né? Nos dias de Carnaval, o Cordão Valu vai sair na Esplanada mesmo. No dia 15/2, teremos uma roda de samba, um pré-carnaval, na quadra da Igrejinha. Esperamos todo mundo. A festa é de graça. É só chegar e cair na alegria, na folia”, antecipa Silvana.

LEI

“Ao fazer 40 anos, o Grupo TEZ também tem o que celebrar. Porque, nesse intervalo de tempo, as ações de colaboração e incentivo às políticas públicas foram significativas em Mato Grosso do Sul e no Brasil. Por exemplo, a lei que combate o racismo na escola foi proposta por um dos membros do Grupo TEZ quando deputado federal [Ben-Hur Ferreira], que é a Lei nº 10.639, de 2003. Então, o TEZ também tem o que celebrar, porque a sua política interfere nos rumos da sociedade sul-mato-grossense e brasileira”, avalia professora Bartô.

AFIRMAÇÃO

“E culturalmente, o Grupo TEZ tem influído decisivamente na afirmação da identidade do povo negro. Uma das ações que repercutiram, deram também uma identidade ao Grupo TEZ, foram as suas sessões de estudo, de formação, tanto com o grupo internamente quanto externamente, formando professores e estudantes para concorrerem à Educação Superior e à pós-graduação”, prossegue Bartô, que é pedagoga e pós-doutora em Educação.

“O TEZ foi responsável por elaborar o primeiro curso pré-vestibular de MS, que funcionou por 10 anos de forma ininterrupta e exportando ali um modelo, tanto para a Universidade Federal [de MS], que foi uma das nossas ‘tezianas’, que desenvolveu a coordenação, quanto para a Secretaria de Estado de Educação. Também foi um dos ‘tezianos’ que implantou lá. Se chamava Curso Pré-Vestibular Milton Santos”, diz a educadora e militante.

CARNAVAL DE CAMPO GRANDE

“O carnaval é uma festa extremamente democrática, em que cabem todas as etnias, todas as cores, todas as classes. Então, assim, o que nós temos no carnaval de Campo Grande é essa mistura, que é riquíssima dentro do nosso país. A contribuição dos negros sempre foi muito importante no carnaval. Pegamos, por exemplo, a Tia Eva. A Escola de Samba Igrejinha nasce dessa contribuição tão importante para a nossa cultura, que é ali, a região da Tia Eva.

Em várias outras escolas de samba, nós sempre tivemos a cultura afro e a cultura negra muito presente e importante para todos nós. Isso vai se destacando cada vez mais. Hoje, nós temos um bloco afro, o Farofa com Dendê, o primeiro bloco afro de Campo Grande intitulado dessa forma, o que é muito importante para que a gente possa continuar essa discussão. Inclusive, Tadeu, do Pagode do Tadeu, que é uma das atrações, faz parte do Farofa.

Para a festa de carnaval de Campo Grande e do Brasil, a cultura afro e a cultura negra sempre foram primordiais. O samba e todos esses elementos riquíssimos que nós temos na nossa cultura vêm da cultura negra, é contribuição deles para essa cultura que a gente tem tão forte no nosso país. Sempre foi muito importante e primordial para a festa”.

(Silvana Valu)

RACISMO ESTRUTURAL

“Hoje, temos o chamado racismo estrutural, que é uma forma pela qual a sociedade pratica o racismo e acha que é natural, comum, se comportar dessa forma. Uma das coisas é você pensar que uma pessoa negra jamais pode ocupar cargos elevados, tanto na política quanto na hierarquia social, com profissões melhores hierarquizadas, tais como medicina, chefias, tanto no governo quanto fora do governo. 

Esse é um tipo de racismo estrutural que naturaliza o preconceito e a discriminação. Esse seria o primeiro. No segundo, temos uma forma ainda muito excludente de manter a sociedade fora do acesso de bens sociais de consumo. Permanecemos com um grande nível de população negra à margem da sociedade, do processo econômico, sem contar que a população negra tem sido dizimada. Nossos jovens, meninos negros, são mortos diuturnamente, ou pelo Estado ou por outras facções da sociedade civil. O que a gente observa é que existe uma dizimação”.

