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Esperança tardia

Então, neste Natal quero pedir de presente que a crise climática não seja mais uma das maquinações criadas pelos humanos adoradores do Tio Patinhas.

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Será um Natal quente? Gostaria que fosse pelo calor humano rolando solto em todas as casas. Minha preocupação climática engoliu o simbolismo de Papai Noel.

Mas gostava daquele mistério de colocar a meia na árvore de Natal e ficar sonhando com um presente muito desejado.

Enquanto isso, nos bastidores do poder eleito pelo povo e para o povo, muitos deputados nem ainda foram diplomados e já estão pensando nas próximas eleições. Estes desmemoriados vão para o caderninho crítico do povo.

Fora essa inversão de conversa e valores dos entes públicos, ainda vamos nos deparar com uma turbinada no colapso da tão sonhada modernização. Virou letra morta para discursos desenvolvimentistas. Talvez quando acordarmos será um pouco tarde para retornar ao charme da natureza ambiental, social e humana de outrora.

O romantismo acabou. Só em filmes agora.

Quanto aos construtores do futuro, a juventude, temos uma impressão passageira que desistiu dele. Me vem na cabeça a imagem da avestruz escondendo a cabeça em um buraco qualquer. Uma imagem simbólica usada para dizer que há uma negação da realidade presente.

Não é para menos. O consenso se afasta das coisas relacionadas a tudo que possa ser considerado coletivo. Boa equação social para reforçar o estado de egocentrismo que as pessoas mundo afora atingiram. A maioria nem percebe seus efeitos nefastos para si e para o tecido social.

Lembramos que a maturidade, para ser considerada salutar, tem de conter uma fronteira clara entre o que é individual e o que é coletivo. Difícil, mas não impossível. Órgãos públicos, que deveriam cuidar do coletivo, são apropriados por umas cabeças patológicas como se seus fossem.

Com suas exceções, a muralha do castelo ético-moral está sendo derrubada, eleições após eleições. A morosidade do Judiciário, com seu rito burocrático do tempo do onça, acaba virando fermento para tais traços de caráter, alimentando a nebulosa fronteira entre o que é pessoal e o que é coletivo.

Mas, decepções à parte, uma notícia que deveria ter sido divulgada a três décadas discretamente vem a público neste exato momento de crise climática e existencial de um modelo social.

Será para alimentar a eterna esperança? Será um truque premeditado para desviar o foco das percepções e, assim, alimentar o dissenso global propositalmente? 

Nesta semana, com pouco alarde, saiu esta notícia: “Pela primeira vez, cientistas americanos do National Ignition Facility no Lawrence Livermore National Laboratory, na Califórnia, produziram com sucesso uma reação de fusão nuclear, resultando em um ganho líquido de energia – uma fonte familiarizada com o projeto confirmou à CNN”.

O resultado do experimento é um grande passo, em uma busca de décadas, para liberar uma fonte infinita de energia limpa, a qual poderia ajudar a acabar com a dependência de combustíveis fósseis. Pesquisadores tentam há décadas recriar a fusão nuclear replicando a que alimenta o Sol.

Realmente uma notícia boa. Só como notícia.

O fator tempo, para que esta pesquisa chegue ao cotidiano de cada habitante do planeta em crise, será a prova dos nove desta questão.

Claro que poderia salvar a atmosfera terrestre. Mas, neste momento, Einstein poderia se reencarnar em um mortal qualquer e reafirmar sua teoria sobre a relatividade do tempo.

Aí, sim, haveria tempo para que esta boa pesquisa fizesse parte do dia a dia dos jovens acomodados de hoje. Não sei o que fariam, mas, certamente, teriam um futuro com esperança real e presente.

Então, neste Natal quero pedir de presente que a crise climática não seja mais uma das maquinações criadas pelos humanos adoradores do Tio Patinhas.

Também que responda, para nós mortais, se o Grande Colisor de Hádrons, o LHC, o maior acelerador de partículas do mundo e também a maior máquina, iniciado em 1986 e concluído em 2016, está nos planos dos cientistas para ser utilizado e ganhar tempo para oferecer à humanidade uma nova fonte de energia limpa e infinita?

Esta moderníssima criação humana fica localizada na Suíça, em um grande laboratório chamado Centro Europeu de Reações Nucleares (Cern), cerca de 100 m abaixo da superfície. 

Então, neste Natal próximo, que a humanidade e o planeta ganhem de presente uma esperança real e sólida, de modo a provocar a juventude a sair da sua bolha existencial.

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ARTIGOS

Pensar fora da caixa

13/03/2025 07h45

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Um texto é sempre uma costura desigual, que insere novas ideias, em que os fios se entrelaçam e podem resultar em um pensamento fora da caixa. Quando falamos em pensar fora da caixa, fora dos ambientes burocráticos, significa que temos mais liberdade para expressar nossas ideias. Queremos abordar conceitos como acessibilidade, possibilidades, credibilidades e interesses no exercício do trabalho e na busca de emprego. 

Desempenhar funções, em diferentes empresas, para os cotistas difere dos demais funcionários. Para aqueles que preenchem vagas de cotas, as funções são as de menos importância, e as pessoas correm o risco de não conseguir atravessar o período de experiência. Por vezes, são dispensados por falta de assistência, a qual poderia modificar a condução das tarefas.

