Política

ENTREVISTA - EDUARDO RIEDEL

"Existe a decisão do governo de compartilhar parte do risco da Rota da Celulose"

Na concessão das rodovias, o governo atuará para mitigar danos em caso de deficit, mas também auferirá bons resultados quando houver superavit; leia a entrevista com o governador Eduardo Riedel (PSDB)

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A administração de Eduardo Riedel (PSDB) é uma das pioneiras no Brasil na adoção de uma modelagem econômico-financeira para concessões públicas que tem tudo para fazer muito sucesso no País: um instrumento segundo o qual, a partir de um certo nível de deficit operacional ou de resultados positivos, o Estado participa do empreendimento.

“Se o tráfego diminuir e comprometer o resultado para a empresa, o governo vai participar disso, terá de aportar recursos para cobrir esse deficit. Por outro lado, se houver um aumento de demanda e o resultado for acima da expectativa, o governo também terá participação no resultado positivo”, afirma o governador sobre o leilão da Rota da Celulose, conjunto de rodovias estaduais e federais que ligam Mato Grosso do Sul a São Paulo e que será leiloado em maio.

Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, o governador de Mato Grosso do Sul também falou sobre a Malha Oeste, que tem grandes chances de ser destravada em breve, a restrição do uso de telefones celulares nas escolas, medida que terá início com o retorno do ano letivo, e o Pacto Pantanal e um de seus instrumentos, o pagamento por serviços ambientais (PSA), outra ação inovadora do governo que será implementada em breve.

O edital da Rota da Celulose foi publicado recentemente, após o leilão ter sido cancelado em dezembro. Quais foram os principais ajustes e qual a expectativa do governo para o próximo leilão?

Foi a mercado, e naquele momento houve o fator externo da conjuntura econômica, que não ajudou em nada. Porque naquela época estava claramente posta uma desconfiança do mercado relacionada com a política de juros e de equilíbrio fiscal, o que atrapalhou muito. Mas também houve fatores internos do projeto. 

O projeto estava muito justo em relação ao volume de investimento e à taxa de retorno, o que era um problema na ocasião. Todo o investimento estava muito concentrado nos três anos iniciais, então nós ajustamos algumas questões como essa. 

Hoje estamos em um momento em que aquela situação de dezembro está mais arrefecida, e a gente prontamente reestruturou o projeto e já avançou para colocar ele agora neste primeiro semestre.
 
Este projeto traz um mecanismo inovador quanto à mitigação dos riscos do concessionário. Explique como funcionará.

Estas novas modelagens [de concessões] têm dado cada vez mais garantia ao investidor. Então imagine, ao contratar uma obrigação de investir R$ 7 bilhões em um determinado prazo, tem-se de contar com um volume de tráfico e uma taxa de crescimento para ter retorno, não é mesmo? Isso, em se tratando de um projeto muito bem estruturado. 

O que nós inovamos é que existe por parte do governo a decisão de compartilhar parte desse risco. Isso quer dizer que, se houver algum problema de demanda, ou seja, se o tráfego diminuir e comprometer o resultado para a empresa, o governo vai participar disso, vai ter de pôr dinheiro para cobrir esse deficit. 

Por outro lado, se houver um aumento de demanda e o resultado for acima da expectativa, o governo também vai participar do resultado positivo. E a gente acredita no nosso estado. Por isso fizemos dessa maneira, por termos absoluta convicção de que nós estamos em uma trajetória de crescimento e de que o governo vai ser partícipe do risco do projeto. E o mercado recebeu isso muito bem, porque dá uma tranquilidade em relação aos riscos de qualquer projeto de longo prazo em infraestrutura com um montante como esse. 

E sobre a Malha Oeste, como andam as conversas de bastidores? O projeto deve ser destravado neste ano?

A gente conseguiu na Controladoria-Geral da União [CGU] a decisão de que poderá haver uma repactuação neste trecho da Malha Oeste entre Campo Grande e Três Lagoas. A partir de agora, os investimentos devem ser efetivados. 

Todo o trecho que é da concessionária Rumo está tendo esse novo prazo repactuado, ela vai poder fazer o investimento conforme está definido na proposta, que inicialmente compreende o trecho de Ribas do Rio Pardo a Três Lagoas. Temos também o trecho novo, de Três Lagoas a Aparecida do Taboado, e também a linha curta [short line] da fábrica da Arauco até a Malha Norte, em Inocência. 

Temos, então, esses três trechos operados de forma distinta. Um pela Arauco, outro por um ente privado interessado, e de Ribas a Três Lagoas pela Rumo. Estes três trechos já estão licenciados e aptos a investimentos. 

