Política

DINHEIRO PÚBLICO

Candidatos que desistiram ou foram barrados torraram R$ 1 milhão do Fundão

Políticos ignoraram problemas na Justiça ou arrependimento; dinheiro, que é público, não precisa ser devolvido

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Candidatos que renunciaram ou tiveram os registros indeferidos pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MS) de Mato Grosso do Sul, antes das eleições do dia 2 de outubro, gastaram R$ 919 mil do Fundo Eleitoral, o FEFC, nome oficial do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, também conhecido como Fundão.

Por regra eleitoral, o dinheiro torrado, que sai do bolso do contribuinte, não precisa ser devolvido.

Exige-se dos postulantes apenas que eles prestem as contas à Justiça Federal. Em MS, nove concorrentes ao pleito tiveram suas candidaturas indeferidas e seguiram com as campanhas ou, então, deixaram de lado a disputa eleitoral com a renúncia.

Dados inseridos no DivulgaCand, dispositivo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que cumula informações indicando quanto cada candidato arrecadou e gastou na campanha, mostram que o promotor Harfouche, da legenda Avante, o qual concorreu a uma das oito vagas de deputado federal, foi o que mais captou dinheiro da legenda, e não se elegeu.

Por ser o nome mais conhecido e com chances de vitória eleitoral, segundo o comando do Avante, o promotor, que é procurador do Ministério Público de MS e que se chama Sérgio Fernando Raimundo Harfouche, arrecadou, ao todo, para a campanha R$ 460 mil.

Do montante, R$ 450 mil, ou 97,83% da soma total, saíram do Fundão. Outros R$ 10 mil foram injetados na campanha de Harfouche por meio de colaboração de pessoas físicas, ou 2,17%.

Ainda de acordo com o DivulgaCand, do dinheiro arrecadado, R$ 324.635,73 foram incluídos nas contas do candidato Harfouche como pagamento de despesas. Restou, então, em torno de R$ 135 mil.

Na relação dos gastos de campanha do promotor aparecem números indicando que, do recurso juntado, R$ 40 mil – R$ 20 mil para cada – foram transferidos para dois candidatos a deputado estadual pelo Avante.

Harfouche, logo depois de ingressar no TRE-MS com o nome para disputar a eleição, teve a candidatura “indeferida com recurso ou em prazo recursal”.

O Ministério Público Eleitoral questionou a condição de o concorrente ainda manter vínculo empregatício no Ministério Público. Na justificativa de Harfouche, ele sustentou que havia solicitado a aposentadoria no ano passado. Ocorre que o processo ainda não tinha sido definido, daí o indeferimento da candidatura pelo TRE-MS.

Harfouche recorreu ao TSE e manteve a campanha. O candidato obteve 17.946 votos, sufrágios insuficientes para elegê-lo. E a corte não definiu sua questão. Acima de qualquer resultado, a eleição do promotor fracassou. Entre os oito eleitos, o número de votos variou entre 40 mil a 100 mil votos.

OUTROS CASOS

Concorrendo a uma cadeira na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, o candidato do PSD, Jorge Ricardo Lauricio, conhecido como Dr. Jorge, também teve a candidatura indeferida pelo TRE e seguiu com a campanha.

O partido repassou-lhe R$ 80 mil, e o candidato, que não foi eleito, declarou despesa de R$ 298,80.

Já Thiago Assad (PCO), candidato a deputado federal, foi outro que teve a candidatura indeferida. Ele recebeu do partido R$ 3 mil, porém declarou que não houve gastos com a campanha.

Ronaldo Amaral, que disputou vaga a deputado estadual, pelo PTB, recebeu R$ 20 mil da legenda. De acordo com o DivulgaCand, o candidato não declarou nenhum gasto com a campanha eleitoral.

AS RENÚNCIAS

Um caso que chama atenção é o que envolve a postulante ao mandato de deputada federal pela sigla Podemos, a delegada Sidneia. O DivulgaCand informa que a policial renunciou à candidatura. 

