Cidades

POLÊMICA

Deputados repudiam e pedem que livro 'O avesso da pele' seja recolhido de escolas

Obra vencedora do prêmio Jabuti está disponível nas bibliotecas da rede estadual e parlamentares afirmam que vocabulário seria "chulo"

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Deputados estaduais de Mato Grosso do Sul repudiaram, durante sessão desta terça-feira (5) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, a distribuição do livro “O Avesso da Pele”, do escritor Jeferson Tenório, nas bibliotecas da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul.

Segundo os parlamentares, o livro teria linguajar considerado chulo e inadequado para adolescentes. 

A polêmica envolvendo o livro é nacional, com pedido de recolhimento do livro por parlamentares de vários estados.

Em Mato Grosso do Sul, a discussão foi encabeçada pelo deputado Rinaldo Modesto (Podemos).

Na tribuna, ele afirmou que recebeu denúncia de diversas pessoas que consideravam o livro inadequado para ser disponibilizado em bibliotecas que adolescentes têm acesso, por conter linguajar impróprio.

"O Avesso da Pele traz frases que são totalmente inadequadas para nossos jovens, recebi várias mensagens de pessoas questionando a terminologia que tem nesse livro, que não tenho nem coragem de falar nessa tribuna. Não podemos permitir que um livro com teor dessa natureza fique nas bibliotecas", disse.

Rinaldo acrescenta que a discussão não é política, tendo em vista que o livro em questão entrou no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) do Ministério da Educação (MEC) em 2022, no governo do então presidente Jair Bolsonaro. O livro não é utilizado como material didático, mas disponibilizado em bibliotecas de escolas que fazem a solicitação.

“Não podemos permitir o acesso dos alunos a um livro que tem palavras de baixo calão, lamento que tenha o aval do MEC, mas não admito um libro com palavreado totalmente pornográfico, palavreado chulo, de baixo calão, que faz apologia a banalização do sexo e não tem relação com discriminação. Não importa qual partido ou qual governo autorizou, só não podemos admitir a sua distribuição”, ressaltou Rinaldo.

Ele afirmou que iria apresentar uma nota de repúdio e que também solicitou ao secretário estadual de Educação, Hélio Daher, para que o livro seja retirados das escolas da rede estadual de Mato Grosso do Sul.

O deputado Pedro Caravina (PSDB) também reforçou o coro de pedido para recolhimento dos exemplares das bibliotecas.

“E achei que fosse fake news, mas foi confirmada a disponibilidade nas bibliotecas. Defendo que todos os exemplares sejam devolvidos, pois não tem cabimentos os alunos terem acesso a um material de baixo nível”’, destacou.

A deputada Lia Nogueira (PSDB) disse que leu alguns trechos que se sentiu desrespeitada e violada como mulher.

"A gente olha a capa e dá a entender que a gente está falando de algo que é abominável, que é o racismo,, mas quando tem acesso a folhas desse livro é nojento. Não estamos falando de bandeiras políticas e ideologias, mas de respeito na sociedade”, disse.

Mara Caseiro (PSDB) afirmou que o palavreado no livro é vulgar e realça a triste condição humana, também repudiando a distribuição em bibliotecas.

"Quem quiser ler a obra, pode comprá-la em qualquer livraria, mas a distribuição nas escolas não podemos admitir, é algo que nos causa tristeza, é a banalização do sexo, que é um tema que deve ser discutido, mas não de forma chula e com viés tão degradante. Eu acho que tem ser de imediato a retirada desse livro das escolas".

Pedro Kemp (PT) disse que também recebeu diversas mensagens contra a distribuição do livro e atribuindo a aprovação ao governo do PT. Desta forma, ele ressaltou que o livro foi aprovado pela comissão do livro didático em 2022 e que é importante não atribuir ao partido uma suposta promoção do governo Lula a uma discussão que fere alunos e educadores.

"Entrando no mérito e conteúdo do livro eu também tenho muitas reservas e muitas dúvidas se é adequado a adoção para estudantes do ensino médio", acrescentou.

Gleice Jane (PT) disse que não leu o livro e nem sabe o teor, mas chamou a atenção o fato de uma equipe ter escolhido o livro e que é necessário ouvir essa equipe.

"Temos que tomar o cuidado da gente não criminalizar a literatura, aí é necessário o debate não sobre o livro, mas sobre ele estar dentro do cronograma da educação, mas antes de dar qualquer opinião eu preciso ler o livro e compreender", disse.