Há também um quarto trecho, na ponta oeste da malha ferroviária.

Sim, há um quarto trecho, na outra extremidade, nas jazidas de minério. Ali serão mais 70 quilômetros, até Porto Esperança. É um trecho expressivo e também é uma short line. 

Com este cenário de guerra de tarifas no mundo, o projeto da Rota Bioceânica ganha ainda mais relevância?

A gente está vivendo um momento pós-Guerra Fria, em que houve esse jogo da geopolítica mundial pelo domínio, pela hegemonia comercial e por espaço comercial e político também. A Guerra da Ucrânia, no coração da Europa, é uma consequência disso. 

E hoje em dia a China é grande opositora, sob um ponto de vista econômico, dos Estados Unidos. É uma disputa por hegemonia comercial. Este acesso aqui ao Oceano Pacífico pela América do Sul traz uma aproximação muito forte com os mercados asiáticos. 

E para o Brasil é um passo importante a aproximação com a Ásia de uma maneira geral. Sem dúvida que tem impacto, tanto que a China está realizando altos investimentos em alguns portos da costa do Pacífico, como no Peru. 

Aqui, Paraguai, Chile, Argentina e nós, o Brasil, estamos concretizando essa rodovia, a Rota Bioceânica. No caso do Brasil, por meio da ponte sobre o Rio Paraguai e o acesso a ela, pela BR-267, em Porto Murtinho. Sem dúvida alguma, isso abre uma janela importante para a Ásia.

Como será a segunda fase da Lei do Pantanal e como se dará esse pacto que está sendo firmado?

Em primeiro lugar, a Lei do Pantanal foi um grande passo dado. Existia muita discussão polarizada, não desmatar versus produzir. A discussão não tem de ser essa. E eu entendo que a Lei do Pantanal trouxe a pacificação quanto ao que pode ou não pode no território do Pantanal. 

A segunda fase, no meu ponto de vista, é até mais difícil, porque ela começa a entrar nas políticas públicas criadas a partir da Lei do Pantanal. Ela define o que pode e o que não pode, ela trata de incentivo à preservação e estrutura um projeto para o Pantanal, que também é de sustentabilidade, que é de infraestrutura para as pessoas que lá estão, e prevê escolas, saneamento básico e pagamento por serviços ambientais, dentro de critérios elaborados de maneira inteligente, que ajudam a prevenir as queimadas e manter a biodiversidade. 

O produtor está lá. São terras privadas, e não públicas, não é mesmo? E essa é a maneira que a política pública tem de apoiar iniciativas privadas que colaborem com a política pública de preservar o Pantanal. Como disse, é evitar incêndio, pagar por serviços ambientais. Por isso a gente começa agora uma fase concreta, em que a política pública chega na ponta, a partir da Lei do Pantanal. 

E, novamente, vai ser preciso diálogo com os atores envolvidos. A gente lança isso agora no mês de março.

E o pagamento por serviços ambientais, como será? Virá do setor público ou poderá passar também pelo setor privado?

Vai ter um misto [disso] aí. A gente vai ter de entender bem a demanda ao longo do tempo, sobretudo, porque temos orçamento definido, não é verba ilimitada. 

A gente coloca um orçamento, trabalha com pagamento de serviços ambientais, entende e calibra isso, para fazer uma crescente em torno dessas premissas para o Pantanal. O bioma deve ser um lugar em que se consiga preservar o meio ambiente, produzir com qualidade e ter a nossa cultura preservada. 

Falando nisso, a gente fala muito pouco do homem pantaneiro, não é verdade? E ele faz parte do nosso DNA. É para isso que a gente precisa manter os funcionários das fazendas nas fazendas, o que é um grande desafio hoje. A gurizada que está lá vai para cidade, e lá aquele conhecimento, o aprendizado, se perde. Então, vamos dar essa resposta da escola pantaneira e da infraestrutura e proporcionar a condição para o homem pantaneiro ficar no Pantanal. Não é um desafio pequeno. 

E mais: se a gente ficar assistindo às transformações, a gente vai ver a perda deste conceito, desta cultura do nosso Pantanal.

Como fica a regulamentação dos telefones celulares nas escolas?

Significa muito esse debate sobre o uso do celular. Agora chegou a um ponto em que o uso dentro da sala de aula tem causado problema. E nós temos de atuar de uma maneira proativa, que faça com que o aluno aprenda a usar o celular. 