Sidneia recebeu R$ 170 mil do partido, porém, afirmou que sua despesa somou R$ 235.779,03, uma diferença de R$ 65.779,03 a mais do arrecadado com o Fundão.

Já a candidata a deputada estadual pelo União Brasil Maisa Uemura recebeu o montante de R$ 108 mil da legenda e declarou que gastou R$ 257.966 durante a campanha. Uemura recebeu mais R$ 150 mil, os quais teriam saído da campanha da candidata ao governo pelo União, Rose Modesto.

Nem uma nem outra foram eleitas. Detalhe: Maisa Uemura renunciou a candidatura. Outro que tomou a decisão de renunciar foi Renée Venâncio, postulante a uma vaga na Alems pelo partido PL. Ele recebeu R$ 50 mil do Fundão e teve um gasto de R$ 6 mil.

Já Raissa Lopes, a candidata mais jovem a concorrer ao pleito na disputa por uma cadeira de deputada estadual, com 18 anos de idade, recebeu do Podemos, legenda a qual é filiada, o valor de R$ 35 mil, que somados a outras doações captadas colheu R$ 46.333,01. Ela informou ao DivulgaCand, porém, que teve um gasto de R$ 48.476,39. A candidata também renunciou.

Magno de Souza, que disputou o governo de MS pelo PCO, mesmo com a candidatura indeferida, tocou a campanha até o fim. Ele recorreu ao TSE, mas a Corte não definiu a causa até o dia da eleição do primeiro turno, em 2 de outubro. O partido doou à campanha de Magno R$ 3 mil.

LEI

A Resolução nº 23.601, de 17 de dezembro de 2019, que dispõe sobre a arrecadação e os gastos de recursos por partidos políticos e candidatas ou candidatos e sobre a prestação de contas nas eleições, traz em seu artigo 45 no parágrafo seis que “a candidata ou o candidato que renunciar à candidatura, dela desistir, for substituída (o) ou tiver o registro indeferido pela Justiça Eleitoral deve prestar contas em relação ao período em que participou do processo eleitoral, mesmo que não tenha realizado campanha”.

Ou seja, os candidatos que tiveram suas candidaturas indeferidas não precisam devolver o dinheiro recebido do Fundão Eleitoral ou de doação, precisam somente prestar contas.

FUNDÃO

Essas doações partidárias são oriundas do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), popularmente conhecido como Fundão, que repartiu entre os partidos no País algo em torno de R$ 4,9 bilhões.

O União Brasil, sigla resultante da fusão do Democratas (DEM) com o Partido Social Liberal (PSL), recebeu o maior montante – cerca de R$ 782 milhões –, dinheiro que foi distribuído entre os candidatos da legenda em todo o País.

Em seguida, surge o PT, com pouco mais de R$ 503 milhões; o MDB, com R$ 363 milhões; o PSD, com R$ 349 milhões; e o PP, com aproximadamente R$ 344 milhões. Juntas, essas cinco legendas respondem por 47,24% dos recursos distribuídos.

 

Projeto de Lei

Deputado propõe multar quem humilhar vigilantes em MS

Caso passe na ALEMS, a multa para quem destratar vigilantes pode chegar a R$ 10 mil no Estado

12/11/2024 18h15

Crédito FreePik

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O Projeto de Lei 258/2024, que pretende punir quem humilhar vigilantes no Estado, foi apresentado nesta terça-feira (12) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS).

De autoria do deputado e 2º vice-presidente Zé Teixeira (PSDB), o objetivo da proposta é garantir que os profissionais possam trabalhar sem passar por constrangimentos como:

  • violência;
  • ameaças;
  • intimidações;
  • ofensas.


