Política

INDÚSTRIA DE CELULOSE

A+ A-

Justiça de São Paulo mantém Eldorado sob o controle dos irmãos Batista

A decisão põe fim a uma disputa que começou no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul e que foi a maior disputa societária do Brasil

Continue lendo...

A J&F Investimentos, holding controlada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista (Grupo JBS), ganhou nesta sexta-feira, no Tribunal de Justiça de São Paulo, o direito de continuar no controle da Eldorado Brasileiro Celulose S.A, indústria localizada em Três Lagoas, a 336 km de Campo Grande.

A decisão da 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo põe fim a uma disputa que começou no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul e que foi – em termos numéricos – a maior disputa societária do Brasil nos últimos dois anos.  

No recurso, a J&F alegou que um dos três juízes da arbitragem tinha vínculos com os advogados da Paper Excellence, pois compartilharam um escritório no Rio de Janeiro, além de terem patrocinado juntos causas judiciais.

A decisão da corte colegiada paulista impede a transferência do controle da Eldorado da J&F para a CA Investments, empresa controlada pela Paper Excellence, do bilionário indonésio Jackson Widjaja.  

Em 2019, a disputa começou em Mato Grosso do Sul por meio de um outro personagem: o ex-sócio dos irmãos Batista no empreendimento, Mário Celso Lopes, reivindicou 8,28% das ações da empresa na Justiça de MS.  

O juiz de Três Lagoas não analisou o pedido, mas o desembargador Nelio Stabile, na época, deu a participação no negócio a Mário Celso e tirou das ações da J&F, dando (ainda que sem a decisão tivesse efeito prático) o controle à empresa do bilionário da Indonésia.  

Atualmente, a J&F detém 51% da empresa, enquanto a Paper Excellence, outros 49%.  

A disputa de Mário Celso por um naco da empresa (que daria o controle ao grupo estrangeiro) saiu de cena depois de decisões do Superior Tribunal de Justiça (que entendeu que Mato Grosso do Sul não era o foro competente para discutir o caso), e do TJ de São Paulo, que não reconheceu o pleito de Mário Celso.  

Arbitragem

Em fevereiro deste ano, porém, a Paper Excellence ganhou o processo de arbitragem contra a J&F, e quase assumiu o controle da empresa. Só não o fez, porque uma liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo impediu.  

O processo é o mesmo julgado pela corte colegiada na sexta-feira, que manteve o controle com os irmãos Batista.  

Em 2017, a J&F acordou a venda da empresa de papel e celulose para a Paper por R$ 15 bilhões. Desse total, R$ 7,5 bilhões eram dívidas.  

A disputa acionária entre as duas empresas foi judicializada pela Paper Excellence em 2019 na Câmara de Comércio Internacional, de arbitragem, após divergências entre as empresas.

A J&F acertou a venda da Eldorado para a Paper Excellence por R$ 15 bilhões, incluindo R$ 7,5 bilhões em dívidas. A transação ocorreu em setembro de 2017.

A empresa do bilionário indonésio teria um ano para levantar todo o financiamento e concluir o negócio, em um contrato que também obrigava a companhia a renegociar a dívida da Eldorado com os bancos, o que liberaria as garantias patrimoniais e financeiras oferecidas pelos Irmãos Batista.

A alavancagem deveria ser decidida até 3 de setembro de 2018. O contrato de compra e venda previa que, se até dia 3 de setembro de 2018 não houvesse solução para a questão, a empresa do bilionário da Indonésia ficaria como minoritária.

Nesse intervalo, mudanças do câmbio e do preço da celulose melhoraram o valor patrimonial da Eldorado, e a Paper Excellence afirma que os Batista passaram a dificultar a quitação das dívidas.

Salários

Governo tenta barrar PEC que turbina salário de juízes em meio a greves

As estimativas iniciais do Ministério da Fazenda indicam impacto de R$ 42 bilhões por ano

18/04/2024 15h00

Proposta patrocinada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que garante 5% de aumento para juízes. Divulgação

Continue Lendo...

O governo federal se prepara para tentar barrar o avanço da proposta patrocinada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que garante 5% de aumento para juízes, promotores, delegados da Polícia Federal, defensores e advogados públicos.

A PEC (proposta de Emenda à Constituição) do Quinquênio foi aprovada nesta quarta (17) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado e deve entrar na pauta de votações do plenário para as cinco sessões de discussão previstas em regimento.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), afirmou nesta quinta (18) que o ministro Fernando Haddad (Fazenda) deve conversar com Pacheco quando voltar de Washington, nos Estados Unidos, onde participa de agendas do G20 e do Fundo Monetário Internacional.

