Política

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Mentes perversas

Mentes perversas

SCHEILA CANTO

30/03/2010 - 19h56
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Pais matando filhos e vice-versa, amigos tirando a vida daqueles que diziam amar. Maridos e mulheres cometendo assassinatos entre si. Irmão contra irmão, famílias inteiras dizimadas pela violência e perversidade de mentes descontroladas e maquiavélicas. Descrevendo assim parece o fim dos tempos, algo apocalíptico. Mas desde que o mundo existe há disputa de poder e inveja entre os seres humanos e não precisamos ir muito longe, basta lembrar a história bíblica de Caim e Abel, que é de conhecimento geral.

Numa linha mais científica é possível afirmar que todas as pessoas têm impulsos violentos, mas que são controlados pela educação, crenças, valores, etc. "São estes pensamentos que ponderam racionalmente as consequências de nossos atos, nos impedindo de agir sem controle, com maldade", destaca a professora de psicologia da Universidade Católica Dom Bosco Ludmila de Moura.

No entanto, segundo a psicóloga, algumas pessoas têm um frágil controle racional sobre seus impulsos. São pessoas com dificuldade de tolerar frustração. Então, diante de uma contrariedade, respondem violentamente, algumas vezes até alterando a percepção da realidade, tendo alucinações visuais ou auditivas (surto psicótico). "Em outros casos, podem estar sob influência de drogas ou álcool, que facilitam o descontrole emocional e a preponderância das ações hostis", enumera Ludmila, acrescentando que entre as doenças mentais que mais causam transtornos estão: a depressão, a esquizofrenia, a psicopatia, o risco de suicídio, além das dependências químicas (veja box).

Ao perguntar à profissional por que tais atrocidades ocorrem dentro de círculo familiar (englobando aqui amigos e namorados), a terapeuta responde que pessoas próximas muitas vezes estabelecem vínculos possessivos, sentem-se donos do outro e quando contrariados, não suportam a dor do abandono, levando até a matar a pessoa supostamente amada. "Em muitas relações familiares e até de amizades, inicialmente a paciente não enxerga o outro como ele realmente é, mas como ele gostaria que fosse. E à medida que vai conhecendo melhor a pessoa, vendo quem ela realmente é, o sujeito pode não gostar, porque percebe que não tem controle sobre ela. Isso ocorre também com pais, que não planejam filhos e quando os têm, não toleram o choro de criança, não suportam atender às necessidades dela. Nestes casos, são pais também muito carentes de afeto, que não têm condições de atender às necessidades dos filhos, pois também não tiveram suas necessidades supridas", exemplifica.

Para Ludmila, o grande problema da sociedade hoje é a existência de muitas pessoas "socialmente abandonadas". E, o contínuo processo de frustrações gera agressividade e luta pela sobrevivência. Em alguns casos, podendo até contribuir para o desenvolvimento da psicopatia.

Segundo Ludmila, a psicopatia é definida como uma perturbação da personalidade, com distúrbio de conduta. Hoje, o termo psicopata não é mais usual. Pessoas com este perfil são chamadas de portadores do transtorno antissocial da personalidade, que pode ser classificada ainda como parcial ou grave. Portanto, o psicopata prejudica o semelhante de várias maneiras e em diferentes níveis de perversidade, ou seja, não é só aquele que mata, mas que comete maldades de maneira sorrateira e maquiavélica.

É importante salientar, diz a psicóloga, que a psicopatia é considerada como a mais grave alteração de personalidade, uma vez que os indivíduos caracterizados por essa patologia são responsáveis pela maioria dos crimes violentos, cometem vários tipos de crime com maior frequência do que os não-psicopatas e, ainda, têm os maiores índices de reincidência.

 

Prevenção e gatilho

É possível prevenir algumas doenças mentais? Segundo a professora e mestre, sim. Por meio do autoconhecimento, seja por meio da psicoterapia, da ioga, de atividades de lazer, que possibilitam maior consciência e responsabilidade sobre as escolhas que temos de fazer na vida.

Outro ponto que pode fortalecer a saúde mental é a valorização familiar e social, pois esta condição ajuda a aumentar a autoestima. A qualidade de vida também está relacionada à prevenção: "moradia, lazer, transporte, saúde, segurança, emprego são condições básicas para a saúde mental de uma sociedade", destaca Ludmila.

É preciso lembrar ainda que existem algumas situações que funcionam como gatilho de comportamento. O desamparo, a incompreensão, a insegurança, além do uso de álcool e drogas podem desencadear comportamentos antissociais e psicoses.