(Professora Bartô)

SER NEGÃO

“Em Campo Grande, temos uma das sociedades mais conservadoras, de direita, preconceituosa. Então, com certeza, essa questão da identidade negra local também é vista sob muito preconceito. Temos o grande desafio de colocar a cultura e a identidade negra no dia a dia da sociedade campo-grandense e de Mato Grosso do Sul. Apesar de a pessoa negra estar na base do desenvolvimento econômico de Campo Grande e de MS, temos muita dificuldade de perceber esse reconhecimento pela identidade negra local, mas nossos desafios vão sendo vencidos a cada evento.

Por exemplo, essa homenagem do Cordão Valu ao Grupo TEZ visa, justamente, quebrar esse preconceito, marcar a questão da identidade negra e dizer que, sim, Campo Grande tem negros. E que há 40 anos tem feito a diferença, tanto na cidade quanto no Estado. Ser negão é legal, negro é bonito. É essa a nossa identidade, com o seu cabelo, com os seus lábios, com a sua cor, com o seu corpo político nessa sociedade campo-grandense”.

(Professora Bartô)

Assine o Correio do Estado

ALERTA PARA A EXAUSTÃO

A síndrome do dezembro perfeito

16/12/2025 11h30

Divulgação / Renata Carelli

Continue Lendo...

Dezembro traz dois fenômenos digitais que podem afetar o bem-estar: as retrospectivas de um ano supostamente perfeito e a pressão estética pelo chamado corpo de verão. O que deveria servir de inspiração tem se tornado gatilho de ansiedade para quem tenta conciliar o esporte com uma rotina de trabalho exaustiva.

O canal Atleta de Fim de Semana, criado pela produtora audiovisual Renata Carelli para servir de guia a uma prática mais saudável do esporte amador, defende que a matemática dessa comparação é injusta.

O erro comum do amador é comparar sua vida integral, que inclui boletos, trânsito, cansaço e limitações, com os melhores momentos editados de influenciadores ou atletas que vivem da imagem.

A vida é complexa demais para caber em um post. Quando nos comparamos com a retrospectiva de alguém, ignoramos o contexto, como a rede de apoio, o tempo livre e os recursos financeiros.

Essa busca por uma estética ou performance irreal no fim do ano gera uma sensação de fracasso, mesmo para quem teve um ano vitorioso dentro de suas possibilidades.

Para virar a chave em 2026, o Atleta de Fim de Semana sugere trocar a meta do corpo de verão pelo corpo funcional. A ideia é valorizar o corpo não pela aparência na praia, mas pela capacidade de viver experiências, aguentar a rotina e gerar disposição.

Confira três dicas que Renata considera essenciais para sobreviver ao fim de ano sem culpa.

NÃO DESISTIR

Não desistir é a verdadeira medalha: no mundo amador, a consistência vale mais que intensidade. Se você teve um ano difícil no trabalho e, mesmo assim, conseguiu treinar duas vezes na semana, isso é uma vitória.

O importante é celebrar o fato de não ter voltado ao sedentarismo, sem se comparar com quem treinou todos os dias.

FILTRE O FEED

Filtre o feed e a mente. Nesta época, o algoritmo privilegia corpos expostos e grandes feitos. Se isso gera ansiedade, a recomendação é prática: silencie perfis que despertam a sensação de insuficiência. O esporte deve ser sua válvula de escape para o stress, não mais uma fonte dele.

REDEFINA O SUCESSO

Redefina o sucesso para 2026: ao fazer as resoluções de Ano-Novo, evite metas baseadas apenas em estética, como perder peso a qualquer custo, ou em números de terceiros.

Trace metas de comportamento, como priorizar o sono ou se exercitar para ter energia para a família. Quando o objetivo é funcional, a pressão diminui e a longevidade no esporte aumenta.

SAÚDE NO VERÃO

Entenda os efeitos das ondas de calor em mulheres que estão na menopausa

Temperaturas elevadas intensificam ondas de calor e desconfortos da fase marcada pela queda dos níveis hormonais e alterações no organismo da mulher; ginecologista orienta como amenizar os efeitos para enfrentar o verão com mais conforto

16/12/2025 09h00

Temperaturas elevadas intensificam ondas de calor e desconfortos comuns durante essa fase da vida da mulher

Temperaturas elevadas intensificam ondas de calor e desconfortos comuns durante essa fase da vida da mulher Foto: Divulgação/Freepik

Continue Lendo...

