Política

ELEIÇÕES 2024

Candidato a prefeito em MS admite elo com narcotráfico e prostituição

Em conversas telefônicas interceptadas pela PF, Munir Sadeq, do PSDB de Ladário, fala sobre os esquemas criminosos

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A reportagem publicada pelo Correio do Estado no dia 13 de julho que revelou com exclusividade que o ex-vereador por Ladário Munir Sadeq Ramunieh (PSDB) já foi condenado por tráfico de drogas, ficou inelegível por oito anos (2012 a 2020) e é réu por favorecimento à prostituição não foi suficiente para que o diretório municipal tucano desistisse de oficializá-lo como candidato a prefeito nas eleições municipais deste ano.

Agora, também com exclusividade, o Correio do Estado obteve trechos da denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) e aceita pela Justiça Eleitoral em que Ramunieh – que mesmo depois da denúncia realizada pelo jornal continua liderando a corrida eleitoral em Ladário – não tinha o menor pudor em admitir suas práticas criminosas, em conversas com comparsas e colegas de trabalho.

Por meio de escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal (PF) a pedido do MPF e com autorização da Justiça Federal, o candidato a prefeito Munir Sadeq, em uma das conversas com seu primo Akram Salleh – apontado como um de seus comparsas no esquema de contrabando de bebidas e fraude ao Fisco tornado público pela Operação Volcano –, brinca e até insinua que ele ficou famoso.

“Cê [sic] tá famoso, né?”, disse Ramunieh a Salleh, ao se referir à reportagem exibida pelo “Jornal Nacional” (Rede Globo) em 2017, na época da operação. “P****! Eu faço tudo errado, droga, casa de prostituição, e não saí no ‘Jornal Nacional’. 

Só você saiu”, reclamou em tom de ironia. Na ocasião, uma carreta carregada de cerveja trazida ilegalmente da Bolívia para ser comercializada em Corumbá e Ladário tinha sido flagrada pela PF.

Na prática, Ramunieh já foi acusado e condenado por praticamente tudo o que ele confessou ao colega na ligação telefônica interceptada pela PF, faltando apenas a ação na Justiça Federal em que é réu por favorecimento à prostituição, sendo acusado de integrar grupo que pratica crime de exploração sexual e rufianismo, tanto na Cidade Branca quanto em Ladário.

Em outra conversa grampeada, a PF também flagrou Ramunieh combinando o pagamento de propina a policiais civis, 
após um deles foi à distribuidora de bebidas de Salleh.

“Tá só faltando uma coisa pra você. O seguinte, esse cara eu conheço, vou mandar ele sair, daí a gente tira o caminhão... Depois a gente dá uma coisinha para eles, entendeu?”, disse ao primo.

Para a PF, as conversas grampeadas e os documentos obtidos são evidências de que – somados ao fato de que Rildo Barbosa Silveira, então supervisor de vendas da Casa Di Conti, afirmou em interrogatório policial que já tinha se encontrado com Ramunieh para acordar que ele lhe daria exclusividade na venda da cerveja Conti em sua casa noturna Babilônia – o candidato a prefeito de Ladário não era apenas conhecedor das fraudes aduaneiras sistematicamente praticadas pelo primo, mas também destinatário final de parte das bebidas produzidas para exportação e desviadas para o mercado interno.

OUTROS CRIMES

Conforme denúncia recebida pelo Correio do Estado em abril de 2014, quando Ramunieh ainda era vereador, ele foi condenado por improbidade administrativa – ficando inelegível por oito anos – pela prática de nepotismo na contratação 

de uma assessora jurídica que era cunhada dele, a qual, em troca, daria apoio político para a eleição da presidência da Casa de Leis à época. Em 2020, Ramunieh teve a candidatura a prefeito de Ladário indeferida, por não ter se desincompatibilizado da empresa em que é proprietário dentro de um período de seis meses anterior ao pleito. O motivo era de que ele mantinha junto à administração pública municipal contratos para o fornecimento de combustível. Além disso, ainda estava em vigor a sua inelegibilidade.

