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Nutrição e Boa Forma

Como montar um prato saudável?

Nutricionista dá dicas de como balancear uma refeição na prática

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Uma das principais dúvidas de quem deseja se alimentar bem é como montar um prato saudável todos os dias, sem enjoar do que está consumindo. De acordo com a nutricionista Aline D’Arco Polastro, não é tão difícil quanto parece e as cores desempenham um papel importante. 

“O primeiro ponto para a gente montar um prato saudável é observar a variedade de cores dos alimentos. Quando variamos as cores, também variamos os nutrientes e as vitaminas, criando com isso um amparo nutricional para poder colocar carboidrato, proteína e gordura, cada um no seu devido lugar”, explica Aline. 

Um bom prato deve ter uma fonte de proteína, animal ou vegetal, um carboidrato e uma fonte de gordura saudável. “Após observar as cores do prato, o segundo passo é escolher um alimento de fonte proteica magra, um outro alimento que seja fonte de carboidrato e outro alimento de fonte de gordura saudável. Eu tenho que distribuir o meu prato nesses três substratos de forma proporcional”, ressalta. 

Aline frisa que as escolhas nutricionais mudam de acordo com a necessidade do paciente, mas basicamente essas três fontes devem permanecer em um prato saudável. “Na linha de proteínas, por exemplo, há os ovos, carne, frango, entre outras proteínas de origem animal, além de soja e grãos mais densos, como lentilha, ervilha e grão de bico, que são fontes de proteínas vegetais”, frisa. 

Vegetal não é tudo igual

Na hora de escolher a parte mais saudável do prato – legumes e folhas verdes – nem sempre a criatividade fala mais alto. Mas, segundo Aline, não precisa ser assim. “É possível ter uma variedade. Quando a nutricionista prescreve os vegetais temos, por exemplo, os aspargos, palmito, aipo, rúcula, brócolis, couve-flor, pepino, espinafre, que são vegetais que tem baixa quantidade de amido e grande quantidade de fibra. Eles também não têm uma preocupação calórica, a não ser que a pessoa coloque uma gordura associada a esses alimentos”, adverte.

Na linha dos amidos, o consumo sempre deve ser consciente. “Os amidos incluem a mandioca, batata doce, banana da terra, castanha portuguesa, arroz de todos os tipos. Você pode variar, se tiver uma balança pode pesar para facilitar o consumo de acordo com o que foi prescrito pela nutricionista”, indica. 

Por fim, na lista de gorduras boas há as oleaginosas. “Que envolvem coco, azeitona, cacau, macadâmia, amêndoas, nozes, castanhas de todos os tipos”, frisa. 

Dica

Além de fazer bem para a saúde, as saladas também ajudam na digestão de outros alimentos, como a carne, sendo que caso o paciente não opte por consumir durante determinada refeição, o ideal é incluir os temperos diretamente na proteína. “A gente precisa facilitar a quebra da proteína no processo digestivo e em nutrição usamos o recurso de deixar as carnes, as proteínas animal e vegetal, de molho em meios ácidos. Então quando o paciente não consome salada eu sempre uso desse recurso, de marinar as carnes para ajudar na digestibilidade dos alimentos. A salada faria esse processo por ter uma grande quantidade de fitoquímicos, portanto, quando eu retiro essas saladas eu trago os temperos, as ervas, as especiarias para a alimentação dos pacientes. ”, frisa.

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A escalada do jogo de soma zero em Brasília

11/12/2025 07h30

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A recente indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva do advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) reacendeu o debate sobre a crescente dificuldade de governabilidade no âmbito do Poder Executivo.

Embora a escolha para o STF seja prerrogativa presidencial e tradicionalmente aprovada pelo Senado – gesto que reforça a legitimidade institucional e a harmonia entre os Poderes –, trata-se de um processo que raramente encontra resistência. Em 134 anos, apenas cinco indicações foram rejeitadas pelo Senado, todas ainda no início da República, sob Floriano Peixoto.

Desde o início do terceiro mandato de Lula, o governo tem registrado o pior índice de aprovação de suas pautas no Congresso desde a redemocratização. Esse enfraquecimento ganhou corpo a partir do governo de Dilma Rousseff e se ampliou nos anos seguintes.

Michel Temer foi o único a obter vitórias relevantes, ainda que ao custo de ampliar o protagonismo de deputados e senadores. Nem Jair Bolsonaro nem Lula – apesar de sua força política e carisma – conseguiram frear o avanço das emendas parlamentares, que comprimem a margem de ação do Executivo, especialmente na área econômica.

Para tentar contrabalançar o peso crescente do Congresso sobre o Orçamento, Lula vem optando por indicar nomes alinhados ao governo para posições estratégicas, inclusive no Judiciário. A nomeação de Flávio Dino ao STF é um exemplo emblemático dessa estratégia. Em movimento inverso, o presidente também trouxe ao Executivo figuras do Judiciário, como o ex-ministro Ricardo Lewandowski, atual titular da Justiça. Essa dinâmica de avanços e recuos, porém, contribui para bloquear a capacidade dos Três Poderes de exercerem integralmente seus papéis constitucionais.

