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CCJ do Senado "enterra" PEC da Blindagem por unanimidade

Relator disse que texto abriria portas do Congresso para crime organizado; A aprovação da PEC na Câmara teve ampla rejeição popular

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A Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal rejeitou em votação unânime nesta quarta-feira, 24, a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que impede o andamento de processos criminais contra parlamentares, sem autorização do Congresso.

O presidente do colegiado, Otto Alencar (PSD-BA), e o relator da PEC, Alessandro Vieira (MDB-SE), trabalharam para “enterrar” a proposição.

O placar terminou com 26 votos favoráveis ao parecer e nenhum contra. Mesmo sem precisar votar por ser o presidente do colegiado, Otto também se manifestou contrário à PEC.

“Eu quero esclarecer que o presidente só vota em caso de empate. Mas eu voto ‘sim’ ao relatório do senador Alessandro Vieira”, disse.

O texto deve ir a plenário ainda nesta quarta. Otto afirmou que há um compromisso do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), com objetivo de mostrar a rejeição à proposta.

“O compromisso com o presidente Davi Alcolumbre é levar ao plenário hoje. Foi isso que ele combinou comigo. Uma matéria dessa precisa ser levada ao plenário. Somos 81 senadores e todos querem se manifestar”, disse Otto, após a CCJ votar pela rejeição do texto.

O senador afirmou acreditar que haverá unanimidade contra o projeto. Otto disse ainda que toda PEC deve ser pautada em plenário, mesmo quando há unanimidade na CCJ, o que vai contra um entendimento que uma derrota unânime no colegiado dispensa a análise de todos os 81 senadores.

“Ela tem que ser apreciada no plenário. Quando é lei ordinária ou complementar pode ser encerrada aí (na comissão), mas PEC não. É decisivo levar ao plenário”, afirmou.

Em seu voto, Vieira disse que a PEC é inconstitucional. O relator considerou que o texto contém desvio de finalidade por não atender ao interesse público e estabelecer normas que culminariam na impunidade de políticos eleitos por eventuais crimes.

“A PEC que formalmente aponta ser um instrumento de defesa do Parlamento é na verdade um golpe fatal na sua legitimidade, posto que configura portas abertas para a transformação do Legislativo em abrigo seguro para criminosos de todos os tipos”, justificou.

Na terça-feira da semana passada, 16, a Câmara dos Deputados aprovou a PEC em dois turnos, com mais de 300 votos.

Mesmo após um revés, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ainda trabalhou para garantir que qualquer uma das Casas do Congresso Nacional pudesse rejeitar abertura de processo criminal e até uma prisão contra um parlamentar em voto secreto.

O texto da PEC queria resgatar o recurso da licença prévia, mecanismo disposto na Constituição de 1988, posteriormente retirada após a aprovação de uma PEC em 2001, após pressão popular.

O Estadão mostrou em agosto que Câmara e Senado barraram pelo menos 224 pedidos de licença prévia feitos pelo STF para processar criminalmente congressistas até 2001, ano em que mudou a regra para dispensar a consulta ao Legislativo. Nenhum pedido da Corte avançou.

“Não à toa, aquele estado de coisas absolutamente inconstitucional exigiu a promulgação de referida emenda à Carta Maior, como medida urgente de moralização. Antes dela, repita-se, a necessidade de licença prévia das Casas funcionava, de fato, como ardil para perpetuar a impunidade de parlamentares, mediante recusas ou meros ‘engavetamentos’ dos pedidos feitos pela Justiça”, disse Vieira.

Senadores da oposição trabalharam para readequar o texto da PEC para que o recurso da licença prévia se limitasse para “crimes contra a honra”. O esforço acabou frustrado pelo relator, que rejeitou a proposta e pela própria convicção dos parlamentares de que o debate “já foi contaminado”.

“Ficou aqui claro que o debate nessa PEC já está contaminado. Não há condições de discutir com serenidade esse tema da imunidade parlamentar material nesse projeto”, disse o senador Sérgio Moro (União-PR).

“O relator não acolheu, não vou insistir na PEC, mas rogo a esta Casa que possamos discutir esse tema com a devida liberdade em outro momento.”

O senador Jorge Seif (PL-SC) chegou a apresentar um voto em separado, mas recuou da ideia após também entender que o debate estava “contaminado”.

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) rebateu. “Não tem remédio para essa PEC”, disse. “Não adianta uma emenda, um penduricalho. O que precisamos é sepultar de vez (a proposta) e tentar retomar o mínimo de confiança no Congresso brasileiro.

Líder do governo no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (PT-AP), saudou o relatório de Vieira, especialmente ao fato do relator ter apontado a inconstitucionalidade da PEC. “Apontando a inconstitucionalidade da matéria, impede qualquer artifício que possa fazer levar essa proposta ser recorrida ao plenário do Senado Federal”, afirmou.