A justificativa do projeto inclui dentro desse parâmetro qualquer comportamento adotado pelo cidadão que faça o vigilante se sentir pressionado a executar algo contrário ao que diz a lei ou a deixar de realizar seu trabalho.

Deste modo, caso o projeto avance na ALEMS, agressões, ameaças e até gestos serão considerados atos de constrangimento, passíveis de punição para os autores.

Segundo o projeto, o vigilante é o profissional que concluiu o Curso de Formação dos Vigilantes pela Formação Profissional de Segurança Privada ou obteve o registro por meio de órgão fiscalizador da segurança privada.

“A presente proposta visa tornar-se uma ferramenta protetiva, garantindo ao profissional vigilante a liberdade no exercício da sua profissão, permitindo punição administrativa àquele que der causa constrangedora ou embaraço a esta atividade, já que o constrangimento consiste em qualquer forma de violência ou grave ameaça, que reduza a capacidade de resistência do vigilante”, explicou Zé Teixeira.

A multa para quem cometer qualquer um dos comportamentos descritos na PL é de 20 (vinte) a 200 (duzentas) Unidades Fiscais Estaduais de Referência de Mato Grosso do Sul (UFERMS).

A cotação da UFERMS nesta terça-feira (11) está em R$ 50,06. Com base nesse valor, se uma pessoa fosse multada em 200 Unidades Fiscais, o valor seria de R$ 10.012,00.

O texto segue agora para apreciação da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR).

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CPI das Apostas

CPI das Apostas é aprovada e senadora de MS é escolhida como relatora

A criação da CPI foi endossada por 30 senadores, e a comissão terá até 130 dias para investigar irregularidades nas plataformas online que operam no país

12/11/2024 14h30

Senadora de Mato Grosso do Sul, Soraya Thronicke (Podemos) será redatora da CPI das Bets em Brasília (DF).

Senadora de Mato Grosso do Sul, Soraya Thronicke (Podemos) será redatora da CPI das Bets em Brasília (DF). Edilson Rodrigues/Agência Senado

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A senadora de Mato Grosso do Sul, Soraya Thronicke (Podemos), será relatora da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Apostas. A comissão, criada nesta terça-feira (12), deverá investigar o impacto dos jogos online no orçamento das famílias, além do envolvimento do crime organizado e da lavagem de dinheiro.

A pauta que há meses vem sendo comprovada no Senado, sobre a luta constante contra o vício das apostas esportivas, que tem assolado a economia brasileira, tem deixado os deputados preocupados com a influência crescente dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias brasileiras.

Por causa desta preocupação, a criação da CPI foi endossada por outros 30 senadores e o texto foi lido no Plenário no último dia 8 de outubro. O mínimo de assinaturas permitidas para a criação de uma CPI é de 27 senadores. O número de membros da comissão será de 11 titulares e 7 suplentes.

Agora, a comissão terá 130 dias para investigar irregularidades nas plataformas online que operam no país, com um limite de despesas de R$ 110 mil.

Sobre a CPI, a intenção de Soraya Thronicke é analisar a prática de evasão de divisas e de lavagem de dinheiro, além da influência de personalidades brasileiras no funcionamento dos programas de apostas. A suspeita é de que os softwares sejam programados para causar prejuízos aos apostadores e garantir uma margem exagerada de lucro às empresas Após a leitura do requerimento no Plenário, a senadora também destacou o fato do vício em jogos online ser silencioso, ao contrário do vício em álcool ou drogas ilícitas.

 

PGR pede  ao STF que declare inconstitucional atuação das Bets no Brasil 

Na manhã desta terça-feira (12), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) declarasse inconstitucionais as leis e portarias que permitem a atuação no país de sites de jogos de azar e de apostas esportivas online, como chamadas "apostas" no país. 

Na manhã desta terça-feira (12), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que declarasse inconstitucionais as leis e portarias que permitem a atuação no país de sites de jogos de azar e apostas esportivas online, como chamadas 'apostas'. 

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