Esses dias, alguém me perguntou: “Mas isso não é contra a digitalização, a informatização?”. E eu respondi que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Inclusive, saber usar corretamente o celular faz parte do processo de educação digital. Se uma pessoa entra em uma reunião com três ou quatro pessoas, ela às vezes deixa o celular de lado, pois ela foi ali para tratar do assunto da reunião. O mesmo se aplica à sala de aula: o aluno foi lá para aprender, estudar. 

O aluno pode ter o ambiente digital, ele pode ter o computador dele na hora certa. O celular dele vai estar disponível no momento em que ele precisar e tiver a possibilidade de consultar. Agora, não pode o aluno ficar assistindo [a um vídeo] enquanto alguém está ensinando. 

Para este ano, está prevista mais uma perda na produção de soja, o que pode comprometer a supersafra. Como o governo acompanha estas previsões, uma vez que perdas na safra geram impacto na economia?

A gente tem um problema estrutural que tem conexão com produtividade e preço. No caso da agricultura, vamos para o terceiro ano consecutivo de seca, mas neste ano menos que no ano passado. Em 2025 a seca é mais pontual, mais heterogênea. Mas os problemas existem e o preço mudou de patamar de dois anos para cá. 

O setor produtivo de Mato Grosso do Sul e o setor produtivo brasileiro estão com dificuldade, mas isso também é um risco da atividade. Por isso, temos de buscar os caminhos de mitigação.

Nesse caminho, temos alguns investimentos sendo realizados aqui no Estado, como a agroindústria para processar etanol a partir do milho, por exemplo. Isso ajuda na questão de preço. Como que isso pode mitigar as dificuldades do produtor que só trabalha com a cotação do produto in natura? Eu acredito que os investimentos [em agroindústrias] ajudam o conjunto do Estado, não é mesmo?

Muitas vezes, falam assim: “Ah, tanto faz eu vender o milho para uma empresa do Estado ou vender o milho para uma empresa que está lá no Rio Grande do Sul ou exportar para a China”. Entretanto, o preço do milho é resultante de todos esses compradores. É a demanda em cima da oferta existente que estabelece o preço. Portanto, o conjunto final da obra é a valorização do produto. 

E sobre a lei que tramita na Assembleia Legislativa de MS que identifica e pune os devedores contumazes?

Acredito que temos de tornar nossa relação mais próxima com o contribuinte. A Fazenda sempre teve o histórico – e é natural que seja assim – de ser um órgão que é implacável em sua relação com o contribuinte. Esse projeto de lei traz uma fluidez à relação entre os dois e proporciona uma ação mais administrativa por parte da Fazenda. 

O projeto não passa nenhuma mensagem de leniência ou de não aceitar prazos e não pagamento. Não é isso. Ele proporciona uma relação mais próxima do contribuinte com o Estado. Ele traz a modernização desse processo, lembrando que estamos tramitando uma reforma tributária.

Como o senhor encara essa busca do PSDB por uma fusão com outro partido?

Vivemos um momento em que se tem uma regra do jogo que está levando à redução do número de partidos – o que eu acho saudável, porque sou a favor disso. O PSDB sempre foi um partido muito relevante desde a sua criação, mas, por várias vezes, perdeu representatividade política diante do momento que a gente vive. O partido, porém, segue ocupando seu espaço no que diz respeito a princípios e valores. 

A reforma está levando o PSDB a buscar essa recomposição partidária, que está em pleno andamento. Acredito que até o mês de março teremos uma definição. E hoje há um arco de conversas sendo levadas adiante pelos governadores, os deputados e as lideranças partidárias. Estamos conversando com o Republicanos, o PP, o MDB, o Podemos e o PSD. 

Tomar uma decisão sobre a fusão, contudo, é algo complexo, porque cada estado tem uma realidade política específica. 

Neste primeiro semestre, nós vamos assistir a um rearranjo político da matriz partidária brasileira. E isso mexe com as alianças. Aquele que era um adversário, de repente, vai estar no mesmo lado político.

O que eu considero fundamental é que um grupo que for fazer um movimento em direção a outro grupo não pode perder suas convicções e seus ideais políticos.

PERFIL

Governador de Mato Grosso do Sul desde 2023. Antes disso, foi secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica, secretário de Estado de Infraestrutura e presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).

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LEVANTAMENTO

Contas públicas em MS: cidades do interior exibem superávit milionário

Análise de dados dos balanços de 2024 e orçamentos de 2025 revela os municípios agrícolas estão com a gestão em dia

16/12/2025 15h34

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal Divulgação

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O cenário das finanças públicas dos municípios do interior de Mato Grosso do Sul nos anos de 2024 e 2025 desenha um mapa positivo. Liderados pelo exemplo de eficiência de Costa Rica, essas cidades exibem caixas robustas e capacidade de investimento.
 
