Arcângela Mota/TV Press
Apesar de ser da "velha guarda", Tarcísio Filho esbanja a mesma energia que caracteriza o elenco jovem de "Malhação ID". Sempre sorridente e com disposição de sobra – evidente no entusiasmo que revela ao se preparar para gravar –, o ator paulistano de 45 anos fala com satisfação de Paulo Roberto, seu personagem na novela adolescente. Na trama, ele vive um sério empresário que luta para colocar na linha o filho, o mimado protagonista Bernardo, interpretado por Fiuk. Após cinco anos sem fazer uma novela do início ao fim – a última foi "Chocolate com pimenta", exibida em 2004 –, o papel marca o retorno de Tarcísio aos folhetins. Mas fazer uma novelinha adolescente, ao contrário do que ele imaginava, não chega a representar um contato mais próximo com o público jovem. "Não sei se é por causa da minha idade, mas a galera não vem falar comigo. Acho isso muito curioso", estranha.
Tarcísio confessa que, quando recebeu o convite do diretor Mário Márcio Bandarra, imaginou que o personagem fosse tomar rumo diferente. Isso porque, no início da novela, a corrupção foi apresentada como um dos assuntos polêmicos da temporada. O tema, que seria tratado a partir de ligações obscuras de Paulo Roberto em sua empresa, acabou não se desenvolvendo. "Algumas características da proposta original se perderam. De qualquer forma, eu sirvo a uma função muito específica na história, que é ser pai", desconversa.
Apesar de empolgado com a oportunidade de voltar às novelas, Tarcísio não esconde sua preferência por atuar em minisséries. E foi nesse tipo de produção que fez seus papéis de mais destaque nos últimos anos, como o general Neto de "A casa das sete mulheres", o jornalista Orlando Lopes de "Amazônia, de Galvez a Chico Mendes" e o médico Rui em "Queridos amigos". "Acho uma delícia fazer minissérie. Sem dúvida, foram meus papéis mais marcantes. Nem sinto falta de personagens contemporâneos", derrete-se.
O ator, no entanto, lamenta que as minisséries já não tenham a mesma qualidade de antigamente. Para ele, as produções estão cada vez mais mecânicas e deixaram de ser um exercício criativo por parte dos diretores. "Virou um esquema absolutamente industrial", critica. Com 30 anos de carreira e passagens pela Manchete, SBT, Band e Globo, Tarcísio deixa claro que não está preso a lugar nenhum. "Vou para onde me chamam, para personagens legais. Quem não produz, só aceita propostas", avisa.
Sem formação teatral, Tarcísio é enfático ao afirmar que a tevê e o cinema são suas grandes paixões. O interesse pelos estúdios surgiu aos 15 anos, quando ele fazia um estágio na área técnica da Globo, que durou dois anos. E ele garante que o envolvimento com a carreira de ator não foi influência de seus pais, os atores Tarcísio Meira e Glória Menezes. Tudo começou quando ele resolveu expandir seus conhecimentos da área técnica para trabalhar também como ator, de forma a aprender sobre outro lado. "Só que eu comecei a gostar do negócio, fui ficando e estou até hoje", conta.