Política

APÓS OPERAÇÃO

Operação do Gaeco pode levar a impeachment de Délia Razuk

Operação mirou o alto escalão da prefeitura de Dourados

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A prefeita Délia Razuk (PTB) pode sofrer processo de impeachment após a Operação Contágio, que foi deflagrada na quarta-feira (15) e afastou o secretário de Fazenda, Carlos Dobes, o procurador-geral do município, Sérgio Henrique Pereira Martins Araújo, e outras servidoras da administração, incluindo a profissional de carreira e ex-secretária de Saúde Berenice Machado.

A informação foi repassada pelo presidente da Câmara, vereador Alan Guedes (PP), que afirmou ver a situação com cautela. 

A mesa diretora do Legislativo entrou com pedido na 2ª Vara Criminal a fim de obter acesso aos dados sigilosos da investigação.  

Segundo Guedes, a situação tem sido tratada com cautela e “muita preocupação”.

“Precisamos ter acesso aos dados sigilosos na Justiça. Queremos avaliar os fundamentos do Ministério Público para então tomarmos as medidas pertinentes”, afirmou.  

Alan considerou o fato de a Procuradoria-Geral do Município ter sido alvo da ação como um agravante em relação a outras ocorrências que envolveram o alto escalão de Délia Razuk.

Para o parlamentar, apesar de não estar inserida no rol de investigados, a prefeita tem responsabilidade por ser a chefe do poder. 

O pedido de impeachment deve ser considerado em razão da falta de fiscalização da gestora, que sofre a sétima operação policial dentro da administração. Apenas uma delas não foi ligada diretamente ao setor financeiro.

Prefeita calou-se

Como no serviço público tudo precisa ser muito bem explicado, dar satisfações ao eleitorado que a elegeu não pareceu uma boa saída. Desde que assumiu o comando da maior cidade do interior do Estado, Délia Razuk já viu homens do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e da Polícia Federal “vasculharem” os departamentos da prefeitura várias vezes.  

O primeiro episódio ocorreu em 2018, quando o MPMS tomou as secretarias de Educação e Administração para investigar a contratação irregular de profissionais comissionados para as Pastas. 

Os agentes previam que a então secretária de Educação Denize Portolan pudesse estar utilizando o cargo para beneficiar aliados e, o pior, ocupando com cargos comissionados o que poderiam ser vagas puras. Naquela época, ninguém foi preso e o retorno das aulas foi comprometido. 

Em 2019, o juiz José Domingues Filho decretou a extinção do processo, mediando acordo que incluiu o pagamento de honorários à perita do MPE pela prefeitura.

Poucos meses depois, em outubro de 2018, nova operação foi deflagrada. Desta vez a Pregão, que investigava fraudes em licitações envolvendo contratos com empresas de serviço terceirizado. 

Na época, foram presos o então secretário municipal de Fazenda João Fava Neto, o presidente da Comissão Permanente de Licitação do município, Anilton Garcia de Souza, e Denize Portollan, à época vereadora e ex-secretária municipal de Educação. 

Além deles, também acabou atrás das grades o empresário Messias José da Silva, proprietário da Douraser Prestadora de Serviços de Limpeza e Conservação.

Limpeza e conservação

A Operação Pregão revelou um esquema criminoso que garantia direcionamento e superfaturamento de contratos, cuja propina era distribuída entre os suspeitos.

Os principais crimes investigados eram fraude em licitação, dispensa indevida de licitação, falsificação de documentos e advocacia administrativa, além do crime contra a ordem financeira e incidência na conduta da Lei Anticorrupção.

Não suficiente, a operação ainda teve duas novas fases meses depois, culminando na prisão de mais pessoas e em uma ação judicial.  

Foram inseridos no rol de acusados: o ex-secretário de Fazenda João Fava Neto; Anilton Garcia de Souza; Messias José da Silva; Ivan Félix de Lima; Rodrigo Gomes da Silva; Pedro Brum Vasconcelos Oliveira; Zazi Brum; Denize Portolann de Moura Martins; Antonio Neres da Silva Junior; Heitor Pereira Ramos; Rosenildo da Silva França; Douraser Prestadora de Serviços de Limpeza e Conservação – Eirelli; Energia Engenharia Serviços e Manutenções Ltda.; e Gtx Serviços de Engenharia e Construção Ltda.

Fava Neto, que é sogro de um dos filhos de Délia Razuk, foi apontado pelo promotor Ricardo Rotunno, da 16ª Promotoria de Justiça, como o chefe do esquema. Hoje, todos os acusados seguem respondendo em liberdade. Denize Portolan, que na época perdeu o cargo de vereadora, foi restituída e segue legislando na Câmara de Dourados.  