O Executivo, pressionado, tem recorrido cada vez mais à judicialização de suas políticas. O Legislativo, por sua vez, consolidou-se como um “Executivo paralelo”, operando quase como um sistema parlamentarista informal. O Judiciário, ao atuar como intérprete expansivo da Constituição, muitas vezes assume funções legislativas, criando contorcionismos jurídicos para suprir lacunas políticas.

O que emerge desse arranjo é um jogo de soma zero, que compromete a formulação de um projeto nacional coerente e moderno. Cada Poder avança sobre a esfera do outro, mas nenhum amplia, de fato, sua capacidade de governar. O resultado é um país paralisado por impasses institucionais que corroem a eficácia do Estado e dificultam a construção de consensos duradouros.
 

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Provas digitais obtidas no exterior não são automaticamente válidas

11/12/2025 07h15

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A decisão do Tribunal Superior de Zurique de anular provas extraídas da plataforma criptografada Sky ECC, por violação de territorialidade, ausência de suspeita individualizada e inobservância das regras suíças de vigilância, marca um momento decisivo no debate global sobre admissibilidade e validade de evidências digitais. Trata-se de um precedente que reforça limites jurídicos em um contexto de investigações transnacionais cada vez mais dependentes de dados e cooperação policial internacional.

Proferida em 15 de agosto de 2025, a decisão examinou a admissibilidade de dados obtidos por autoridades francesas no âmbito de operações contra a Sky ECC, amplamente utilizada por grupos criminosos em diferentes países. A Corte acolheu integralmente a argumentação da defesa e declarou as provas inadmissíveis, afirmando que houve violação direta da soberania suíça. 

Isso ocorreu porque as autoridades francesas desencadearam uma manipulação da rede que levou dispositivos Sky ECC localizados em território suíço a transmitir suas chaves criptográficas para um servidor sob controle francês, sem nenhum pedido de cooperação ou autorização judicial da Suíça. O Tribunal classificou o procedimento como uma medida coercitiva estrangeira ilegal, determinando a exclusão absoluta das provas e rejeitando qualquer possibilidade de ponderação com base na gravidade dos fatos ou na utilidade investigativa.

O Tribunal também destacou que, no momento das medidas francesas, não havia suspeita concreta contra o réu, o que torna ilegítima qualquer forma de vigilância sob a legislação suíça, que exige suspeita individualizada para autorizar medidas secretas. As ordens emitidas na França eram tão abrangentes que geraram interpretações divergentes em toda a Europa: alguns tribunais entenderam que miravam operadores da plataforma, outros concluíram que o alvo eram todos os usuários ou até mesmo “pessoas desconhecidas”. Em nenhum desses casos, argumentou o Tribunal Superior de Zurique, o limiar mínimo de suspeita exigido pelo Direito suíço teria sido atingido. 

Em situações em que medidas recaem sobre pessoas indeterminadas, eventuais achados envolvendo terceiros configurariam meras descobertas incidentais, insuficientes para legitimar a vigilância. O Tribunal anotou ainda que algumas das condutas investigadas nem sequer constituiriam crimes aptos a justificar medidas de interceptação no país.

A decisão também enfrentou o debate sobre o direito da defesa de acessar dados brutos das comunicações interceptadas, tema que tem ganhado relevo nos tribunais europeus. Embora não tenha fixado uma tese, a Corte observou que o material fornecido no caso não corresponde ao conceito de “dados brutos” definido pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos, apontando futuras discussões sobre transparência, cadeia de custódia e integridade da prova digital.

O julgamento desencadeou uma forte reação pública e política na Suíça, acompanhada por esforços de comunicação destinados a sugerir que a decisão representaria ameaça à segurança nacional. Apesar dessa pressão, o Tribunal manteve o foco na legalidade estrita e na proteção das garantias processuais, afastando o argumento utilitarista de que a eficácia da investigação justificaria atropelos a limites territoriais e legais.
A decisão de Zurique projeta efeitos para além da Europa. Em um contexto no qual investigações criminais dependem cada vez mais da circulação de dados entre países, a Corte reforçou que cada Estado deve aferir, de forma autônoma, a validade da prova à luz de sua legislação interna, em consonância com orientação do Tribunal Europeu de Direitos Humanos. Provas digitais obtidas no exterior, portanto, não são automaticamente válidas: sua admissibilidade exige respeito às regras nacionais sobre interceptação, cadeia de custódia e limites territoriais.

Num cenário em que infraestruturas tecnológicas e plataformas criptografadas operam acima das fronteiras, a decisão evidencia o papel essencial da advocacia criminal internacional. A atuação técnica e coordenada entre defesa, peritos e especialistas em diferentes países se torna decisiva para expor violações, garantir acesso a material íntegro e assegurar que a prova digital cumpra os requisitos legais necessários.

O caso suíço demonstra que a prova digital não está imune ao devido processo legal e que, quando nasce de violações à soberania, ao Direito interno ou à falta de suspeita individualizada, sua exclusão é não apenas possível, mas obrigatória.

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