A aprovação da PEC na Câmara teve ampla rejeição popular. No último domingo, 21, brasileiros foram às ruas protestar contra a proposição. Segundo o Monitor do Debate Público da Universidade de São Paulo (USP), 42,4 mil pessoas compareceram à Paulista neste domingo. No ato bolsonarista pró-anistia foram 42,2 mil.

Partido que apoiaram PEC da Câmara mudaram rumo na votação do Senado

Partidos que apoiaram massivamente a PEC da Blindagem na Câmara mudaram o rumo e deram 14 votos contra a proposta durante a votação da CCJ do Senado.

A conta considera os votos de quatro partidos:

  • MDB: 5 votos;
  • PL: 4;
  • União Brasil: 2;
  • PP: 2;
  • Republicanos: 1.

Durante o primeiro turno na Câmara, o PL deu 83 votos para aprová-la. Em seguida, vieram União Brasil (53), PP (46), Republicanos (42) e MDB (35).

Também votaram contra o projeto na comissão quatro senadores do PSD e quatro do PT. PSDB, Novo, PSB e Podemos deram, cada, um voto contra.

POLÍTICA

Flávio diz ter 'um preço' para retirar candidatura e que 'anistia' faz parte da negociação

Questionado sobre qual seria o "preço" para eventualmente retirar sua candidatura, sugeriu que está na negociação a pauta da anistia

07/12/2025 15h30

Foto: Reprodução Instagram de Flávio Bolsonaro

Foto: Reprodução Instagram de Flávio Bolsonaro

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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) admitiu neste domingo, 7, que há a possibilidade de "não ir até o fim" com sua pré-candidatura à Presidência da República e que existe um preço para essa negociação ocorrer ainda esta semana. Em conversa com jornalistas neste domingo, 7, após culto na Comunidade das Nações, em Brasília, o filho "01" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse esperar que a anistia seja pautada nos próximos dias.

"Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim. Eu tenho um preço para isso. Eu vou negociar. Eu tenho um preço para eu ir até o fim. Só que eu só vou falar para vocês amanhã", disse Flávio. "Vamos conversar amanhã com Valdemar (Costa Neto, do PL), com (Antônio, do União) Rueda, com Ciro Nogueira (PP), o Rogério Marinho (PL-RN), que é o nosso líder e vamos fazer o convite também ao Marcos Pereira (Republicanos) nesse primeiro momento", contou.

Questionado sobre qual seria o "preço" para eventualmente retirar sua candidatura, sugeriu que está na negociação a pauta da anistia. "Eu espero que a gente paute, esta semana, a anistia Eu espero que os presidentes da Câmara e do Senado cumpram aquilo que eles prometeram para nós, quando eram candidatos ainda, de que pautariam a anistia, e deixar o 'pau cantar' no voto no plenário", disse.

Perguntado objetivamente se a anistia é o preço de sua candidatura, Flávio respondeu: "Tá quente, tá quente. Está começando a ficar quente". Questionado novamente em outro momento sobre a anistia ser o preço, disse: "Não é só isso, não, mas tá indo bem".

Ao ser provocado sobre sua estratégia para atrair partidos de centro e da centro-direita, respondeu que o plano é simples: quer reunir aqueles que acreditam que ele será o vencedor e que defendem o melhor projeto para o País. Segundo Flávio, este é o momento de cada liderança mostrar quem realmente está ao lado dele e "demonstrar lealdade ao Brasil".

O senador disse também que o eventual candidato a vice-presidente na sua chapa será definido "lá na frente". Flávio salientou que o momento é de tratativas e de consolidar o projeto, conversando com pessoas dentro da política.

O senador detalhou ainda que a decisão de lançar sua pré-candidatura não foi tomada apenas na última sexta-feira 5. Segundo ele, as conversas com o ex-presidente Bolsonaro, preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília desde 22 de novembro, vinham ocorrendo há bastante tempo, e o pai já havia sondado em outras ocasiões se ele toparia colocar seu nome na disputa, ciente das dificuldades.

Flávio disse que sempre respondeu que tudo estava "na mão de Deus" e que Bolsonaro entendeu que era o momento adequado após a reunião que tiveram e depois de consultar outras pessoas. Por isso, a decisão foi formalizada na semana anterior. Ele encontrará o pai na próxima terça-feira, 9.

"Primeiro, mostrar para ele como, ao colocar o meu nome para disputar a Presidência da República com a aquiescência dele, eu vou explicar que era isso que a nossa militância, em primeiro lugar, estava esperando", disse Flávio. "Estava todo mundo de cabeça baixa, e isso elevou a moral de todo mundo, reacendeu uma chama que estava apagada."

Flávio disse na sexta-feira, 5, ter sido designado pelo seu pai para disputar a Presidência da República em 2026. "É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação", escreveu, na rede social X.

