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Transporte coletivo poderá ter novo reajuste em mês de eleições municipais

Decisão do Tribunal de Justiça também determinou que Prefeitura de Campo Grande reajuste tarifa técnica para R$ 7,79

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A 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) decidiu que a Prefeitura de Campo Grande deverá realizar os reajustes do transporte coletivo sempre em outubro. Com isso, neste ano, além de ter a possibilidade de dois aumentos em um período de sete meses, isso poderá ocorrer justamente nas eleições municipais.

O pleito eleitoral está agendado para ocorrer no dia 6 de outubro. Em caso de segundo turno para prefeito, a votação será realizada no dia 27 do mesmo mês.

A decisão veio após a Prefeitura de Campo Grande recorrer de determinação da juíza da 4ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande, que acolheu o pedido do Consórcio Guaicurus, grupo de empresas que comandam o transporte público, que solicitava que a data-base fosse estabelecida em outubro, mês da assinatura do contrato de concessão, em 2012.

Além deste ponto, a Justiça também determinou, após solicitação da concessionária, que a administração cumpra cláusula do contrato de concessão que estabelece que deverá haver “a revisão ordinária do contrato”. 

Assim, a tarifa técnica, que atualmente foi estabelecida em R$ 5,95, poderá passar a valer com o preço de R$ 7,79, conforme estudo elaborado pela Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg), em 2022, e entregue ao Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS).

Na decisão, o desembargador Nélio Stábile votou ao lado do relator no que se refere ao reajuste a cada outubro.

“O reajuste ocorrido em março de 2023 não pode ser entrave para descumprimento do contrato, pois, como verificado em cognição não exauriente, isso se deu em razão da omissão do poder concedente. Nesse cenário, evidente que o ente municipal deverá promover o reajuste tarifário noticiado. Portanto, como bem pontuado pelo magistrado a quo, o mês de outubro deve ser o prazo final para que os requeridos aprovem o reajuste tarifário”, diz trecho de sua análise.

No entanto, em relação ao reajuste ordinário do contrato, que aumentaria exponencialmente o valor da tarifa técnica, o desembargador foi contrário ao relator e concordou parcialmente com a alegação da Prefeitura de Campo Grande. 

Segundo ele, para que a revisão fosse estabelecida, seria necessário uma “dilação probatória”.

“No caso em comento, em que pese as alegações da parte agravada, em cognição não exauriente, não se tem como concluir que exista uma certa urgência para impor uma revisão tarifária, sendo que tal questão necessita de dilação probatória. [...] Portanto, levando em consideração toda a situação factual apresentada, a questão da revisão tarifária demanda dilação probatória, razão pela qual, nesse ponto, a decisão merece reforma”, menciona.

No entanto, o desembargador Ary Raghiant Neto concordou com o relator da matéria, Eduardo Machado Rocha, e disse que o reajuste deveria ser feito.

“Em verdade, esse valor que foi apurado pela própria agência foi objeto do termo de ajustamento de gestão (TAG) perante o Tribunal de Contas. É o valor devido e, portanto, o qual deveria e deve prevalecer. No caso da perícia do processo apurar coisa diferente, aí sim é possível a modificação e até mesmo 
a redução. Mas até lá, prevalecem os termos do acordo sobredito. Assim, até que seja revista e quando for revista essa situação, deve prevalecer aquilo que foi acertado no Tribunal de Contas”, afirmou em sua decisão.

A perícia a que o desembargador se refere é a realizada por uma empresa determinada pela Justiça, a qual havia identificado que, ao contrário do alegado pelo Consórcio Guaicurus – de que estava operando no vermelho –, até 2019, as empresas tiveram lucro acima do esperado em contrato.

No entanto, neste ano, a Justiça acatou pedido da concessionária e determinou que nova perícia seja feita nas contas do Consórcio Guaicurus. 

A análise, no entanto, ainda não foi realizada, motivo pelo qual o desembargador citou que, após isso, o valor poderia reduzir novamente.

O Correio do Estado procurou a Procuradoria-Geral do Município de Campo Grande para saber se a prefeitura pretende recorrer da decisão. Porém, o procurador Alexandre Ávalo afirmou que ainda não foi intimado da decisão e que, por isso, não poderia comentar seu teor.

SAIBA

A Câmara Municipal aprovou projeto de lei complementar que aumenta o valor do subsídio a ser pago pela prefeitura ao consórcio, que deverá ser de R$ 19,5 milhões. Com esse valor mais o subsídio do governo de MS, as empresas receberão quase R$ 33 milhões.

Cidades

Primeiro livro sobre regulação de MS tem procuradoras como autoras

O lançamento integrou a programação do seminário "Inovação, Liberdade Econômica e Eficiência Regulatória" e contou com a presença do ex-ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida

28/11/2024 17h30

Primeiro livro sobre regulação de MS tem procuradoras como autoras

Primeiro livro sobre regulação de MS tem procuradoras como autoras PGE/MS

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O Bioparque Pantanal, em Campo Grande, foi palco, nesta terça-feira (28), do lançamento do primeiro livro científico dedicado à regulação em Mato Grosso do Sul. A obra é fruto da colaboração entre a Agência Estadual de Regulação (AGEMS) e o Instituto de Direito Administrativo de Mato Grosso do Sul (IDAMS) e reúne artigos de 38 autores, entre especialistas acadêmicos e profissionais da área.  

