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CLÁUDIO HUMBERTO

Ninguém é surpreendido por nada que se traga em alegações finais

Ninguém é surpreendido por nada que se traga em alegações finais

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“Ninguém é surpreendido por nada que se traga em alegações finais”
Ministro Luís Roberto Barroso, que foi contra a decisão do STF ‘melando’ a Lava Jato

 

 

Supremo abre o caminho para 'melar' a Lava Jato
O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu caminho para “melar” a Lava Jato, ao atingir maioria de votos para anular outra sentença de corrupto já condenado. O STF levou em conta "interpretação criativa" da defesa de Adelmir Bendini, ex-presidente da Petrobras e do Bando do Brasil, que diz ter sido prejudicada por não fazer alegações finais após a acusação. O STF ignorou o detalhe de que isso não está na lei.

Objetivo é soltar Lula
A decisão do STF mal disfarça a intenção de criar condições objetivas para anular a sentença que resultou na prisão do ex-presidente Lula.

Sincronizados
O intuito ficou mais claro depois que o presidiário desistiu de pleitear a progressão do regime fechado para o semiaberto. Quer liberdade total.

Tá tudo dominado
Os ânimos exacerbados de ministros favoráveis a teses dos petistas demonstraram que estava tudo decidido antes de a sessão começar.

Tempo ao tempo
O adiamento da conclusão para a próxima semana servirá para sentir o impacto junto à opinião pública e orientar a extensão da decisão.

Paulistanos rejeitam mais Doria que Bolsonaro
O governador João Dória aumenta suas críticas ao presidente, mas ele é bem mais mal avaliado pelos paulistanos do que Jair Bolsonaro. Levantamento do instituto Paraná Pesquisa encomendado pela Rádio Bandeirantes, entrevistando 1.220 eleitores paulistanos entre os dias 20 e 24, mostra que 55,7% desaprovam o governo Doria e 51,7% fazem a mesma avaliação negativa do governo de Bolsonaro. Aprovam a administração de Doria 38,9%, enquanto 44,5% aprovam o presidente.

Fundo do poço
A avaliação de Bruno Covas é ainda pior que de Doria e Bolsonaro: 58,4% o desaprovam e 60,3% juram não votar nele de jeito nenhum.

Avaliação ruim
Só 22% dos paulistanos acham o governo Doria bom (18,9%) ou ótimo (3,5%), enquanto 44,5% o consideram ruim (13,9%) ou péssimo (28%).

Menos ruim
No caso de Bolsonaro, 29,5% acham o governo bom (18,7%) ou ótimo (10,8%), enquanto 41% o avaliam vê ruim (10,7%) ou péssimo (30,3%).

Aliança efêmera
João Doria inventou o “Bolsodoria” para atrair votos bolsonaristas, mas logo depois tratou de afastar-se do presidente na tentativa de se credenciar como o “antiBolsonaro” nas eleições presidenciais de 2022.

Fora da curva
O ministro Ricardo Lewandowski pareceu surpreso, ontem, com as mudanças de entendimento de ministros e votos contra a manobra bolada para melar a Lava Jato. Ficou inquieto e nervoso.

Muita calma nessa hora
Com voto tão simples quanto brilhante, o ministro Luís Roberto Barroso desconstruiu a manobra para melar a Lava Jato. Mas aí o presidente do STF suspendeu a sessão para conversas de pé-de-orelha.

Meritocracia
Preso pela PF ontem por desviar R$5,4 milhões nos últimos 17 dias de mandato, o ex-prefeito de São José da Tapera (AL), Jarbas Ricardo, passou 26 dias longe dos cofres públicos: foi nomeado pelo governador Renan Filho para gerir as finanças da Imprensa Oficial de Alagoas.

Isso não pode
Pretendente ao cargo de embaixador, Eduardo Bolsonaro deveria evitar o compartilhamento de fotos falsas, mesmo sobre a aborrecente enfezada Greta Thunberg, favoritíssima ao título de Chata da Década.

Inversão de valores
É o fundo do poço, o fim do caminho: senadores foram pressionar o STF em defesa de Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), investigado por corrupção. Pior é o STF se sujeitar à pressão. Que vergonha.

Defesa da democracia
O Prosul, de países pelo progresso da América do Sul, convidou os que estão de fora (Bolívia, Suriname e Uruguai) a se integrar ao grupo que defende a democracia, o Estado de direito e os direitos humanos.

Na nossa conta
A Câmara lançou o próprio serviço para confirmar fake news à disposição do cidadão, mas apenas de notícias sobre deputados e a atividade legislativa. Adivinha quem paga a conta?

Pensando bem...
...a sessão do STF, nesta quinta-feira, parecia mais um telecurso sobre como destruir o trabalho de seis anos em uma semana.

