Colunistas

ARTIGOS

PEC da Segurança e o risco de enfraquecimento da polícia e do combate ao crime organizado

Continue lendo...

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, cuja nova redação foi recentemente apresentada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, levanta uma série de preocupações que não podem ser ignoradas.

Embora traga avanços na padronização de dados e na consolidação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), a proposta apresenta mudanças que podem comprometer a eficiência e a articulação das forças de segurança que atuam pelo País.

Um dos pontos mais problemáticos da PEC em tela é a substituição da Polícia Rodoviária Federal (PRF) por uma Polícia Viária, ainda com atribuições restritas ao policiamento ostensivo em rodovias, ferrovias e hidrovias federais.

Ora, a PRF tem papel fundamental no combate a crimes de indiscutível relevo, como o tráfico de drogas e de armas e o contrabando – delitos que se utilizam, mas não apenas, das rodovias como rotas de circulação.

Continuar a limitar o espectro e o alcance das atribuições da PRF, perdendo, inclusive, valiosa oportunidade de repensar a política pública de segurança no Brasil, inserida na contemporaneidade, pode enfraquecer o enfrentamento em face dos – cada vez mais – criminosos organizados, gerando lacunas operacionais severas.
O ideal, segundo penso, seria ampliar a ostensividade da PRF sem que isso prejudicasse a atuação da Polícia Federal (PF), garantindo, assim, que ambas atuem de maneira coordenada e complementar pelo Brasil.

Outro aspecto que merece atenção é a criação de Ouvidorias públicas e autônomas para fiscalizar a atuação policial. Embora a transparência e o controle da atividade policial sejam fundamentais, há o risco de que este tipo de órgão se torne ferramenta de ingerência política ou burocrática – o que prejudica o trabalho policial e engessa investigações. As Ouvidorias são absolutamente fundamentais e, por isso, devem ser blindadas de interferências políticas.

Por fim, a PEC, inicialmente, previa a unificação do Fundo Nacional de Segurança Pública e do Fundo Penitenciário. Contudo, cedeu à pressão dos governadores e manteve os repasses separados. Tal mudança, a rigor, é positiva, pois deve garantir aos estados controle sobre esses recursos, podendo, desta maneira, direcioná-los de acordo com necessidades regionais específicas.

Ademais, visando construir um ambiente democrático de qualidade efetiva, é preciso haver a participação de outros atores sociais neste debate que resultará na mudança do texto constitucional.

Entre vários personagens importantes neste processo, acredito que as organizações classistas e representativas das carreiras policiais devem, necessariamente, estarem plena e devidamente representadas.

O debate sobre segurança pública em nosso País precisa, afinal, ser tratado com seriedade e sem medidas que enfraqueçam a atuação policial ou criem burocracias desnecessárias. Caso contrário, a PEC em questão tende a agregar mais um entrave para os graves problemas da segurança pública do Brasil.

CLÁUDIO HUMBERTO

"Eu não espero nada deles, nada"

Marisa Deppman, cujo filho foi executado por um "dimenor" a 3 dias de completar 18 anos, sem esperança de que o Congresso reduza a maioridade penal

18/03/2025 07h00

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto

Continue Lendo...

Planalto gasta R$56 mil/dia com cartões corporativos

O ano mal começou , mas o ritmo dos gastos com cartões corporativos do governo Lula (PT) não diminuiu. Só nos dois meses e meio de 2025 foram realizadas cerca de 2.300 compras com cartão corporativo, no total de R$4,2 milhões, média diária de R$56 mil em gastos que nem podem ser auditados ou fiscalizados. Após ganharem fama na primeira gestão petista, quando o então ministro Orlando Silva (Esporte) se esbaldava na regalia, os cartões já custaram aos brasileiros R$17,2 milhões este ano.

Gastos são secretos

Praticamente todas as despesas dos cartões corporativos vinculados à Presidência da República recebem o carimbo de “sigilosas”.

Tudo entra

Cartões custeiam despesas diversas de autoridades e funcionários do poder Executivo; do pão de queijo ao aluguel de frotas de carros.

Comparação

O Ministério da Justiça é o segundo órgão que mais usa os cartões do governo (R$3,2 milhões), seguido pela Defesa (R$2,5 milhões).

Trump dá exemplo

Se no governo Lula a farra não para, nos EUA, impedido pela Justiça de extinguir esses cartões, Donald Trump limitou o gasto a apenas 1 dólar.

Eldorado: nova arbitragem contra J&F será em Paris

Pode ser definido em 60 dias o pedido da Paper Excellence para instaurar arbitragem em Paris contra a J&F, no caso Eldorado. As partes já indicaram dois árbitros, que, se não forem impugnados, nomearão o presidente do tribunal para decidirem sobre a instauração da arbitragem. A Paper busca indenização pelos prejuízos causados por atos “desleais e abusivos” da J&F, de Joesley e Wesley Batista, para não entregar o controle da Eldorado Celulose, que venderam em 2018 por R$15 bilhões.

Perdas bilionárias

Os prejuízos causados pelos factoides e manobras protelatórias foram estimados em US$3 bilhões (R$17,5 bilhões) pela Paper Excellence.

Árbitros ameaçados

Derrotada na arbitragem brasileira, J&F ameaçou árbitros e sobrecarrega a Justiça coma ções para não cumprir contrato de venda da Eldorado. 

Litigância de má-fé

A J&F foi condenada por litigância de má-fé e a ministra Rosa Weber, do STF, chamou atenção da J&F pelo abuso do direito de recorrer.

