Política

CÂMARA DE CAMPO GRANDE

Fiel da balança para abrir a CPI do Ônibus, procurador já vetou pedido feito em 2021

Além disso, Gustavo Lazzari compartilha um escritório de advocacia com Claudionor Abbs Duarte, defensor do Consórcio Guaicurus

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A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pela Câmara Municipal de Campo Grande para investigar possíveis irregularidades no transporte coletivo urbano prestado pelo Consórcio Guaicurus estaria ameaçada.

De acordo com apuração do Correio do Estado, depois que veio a público o fato de o procurador-geral da Casa de Leis, Luiz Gustavo Martins Araújo Lazzari, responsável pelo parecer jurídico de abertura ou não da CPI, compartilhar um escritório com o ex-desembargador e advogado Claudionor Miguel Abss Duarte, defensor do Consórcio Guaicurus, há o receio de que a manifestação dele seja contrária à investigação.

Os dois operadores do Direito são associados e ocupam salas no escritório de advocacia Avelino Duarte Advogados Associados, que foi fundado em 2001 por Leonardo Avelino Duarte, filho do ex-desembargador e que agora compõe a equipe do conceituado escritório.

Além disso, Lazzari foi assessor de Claudionor por seis anos, quando ele ainda era desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), porém, o procurador jurídico deixou o cargo em 2010.

Diante dessa proximidade de mais de 20 anos entre o ex-desembargador, que é advogado do Consórcio Guaicurus em pelo menos três processos no TJMS, e o procurador jurídico Gustavo Lazzari, houve a suspeita de uma possível falta de isonomia quando for dar o parecer.

Isso porque, em agosto de 2021, algo semelhante ocorreu, quando o pedido de abertura de uma investigação contra o Consórcio Guaicurus – realizado pelo então vereador Marcos Tabosa – acabou arquivado após o mesmo procurador jurídico ter dado parecer desfavorável, alegando falta de “fato certo e determinado” e de “prazo determinado” a serem apurados.

Essa dupla função de Lazzari, advogado e procurador jurídico da Casa de Leis, já lhe custou uma ação popular movida por dois advogados. No processo, os profissionais alegam que o cargo deveria ser ocupado por servidor de carreira e que a nomeação é irregular.

Na ação, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS) já se manifestou favorável à nulidade da nomeação de Lazzari.

REPERCUSSÃO

Procurado pelo Correio do Estado, o vereador Junior Coringa (MDB), autor do requerimento para a abertura da CPI do Ônibus, reforçou que agora aguarda o posicionamento do procurador jurídico da Câmara Municipal.

“O requerimento foi elaborado de forma bem fundamentada, atendendo a todos os critérios necessários para tramitação”, assegurou.

Ele complementou que espera que a manifestação de Lazzari “seja a mais imparcial possível, garantindo que a decisão seja tomada com base na legalidade e no interesse público”.

“O nosso compromisso é com a transparência e os direitos da população. Seguimos confiantes de que essa CPI será aberta para a devida apuração dos fatos”, projetou.

Questionado sobre qual será o seu posicionamento caso o parecer for desfavorável à instalação da CPI, Junior Coringa disse que “[tenho a] certeza de que ele vai acatar o pedido de instalação”.

“Eu não trabalho com outra hipótese, pois o requerimento está bem fundamentado. Vou aguardar primeiro o parecer para, aí sim, me reunir com a minha assessoria jurídica, para definir o que fazer”, finalizou.

O presidente da Câmara Municipal, vereador Epaminondas Vicente Silva Neto (PSDB), o Papy, também conversou com o Correio do Estado e garantiu que o procurador jurídico não teria nenhuma ligação com o ex-desembargador.

“Parece que eles só alugam salas no mesmo escritório de advocacia. Gustavo Lazzari está na Câmara há mais de 10 anos como procurador jurídico, e considero maldade colocar em dúvida o parecer. Ele não tem nenhum vínculo com Claudionor Abss Duarte ou com o Consórcio Guaicurus”, disse.

Em entrevista à reportagem, o procurador jurídico reconheceu que realmente trabalhou como assessor do desembargador durante seis anos no TJMS e que agora ambos compartilham salas no mesmo escritório de advocacia.

“Só que eu não tenho nenhuma demanda com ele. Não há nenhuma demanda minha com ele em nenhum processo. Eu nem sabia que ele era advogado do Consórcio Guaicurus. A gente não tem nenhum processo junto”, afirmou.

Ele adicionou que no escritório há vários advogados, mas cada um tem o seu próprio CNPJ, inclusive Leonardo Avelino Abss Duarte.

“Mas não é essa a questão, o importante é que o parecer da Procuradoria Jurídica da Casa de Leis ainda nem foi emitido. Até porque o parecer é meramente opinativo e não é vinculativo a nada. Portanto, essa questão de suspeição ou impedimento não tem razão de ser”, concluiu.