PODER SEM PUDOR

Senador não é lastro
O senador Marco Maciel sobrevoava o interior do Rio Grande do Sul, em meados de 1989, quando o pequeno avião Piper começou a ser sacudido por fortes rajadas de vento. Preocupado, o piloto fez um pouso em Júlio de Castilhos, longe do destino – o município de Cruz Alta. Maciel se fez de mouco, mas contou depois a amigos, achando muita graça, que ouviu o piloto olhar para seu porte de fiapo e murmurar: “Faltou lastro...”

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Com André Brito e Tiago Vasconcelos

www.diariodopoder.com.br

Colunistas

Clientes sem viagem, empresas sem pagamento

Operadora renomada deixa consumidores sem respostas e aciona alerta no setor

20/03/2025 00h04

Leandro Provenzano

Leandro Provenzano

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O mercado do turismo tem enfrentado batalhas inglórias, que passaram pela pandemia, recuperação judicial da empresa 123 milhas, e agora, um novo player do mercado já informou que não conseguirá honrar com compromissos já assumidos.

A Viagens Promo é uma operadora de turismo brasileira, com foco em vendas B2B – ou seja, monta pacotes de viagens que são comercializados por meio de agências de turismo. Recentemente ela enfrenta uma grave crise financeira, que tem levado a atrasos de pagamentos a fornecedores e parceiros, comprometendo toda a operação.

No início de 2025, a Viagens Promo reconheceu oficialmente sua instabilidade operacional e financeira, informando não dispor de recursos para honrar reservas futuras e iniciando uma força-tarefa de reestruturação. As consequências foram imediatas: companhias aéreas suspenderam serviços por falta de pagamento e voos fretados foram cancelados, deixando centenas de passageiros sem embarcar.

Hotéis parceiros também deixaram de receber pelos hóspedes encaminhados pela operadora, levando alguns a recusarem check-ins de clientes que chegavam com reservas não pagas. Houve casos de viajantes barrados na recepção do hotel e de agentes de viagens tendo que arcar do próprio bolso com diárias para acomodar seus clientes, na esperança de reembolso futuro. 

Diante desse cenário, surge a questão: qual a responsabilidade jurídica de cada parte envolvida – agências, companhias aéreas, hotéis e os próprios consumidores – e que soluções existem para mitigar os danos de uma falência ou inadimplência no setor de turismo?

As empresas do ramo já estão se preparando para o não cumprimento de compromissos assumidos pela Viagens Promo. Hotéis já estão avisando as agências e hóspedes que não receberam pelas reservas e que, caso elas não sejam pagas até a chegada do consumidor, este não conseguirá realizar o check in.

Com isso as agências de turismos e hóspedes estão tentando uma saída para que não haja a perda das viagens, onde, além do gasto com hotel, o consumidor também arca com o transporte, bem como se planeja financeira, pessoal e profissionalmente para que a viagem ocorra dentro de um alinhamento do calendário familiar.

Fato é que nenhum desses entes da cadeia do turismo estão totalmente seguros, muito menos possuem direitos e deveres claros quando o assunto é jurisprudência, uma vez que, infelizmente, ela varia de tribunal para tribunal, onde alguns determinam que a responsabilidade, por exemplo, entre hotel e agência de turismo é solidária, ou seja, ambos podem responder integralmente pelo prejuízo do consumidor, ainda que este tenha sido causado pela Viagens Promo.

Já outros tribunais entendem que cada elo desta cadeia se responsabiliza pelo que recebeu (ou receberia) pelos serviços prestados, por exemplo, a agência de turismo teria sua responsabilidade nos limites de sua comissão, já o hotel responderia no limite do valor que receberia pela reserva.

Fato é que mais uma crise acertou o turismo nacional e prejudicará toda a cadeia. Não se sabe se a Viagens Promo entrará ou não em recuperação judicial (certamente sim), mas com certeza sua crise irá prejudicar centenas (talvez milhares) de empresas menores que ela, que terão que suportar prejuízos tão acima de suas capacidades de pagamento, que inclusive pode levá-las a encerrar suas atividades.

Os consumidores dispõem de um arcabouço legal sólido (CDC) que os ampara – seus direitos a transparência, restituição e indenização, e eles devem exercê-los ativamente, buscando apoio de órgãos competentes quando necessário.

Medidas preventivas, como a contratação de seguros de responsabilidade por agências e operadoras, podem fazer toda diferença em casos extremos, ao passo que medidas corretivas, como a ação regressiva, permitem que o prejuízo seja repassado à parte devida, evitando a injustiça de punir quem agiu de boa-fé para socorrer o cliente.