Um mês antes da Pregão, a Polícia Federal, por intermédio do Ministério Público Federal e Controladoria-Geral da União, vasculhou a Fundação de Serviços em Saúde de Dourados (Funsaud), diante da suspeita de fraude em licitação na aquisição de marmitas para os pacientes da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e do Hospital da Vida. 

Na época, apenas mandados de busca e apreensão foram cumpridos.  

Pouco mais de um ano depois, em 6 de novembro de 2019, a segunda fase da Operação Purificação levou para a cadeia o ex-secretário municipal de Saúde e então coordenador do Samu Renato Vidigal.

 Logo após a primeira fase da ação, Vidigal foi exonerado e remanejado à coordenação do órgão de socorro móvel.

Desta vez, além do ex-secretário, foi preso também Rafhael Henrique Torraca Augusto, diretor financeiro da Secretaria de Saúde na época dos fatos (2017).  

Descobriu-se nas investigações que a empresa Marmiquente, contratada para o fornecimento das refeições, era registrada em nome de laranja, Ronaldo Gonzales, porém pertencia a Vidigal e Torraca. 

Os investigadores descobriram diversas inconsistências no contrato, inclusive a falta de estrutura física para produção das marmitas.  

A Operação Purificação também foi incrementada com contrato suspeito, que garantia a prestação de serviço de transporte de pacientes na Secretaria de Saúde. 

O MPF identificou indícios de que houve direcionamento em licitação de R$ 1,2 milhão para o acordo de prestação.

Durante o processo, Vidigal foi preso preventivamente com o intuito de não atrapalhar as investigações, o que pode ter ocorrido mesmo com o ex-secretário preso. Ele foi flagrado usando aparelho celular, posteriormente apreendido. 

O Superior Tribunal de Justiça por diversas vezes negou pedidos de habeas corpus de Vidigal, solto em março deste ano após a pandemia do novo coronavírus. A defesa de Vidigal baseou o pedido de soltura na debilidade respiratória do investigado, que o coloca como membro do grupo de risco.  

POLÍTICA

Em pedido de renúncia, Zambelli diz que segue viva e que Brasil continuará ouvindo sua voz

Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

14/12/2025 22h00

Deputada federal Carla Zambelli

Deputada federal Carla Zambelli Agência Câmara

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A agora ex-deputada federal, Carla Zambelli (PL-SP), usou o pedido de renúncia de seu mandato para elogiar a proteção recebida pela Câmara e para dizer que "segue viva" mesmo após deixar os quadros da Casa. Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por mandar um hacker invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e está presa na Itália desde julho.

"A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz", afirmou, na solicitação encaminhada ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos).

Zambelli também agradeceu as decisões da Câmara que mantiveram o mandato da deputada, antes de Supremo Tribunal Federal anulá-las e determinar a perda de mandato de Zambelli. "Esse ato da Câmara foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado", escreveu.

Leia a íntegra do comunicado:

RENÚNCIA AO MANDATO PARLAMENTAR

AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR

PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPUTADO FEDERAL HUGO MOTTA

Excelentíssimo Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Deputados,

Povo brasileiro,

Eu, Carla Zambelli Salgado de Oliveira, Deputada Federal eleita para a 57ª Legislatura (2023-2027), representante do Estado de São Paulo, legitimada por 946.244 votos nas eleições gerais de 2022, faço esta manifestação por intermédio de meus advogados constituídos, Dr. Fabio Pagnozzi e Dr. Pedro Pagnozzi, diante da impossibilidade de comparecer pessoalmente a esta Casa, em razão de encontrar-me privada de liberdade em território estrangeiro. Falo, portanto, não apenas como parlamentar, mas como voz de quase um milhão de brasileiros que confiaram em mim sua representação.

O que se registra neste ato não é apenas a renúncia a um mandato, mas um marco institucional. A Câmara dos Deputados exerceu integralmente sua competência constitucional, observando o procedimento previsto no artigo 55 da Constituição Federal, especialmente seus ?? 2º e 3º, que atribuem exclusivamente ao Poder Legislativo a deliberação sobre a perda de mandato parlamentar, mediante decisão do Plenário, assegurados o contraditório e a ampla defesa.

No curso desse procedimento, foi elaborado relatório pelo Relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, Deputado Diego Garcia, demonstrando, de forma técnica e fundamentada, que não existem provas jurídicas aptas a sustentar a perda do meu mandato, tampouco elementos que embasem qualquer condenação. Esse relatório trouxe à luz uma verdade elementar do Estado de Direito: não se cassa um mandato sem provas.