Fora os crimes na esfera política, Ramunieh também tem um longa ficha na esfera criminal, cumprindo pena em regime fechado por tráfico de drogas, 
em 1994, na Casa de Detenção de São Paulo, mais conhecida como Carandiru. Após cumprir pena em São Paulo, ele foi morar em Ladário, onde abriu a boate Babilônia Drink’s, o motel Pousada Kalifa’s Pantanal e o espaço Vila Aeroporto – esse que era mais conhecido como Carandiru, em referência ao presídio em que cumpriu pena e que seria como local para hospedar suas “dançarinas”.

Essas garotas eram na verdade prostitutas e ficavam presas na vila, ficando proibidas de saírem de lá. Elas só podiam deixar o local quando iam para a boate, para serem exploradas sexualmente.

Em razão disso, Ramunieh virou réu desde 2014 sob a acusação de comandar um grupo que praticava crime de exploração sexual (favorecimento de prostituição) e rufianismo em Corumbá e Ladário. Além disso, consta no processo de que ele seria o responsável por tráfico de pessoas.

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ELEIÇÕES 2024

Total de pesquisas em MS está menor, mas acende alerta de possível fraude

A 13 dias da eleição de 2020, houve 383 sondagens, já no mesmo período deste ano são 226 levantamentos, queda de 41%

23/09/2024 08h00

Eleições municipais acontecem no dia 6 de outubro em todo país

Eleições municipais acontecem no dia 6 de outubro em todo país Reprodução/ TSE

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A 13 dias das eleições municipais em Mato Grosso do Sul, pesquisa junto ao site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela que o número de pesquisas eleitorais registradas está 41% menor para o pleito deste ano em comparação ao pleito de 2020. Enquanto há quatro anos houve um total de 383 sondagens, neste ano são 226 levantamentos.

No entanto, intensificou-se no atual processo eleitoral as pesquisas com suspeitas de irregularidades. Nas últimas semanas, foram identificadas distorções nos dados, faixas do eleitorado ignoradas nas entrevistas e até pessoas de outras cidades sendo ouvidas, com a Justiça Eleitoral chegando a derrubar inúmeras pesquisas, tanto em Campo Grande quanto nas cidades do interior.

Ainda de acordo com o TSE, em dados nacionais, das 8.282 sondagens eleitorais registradas até o momento, 30% são financiadas pelos institutos, o que acende um alerta entre pesquisadores para possibilidades de fraudes.

A avaliação de especialistas é a de que há uma série de questões estruturais que estabeleceram um cenário propício para a realização de pesquisas. Entre elas estão o aumento da escolarização de moradores do interior, a descentralização da economia, a interiorização das estruturas partidárias e o aumento da competitividade das disputas.

Esse é o caso do diretor do Instituto de Pesquisa Resultado (IPR), Aruaque Fressato Barbosa, que explicou ao Correio do Estado que, até o fim da campanha eleitoral, não acredita que o número ficará menor do que o das eleições de 2020, mas a queda registrada neste momento em relação às últimas eleições municipais se dá por alguns fatores. 

“O primeiro é o rigor para fazer o registro de uma pesquisa eleitoral. A Justiça Eleitoral está mais atenta a isso, e a multa para quem fizer coisa errada pode passar de R$ 100 mil. É uma multa pesada, e não difere se é empresa pequena, média ou grande. Nesse caso, o instituto de pesquisa que levar a multa vai ter que arcar”, destacou.

Conforme ele tem percebido, nessas eleições houve um aumento no número de empresas de pesquisas de fora que vêm registrar pesquisas eleitorais aqui em Mato Grosso do Sul – e com números bem diferentes dos que estão sendo mostrados pelas empresas locais.

“Há empresas que, por exemplo, abriram as portas há 60 dias e já estão registrando pesquisas. Então, é preciso tomar cuidado com esse tipo de instituto. Será que ele tem estrutura e conhecimento para executar um estudo desses?”, questionou.

Sobre as empresas que se autofinanciam, Barbosa alerta que o verdadeiro problema disso é que os institutos de pesquisa sobrevivem prestando serviço de pesquisa e, caso eles ofereçam esse trabalho sem cobrar nada, a empresa não ganha dinheiro.

“Então, quem é o verdadeiro contratante? Esse é o ponto, e temos alguns institutos que estão ainda tentando burlar o sistema da seguinte maneira: abre duas empresas, um instituto de pesquisa e um veículo de comunicação ou qualquer outra empresa e fica registrando pesquisas com esse CNPJ”, alertou.