Polêmica

A obra O Avesso da Pele já foi traduzida para 16 idiomas e ganhou o Prêmio Jabuti, principal prêmio literário brasileiro, na categoria Romance Literário, em 2021.

O livro trata das relações raciais, sobre violência e negritude e identidade na história fictícia de Pedro, que, após a morte do pai, assassinado em uma desastrosa abordagem policial, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos.

O caso ganhou repercussão depois que a diretora de uma escola gaúcha chamou de "lamentável" o envio de 200 exemplares da obra para a Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Alves de Oliveira.

Em vídeo postado nas redes sociais, Janaína Venzon criticou o envio dos livros "com vocabulários de tão baixo nível para serem trabalhados com estudantes do ensino médio"

Contactada, a 6ª Coordenadoria Regional de Educação do Rio Grande do Sul solicitou que os exemplares da obra não sejam disponibilizados nas bibliotecas nem aos estudantes de escolas da sua abrangência, "até segunda ordem".

O ministro ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, rebateu a acusação da diretora ao esclarecer que o governo federal só envia obras literárias mediante solicitação da escola. Ele disse ainda que o livro entrou no Programa Nacional do Livro e do Material Didático no governo anterior.

“O que eles não sabiam era que o livro foi aprovado para compor a lista de materiais disponíveis para escolas após edital feito pelo governo anterior, bem como sua compra pelo MEC. A distribuição, exclusiva para o ensino médio, feita ainda no ano passado, ocorreu após o pedido da escola para que o livro fizesse parte de seu plano pedagógico.”

A ministra da Cultura (MinC), Margareth Menezes, também repudiou os ataques à obra e acrescentou que as escolhas dos livros pelo programa federal do MEC seguem diretrizes claras.

“Não são feitas de maneira deliberada. Existem conselhos. O que é colocado ali não é de graça, ainda mais em relação às escolas. Nós estamos procurando ter todo o cuidado. E o ministro Camilo [Santana, do MEC], o Ministério da Educação também têm essa sensibilidade.”

Em nota, o Ministério da Educação (MEC) explicou o processo de inclusão de obras no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).

O MEC esclareceu que os professores escolhem livros a serem adotados em sala de aula, e não o MEC e que a pasta envia obras para escolas apenas mediante solicitação dos próprios educadores.

“A escolha das obras literárias a serem adotadas em sala de aula é feita pelos educadores de cada escola a partir do Guia Digital, onde as obras integrantes do programa estão listadas para conhecimento de professores e gestores.”

PARALISAÇÃO

Prefeitura e Governo Estadual afirmam que repasses à Santa Casa estão em dia

Além da verba repassada pelo convênio entre Município, Estado e Governo Federal, o Executivo alega que aporta R$ 1 milhão extra, por mês, pagos desde o início do ano

22/12/2025 17h30

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário Marcelo Victor / Correio do Estado

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A Prefeitura Municipal de Campo Grande emitiu nota, durante a tarde desta segunda-feira (22), para afirmar que os repasses financeiros estão em dia com o Hospital Santa Casa. Além disso, também relata que aporta, mensalmente, R$ 1 milhão extra à instituição.

Atualmente, a Santa Casa recebe R$ 392,4 milhões por ano (R$ 32,7 milhões por mês) do convênio entre Governo Federal, Prefeitura de Campo Grande e Governo do Estado para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).

Confira a nota do Município:

"A Prefeitura de Campo Grande está rigorosamente em dia com todos os repasses financeiros de sua responsabilidade destinados à Santa Casa. Desde o início deste ano vem, inclusive, realizando aportes extras de R$ 1 milhão mensais.

Diante do cenário de greve, o Executivo tem adotado todas as medidas possíveis para colaborar com a instituição neste momento, mantendo diálogo permanente, buscando alternativas que contribuam para a regularidade dos atendimentos e a mitigação de impactos à população".

Além da Prefeitura, o Governo do Estado também se manisfestou sobre os recursos repassados ao hospital. Através da Secretaria Estadual de Saúde (SES) negou estar em débito com a Santa Casa e, por isso, não pode ser responsabilizado pelo pagamento do 13º salário aos servidores. 

