No dia 27 de janeiro, o governador do Estado, Eduardo Riedel, participará de uma reunião dos governadores com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante entrevista à rádio Blink, na manhã desta segunda-feira (23), Riedel revelou que irá discutir com o Governo Federal os investimentos em rodovias, Rota Bioceânica e Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3).
Três rodovias fundamentais para o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul vão ser destaque na reunião: as BRs 262, 163 e 267. No segmento ferroviário, o tema será a Malha Oeste, que é uma concessão federal.
Para a Rota Bioceânica, o governador pretende discutir com o Governo Federal a construção de uma alça de acesso da BR-267 até a ponte, que conecta Porto Murtinho - cidade localizada a 439 quilômetros da Capital -, e Carmelo Peralta, no Paraguai.
“É uma obra cara, mas extremamente importante para o pleno funcionamento da Rota (Bioceânica)”, afirmou Riedel.
Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, deve vir a Mato Grosso do Sul em março, para visitar as obras da Rota Bioceânica. Segundo Riedel, a ideia agora é levar o projeto para o presidente Lula, a fim de ressaltar a importância do investimento na região.
“Nós temos que envolver todos os atores que tem protagonismo nesse processo. Por isso o convite ao vice-presidente (Geraldo Alckmin). Conversei com ele por telefone, foi feito um convite para estar aqui em março. Ele disse que viria. Ele já conhece o projeto. Estamos levando agora para o presidente Lula para que essa decisão seja tomada e a gente acelere esse processo. É muito importante estar lá no local. A ponte já está praticamente 20% concluída. Está dentro do prazo. Então, nós temos que acelerar a licitação, o início do acesso à ponte da Rota”, explicou.
Riedel também manifestou preocupação com o processo alfandegário ao longo do corredor logístico.
“Tão importante quanto tudo isso são as estruturas alfandegárias: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Receita Federal. Toda essa estrutura é uma negociação bilateral com o Paraguai. Então, a gente chama de cabeceira única para não ter uma estrutura aqui, uma estrutura lá. Estamos fazendo um formato diferenciado, desburocratizado. Temos que pensar nisso. A gente atravessa a Europa sem parar. Atravessamos países com tratados alfandegários sem ter que parar na barreira, fazer fila de caminhão. Temos que rever esses conceitos e é isso que a gente tem levado ao Governo Federal para não só entregar o eixo físico da Rota, mas tudo o que ela pode representar em torno do desenvolvimento”.
Outro tema de responsabilidade federal que será levado pelo governador sul-mato-grossense é a conclusão da UFN3.
“Temos um ativo gigantesco que é a UFN3, que é da Petrobras, uma empresa que tem uma forte participação do Governo Federal e acreditamos que ele vai ajudar. O presidente já se manifestou nesse sentido, a ministra Simone (Tebet, do Planejamento e Orçamento) também. Temos o ministro da Agricultura (Pecuária e Abastecimento), conversei com ele essa semana, Carlos Fávaro, ele está bastante empenhado também na conclusão da UFN3. Isso é uma agenda de ordem federal que vamos discutir com o presidente Lula”, concluiu.
Rota Bioceânica
A Rota Bioceânica vai encurtar em 8 mil km a distância percorrida pelos produtos brasileiros rumo ao mercado asiático, integrando Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.
O planejamento para tal construção começou em 2021, com a ordem de serviço feita pelo presidente paraguaio Mario Abdo Benitez, em ato na fronteira com a presença do governador Reinaldo Azambuja.
“A ponte tem um simbolismo muito forte ao garantir esse corredor ao Pacífico, que dará maior competitividade a Mato Grosso do Sul e a toda região Centro-Oeste, integrando definitivamente o bloco de quatro países não só economicamente, mas também na cultura e no turismo”, destacou o então governador Reinaldo Azambuja.
A ponte terá largura de 20,10 metros e quatro pistas, com capacidade para absorver o fluxo esperado de movimentação diuturna de cargas e tráfego de veículos bitrem.
Nas laterais, serão construídas passagem de pedestres e uma ciclovia. A movimentação intensa no canteiro da obra traduz a consolidação de um projeto em realidade: são 320 operários e dezenas de máquinas em operação.
UFN3
A Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III, localizada em Três Lagoas, começou a ser construída em 2011, e teve suas obras paralisadas em dezembro de 2014, com 80,95% das obras concluídas.
Ela integrava um consórcio composto por Galvão Engenharia, Sinopec (estatal chinesa) e Petrobras. O orçamento inicial da obra estava estimado em R$ 3,9 bilhões.
Durante a Operação Lava Jato, os responsáveis pela Galvão Engenharia foram envolvidos em denúncias de corrupção, e a Petrobras absorveu todo o empreendimento.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, sinalizou que a Petrobras deve retomar a construção da unidade e de outras duas que também tiveram suas obras paralisadas no início da década passada.
A UFN3 foi projetada para consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural, para fazer a separação e transformar em 3.600 toneladas de ureia e outras 2.200 toneladas de amônia por dia. O empreendimento passou a ser estratégico para ajudar a suprir a demanda por fertilizantes.