Bolsonaro cumpria prisão domiciliar desde 4 de agosto e foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 12 de setembro, a 27 anos e três meses de prisão, no âmbito do inquérito da trama golpista. A Corte determinou o trânsito em julgado e o ex-presidente já cumpre a pena definitiva. Ele teve práticas enquadradas em cinco crimes, entre eles, o de tentativa do golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Política

Flávio Bolsonaro tem o pior desempenho contra Lula entre nomes da direita

O índice de rejeição aos governadores fica, em geral, na casa dos 20% enquanto a dos Bolsonaros supera os 35%.

07/12/2025 07h30

Divulgação

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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é o nome da direita cotado para disputar a Presidência da República em 2026 com pior desempenho em um eventual segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mostrou pesquisa Datafolha divulgada ontem.

Conforme o levantamento, nomes da família Bolsonaro também têm maior rejeição do eleitor do que governadores situados no campo da direita. O índice de rejeição aos governadores fica, em geral, na casa dos 20% enquanto a dos Bolsonaros supera os 35%.

Caso disputasse a presidência, Flávio Bolsonaro, que anunciou anteontem pré-candidatura ao Palácio do Planalto, ficaria 15 pontos atrás do petista na disputa de um eventual segundo turno. Flávio marcaria 36% dos votos, enquanto Lula teria 51%. Os votos brancos e nulos somariam 12%. A margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos. O filho de Jair Bolsonaro (PL) é rejeitado por 38% dos entrevistados na pesquisa.

O desempenho de Flávio seria semelhante ao de outros membros da família Bolsonaro. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) teria 35% das intenções de voto em um segundo turno contra o atual presidente, enquanto a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) teria 39%.

Na margem de erro, os três estão praticamente empatados na rejeição pelos entrevistados pelo Datafolha: 37% disseram que não votariam de jeito nenhum em Eduardo, enquanto 35% afirmaram o mesmo sobre Michelle.

Segundo a pesquisa, a rejeição a Lula chega a 44%. Caso pudesse disputar as eleições do próximo ano, Jair Bolsonaro seria o candidato com o maior índice de reprovação, 45%.

Atualmente, o ex-presidente está inelegível por ter sido condenado por ter tramado um golpe após ter sido derrotado por Lula nas eleições de presidenciais de 2022.

GOVERNADORES

Em termos de potencial de votação, Lula mostra maior vantagem sobre os candidatos da família Bolsonaro, mas, de acordo com a pesquisa, a vitória no segundo turno seria mais apertada contra os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do Paraná, Ratinho Jr. (PSD).

Em um eventual segundo turno, o petista venceria o atual governador de São Paulo com 47% dos votos ante 42% de Tarcísio. Segundo o Datafolha, numa simulação com os nomes de Lula e Ratinho Jr., o atual mandatário teria 47% dos votos, enquanto o governador do Paraná teria 41%. Considerando a taxa de rejeição, o índice de Tarcísio de Freitas é de 20%, superior à do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que registra 18%, e inferior às de Ratinho Jr, do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Tanto Ratinho Jr. quanto Zema têm 21% de rejeição.

O Datafolha ouviu 2.002 eleitores de terça a quinta-feira, antes portanto do anúncio de Flávio. O levantamento foi feito em 113 municípios e entrevistou eleitores acima de 16 anos. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos. Lula manteve a vantagem em relação aos adversários, considerando a pesquisa anterior do instituto, de julho.

E COMO FICA O PT?

O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), disse ontem que a direita está "sem bússola" desde a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e o ex-mandatário "está certo" ao escolher o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como seu pré-candidato ao Planalto.

"A divisão da direita fortalece o nosso campo. Com uma coisa dessa, Tarcísio vai deixar o governo de São Paulo? Acho difícil. Quem quer tudo termina sem nada", disse Guimarães.

"Eles estão sem bússola com a prisão de Bolsonaro. Não existe uma liderança da direita que os unifique. Bolsonaro não quer protagonismo de Tarcísio."

O líder o governo mencionou ainda o que ele considerou outras "contribuições" da oposição ao governo Lula. "Lá (no Ceará) Michelle foi e deu uma grande contribuição", afirmou, em referência ao episódio em que a ex-primeira-dama foi ao palanque do pré-candidato ao governo do Estado Eduardo Girão (Novo) e fez críticas a Ciro Gomes (PSDB), também pré-candidato ao cargo, que estava acertando uma aliança com o PL cearense. Após as críticas de Michelle, a aliança entre o PL e o PSDB no Ceará saiu dos trilhos.

Guimarães definiu o RJ, SP e MG como os Estados cruciais para o PT na eleição de 2026. No Rio de Janeiro, a aliança do PT já está fechada. O partido lançará a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) ao Senado e apoiará a candidatura do prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), ao governo do Estado.

Nos outros dois Estados, a situação é incerta. Em SP, o PT poderá lançar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a disputa do Palácio dos Bandeirantes, ou apoiar o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Em Minas Gerais, o PT ainda está em busca de uma aliança para definir o nome que apoiará na disputa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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