Cidades

DEMARCAÇÃO

Sem definição sobre marco temporal, conflitos indígenas retornam a MS

Nos últimos três dias foram denunciados ataques a tiros em áreas revindicadas em Douradina e Caarapó; a Funai está fazendo estudos para reconhecer ou não os locais como terras indígenas

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Em meio a indefinição sobre a efetividade da tese do marco temporal, conflitos em territórios revindicados por indígenas voltam a acontecer em Mato Grosso do Sul. No último sábado (13), um índigena Guarani Kaiowá foi baleado em uma ação na Lagoa Rica/Panambi, no município de Douradina.

Apesar das áreas revindicadas já estarem delimitadas e reconhecidas como território originário com estudos antropológicos, análises estão sendo feitas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) referente a aplicação, ou não, da tese do marco temporal nestes territórios, travando a homologação da demarcação.  

Na tarde de sábado, o povo Guarani Kaiowá realizou ações com um grupo de 10 pessoas que visa a retomada de território na Lagoa Rica/Panambi. Segundo relatos, pelo menos 10 caminhonetes conduzidas por pessoas armadas foram até o local revindicado, com intenções de intimidar os indígenas que ali estavam.

Dentro desta movimentação de carros que cercaram os guarani kaiowá, um fazendeiro que estava junto de outro homem armado abaixou o vidro do carro e efetuou disparos em direção ao grupo de retomada. A bala atingiu um dos indígenas na região da coxa. 

De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, nesta segunda-feira (15), outra ação de revindicação de terras no tekoha Kunumi, em Caarapó/MS, que ocorreu na madrugada, houve relatos de ataque a tiros. 

Não é novidade os casos de conflitos por terra entre fazendeiros e indígenas na região sul do Estado, porém com o andamento da análise do marco temporal no Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu derrubar a tese, havia uma tendência de pacificação no campo destes conflitos.

Porém a tese jurídica que defende o direito de terras indígenas apenas as ocupadas no momento da promulgação da Constituição, em 1988, continuou tramitando no Congresso Nacional como projeto de lei, sendo aprovado pelo voto da maioria dos deputados. A PL 2903 ainda passará por votação no Senado Federal.

Em entrevista para o Correio do Estado, a liderança do território indígena Guyra Kambiy, Ezequiel João, falou que a ação de retomada feita no sábado tinha como objetivo manifestar para as autoridades a indignação da comunidade  com a demora da finalização do processo demarcatório.

“Podemos fazer a revindicação dentro da limitação do território, e isso também é uma pressão para a justiça, enquanto a justiça continuar devagar nós precisamos fazer mais pressão para acelerar este processo [de demarcação]. Nossa luta segue a 20 anos, se nós ficarmos parados a justiça não segue com a demarcação”, declarou Ezequiel.

Segundo a liderança indígena da retomada, este ataque não é isolado, e desde 2005 o suspeito pelos disparos é contrário a comunidade indígena na região, alegando que os Guarani Kaiowá não tem direito as terras, além de já ter quebrado barracas, ferramentas e ameaçado a comunidade junto de seguranças particulares.

O Território Indígena Panambi-Lagoa Rica já é uma terra oficialmente reconhecida, identificada e delimitada com 12,1 mil hectares no ano de 2011. 

Seu processo de demarcação, contudo, está paralisado dada a morosidade do Estado e medidas legislativas como a Lei 14.701 e a PEC 40, que buscam instituir a tese do marco temporal.

Conforme informado pela Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani (Aty Guasu), os territórios indígenas Guyra Kambiy, Potero, Arroio Cora, Laranjeira e Kunumi estão sendo alvos de ataques no Estado.

ATUAÇÃO FEDERAL

De acordo com o secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Luiz Eloy Terena, o Ministério acompanha o caso de ataque ao povo Guarani Kaiowá e está tomando algumas medidas para atender os indígenas atacados em Douradina.

“Hoje em uma reunião ministerial tomamos algumas providências. Entre elas deslocamos equipes do Governo Federal, do MPI e do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania para acompanhar em loco a situação fundiária e dos indígenas que foram baleados”, afirmou Eloy Terena.

Além da chegada de equipes do Governo Federal para a região, a Força Nacional foi chamada para garantir a segurança nos territórios revindicados em Douradina.

“A Força Nacional já está em Douradina aguardando a autorização de Brasília para atuar em campo junto com a comunidade indígena, prestando suporte para o Governo Federal”, relatou o secretário-executivo do MPI.

Em contato com a Polícia Federal, o órgão de segurança informou a reportagem do Correio do Estado que “Está acompanhando de perto o caso, com a FUNAI e o MPF, que também se encontram no local (Douradina/MS). No momento deu-se início a fase investigatória para esclarecimento do fato”, conforme nota da PF.