As orientações são imprescindíveis, e os colegas também podem colaborar para melhorar o desempenho das funções. Dada a variedade de deficiências e das características delas, o cotista pode ser contratado para um tipo de trabalho e ter habilidades para outras funções. Neste caso, ele teria de ser alocado em diferentes setores, de modo que ele possa verificar quais são aquelas funções em que ele pode investir mais esforços e obter o sucesso desejado por ele e pela empresa. Esta mobilidade poderia ocorrer com o auxílio dos colegas, que vão acompanhar o trabalho diário.

Pensar fora da caixa ajuda a idealizar uma situação diferente para o cotista, que tem maturidade suficiente para ter acesso à acessibilidade e aos conhecimentos produzidos pela empresa, a desenvolver empatias que possam melhorar o ambiente de trabalho e a adaptar as lacunas vindas das deficiências às necessidades da empresa.

No caso do uso da língua brasileira de sinais (Libras), pode ocorrer o que se chama de violência linguística, com a proibição da comunicação entre os surdos e também existe a desvalorização ou negação, ignorando a comunicação entre os mesmos e forçando-os a se adaptar. Durante séculos esta comunicação foi proibida. Schlünzen, Di Benedetto e Santos (2012), ao escreverem a história das pessoas surdas, mencionam que o padre Espanhol Juan Pablo Bonet (1579-1633) criou o alfabeto manual, em que cada palavra tinha um valor simbólico visual. Neste percurso histórico, o drama ainda continuou, pois o alfabeto manual difere do ensino das línguas. A situação vulnerável da pessoa surda ainda continua, e é preciso sempre lembrar que a inclusão e a cidadania dependem das atitudes de toda a sociedade em relação às deficiências. 

Já temos a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015), a qual institui a inclusão da pessoa com deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Precisamos colocá-la em prática, ou seja, encorajar as pessoas a aceitarem uns aos outros e exercer os direitos e os deveres, de modo a garantir que a lei se cumpra e que possamos legitimá-la. 

Então, o que é pensar fora da caixa? Pensar conforme regem as leis e também ter empatia para com pessoas com deficiência, ter prazer em aprender com elas e por elas, ou seja, por exemplo aprender Libras, Braille e, acima de tudo, isso é fazer a diferença.

Convido você a fazer a diferença e a pensar fora da caixa. Vamos?!

ARTIGOS

Mulheres na política, avanços e desafios

13/03/2025 07h30

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É estatístico: a presença feminina na política subiu no Brasil. Os dados eleitorais indicam que houve um crescimento do número de mulheres em todos os cargos em disputa nas eleições municipais de 2024, em comparação ao pleito anterior, realizado em 2020. Esse é um avanço que merece ser relembrado e comemorado de forma especial agora em março, quando é celebrado o Mês da Mulher.

Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que, nas eleições municipais de 2024, quase 730 mulheres foram escolhidas para assumir os postos mais altos das prefeituras de seus respectivos municípios. Em comparação a 2020, o aumento foi de 7%. Já para os cargos de vice, foram eleitas 1.066 mulheres, em uma escalada de 15%. Elas também conquistaram maior número de cadeiras nas Câmaras Municipais, com crescimento de 12%.

São números significativos, que chegam quando estamos próximos de alcançar os 100 anos da eleição da primeira prefeita do Brasil e da América Latina. Alzira Soriano foi eleita em 1929, no município de Lajes, no Rio Grande do Norte, e abriu as portas do mundo político para as mulheres brasileiras. Se estivesse viva, certamente estaria inquieta em busca de novas conquistas. Desafios não faltam. 

Apesar de ser crescente o número de mulheres eleitas, ainda há no Brasil um ambiente político pouco favorável ao surgimento de grandes lideranças femininas. Atualmente, temos apenas duas prefeitas nas capitais brasileiras, em Aracaju e Campo Grande. Se observarmos as eleições de 2022, veremos que foram eleitas apenas duas governadoras, nos estados do Rio Grande do Norte e Pernambuco, e somente quatro mulheres saíram vencedoras na disputa para o Senado.

Já na Câmara dos Deputados, os dados são mais animadores. A bancada feminina saltou de 77, em 2018, para 91, em 2022. E é justamente dela que vem um dado preocupante: a cota mínima de 30% de candidaturas femininas foi descumprida em mais de 700 municípios brasileiros em 2024.

A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados divulgou os dados, por meio do Observatório Nacional da Mulher na Política (ONMP), e os encaminhou ao TSE e à Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) com a solicitação de que sejam empenhados esforços para o cumprimento da legislação eleitoral.

E é bom que os partidos estejam mais atentos a esse tema, não simplesmente porque a lei está mais rígida e a fiscalização mais ampla, mas por uma questão de sobrevivência. Temos hoje um novo eleitor, mais bem informado e consciente de seus direitos e dos direitos dos outros, e novas tendências de perfis de candidatos eleitos, com maior representatividade de mulheres e minorias na política.

Os tempos mudaram. Felizmente.

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