OSCAR ROCHA
Comumente associada às celebrações e encontros sociais, a etiqueta busca entrar de sola no mundo virtual. Com a popularização dos computadores e acessibilidade na transmissão de banda larga, tornou-se necessária a propagação de boas maneiras, que facilitem a convivência no ciberespaço. “Sem dúvida, o assunto é muito pertinente na atualidade. A etiqueta no uso do computador é extremamente necessária, facilita a convivência. Imagine o trânsito sem regras, com certeza, os acidentes seriam constantes. O mesmo pode acontecer em outros espaços, como a internet”, aponta a paulista Sofia Rossi, profissional especializada em etiqueta e boas maneiras, atualmente radicada em Brasília.
Sofia aponta que o mundo virtual, mesmo com suas particularidades, acaba reproduzindo muito dos que as pessoas fazem fora dele, não sendo um mundo à parte. “Mesmo quando se escondem por meio do ‘nick’ (apelido) falso, acabam mostrando muito da própria personalidade, como o ciúme, o ego inflado e a má educação”. Para o editor do Caderno Informática do Correio do Estado, Cleidson Lima, as boas maneiras na internet, em algumas situações, não são somente arma contra gafe e certo mal-estar social, mas ajudam, também, a evitar problemas no aspecto técnico. “Encher a caixa de mensagens dos outros é falta de etiqueta e pode trazer problema técnico, fora o tempo que se gasta em selecionar e apagar coisas desnecessárias”, avalia Cleidson.
A empresária e cantora Bruna Campos, de Campo Grande, é uma das que enfrentam esse problema com frequência. “Minha caixa de mensagens fica cheia. Não fui consultada para receber muito do que recebo. Sei que conseguiram meu endereço por meio de e-mailing numa loja. Outra coisa comum é receber e-mail no celular e você abre achando que é coisa importante, mas não é; depois se paga por esse serviço. Tudo isso tem a ver com a falta de etiqueta”, constata Bruna.
“Cheguei a bloquear alguns endereços por me enviarem e-mails indesejados”, conta o comerciário Genivaldo Pereira da Cruz. “É uma falta de tato. A pessoa devia mandar perguntando se quer receber esse tipo de mensagem. Há casos, ainda, daqueles que a gente mal conhece e qualquer assunto que aparece na internet mandam para vermos”. Cruz destaca a falta de etiqueta nas salas de bate-papo. “Muitas vezes, a gente passa conversando com a pessoa durante algum tempo e, sem mais, nem menos, somos deixados sozinhos, sem qualquer tipo de despedida. Isso é muito chato. As pessoas deveriam ter a mesma atitude real no mundo virtual, sair civilizadamente da conversa”.
Para a publicitária Cynthia Silveira, um dos sinais da falta de etiqueta é o envio das correntes. “É um absurdo receber aquilo, não tem nada a ver”. Mesmo com a queixa, ela considera natural o comportamento inadequado de alguma pessoa. “Quem entra na rede está se expondo e sabe que o jogo tem suas regras; há, de certa forma, um acordo virtual”, aponta. Concorda que o mundo virtual repete o mundo real. “Da mesma forma que somos importunados no mundo real, somos no mundo virtual. Às vezes estamos em casa e alguém que não foi convidado bate à nossa porta”, compara.