CONFLITOS EM MS

Mato Grosso do Sul registrou no ano passado 116 conflitos por terras, de acordo com pesquisa divulgada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Em todo o Brasil foram 1.724 casos, incluindo ocupações e retomadas de áreas, no primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O Estado foi o sexto do País com o maior número de conflitos, a maioria deles relacionado a disputa entre indígenas e fazendeiros.

Dos 116 conflitos em 2023 pelo levantamento, 105 eram de indígenas, e a maior parte deles ocorreram em Dourados, onde foram registrados 30. Os outros 11 relatados estão entre os sem-terra (4), assentados (6) e posseiros (1).

Saiba

O homem indígena de 52 anos que ficou ferido após ser alvejado com um tiro, foi atendido no Hospital da Vida, de Dourados, e recebeu alta do hospital nesta segunda-feira.

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MATO GROSSO DO SUL

'Cabeça' do tráfico no interior, "Grego" é preso por policiais do Denar

Mandado de prisão foi cumprido contra homem apontado como líder da organização criminosa, há aproximadamente um ano sob a mira de investigações

20/12/2025 13h01

"Grego" foi preso longe aproximadamente 237 quilômetros da Capital, em Três Lagoas Reprodução/PCMS

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Durante cumprimento de mandado de prisão nesta última sexta-feira (19), policiais da Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar) prenderam um indivíduo popularmente conhecido como "Grego", identificado como o "cabeça" em um esquema de tráfico de drogas no interior de Mato Grosso do Sul, longe aproximadamente 237 quilômetros da Capital. 

Em Três Lagoas, conforme divulgado pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, o mandado de prisão foi cumprido contra o homem apontado como líder da organização criminosa, que está sob a mira de investigações há aproximadamente um ano. 

Essas apurações, ainda segundo a PCMS, identificaram uma verdadeira "teia" criminosa que atuava por diversos municípios sul-mato-grossenses, agindo desde o transporte até a distribuição das substâncias entorpecentes. 

Esquema no interior

Informações repassadas pela Denar detalham os levantamentos da Delegacia, que indentificou um transporte do tráfico que começava na região do fronteira da Bolívia, na "Cidade Branca" de Corumbá. 

A partir do "coração do Pantanal", as substâncias eram distribuídas e abasteciam desde Ribas Rio Pardo, Inocência e Três Lagoas, chegando até mesmo à "Cidade Morena" Capital do MS, tudo através de "rotas previamente definidas e com divisão de tarefas entre os integrantes do grupo", explica a PCMS em nota. 

Além disso, segundo apurado nas investigações, até mesmo casas de prostituições serviriam como pontos usados pelo grupo, servindo especialmente como espaços para a comercialização dos entorpecentes, mas também para movimentar os valores ilícitos e dificultar o restreamento do dinheiro movimentado pela quadrilha. 

Com as investigações a autoridade policial pÔde representar pela prisão preventiva de "Grego", o que foi deferido pelo Poder Judiciário, para posterior monitoramento prévio realizado pelos agentes policiais em Três Lagoas. 

Como esse investigado cumpria uma pena em regime aberto, os policiais identificaram que ele não estaria residindo nos endereços cadastrados e, após a confirmação da sua localização o homem pôde ser preso preventivamente. 

"Cabeças caindo"

Essa, vale lembrar, não é a primeira vez neste ano que forças de segurança pública sul-mato-grossenses "derrubam" indivíduos identificados como "cabeças" em esquemas criminosos. 

Ainda em agosto as polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal (PC, PM e PRF), junto da  Coordenadoria de Perícias e Grupo Aéreo, prenderam Melquisedeque da Silva no município de Sonora, a 360 quilômetros de Campo Grande. 

Investigações identificaram esse homem como o então atual líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) no município, envolvido em um caso recente de homicídio na cidade de Coxim.

Já no começo desse mês, agentes da Polícia Federal prenderam em Três Lagoas um portugês foragido do País lusitano, incluído inclusive na difusão vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), "condenado por estar envolvido em uma rede transnacional de distribuição de entorpecentes", segundo a PF. 

Além disso, há cerca de dez dias a Operação "Casa Bomba II" também prendeu chefes de organização criminosa, em uma ação que envolveu helicóptero, o batalhão de choque e o Canil.

Foram cumpridos dois mandados de prisão para os chefes da organização, e outras quatro pessoas foram conduzidas à Delegacia de Maracaju por estarem com porções fracionadas da ‘mercadoria’.