O caso da Viagens Promo serve de alerta e aprendizado para o mercado de turismo. Mais do que nunca, fica clara a necessidade de planejamento financeiro responsável pelas empresas, transparência na relação com parceiros e clientes, e mecanismos de proteção (contratuais e securitários) para emergências. 

Do ponto de vista jurídico, a mensagem é inequívoca: a cadeia de fornecedores deve funcionar como uma rede de segurança ao consumidor – se um elo falha, os outros precisam suportar aquele viajante, pois assim exige a lei e a confiança do público, claro, que tudo isso dentro do limite da responsabilidade de cada agente. Ao final, reforça-se que responsabilidade e cooperação são pilares essenciais para superar crises no turismo com o mínimo de danos e preservar a credibilidade do setor frente aos viajantes.

Leandro Amaral Provenzano ([email protected])

ARTIGOS

You are now a central banker

19/03/2025 07h45

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Ser um banqueiro central frequentemente implica tomar decisões impopulares para manter a estabilidade econômica. A frase “You are now a central banker”, enviada por Paul Volcker a Alan Greenspan, simboliza essa responsabilidade: conter a inflação e salvaguardar a credibilidade da política monetária, mesmo diante de pressões políticas e reações adversas. Volcker repassou essa frase em um bilhete enviado a Greenspan após a primeira reunião em que este, como presidente do Federal Reserve no fim da década de 1980, decidiu elevar as taxas de juros, marcando um momento crucial de sua gestão.

No Brasil, a condução da política monetária ocorre em um ambiente de forte pressão fiscal. A política de ajustes de gastos adotada até aqui não tem favorecido a estabilização das expectativas de inflação e impõe desafios adicionais ao Banco Central (BC). Desde o anúncio, em novembro de 2024, de medidas de corte de gastos consideradas insuficientes pelo mercado, as projeções fiscais permanecem frágeis. A mediana das previsões de mercado do Relatório Focus indica deficits primários de 0,6% do PIB tanto em 2025 quanto em 2026, enquanto a dívida pública bruta deve atingir algo próximo a 81% e 85% do PIB nesses anos. Pior, mesmo olhando para horizontes mais longos, como 2027 e 2028, o mercado não enxerga equilíbrio do resultado primário.

A deterioração das expectativas de inflação foi significativa: desde o fim de novembro, a mediana das previsões para 2025 saltou de 4,4% para 5,7%, enquanto para 2026 subiu de 3,8% para 4,4%, desviando-se consideravelmente da meta de 3% ao ano, com um limite de tolerância de até 4,5%. E o cenário pode se agravar, já que, em fevereiro, a inflação de 1,31% foi a maior desde 2003. No acumulado em 12 meses, a inflação já está em 5,06%.

A ata da última reunião do Copom preservou o tom firme da administração anterior de Roberto Campos Neto e reconheceu que o hiato do produto está positivo, a inflação resiliente no setor de serviços e o mercado de trabalho ainda apertado. Esse contexto reforça que o último ajuste de juros e a sinalização de um novo aumento, decididos antes da mudança de comando no BC, estavam na direção certa. O mercado já precifica esse aumento de um ponto porcentual na reunião de março, que ocorrerá na semana que vem e deve levar a taxa Selic a 14,25% ao ano.

As decisões do Copom serão analisadas de perto, não apenas porque esse aumento foi definido na gestão anterior, mas principalmente porque o mercado buscará sinais claros sobre a disposição do novo comando em controlar a inflação. Em contextos de teoria dos jogos, um BC com inclinação mais branda em relação à inflação pode adotar estratégias de comunicação e medidas que transmitam uma imagem de maior rigor para preservar sua credibilidade, especialmente se os custos reputacionais de revelar uma postura mais flexível forem elevados.

Assim, as reuniões a partir de maio serão decisivas para sinalizar a posição do BC ao mercado. Se os riscos indicarem um afastamento das expectativas da meta e os indicadores continuarem apontando para uma inflação resiliente, o BC poderá ser forçado a agir não apenas para evitar a erosão do juro real, mas também para intensificar o aperto monetário. Mesmo que os dados sejam conflitantes e haja incerteza no mercado quanto à dinâmica futura, o BC terá que escolher entre reforçar sua credibilidade ou arriscar um cenário no qual a política monetária perde efetividade. Esse último caso implicaria em juros elevados por mais tempo, com custos significativos para a sociedade, até que a confiança fosse restabelecida.

Um auxílio do governo no campo fiscal seria fundamental para reduzir o custo de desinflação da economia brasileira e o impacto de juros mais altos sobre o setor privado. Enquanto isso, Galípolo e sua equipe estarão sob constante escrutínio do mercado para manter a credibilidade da política monetária em um cenário fiscal adverso. Com o cumprimento da meta de inflação sob pressão, a condução da política exigirá decisões difíceis, como Volcker sinalizou a Greenspan.

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