"Não me parece adequado o Congresso sinalizar uma matéria para o topo da carreira do funcionalismo público enquanto não há proposta para os servidores. O governo tem feito um esforço fiscal em diferentes áreas. Vamos dialogar e pedir bom senso e reflexão do Congresso", disse.

Professores e servidores de instituições federais de ensino estão em greve desde segunda (15). Nesta quarta (17), os grevistas marcharam pela Esplanada dos Ministérios e fizeram um aulão em frente à sede do MEC (Ministério da Educação).

O avanço da PEC no Senado acendeu o alerta no governo. O líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), afirma que as estimativas iniciais do Ministério da Fazenda indicam impacto de R$ 42 bilhões por ano, a depender do número de carreiras e da extensão do penduricalho para aposentados.

A Afipea (Associação dos Funcionários do Ipea) estima que, com a inclusão de advogados, defensores públicos e delegados da PF, o impacto do quinquênio no caixa da União chegará a R$ 9,9 bilhões por ano.

"Não está claro na PEC o que vai acontecer com os aposentados. Até 2003 tinha paridade. Quem está aposentado vai querer requerer 35% de reajuste no ganho de aposentadoria. O volume de categorias que já estão pedindo inclusão. Não sei em que orçamento cabe essa proposta", disse Wagner.

A proposta altera a Constituição para garantir aumento de 5% do salário para as carreiras contempladas a cada cinco anos, até o limite de 35%. A atuação jurídica anterior dos servidores públicos -na advocacia, por exemplo- poderá ser usada na contagem de tempo.
 

STF

STF diz que documentos divulgados nos EUA sobre despachos sigilosos de Moraes são meros ofícios

Os documentos divulgados pelos deputados republicanos reúnem mais de 500 páginas de ordens de Moraes

18/04/2024 14h00

Ministro Alexandre de Moraes Arquivo

Continue Lendo...

O Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou nesta quinta-feira, 18, que os documentos sigilosos vazados pela ala do Partido Republicano na Comissão de Justiça da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos são apenas os ofícios enviados às plataformas para o cumprimento das ordens de remoção dos perfis, e não a íntegra das decisões devidamente fundamentadas que justificaram a medida.

"Todas as decisões tomadas pelo STF são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas, têm acesso à fundamentação", diz um comunicado divulgado à imprensa pela Secretaria de Comunicação do tribunal.

Os documentos divulgados pelos deputados republicanos reúnem mais de 500 páginas de ordens de Moraes. A maior parte dos despachos mantém a mesma estrutura discursiva. O texto padrão escrito pela equipe do ministro se repete em dezenas de atos, com prazo de duas horas para remoção dos perfis e multa diária de R$ 100 mil.

O ministro também exige das plataformas autuadas que prossigam com o envio dos dados de registro das contas para o STF, bem como a preservação do conteúdo postado pelos usuários - ou seja, que ele seja conservado para consulta posterior.

Para explicar o modelo de atuação de Moraes, o STF exemplificou que os despachos sigilosos divulgados seriam equivalentes a mandados de prisão - ou seja, o teor do documento apenas informa que uma ordem deve ser cumprida. A fundamentação jurídica apresentada pelo ministro para justificar as decisões são geralmente divulgadas em despachos separados, que não foram apresentado pelos deputados republicanos.

Antes de comunicar as contas que devem ser removidas pelas plataformas, Moraes informa nos despachos que "foi proferida decisão nos autos sigilosos em epígrafe". Contudo, é comum que alguns réus em processos relatados pelo ministro se queixem de não terem tido acesso à integra dos autos antes de sofrerem medidas cautelares. O ministro e o STF já negaram diversas vezes que esse cenário seja verdadeiro.

Um dos poucos casos em que Moraes apresentou no despacho os argumentos que o levaram a remover determinadas contas das redes sociais foi em relação ao perfil da "Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil" no X (antigo Twitter). O pedido para que a página fosse retirada do ar partiu da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sob o argumento de que os seus administrados empreenderam "verdadeiro tumulto contra a Democracia brasileira, por intermédio dos seus perfis nas redes sociais".

Moraes acatou os argumentos da OAB e argumentou que as publicações feitas pela Ordem dos Advogados Conservadores ocorreram no contexto de atos antidemocráticos que visavam dar um golpe de Estado após a derrotada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. Ainda de acordo com o ministro, as manifestações do perfil nas redes sociais se "revestem de caráter instigador" da invasão às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).