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ACEITOU

Moraes autoriza Bolsonaro a ser submetido a ultrassom na prisão

Exame será feito com equipamento portátil nas regiões inguinais

14/12/2025 11h30

Alexandre de Moraes aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão

Alexandre de Moraes aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão Foto: Reprodução

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro para realização de um exame de ultrassonografia dentro da prisão. A decisão foi proferida na noite deste sábado (13).

Bolsonaro está preso em uma sala da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, onde cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão pela condenação na ação penal da trama golpista.

“Diante do exposto, autorizo a realização do exame no local onde o condenado encontra-se custodiado, nos termos requeridos pela defesa. Dê-se ciência da presente decisão à Polícia Federal. Intimem-se os advogados regularmente constituídos”, decidiu o ministro.

O pedido de autorização foi feito na última quinta-feira (11) após Moraes determinar que Bolsonaro passe por uma perícia médica oficial, que deve ser feita pela própria PF, no prazo de 15 dias.

O exame será feito pelo médico Bruno Luís Barbosa Cherulli. O profissional fará o procedimento com um equipamento portátil de ultrassom, nas regiões inguinais direita e esquerda.

A defesa disse que a medida é necessária para atualizar os exames do ex-presidente. Ao determinar a perícia, Moraes disse que os exames apresentados por Bolsonaro para pedir autorização para fazer cirurgia e cumprir prisão domiciliar são antigos.

Na terça-feira (9), os advogados de Bolsonaro afirmaram que o ex-presidente apresentou piora no estado de saúde e pediram que ele seja levado imediatamente ao Hospital DF Star, em Brasília, para passar ser submetido a cirurgia.

Espera

Motta aguarda assessoria jurídica da Câmara para definir posse de suplente de Zambelli

Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli

13/12/2025 21h00

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: Câmara dos Deputados

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), espera uma resposta da assessoria jurídica da Casa para definir o destino do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) até segunda-feira, 15.

A equipe de Motta afirmou à reportagem que a decisão deve tratar não necessariamente da cassação de Zambelli, mas da posse de Adilson Barroso (PL-SP). O prazo de 48 horas dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara menciona especificamente a posse do suplente, não a cassação da titular.

A Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli. O colegiado também chancelou a determinação para que a Mesa da Câmara dê posse ao suplente da deputada em até 48 horas, como prevê o regimento interno da Casa.

A decisão anulou a deliberação da própria Câmara de rejeitar a cassação de Zambelli, o que foi visto como afronta ao STF. Foram 227 votos pela cassação, 170 votos contrários e dez abstenções. Eram necessários 257 votos para que ela perdesse o mandato.

Moraes disse em seu voto que a deliberação da Câmara desrespeitou os princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, além de ter "flagrante desvio de finalidade".

O ministro afirmou que a perda do mandato é automática quando há condenação a pena em regime fechado superior ao tempo restante do mandato, já que o cumprimento da pena impede o trabalho externo.

Nesses casos, cabe à Casa legislativa apenas declarar o ato, e não deliberar sobre sua validade.

O STF condenou Zambelli em maio pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A pena é de 10 anos de prisão em regime inicial fechado, e tem como resultado a perda do mandato na Câmara.

A deputada, no entanto, fugiu do País antes do prazo para os recursos. Ela hoje está presa preventivamente na Itália, e aguarda a decisão das autoridades italianas sobre a sua extradição.

A votação em plenário na madrugada da quinta-feira, 11, contrariou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que, na tarde desta quarta-feira, 10, tinha aprovado a cassação.

Zambelli participou por videoconferência da deliberação da CCJ e pediu que os parlamentares votassem contra a sua cassação, alegando ser inocente e sofrer perseguição política. "É na busca da verdadeira independência dos Poderes que eu peço que os senhores votem contra a minha cassação", disse.

No plenário, a defesa ficou com Fábio Pagnozzi, advogado da parlamentar, que fez um apelo para demover os deputados. "Falo para os deputados esquecerem a ideologia e agir como seres humanos. Poderiam ser o seus pais ou seus filhos numa situação dessas", afirmou. O filho da parlamentar, João Zambelli, acompanhou a votação. Ele completou 18 anos nesta quinta-feira.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), discursou pedindo pela cassação. "Estamos aqui para votar pela cassação que já deveria acontecer há muito tempo", disse.

O PL trabalhou para contornar a cassação, para esperar que Zambelli perca o mandato por faltas. Pela regra atual, ela mantém a elegibilidade nessa condição.

Caso tivesse o mandato cassado, ficaria o tempo de cumprimento da pena mais oito anos fora das urnas. Ela só poderia participar de uma eleição novamente depois de 2043. Estratégia similar foi feita com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deverá ter a perda do mandato decretada pela Mesa Diretora.

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