Essa compreensão foi confirmada pelo Plenário da Câmara dos Deputados, que, ao não deliberar pela cassação, afirmou que não havia fundamento jurídico legítimo para suprimir um mandato conferido por quase um milhão de brasileiros. Esse ato foi institucional e constitucional: um momento em que a Casa do Povo afirmou a soberania do voto, o devido processo legal e os limites do poder punitivo do Estado.

A História constitucional ensina que os regimes livres somente subsistem quando cada Poder reconhece seus limites. Montesquieu advertia que "todo aquele que detém poder tende a abusar dele, indo até onde encontra limites". O registro aqui produzido reafirma que o Parlamento não é instância acessória, mas Poder constitucional autônomo, cuja competência não pode ser esvaziada sem grave risco ao Estado Democrático de Direito. Este episódio permanecerá como referência institucional para situações semelhantes, nas quais se discuta a preservação do mandato popular frente à expansão indevida do poder punitivo estatal.

Posteriormente, deliberação do Supremo Tribunal Federal determinou a perda do mandato, afastando o resultado do procedimento conduzido por este Parlamento.

É diante desse quadro, e não por medo, fraqueza ou desistência, que comunico, de forma pública e solene, minha renúncia ao mandato parlamentar, para que fique registrado que um mandato legitimado por quase um milhão de votos foi interrompido apesar do reconhecimento formal, por esta Casa, da inexistência de provas para sua cassação.

Este gesto não é rendição. É registro histórico. É a afirmação de que mandatos passam; princípios permanecem. A democracia não se resume às urnas; ela vive no respeito às instituições e na coragem de registrar a verdade.

Dirijo-me, por fim, ao povo brasileiro. Aos meus eleitores, afirmo: a verdade foi dita, a história foi escrita e a consciência permanece livre. Ideias não se cassam. Convicções não se prendem. A vontade popular não se apaga.

A história registra: mandatos podem ser interrompidos; a vontade popular, jamais. Eu sigo viva, a verdade permanece, e o Brasil continuará a ouvir minha voz.

Que Deus abençoe o povo brasileiro, ilumine esta Nação e a conduza, sempre, pelo caminho do direito, da justiça e da liberdade.

Respeitosamente,

Carla Zambelli Salgado de Oliveira

Deputada Federal - Brasil

POLÍTICA

Carla Zambelli renuncia ao mandato após STF determinar que suplente assumisse

A renúncia da deputada foi anunciada antes mesmo da Câmara cumprir a nova determinação do Supremo Tribunal Federal.

14/12/2025 15h00

Deputada Federal Carla Zambelli

Deputada Federal Carla Zambelli Divulgação

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Na tarde deste domingo (14), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), informou que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) renunciou ao cargo parlamentar. A decisão foi tomada após uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o suplente, Adilson Barroso (PL-SP),  assumisse o cargo em até 48 horas.

Em nota, a Câmara informou que a deputada comunicou à Secretaria-Geral da Mesa a sua renúncia. "Em decorrência disso, o presidente da Câmara dos Deputados determinou a convocação do suplente, deputado Adilson Barroso (PL-SP), para tomar posse", informou a Casa em nota.

Em maio, Zambelli foi condenada pela Corte a dez anos de prisão e à perda do mandato por envolvimento na invasão cibernética ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), feita pelo hacker Walter Delgatti Neto. O caso dela transitou em julgado, sem mais chances de recursos, em junho. 

A decisão foi levada para análise do plenário da Câmara. Na madrugada de quinta-feira (11), foram 227 votos a favor da cassação do mandato de Zambelli contra 170 votos pela manutenção. Eram necessários 257 para que ela perdesse o cargo.

Porém, na sexta-feira (12), o STF anulou a deliberação da Câmara e determinou a perda imediata do mandato. A Corte apontou que a votação violava a Constituição no dispositivo que impõe perda de mandato nos casos de condenação com trânsito em julgado.

Estratégia

A renúncia da deputada foi anunciada antes mesmo da Câmara cumprir a nova determinação do Supremo Tribunal Federal. Segundo aliados de Zambelli, seria uma estratégia para preservar os direitos políticos dela.

“Ao renunciar antes da conclusão da cassação, preserva direitos políticos, amplia possibilidades de defesa e evita os efeitos mais graves de um julgamento claramente politizado”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do PL na Câmara.

Carla Zambelli está presa na Itália, desde julho deste ano, depois de fugir do Brasil em decorrência do trânsito em julgado do processo no STF. O Supremo aguarda a extradição.

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