Este manda bem

André Mendonça é o único ministro do STF que tem sido visto encarando os cidadãos que viajam em classe econômica, nos voos comerciais. Os colegas preferem “pegar carona” na mordomia dos jatinhos da FAB.

Estranhos odores

A Natura do bilionário lacrador Guilherme Leal, que já foi vice de Marina Silva e maior financiador de Tábata Amaral (PSB) na campanha de 2024, perdeu R$5 bilhões em valor de mercado. Pediu recuperação nos EUA.

E a transparência?

As novas regras para o pagamento de emendas parlamentares já estão em vigor, mas ainda não foi registrada uma transferência sequer no Portal da Transparência do governo federal.

Otimismo

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) é um otimista incorrigível, inclusive quanto ao projeto que anistia os condenados pelo 8 de janeiro: “Saindo da Câmara para o Senado, será aprovado com folga”, diz ele.

Previsibilidade

Com a condenação já definida dos acusados de suposto “golpe”, advogados que atuam em tribunais superiores mencionam, com ironia, que o STF alterou até o velho entendimento de que “da cabeça de juiz, da barriga e mulher e da bunda de bebê ninguém sabe o que vai sair”.

Psol vs. STF

Aliado do governo Lula (PT), o Psol acionou o STF para derrubar as novas regras das emendas parlamentares. Quem supervisionou as novas regras foi o ministro do próprio STF Flávio Dino.

Ainda existe

O ministro do STF André Mendonça rejeitou ação contra Silvye Alves (União-GO) por calúnia. A deputada estava protegida pela imunidade parlamentar ao fazer acusações contra outro deputado nas redes sociais.

Governo quer?

O senador Mecias de Jesus (RR), líder do Republicanos, quer endurecer a pena de traficantes flagrados com armas fogo. Ou sejam, todos eles. A proposta não agrada o governo, onde seu partido ocupa ministério.

Pensando bem...

...não é novidade alguma Lula querer mais álcool (na gasolina).

PODER SEM PUDOR

Papo reto

A “guerra tarifária” provocada pelas decisões de Donald Trump faz lembrar como europeus em geral, franceses em particular, são folgados. E não é de hoje. Certa vez, em 1960, o general Charles de Gaulle decidiu retirar a França da Otan e aproveitou encontro em Paris com Dean Rusk, secretário de Estado do governo John Kennedy, para comunicar sua decisão e solicitar que todos os militares americanos fossem retirados do país. A reação de Rusk foi cortante: "Isso inclui os que estão enterrados aqui?" Referia-se, claro, aos muitos soldados americanos que tombaram em combate para libertar a França da ocupação nazista. Nunca mais De Gaulle falou no assunto.

ARTIGOS

40 anos da Nova República: ela ainda existe?

17/03/2025 07h45

Continue Lendo...

Há exatas quatro décadas, em 15 de março de 1985, com a posse de José Sarney na Presidência da República, encerrava-se o penoso período de 21 anos do regime militar. Era o início do que se convencionou chamar de Nova República, a tão decantada volta à democracia no Brasil, que se iniciava com a posse do primeiro presidente civil desde João Goulart (1961-1964).

Sarney não foi eleito diretamente pelo povo. Aliás, nem sequer para presidente ele recebeu voto. Ele fora consagrado vice na chapa que tinha como titular Tancredo Neves, que se adoentara na véspera da posse e faleceria em 21 de abril daquele ano sem nunca ter assumido a função. Ambos se elegeram indiretamente em 15 de janeiro de 1985 pelo Colégio Eleitoral – um artifício da ditadura para dar ares de “legalidade”. Receberam 480 votos, ante 180 de Paulo Maluf (PDS), o candidato oficial.

Como quase sempre na história, a mudança de regime foi feita por cima e sem muita consulta ao povo. Tancredo, do oposicionista PMDB, só se elegeu com apoio de boa parte do PDS (Sarney, inclusive era presidente do partido) e com a benção dos inquilinos de saída: os militares.

O governo Sarney foi caótico do ponto de vista social e econômico, mas cumpriu o seu papel de conduzir o Brasil na transição democrática convocando a Constituinte, legalizando partidos, pondo fim na Censura e instaurando um novo arcabouço legal no País, limpando quase a totalidade do entulho autoritário. A democracia plena mesmo tivemos somente a partir de 1989, com a eleição de Fernando Collor de Mello (PRN), o primeiro presidente eleito diretamente pelo povo desde 1960.

Nesses 40 anos, passamos por oito presidentes, dois deles que sofreram impeachment (Collor e Dilma), além de sucessivas crises econômicas e políticas. Recentemente, nossa jovem democracia sofreu solavancos que quase a derrubaram. Ela sobreviveu por pouco, mas ainda está aqui.

Mas a base que formou a Nova República começou a ruir com as manifestações de rua de 2013 e a queda se acentuou com a ascensão de Jair Bolsonaro (PL) ao poder. O perfil da sociedade brasileira mudou – e isso aliado às novas ferramentas de comunicação e as suas consequências, como as fake news, além do surgimento da nova direita mundial, o que feriu a estrutura construída a partir da posse de Sarney.

A polarização política aumentou muito e se calcificou, pontes de diálogo foram dinamitadas e a praxe agora é a desestabilização de governos. É o poder pelo poder, mesmo que isso implique rupturas institucionais.

A Nova República continua a existir por um fio. E o mais irônico disso é que o grande fiador dela é um político que foi seu opositor em seu início com fortes críticas: Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).