Em nota, a Secretaria também afirmou que vem realizando um pagamento extra aos hospitais filantrópicos do Estado nos últimos anos, a fim de auxiliá-los nos custos e no cumprimento de suas obrigações. 

Além disso, a pasta afirmou que todos os pagamentos destinados à Santa Casa são feitos ao Município de Campo Grande, sempre no quinto dia útil. 

O balanço divulgado pela SES mostrou que, de janeiro a outubro de 2025, foram repassados R$ 90,7 milhões, distribuídos em R$ 9,07 milhões mensais. Na parcela referente aos mês de novembro, houve um acréscimo de R$ 516.515, o que elevou o repasse mensal ao hospital para R$ 9,59 milhões. 

“O Estado está integralmente em dia com suas obrigações. Cabe destacar que, além dos repasses obrigatórios, em 2025 o governo estadual já destinou mais R$ 25 milhões em recursos oriundos da bancada federal para atender a Santa Casa de Campo Grande”, ressaltou a nota da SES.

Greve

A paralisação das atividades dos profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa nesta segunda-feira (22) foi motivada pela falta de pagamento do 13º salário. 

O movimento afeta, até o momento, 30% dos serviços oferecidos no hospital, resultando em 1.200 funcionários “de braços cruzados”, entre profissionais do atendimento (consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto socorro, UTI, etc), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros, corredores, etc), lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha (copa).

Na última sexta-feira (20), a Santa Casa alegou que não tinha dinheiro para o pagamento do benefício aos servidores, e propôs o parcelamento do 13º salário em três vezes, em janeiro, fevereiro e março. 

No entanto, a proposta não foi aceita pelos profissionais, que foram às ruas pedindo pelo pagamento integral do salário, em parcela única. 

De acordo com a Lei nº 4.090/1962, o 13º pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro, sem atrasos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Enfermagem, Lázaro Santana, explicou que a movimentação não se trata de uma greve, mas sim, de uma paralisação, e que os serviços estarão funcionando em períodos. 

“Nós não estamos de greve, estamos fazendo paralisações por período. A gente só vai voltar a hora que o dinheiro estiver na conta. Qualquer 30% que você tira da assistência, isso pode gerar uma morosidade, não uma desassistência, mas uma morosidade no atendimento”, explicou ao Correio do Estado. 

Segundo Santana, Estado e Município dizem que os pagamentos estão em dia.

“Ninguém sabe quem está certo, porque o governo fala que está fazendo tudo em dia, o município também, e a Santa Casa fala que não. Só que toda essa falta de comunicação, esse consenso que eles não chegam nunca gera esse tipo de problema, porque hoje nós estamos reivindicando ao pagamento do décimo, mas durante todo o ano paralisamos também cobrando o pagamento do salário do mês. Isso gera um transtorno muito grande. O que a Santa Casa alega é que ela depende de reajuste de melhorias no contrato para poder honrar o compromisso”.

 

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Cidades

Homicida se entrega à Polícia 8 meses após o crime

Homem estava foragido deste a data do crime, em abril

22/12/2025 17h00

Divulgação/PCMS

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Um homem foi preso ontem (21) ao se entregar na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL) após ter estado foragido por 8 meses por ter participado de um homicídio registrado na zona rural do distrito de Anhanduí.

O Crime

De acordo com as informações levantadas, o corpo de um homem foi localizado na manhã do dia 12 de abril de 2025, às margens de um córrego próximo à BR-163. 

As investigações iniciais indicaram que, no dia anterior ao desaparecimento, a vítima esteve no local na companhia de dois conhecidos, após consumo de bebida alcoólica. Apenas um deles retornou para casa. O outro passou a apresentar comportamento considerado suspeito e não foi mais localizado.

Após dois dias de buscas realizadas por familiares, Guarda Municipal e Polícia Militar, o corpo foi encontrado no mesmo ponto onde o grupo havia se reunido. Durante os trabalhos periciais, foram recolhidos objetos que podem ter relação com o crime.

Rendição

No dia 21 de dezembro de 2025, cerca de oito meses após o homicídio, o homem foragido compareceu espontaneamente à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL), onde confessou a autoria do crime.

Diante dos elementos colhidos, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul representou pela prisão preventiva do autor. O pedido foi analisado pelo Poder Judiciário, que decretou a prisão preventiva no mesmo dia, resultando no imediato recolhimento do autor ao sistema prisional.

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