Dentre as articulistas estão a procuradora-geral do Estado, Ana Carolina Ali Garcia; a corregedora-geral da PGE, Fabíola Marquetti; e a chefe da Coordenadoria Jurídica na AGEMS, Priscila de Siqueira Gomes.  

O lançamento integrou a programação do seminário "Inovação, Liberdade Econômica e Eficiência Regulatória" e contou com a presença do ex-ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida.  

A coletânea traz análises críticas, estudos de caso e propostas inovadoras sobre regulação da atividade econômica e dos serviços públicos concedidos no estado. Para Priscila de Siqueira, a publicação destaca a importância de Mato Grosso do Sul no debate sobre políticas públicas e regulação.  

“A publicação de uma obra científica e prática sobre este tema demonstra que o Estado está atento à evolução das políticas públicas e à necessidade de discutir questões pertinentes à regulação”, afirmou.  

A procuradora-geral Ana Carolina Ali Garcia destacou a relevância da obra para o avanço acadêmico e profissional. “Em nosso artigo, abordamos os contratos administrativos de longo prazo no contexto da reforma tributária. É uma coletânea que contribui para o aprendizado e o compartilhamento de boas práticas.”  

Para Fabíola Marquetti, a obra representa um marco histórico para a regulação em Mato Grosso do Sul. “É um exemplo de integração entre instituições, trazendo olhares diversos sobre a regulação dos serviços públicos”, concluiu.

Mato Grosso do Sul

Famosa pela pistolagem, fronteira tem alta incidência de feminicídio

Na última quarta-feira, Vanderli Gonçalves dos Santos tornou-se a 31ª vítima deste tipo de crime em 2024

28/11/2024 17h00

Foto: Arquivo / Correio do Estado

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Conhecida pela “pistolagem” e por ser rota comum ao tráfico de drogas, a faixa de fronteira sul-mato-grossense também é marcada pelo alto índice de violência doméstica. Em 2024, quatro em cada 10 feminicídios ocorreram nesta área do Estado.

Nesta quarta-feira (27), Vanderli Gonçalves dos Santos, de 48 anos, foi morta com um tiro na cabeça, na Aldeia Jaguapiru, território indígena de Dourados, tornando-se a 31ª vítima deste tipo de crime desde janeiro último, 5ª morte apenas neste mês. A principal suspeita é seu próprio marido, Jonemar de Ramos Machado, de 47 anos, preso.

De acordo com um levantamento realizado pelo Correio do Estado com base nos dados disponibilizados pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), este é o segundo feminicídio do ano na cidade douradense, 13º em municípios situados na fronteira. Outros dois feminicídios foram registrados em Ponta Porã, além de mortes confirmadas em Amambai, Antônio João, Fátima do Sul, Iguatemi, Itaporã, Naviraí, Nioaque, Sidrolândia e Tacuru.


Ao longo do ano, também foram registrados crimes de feminicídio em Batayporã, Coxim, Ivinhema, São Gabriel do Oeste (2), Três Lagoas (4) e Campo Grande (9), município que lidera as estatísticas.

A morte de Vanderli Gonçalves dos Santos eleva o índice deste tipo de crime em comparação a 2023, ano com 30 mortes. Entre as características que cercaram as 31 mortes deste ano, (11) foram marcadas por golpes de faca, (10) que envolveram ataque pessoal direto (4 por asfixia, 3 por agressões, 2 por espancamentos, e 1 por estrangulamento), (9) provocadas por arma de fogo, além de uma morte por atropelamento.

Segundo a Sejusp, 19 vítimas foram mulheres adultas, com idade entre 30 e 59 anos; oito mortes foram de mulheres jovens, com idade entre 18 e 29 anos; três vítimas com idade acima de 60 anos, além de uma adolescente.

Psicóloga com atuação em área de análise comportamental, Pietra Garcia Oliveira (28), disse ao Correio do Estado que a ocorrência deste tipo de violência contra a mulher é muito sintomática também em Mato Grosso do Sul, visto que o Estado foi o primeiro do país a instituir a Casa da Mulher Brasileira.

“Fomos o primeiro estado do país a instituir a Casa da Mulher Brasileira, e temos de nos atentar a alguns pontos. Existem casos onde o homem não agride fisicamente, entretanto, há agressões psicológicas, e com isso, temos de lidar com os fatos antes que escalem até o feminicídio em si”, argumentou a psicopedagoga.
De acordo com Pietra Garcia, é importante que o Estado pense políticas públicas que protejam as mulheres e também articulem modos de lidar com os homens envolvidos em casos como esses.

“De algum modo, o homem que realiza esse tipo de crime se sente invalidado pela mulher, e nesse sentido, se sente confortável para praticar o feminicídio. Precisamos pensar nesse fenômeno social, assim como precisamos pensar no modo como eles repercutem, inclusive na própria mídia”, complementou. 
Desde 2015, a Lei 13.104/2015 categoriza o crime de feminicídio. De lá para cá, 336 mulheres foram vitimadas em todo o Estado. 

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