A reportagem analisou dados abertos, relatórios de gestão fiscal e leis orçamentárias dessas cidades e a conclusão é que o tamanho da arrecadação deixou de ser garantia de solvência: o segredo do sucesso está no controle rígido das despesas obrigatórias.
 
Na região norte do Estado, Costa Rica consolidou-se em 2025 como o principal case de sucesso administrativo de Mato Grosso do Sul. Com uma população de pouco menos de 30 mil habitantes, o município apresenta indicadores de solvência superiores aos da Capital.
 
Dados do movimento financeiro da tesouraria municipal, publicados em 9 de dezembro de 2025, confirmam que a cidade atingiu uma disponibilidade financeira total de R$ 44.061.054,25. O montante, que inclui todas as fontes e fundos municipais, blinda a cidade contra oscilações econômicas e garante a execução de obras sem depender exclusivamente de repasses estaduais ou federais.
 
O prefeito Cleverson Alves dos Santos (PP) atribui o resultado à disciplina fiscal. "Todas as nossas despesas obrigatórias serão quitadas", assegurou o gestor, confirmando não apenas o pagamento em dia, mas a concessão de um abono de natal e final de ano: R$ 1 mil para servidores gerais e valores entre R$ 1 mil e R$ 2 mil para servidores da Educação.
 
O diferencial competitivo de Costa Rica está na estrutura de seus gastos. O município iniciou o ano comprometendo apenas 31,87% com a folha. Essa "gordura" fiscal permitiu que o município aprovasse um orçamento recorde de R$ 262 milhões em 2025, garantindo investimentos de 27% da receita em Saúde, quase o dobro do mínimo constitucional exigido.
 
Além de garantir o pagamento dos servidores ativos até o dia 22 de dezembro, a prefeitura programou as férias de 90% do funcionalismo para janeiro, otimizando a máquina pública durante o recesso escolar e administrativo.
 
Embora Costa Rica lidere os indicadores proporcionais, outros municípios também conseguiram descolar-se da crise. Três Lagoas, impulsionada pela indústria da celulose, teve um orçamento bilionário de R$ 1,4 bilhão para 2025 e mantém índices elevados de investimento em infraestrutura.
 
O município aplicou no segundo quadrimestre de 2025 o dobro do mínimo exigido pela Constituição em Saúde, enquanto a lei obriga 15%, o município investiu 30,79% de suas receitas de impostos na área, somando mais de R$ 296 milhões empenhados. Na educação, o investimento também superou o piso, atingindo 26,93%.
 
Fenômeno similar ocorre em Maracaju. Impulsionada pela soja, a prefeitura destinou 25,67% de recursos próprios para a Saúde até agosto de 2025, um aporte de R$ 32,3 milhões que garante serviços exclusivos no interior sem depender integralmente de repasses estaduais. 
 
A solidez fiscal permitiu à Câmara de Maracaju aprovar uma suplementação de 35% no orçamento de 2025, dando "carta branca" para o Executivo remanejar recursos e acelerar obras.
 
Na fronteira, a realidade impõe cautela. Ponta Porã enfrenta uma frustração de receitas severa: a arrecadação até agosto de 2025 foi de R$ 417 milhões, menos da metade da previsão anual de R$ 900 milhões. 
 
A quebra de arrecadação do ITBI e a estagnação econômica forçaram o município a projetar um orçamento mais enxuto para 2026, cortando R$ 100 milhões da previsão inicial. Ainda assim, a gestão optou por blindar os repasses constitucionais da Educação (projetado em 27%) e da Saúde.
 
Em Corumbá, a aplicação em saúde do orçamento atingiu 18,13%, pouco acima do piso de 15%. A rede de saúde de Corumbá enfrenta custos logísticos adicionais devido ao isolamento geográfico e à necessidade de transporte de pacientes (UTI aérea/fluvial). 
 
Na educação, a aplicação registrada até agosto foi de 24,89%. Embora tecnicamente abaixo dos 25% naquele momento do ano, é padrão na administração pública que os empenhos se acelerem no último quadrimestre para atingir a meta legal. O orçamento projetado no PPA 2026-2029 prevê R$ 1,5 bilhão somados para Saúde e Educação.
 

Pesquisa

Lula lidera cenários para 2026; Flávio é o mais bem posicionado na direita

Filho de Jair Bolsonaro apresenta intenção de votos maior que Tarcísio e Ratinho Jr. em um cenário de primeiro turno

16/12/2025 15h24

Lula pode enfrentar Flávio Bolsonaro em 2026

Lula pode enfrentar Flávio Bolsonaro em 2026 Fotomontagem/Agência Brasil e Agência Senado

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera todos os cenários de primeiro turno e venceria todos os adversários no segundo turno se as eleições fossem hoje, aponta pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta terça-feira, 16.