 O diretor do IPR completou que, na teoria, são empresas diferentes, mas, na verdade, trata-se da mesma empresa.

“Dessa forma, o dinheiro não circula e acaba, desse modo, escondendo o verdadeiro contratante. Isso é uma coisa muito séria, e é aí que são jogados para os eleitores números totalmente conflitantes com os apurados pelos institutos sérios. E a população não sabe diferenciar e, infelizmente, acaba tornando o mercado de pesquisa algo suspeito”, analisou.

Ele reforçou que, se a empresa faz uma pesquisa correta e dentro de uma metodologia, obtém uma ideia próxima do resultado real que sairá das urnas. 

“No mundo, nos países onde há uma democracia forte, como nos Estados Unidos, por exemplo, dois norte-americanos fizeram esse estudo e, em torno de 80% das pesquisas, o porcentual de acerto foi de 80%”, revelou.

Barbosa ressaltou que o problema é que os institutos de fora fazem inúmeras artimanhas para poder fazer o jogo do contratante, e isso, acaba atrapalhando quem trabalha sério. 

“E aí desanima também o mercado, porque ficam jogando fake news, com as pessoas falando: ‘Olha, o instituto fez isso, o outro fez aquilo’. No fim, isso cria um ambiente complicado”, argumentou.

 Para finalizar, o diretor do IPR revelou que, na contramão das pesquisas registradas, as pesquisas para o consumo interno, ou seja, que não precisam ser registradas no TSE e fazem parte de estratégia dos partidos, cresceram vertiginosamente. “Agora, as pesquisas registradas realmente, devido a esses vários fatores de valores, rigor e fiscalização, estão em queda”, concluiu.

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ELEIÇÕES 2024

Filha de ex-prefeito de Coronel Sapucaia tenta ser eleita para continuar legado do pai

Najla Mariano é filha de Eurico Mariano, que já foi condenado por homicídio e desvio de recursos públicos no município

22/09/2024 13h17

A candidata a prefeita Najla Mariano e o pai dela, o ex-prefeito Eurico Mariano, que foi condenado por homicídio e desvio de recursos públicos

A candidata a prefeita Najla Mariano e o pai dela, o ex-prefeito Eurico Mariano, que foi condenado por homicídio e desvio de recursos públicos Montagem

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A política de Mato Grosso do Sul continua marcada pelas sucessões familiares na administração pública e nas eleições municipais deste ano a história pode se repetir com candidatos tentando manter a dinastia de suas famílias no comando das cidades do interior.
 
Esse é o caso de Coronel Sapucaia (MS), onde a empresária Najla Marienne Schuck Mariano, filha do ex-prefeito Eurico Mariano, busca dar continuidade ao legado da família disputando a eleição para prefeita do município pelo MDB.
 
A fama da família Mariano é bem conhecida na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, mas os integrantes estavam desaparecidos da vida pública. O retorno acontece nas eleições municipais deste ano, 20 anos depois da morte do radialista paraguaio Samuel Román, executado com 11 tiros de pistola, a mando do de Eurico Mariano.
 
O pai da candidata Najla Mariano foi condenado a 17 anos e 9 meses de prisão em 2008. Após o crime, o ex-prefeito fugiu para o Paraguai onde se escondeu por 11 anos até ser preso em pela Polícia Nacional do Paraguai, em Capitán Bado, cidade paraguaia que faz fronteira com Coronel Sapucaia.
 
Eurico Mariano era procurado pela Interpol e, no período de buscas internacionais por autoridades estrangeiras e nacionais, Najla Mariana, que foi vereadora entre 2012 e 2016, decidiu se afastar da vida pública.
 
Preso, Eurico Mariano também foi condenado por contratar “funcionários fantasmas” para a Prefeitura de Coronel Sapucaia durante a sua gestão em 2002. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), ele desviou R$ 363 mil dos cofres públicos através do esquema fraudulento de contratação de servidores.
 
A investigação apontou que o ex-prefeito realizou a contratação de servidores em cargos de confiança e que os contratados não cumpriam a carga horária de trabalho, além de devolver o salário ao prefeito e outros gestores municipais. Mesmo preso e condenado por assassinato e desvio de dinheiro público, Eurico Miranda ainda tem forte influência política no município, onde agora tenta eleger a filha.

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