 

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SAÚDE

Mato Grosso do Sul tem três casos confirmados da gripe K

Casos foram confirmados em Campo Grande (1), Nioaque (1) e Ponta Porã (1)

20/12/2025 12h00

UPA Tiradentes em Campo Grande

UPA Tiradentes em Campo Grande MARCELO VICTOR

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Ministério da Saúde confirmou três casos da gripe K, nesta sexta-feira (19), em Mato Grosso do Sul.

O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-MS) identificou a presença do vírus e enviou a amostra para o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo (SP), onde positivou para o subclado K da Influenza A (H3N2).

Os casos foram confirmados em Campo Grande (1), Nioaque (1) e Ponta Porã (1). Os infectados são:

  • bebê de cinco meses, do sexo feminino
  • mulher de 73 anos
  • homem de 77 anos

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MS), dois pacientes não apresentavam comorbidades, enquanto um possuía histórico de hipertensão e diabetes.

Apenas um dos casos evoluiu para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com necessidade de internação hospitalar. Atualmente, todos já estão bem, já se recuperaram e estão em casa.

Os três pacientes não possuem registro de viagem internacional, contato com viajantes ou relato de deslocamento para outros estados.

Até o momento, quatro casos foram confirmados no Brasil, sendo três em MS e um no Pará. Após a confirmação, a SES-MS emitiu alerta epidemiológico direcionado aos serviços e profissionais de saúde dos 79 municípios do Estado.

Veja a nota compartilhada pelo Ministério da Saúde:

"Ministério da Saúde intensificou as ações de vigilância da Influenza A (H3N2), em especial do subclado K, que, na América do Norte, tem sido mais frequente em países como Estados Unidos e Canadá. A medida ocorre em resposta ao alerta epidemiológico emitido pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), que aponta aumento de casos e de internações por gripe em países do hemisfério norte associados a esse vírus, incluindo países da Europa e da Ásia.

No Brasil, até o momento, foram identificados quatro casos do subclado K: um importado, no Pará, associado a viagem internacional, e três no Mato Grosso do Sul, que seguem em investigação para confirmação da origem. A amostra do caso do Pará foi analisada pela Fiocruz/RJ, laboratório de referência nacional, enquanto as amostras do Mato Grosso do Sul foram processadas pelo Instituto Adolfo Lutz (SP). Nas duas situações, os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen) dos respectivos estados identificaram a presença do vírus e enviaram para os laboratórios de referência nacional para sequenciamento, conforme os protocolos da vigilância".

Veja a nota compartilhada pela SES-MS:

"A SES (Secretaria de Estado de Saúde) informa que, considerando a Nota do Ministério da Saúde e o Alerta Epidemiológico emitido pelo Estado, foram detectadas três amostras do subclado K da Influenza A (H3N2) em Mato Grosso do Sul. Ressalta-se que não se tratam de casos suspeitos, uma vez que todos já foram confirmados laboratorialmente por meio de vigilância genômica. As amostras foram inicialmente processadas pelo Lacen/MS (Laboratório Central de Saúde Pública), que identificou a presença do vírus Influenza A. Conforme os protocolos estabelecidos pela vigilância em saúde, as amostras biológicas foram encaminhadas ao Instituto Adolfo Lutz (SP), laboratório de referência nacional, onde foi realizado o sequenciamento genético que permitiu a identificação do subclado K, uma variante do vírus Influenza A (H3N2).

Quanto à existência de casos suspeitos no estado, a SES esclarece que não é possível afirmar com precisão, uma vez que a Influenza A (H3N2) é um vírus que já circula regularmente. Pessoas com síndrome gripal ou síndrome respiratória aguda grave podem estar infectadas por diferentes vírus respiratórios, como Influenza A (H1N1 ou H3N2), Influenza B, covid-19 ou outros agentes. A identificação do subclado ou da variante do vírus somente é possível por meio do sequenciamento genético, realizado no âmbito da vigilância laboratorial. Diante da confirmação dos casos, a SES, por meio da Coordenadoria de Emergências em Saúde Pública, emitiu Alerta Epidemiológico direcionado aos serviços e profissionais de saúde dos 79 municípios do estado".

GRIPE K

Gripe K é uma variação genética da Influenza A (H3N2) e não se trata de um vírus novo.

As vacinas disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) protegem contra formas graves de gripe, inclusive as causadas pelo subclado K.

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o subclado K tem apresentado crescimento acelerado na Europa e Ásia.

Os sintomas são os mesmos de uma gripe comum:

  • febre
  • dor no corpo
  • dor de cabeça
  • dor de garganta
  • tosse
  • cansaço
  • falta de ar

As principais formas de evitar a doença são:

  • vacinação
  • ventilação de ambientes
  • uso de álcool gel
  • higienização das mãos
  • uso de máscara para pessoas infectadas

Até o momento, não há indícios de gravidade ou alarmismo. 

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