Este é o primeiro levantamento do instituto após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se lançar como pré-candidato à Presidência.

O filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro foi testado em todos os cenários de primeiro turno, já que vem dizendo que a única possibilidade de retirar sua candidatura é se seu pai for candidato. Bolsonaro está preso na superintendência da Polícia Federal em Brasília após ter sido condenado por tentativa de golpe de Estado.

Nos cenários espontâneos, Lula tem 20% das intenções de voto. Jair Bolsonaro tem 5% das intenções de voto. Flávio tem os mesmos 5%. Outros 65% se dizem indecisos.

A Quaest fez diferentes cenários eleitorais estimulados, dependendo de governadores de direita que podem se lançar candidatos à Presidência, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Jr. (PSD-PR). Em todos eles, Flávio fica em segundo lugar, atrás apenas de Lula.

No cenário com Ratinho Jr., Lula tem 39% das intenções de voto; Flávio tem 23%; Ratinho, 13%; Renan Santos (Missão), 2%; Aldo Rebelo (Democracia Cristã), 2%. Indecisos somam 5% e 16% dizem que votarão em branco, nulo ou não votarão.

No cenário com Tarcísio, o atual presidente tem 41%; Flávio mantém 23%; Tarcísio tem 10%. No cenário com Zema, o petista tem 39%; Flávio, 26%; o governador mineiro, 6%. No cenário com Caiado, Lula tem 39%; o senador, 27%; o governador goiano, 4%.

A Quaest também testou um cenário em que três dos governadores - Ratinho, Caiado e Zema - saiam candidatos. Apenas Tarcísio ficou de fora nessa projeção. A mesma divisão se mantém: Lula tem 37%; Flávio, 23%; Ratinho, 11%; Zema, 4%; Caiado, 3%.

Um último cenário inclui o ex-ministro Ciro Gomes (PSDB). Neste caso, Lula teria 34% (o cenário com maior redução do seu porcentual); Flávio teria 21%; Ratinho, 12%; Ciro, 8%; Zema, 4%; Caiado, 2%; Santos, 1%; Rebelo, 1%.

Nas simulações de segundo turno, Lula tem de 10 a 12 pontos porcentuais de vantagem em relação aos adversários. A seguir, os cinco cenários:

  • - Lula 46% x 36% Flávio;
  • - Lula 45% x 35% Tarcísio;
  • - Lula 45% x 35% Ratinho;
  • - Lula 44% x 33% Caiado;
  • - Lula 45% x 33% Zema.


No caso de Flávio Bolsonaro, o instituto registrou um crescimento no porcentual do senador em relação a agosto, quando seu nome foi testado pela primeira vez. Naquela época, Flávio ainda não havia anunciado sua intenção de se candidatar como representante de seu pai. Em agosto, o filho mais velho do ex-presidente tinha 32% contra 48% do petista.

Ao mesmo tempo, Flávio aumentou sua rejeição nos últimos meses. Segundo a pesquisa de dezembro, 60% o conhecem e não votariam nele, enquanto 28% dizem que conhecem e votariam. Em agosto, 22% diziam que conheciam e votariam nele, enquanto 55% o conheciam e não votariam nele.

A escolha de Jair Bolsonaro pelo seu primogênito foi apontada por 54% dos entrevistados pela Quaest como um erro. Para 36%, foi um acerto. A maior parte dos entrevistados (61%) disse ter ficado sabendo do anúncio de Flávio Bolsonaro, enquanto 39% disseram não ter ouvido falar sobre o assunto.

Os pesquisadores perguntaram, então, quem deveria ser o escolhido de Bolsonaro para disputar a Presidência da República. A ex-primeira-dama Michelle foi a primeira colocada, com 19%. Tarcísio, o segundo, com 16%. Ratinho Jr. foi o terceiro, com 11%. Pablo Marçal, Romeu Zema, Eduardo Bolsonaro, Ronaldo Caiado e Eduardo Leite ainda foram citados. Para 21%, no entanto, nenhum desses deveria ser o representante de Bolsonaro no pleito

Diante desse cenário, 61% disseram à Quaest que não votariam em Flávio de jeito nenhum. Apenas 13% disseram que votarão no senador, enquanto 23% afirmaram que podem votar no filho mais velho do ex-presidente.

O instituto Genial/Quaest ouviu 2.004 brasileiros entre os dias 11 e 14 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais e o índice de confiabilidade é de 95%.

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