Enquanto o Brasil, em sua totalidade, apresenta um ritmo de crescimento baixo, estados como Mato Grosso do Sul despontam com um dinamismo notável, revelando uma performance econômica que supera em muito a média nacional. A coluna de hoje examina os fatores que explicam essa disparidade de desempenho, revelando escolhas de política econômica e gestão pública que produziram resultados muito diferentes.
O ano de 2023 evidenciou uma notável disparidade no ritmo de crescimento entre a economia brasileira e a sul-mato-grossense. Enquanto o PIB do Brasil registrou um avanço de 3,2%, a economia de Mato Grosso do Sul expandiu-se em impressionantes 13,4% [1]. Este desempenho posicionou o estado com a segunda maior taxa de crescimento do país, sendo 4,1 vezes superior à média nacional. Com um PIB de R$ 184,4 bilhões em 2023, Mato Grosso do Sul consolidou-se como a 15ª economia do Brasil, respondendo por 1,7% do PIB nacional [1].
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Indicador Exclusivo para Assinantes Voo de Galinha à Vista: Análise das Perspectivas Econômicas para o Brasil (2025-2027)02/12/2025 00h05 Compartilhar
Michel Constantino Reprodução Nesta coluna semanal, debruço-me sobre os números mais recentes do Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central em 28 de novembro de 2025, com o objetivo de oferecer uma análise técnica e aprofundada do cenário macroeconômico que se desenha para o Brasil. Em um ambiente de incertezas, compreender as expectativas do mercado para os principais indicadores é um exercício fundamental para o planejamento financeiro e a tomada de decisões estratégicas dos leitores nos próximos anos. O Painel de Controle Macroeconômico As medianas das expectativas de mercado, compiladas pelo Banco Central, funcionam como um painel de controle das projeções para a economia. A tabela abaixo sintetiza os dados para os anos de 2025 a 2028, que servirão de base para nossa análise.
Fonte: Boletim Focus, Banco Central do Brasil, 28 de novembro de 2025. A Desinflação Lenta e o Custo do Juro A primeira observação relevante é a trajetória da inflação, medida pelo IPCA. Embora as projeções indiquem uma tendência de queda, o ritmo é notavelmente lento. A expectativa de 4,43% para 2025 situa-se perigosamente próxima do teto da meta de inflação (3,0% com intervalo de tolerância de 1,5 p.p.), e a convergência para o centro da meta só é vislumbrada a partir de 2027. Essa persistência inflacionária, mesmo após um longo ciclo de aperto monetário, é um sintoma de desequilíbrios persistentes na economia. A consequência direta é a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em patamares extremamente restritivos. A projeção de 15,00% para o final de 2025, a mais elevada desde 2006 [3], impõe um pesado custo à atividade econômica. A política monetária, nesse contexto, atua para contrabalancear uma política fiscal expansionista, em um arranjo que sacrifica o crescimento potencial. A subsecretária de política macroeconômica da Fazenda, Raquel Nadal, já havia apontado em meados de novembro que a política monetária restritiva estava afetando o mercado de crédito bancário [8]. O Crescimento Anêmico e a Âncora Fiscal à Deriva O ponto mais crítico da análise reside nas projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). A expectativa de 2,16% para 2025, seguida por uma desaceleração para 1,78% em 2026, configura o que a teoria econômica denomina "voo de galinha": um crescimento breve e insustentável, que não se converte em desenvolvimento de longo prazo. Esse padrão é reflexo direto da qualidade do estímulo que o gera. Como aponta o economista Marcos Mendes, o crescimento observado nos últimos anos foi "bombado por estímulos fiscais insustentáveis" [5]. A expansão dos gastos públicos, ao mesmo tempo que impulsiona a demanda no curto prazo, gera um aumento do déficit e da dívida pública. Essa deterioração fiscal mina a confiança dos investidores, o que se reflete na projeção de um câmbio depreciado, estabilizado no patamar elevado de R$ 5,50 a partir de 2026. A credibilidade do arcabouço fiscal, que deveria servir como âncora para as expectativas, vem sendo minada por sucessivas exceções e pela expansão de gastos extra-teto. Matéria recente da Folha de S.Paulo destaca que a Necessidade de Financiamento do Setor Público (NFSP), um indicador mais amplo do déficit, saltou para 8,2% do PIB até setembro de 2025, e que a dívida bruta aumentou quase seis pontos percentuais desde o início de 2023 [2]. Segundo Marcus Pestana, da Instituição Fiscal Independente (IFI), o arcabouço "está se tornando irrelevante" [2]. "É uma