A menopausa é um processo natural da vida feminina que marca o fim do período reprodutivo, geralmente entre os 45 anos e os 50 anos. A queda dos níveis hormonais, especialmente de estrogênio, provoca uma série de alterações físicas e emocionais, como ondas de calor, insônia, ressecamento da pele, secura vaginal, depressão, variações de humor, ganho de peso, diminuição da libido e sensação de fraqueza.

Com a chegada do verão e o aumento das temperaturas, muitos desses sintomas tendem a se intensificar. Isso ocorre porque o calor externo potencializa os mecanismos internos de termorregulação, tornando as ondas de calor mais frequentes, intensas e prolongadas.

Segundo a ginecologista Loreta Canivilo, essa combinação pode prejudicar o bem-estar e a qualidade de vida de mulheres que já convivem com os efeitos da menopausa.

“A elevação da temperatura no verão atua diretamente sobre o centro regulador de calor no cérebro, que já está mais sensível durante a menopausa. Por isso, os episódios de fogachos podem se tornar mais desconfortáveis”, explica Loreta Canivilo. Os fogachos são ondas de calor súbitas e intensas no rosto, no pescoço e no peito.

ALIVIANDO OS SINTOMAS

Apesar do desconforto, algumas atitudes simples podem reduzir os impactos da menopausa durante os dias mais quentes.

> Utilizar roupas leves e de tecidos naturais;
Hidratar-se constantemente;
Praticar atividades físicas regulares;
> Priorizar alimentos naturais e ricos em nutrientes;
> Reduzir o consumo de cafeína, bebidas alcoólicas e comidas muito picantes.

METABOLISMO

De acordo com Loreta Canivilo, essas medidas ajudam a estabilizar a temperatura corporal, a melhorar o humor e a favorecer o equilíbrio metabólico.

“Pequenas mudanças na rotina geram grandes resultados. A alimentação adequada e a hidratação, por exemplo, têm impacto direto na redução das ondas de calor e da irritabilidade”, reforça a médica.

TRATAMENTOS E REPOSIÇÃO

Em casos nos quais os sintomas são mais intensos, a reposição hormonal pode ser uma alternativa eficaz. O tratamento, porém, deve ser sempre conduzido com acompanhamento médico criterioso.

Os principais hormônios utilizados são estrogênio e progesterona, mas a testosterona também pode ser indicada em situações específicas, assim como versões modernas da terapia, incluindo o uso de gestrinona.

CADA UMA É UMA

“Cada mulher vive a menopausa de maneira única e nem todas as mulheres podem fazer reposição hormonal. Por isso, antes de iniciar qualquer reposição é indispensável realizar uma avaliação completa, levando em conta histórico médico, exames atualizados e necessidades individuais”, orienta a médica Loreta Canivilo.

A médica reforça que, quando bem indicada e acompanhada, a reposição hormonal reduz significativamente os desconfortos, melhora o sono, aumenta a libido e contribui para o bem-estar geral da paciente.

“Menopower”

(Rita Lee/Mathilda Kovak)

Vestida para matar em pleno climatério
A velha senhora só vai ficar mocinha no cemitério
Chega de derramamento de sangue
Cinquentona adolescente
Quem disse que útero é mangue
Progesterona urgente

Menopower pra quem foge às regras
Menomale, quando roça e esfrega
Menopower pra quem nunca se entrega
Melancólicas, vocês são piegas

Haja fogacho pra queimar essa bruxa em idade média
Em mulher não se pode confiar com menos
de mil anos de enciclopédia
O “chico” é tão incoerente
Ah, me deixa tiririca ao chegar
O “chico” quando vem é absorvente
E quando falta só rezando pra baixar

Menopower!
Pra quem foge às regras
Menomale quando roça e ah, ah, ah, ah
Menopower!
Pra quem nunca se entrega
Melancólicas, você são piegas

Tampax, tabelinha, ora pílulas, ora DIU
Diafragma, camisinha, vão pra mãe que não pariu
Chega do creme de aveia da véia perereca da vizinha
Chega do bom caldo e da “sustância” da galinha

Yeah, yeah yeah, yeah
Yeah, yeah, yeah

Menopower!
Pra quem foge às regras
Menomale, quando roça e esfrega
Menopower!
Pra quem nunca se entrega
Melancólicas, você são piegas.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).