 

Tratamento

Psicoterapias, remédios ou internações? Qual é o tratamento mais eficiente para os transtornos mentais? Segundo a psicóloga é importante uma avaliação inicial, seja por psicólogo ou por psiquiatra. O bom profissional vai verificar a necessidade de acompanhamento correta, de psicoterapia, pelo psicólogo, ou de medicação, pelo psiquiatra.

Ludmila cita que pesquisas recentes mostram que a psicoterapia associada à medicação tem melhores resultados, em muitos casos. "Só a medicação não é suficiente, pois apenas trata os sintomas (as consequências), mas não as causas, os conflitos que levam ao transtorno", pondera, acrescentando que a psicoterapia é necessária na maioria dos casos, pois induz a pessoa tornar-se mais consciente de suas escolhas e incentiva ela a buscar soluções para os seus problemas, e não apenas a mascará-los.

Política

Lewandowski agora apoia recriação do Ministério da Segurança Pública e cobra mais recursos

Ministro afirmou que a mudança só fará sentido se vier acompanhada de uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade

22/12/2025 22h00

Lewandowski

Lewandowski Agência Brasil

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O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, mudou de posição e passou a concordar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a recriação do Ministério da Segurança Pública, caso avance no Congresso a proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata do tema. A avaliação foi feita em entrevista ao Valor Econômico, publicada nesta segunda-feira, 22.

Ao defender a volta da pasta, Lewandowski afirmou que a mudança só fará sentido se vier acompanhada de uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade e de um reforço significativo de recursos federais. Segundo ele, sem "verbas substanciais", o novo ministério tende a ser ineficaz.

"Eu concordo com o presidente que essa divisão (Ministério da Justiça e Ministério da Segurança Pública) faria sentido, primeiro, se houvesse uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade. Em segundo lugar, se viessem verbas substanciais, porque hoje nós temos no nosso Fundo Nacional de Segurança Pública a verba irrisória de R$ 2 bilhões", afirmou.

Na entrevista, o ministro também criticou as mudanças promovidas pela Câmara dos Deputados no texto da PEC da Segurança enviado pelo governo. Embora tenha elogiado a disposição do relator, deputado Mendonça, para o diálogo, Lewandowski avaliou que a versão aprovada se distancia do eixo central da proposta do Executivo.

"A principal crítica que eu faço é que o texto está, de certa maneira, na contramão da proposta que nós apresentamos. O principal ponto da PEC era a coordenação de forças, e isso ficou de fora", disse. Para ele, ao priorizar a descentralização e o fortalecimento das forças locais, o texto pode representar um retrocesso em relação ao modelo de coordenação nacional previsto no Sistema Único de Segurança Pública (Susp), criado em 2018.

Lewandowski também comentou o Projeto de Lei da Dosimetria, aprovado pela Câmara e pelo Senado. Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ele afirmou que a revisão da norma ainda passará por sua mesa. O presidente Lula já declarou que pretende vetar o texto, que reduz penas de condenados por tentativa de golpe de Estado.

"Na medida em que você ameniza as sanções contra esse tipo de atentado contra as instituições, que é gravíssimo, você pode estimular futuros atentados contra o Estado Democrático de Direito", comentou.

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PGR defende progressão de regime do hacker Delgatti em caso que envolve Zambelli e Moraes

Walter está preso por ter invadido o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a mando da então deputada Carla Zambelli

22/12/2025 21h00

Hacker Walter Delgatti na CPMI dos atos de 8 de Janeiro

Hacker Walter Delgatti na CPMI dos atos de 8 de Janeiro Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou nesta segunda-feira, 22, de forma favorável à progressão de regime prisional de Walter Delgatti, conhecido como hacker de Araraquara (SP), condenado a oito anos e três meses de prisão.

Delgatti está preso por ter invadido o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a mando da então deputada Carla Zambelli (PL-SP) e por emitir um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

No parecer enviado ao ministro-relator Alexandre de Moraes, a PGR informou que, até 2 de julho deste ano, Delgatti havia cumprido um ano, 11 meses e cinco dias de pena - o equivalente a 20% do total. O documento também destaca que o atestado de conduta carcerária emitido pela unidade prisional aponta bom comportamento do detento, requisito previsto em lei para a concessão do benefício.

"Além disso, o atestado de conduta carcerária emitido pela unidade prisional atesta que o reeducando Walter Delgatti Neto apresenta bom comportamento carcerário. Dessa forma, estão atendidos os requisitos objetivos e subjetivos exigidos para a progressão de regime prisional", escreveu o PGR Paulo Gonet.

A manifestação da PGR foi solicitada pelo ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo processo de execução penal e pelo pedido de progressão apresentado pela defesa. Não há prazo para decisão.

 

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