questão matemática: gasto é gasto. Não adianta ficar excluindo despesas para cumprir a regra", afirma Pestana [2]. Essa dinâmica cria um ciclo vicioso: o aumento do gasto eleva a dívida, o que exige juros mais altos para seu financiamento e para conter a inflação decorrente do excesso de demanda. Juros altos, por sua vez, freiam o investimento e o consumo, abortando o ciclo de crescimento. O resultado é a estagnação em um patamar de crescimento medíocre, como projetado para 2026 e 2027. Navegando em Meio à Turbulência As expectativas de mercado para os próximos anos pintam um quadro desafiador. A combinação de inflação persistente, juros restritivos, desequilíbrio fiscal e crescimento baixo sugere que a economia brasileira está presa em uma armadilha. O crescimento projetado para 2025 parece ser mais um episódio de um voo curto, financiado por uma expansão fiscal insustentável, do que o início de uma trajetória de desenvolvimento robusto. Para os leitores, o cenário exige cautela. A persistência de juros elevados deve continuar a beneficiar aplicações de renda fixa, mas o ambiente de negócios e o mercado de capitais podem sofrer com a falta de dinamismo da economia e com a percepção de risco fiscal elevado. A ausência de reformas estruturais que enderecem a rigidez do gasto público mantém o país vulnerável e dependente de condições externas favoráveis, limitando o horizonte de prosperidade. A vigilância sobre a execução da política fiscal será, mais do que nunca, a chave para entender os rumos da economia brasileira Referências [1] Banco Central do Brasil. (2025, 28 de novembro). Boletim Focus - Medianas das Expectativas de Mercado. DIREITO PREVIDENCIÁRIO Juliane Penteado: O que o INSS reconhece como Direito Previdenciário da pessoa que vive com HIV/AIDS28/11/2025 00h01 Compartilhar
Juliane Penteado O acesso aos direitos previdenciários pode ser um labirinto, especialmente quando se trata de condições de saúde sensíveis como o HIV/Aids. Este guia simplifica as principais informações sobre o que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) reconhece, garantindo que você tenha acesso à proteção social. Viver com HIV/Aids não implica uma presunção automática de incapacidade para o trabalho. No entanto, a legislação brasileira e o próprio INSS reconhecem a gravidade histórica e o potencial que a condição tem de gerar incapacidades laborais variáveis. Por isso, existem regras específicas e proteções ampliadas para garantir o seu direito. O critério chave para a concessão de benefícios não é o diagnóstico isolado, mas sim a incapacidade que a condição impõe ao exercício do trabalho.Principais Benefícios do INSS Acessíveis Para as pessoas vivendo com HIV/Aids, os seguintes benefícios previdenciários e assistenciais são os mais relevantes: 1. Auxílio por Incapacidade Temporária (Antigo Auxílio-Doença)Você tem direito a este benefício se uma condição de saúde relacionada ao HIV/Aids (ou qualquer outra) gerar uma incapacidade temporária para o trabalho.
2. Aposentadoria por Incapacidade Permanente (Antiga Invalidez)Este benefício é concedido quando a perícia do INSS conclui que o HIV/Aids (e/ou as condições associadas) gera uma incapacidade total e definitiva para qualquer atividade que garanta o seu sustento.
3. BPC – Benefício de Prestação Continuada (LOAS)O BPC é um benefício assistencial (não previdenciário), destinado a quem nunca contribuiu para o INSS ou não possui tempo de contribuição suficiente. Ele é regido por outros critérios:
Aqui, o HIV/Aids é um fator que pode contribuir para a restrição de participação social, mas o foco legal está na limitação funcional e social.A Chave do Processo: A Prova Médica Para qualquer um dos benefícios por incapacidade, o laudo médico é a peça jurídica central. Ele é a prova que o perito do INSS irá analisar. Documentos Indispensáveis para o INSS:
Lembre-se: Quanto mais completo e detalhado for o seu laudo, mais objetiva e favorável tende a ser a análise do perito.Novidades de Procedimento Desde 2023, o aplicativo e site MeuINSS passaram a permitir o anexo de laudos e exames médicos online, facilitando o processo e, em muitos casos, eliminando a necessidade de uma ida presencial prévia para a análise inicial. A proteção social existe para ser um suporte em momentos de vulnerabilidade. O diagnóstico de HIV/Aids abre a porta para uma proteção previdenciária ampliada, principalmente pela dispensa de carência. É um direito que deve ser pleiteado com base em evidências de incapacidade real, e a documentação médica bem fundamentada é o seu maior trunfo. EXCLUSIVO PARA ASSINANTES ASSINANTES |


