O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) defendeu neste sábado (26) os rodeios como manifestação cultural, criticou a legislação ambiental do país e o total de famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família.
As afirmações foram feitas numa maratona de atividades do postulante à Presidência hoje, em visita a Barretos (a 423 km de São Paulo).
O parlamentar chegou ao aeroporto de São José do Rio Preto pouco antes das 11h (de Brasília) e discursou na caçamba de um veículo. Depois, fez discursos na Queima do Alho -concurso gastronômico da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos que busca reproduzir a comida típica dos peões-, visitou o Hospital de Câncer da cidade e fez novo ato numa chácara a um grupo de cerca de cem evangélicos. À noite, voltará para a Festa do Peão.
Na chácara, no final da tarde deste sábado, afirmou que o programa Bolsa Família só é necessário para uma minoria e que "não vai ser com caridade que o Brasil vai sair dessa situação crítica".
"Para ser candidato a presidente tem de falar que vai ampliar o Bolsa Família, então vote em outro candidato. Não vou partir para demagogia e agradar quem quer que seja para buscar voto." Afirmou ainda que não visitava a cidade como candidato, "talvez como pré-candidato".
Sobre os rodeios -a cidade tem o mais tradicional evento do gênero no país-, disse que é favorável à modalidade, assim como defende as vaquejadas, regulamentada pelo Senado por meio de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional).
"É uma cultura, o animal é muito bem cuidado, tem alguns com peso em ouro. Tem alguns locais do Brasil em que, além de veterinário, eles têm pedicure, massagista, têm tudo. Então essa cultura tem de ser preservada, levada para o Brasil todo."
Bolsonaro disse que o discurso de quem o critica por defender os rodeios, de que apoiaria que animais sejam mau tratados, "não vai colar".
Afirmou também que a política ambiental está equivocada e que a burocracia trava investimentos no país. "Quem quer implantar uma PCH [Pequena Central Hidrelétrica] leva até dez anos para conseguir uma licença ambiental do Ibama. Tem que ser no máximo uma semana."
MST
Mais cedo, quando esteve no Parque do Peão, em meio a amantes de rodeio, Bolsonaro criticou o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). "O que vocês precisam é de alguém que não os atrapalhe num primeiro momento, bem como alguém que faça o que aqueles que nos atrapalham, como MST e outros, sejam tratados sob a vara da lei."
A viagem de Bolsonaro a Barretos é a segunda que faz à macrorregião de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) num intervalo de dez dias.
Na própria Ribeirão, no último dia 17, ele foi alvo de ovada de uma manifestante durante caminhada na região central da cidade.
Bolsonaro é também o segundo político cotado para disputar a Presidência em 2018 a visitar a festa no interior paulista. Tradicionalmente, a festa recebe as visitas de muitos políticos, mas sempre em anos de eleições, o que não é o caso de 2017.
No último dia 19, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), esteve no evento e usou a "fantasia" de peão. Com chapéu, discursou num estádio de rodeios lotado por 35 mil pessoas, logo depois de comer a refeição típica dos peões, e falou em levar um rodeio para a capital.
Três dias depois, no entanto, anunciou a desistência da empreitada, após receber muitas críticas em redes sociais.
"Durante o evento, fiz uma manifestação imaginando que poderíamos ter algo semelhante sendo feito aqui na cidade de São Paulo. Vim a conhecer depois que há uma legislação que impede a realização de eventos desse tipo. E uma restrição bastante grande."
A Festa do Peão de Barretos terminará neste domingo (27), com a final da 25ª edição do Barretos International Rodeo.