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Presidente do União é citado como dono de aviões usados por empresa de voos do PCC

Citado em depoimento da PF pelo piloto, Antônio Rueda nega ser dono das aeronaves e "repudia com veemência qualquer tentativa de vincular seu nome a pessoas investigadas ou envolvidas com a prática de algum ilícito"

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Denúncias e investigações têm ligado o nome do presidente do União Brasil, Antônio Rueda, como um dos proprietários de quatro dos dez jatos executivos operados por uma empresa de táxi aéreo, usados em um esquema de lavagem de dinheiro a serviço do Primeiro Comando da Capital (PCC). 

Piloto que fazia o transporte regularmente da dupla líder do esquema, Mauro Caputti Mattosinho deu uma entrevista exclusiva ao ICL Notícias após prestar depoimento à Polícia Federal, e disse que Rueda era citado por seu chefe como o líder de um grupo que “tinha muito dinheiro que precisava gastar” na compra de aeronaves, avaliadas em dezenas de milhões de dólares.

“Havia um clima de ‘boom’ de crescimento na empresa. E isso foi justificado como sendo um grupo muito forte, encabeçado pelo Rueda, que vinha com muito dinheiro que precisava gastar. Então, a aquisição de várias aeronaves foi financiada”, diz Mattosinho na entrevista gravada em vídeo.

Já Rueda nega ser dono das aviões e “repudia com veemência qualquer tentativa de vincular seu nome a pessoas investigadas ou envolvidas com a prática de algum ilícito”, afirmou em nota oficial. O presidente do União Brasil complementa que “já voou em aeronaves particulares em voos fretados por ele ou como convidado”, mas que “nunca participou da compra das aeronaves”, além de ter o costume de realizar seus deslocamentos “em voos comerciais”.

Mattosinho prestou depoimento à PF há cerca de 17 dias, ao qual a equipe de reportagem do ICL teve acesso, antes de pedir demissão, há duas semanas, da empresa que trabalhava desde 2023, a Táxi Aéreo Piracicaba (TAP). 

Ele teria pedido demissão no começo desse mês, após transportar os parentes de Beto Louco para o Uruguai na véspera da mega-operação da PF, da Receita e do Ministério Público de SP, realizada no fim de agosto, que revelou um enorme esquema de lavagem de dinheiro que inclui o uso de fundos de investimento.

Segundo o piloto, ele teria transportado Mohamad Hussein Mourad, mais conhecido como Primo, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco, ao menos 30 vezes. 

Importante explicar que, ambos são apontados como líderes do esquema que atendia ao PCC e são considerados foragidos da Justiça.

Entenda

O pedido de demissão de Mattosinho teria sido motivado pela indignação, segundo ele, pelo conteúdo das conversas que presenciou, tendo procurado a equipe do ICL, por exemplo, ainda em novembro de 2024, que começaram com apoio do UOL uma apuração que ligou duas aeronaves usadas pelo piloto a fundos de investimentos que têm apenas um controlador, esse por sua vez anônimo.

Além disso, "uma terceira aeronave está em nome de uma empresa registrada na periferia de Imperatriz (MA). Em entrevista, a única sócia da empresa disse desconhecer a firma e a aeronave", expõe o trecho da apuração.

Reprodução

Pela empresa TAP, o piloto começou sua atuação atendendo primeiro Primo e depois Beto Louco, sendo que a empresa é administrada por Epaminondas Chenu Madeira, empresário que teve suas conversas de whatsapp vazadas, em que cita “Beto” e “Moha”, em referência a Beto Louco e Mohamed (Primo).

Mattosinho afirma que a frota de aeronaves da TAP dobrou entre 2023 e 2024, indo de cinco para dez, o que a empresa aponta "desconhecer qualquer declaração atribuída a funcionário sobre aquisição de aeronaves", além de atuar "em observância à lei.

O piloto afirma que Rueda viaja constantemente em jatos operados pela mesma empresa, embora ele não fosse o piloto destes voos, sendo inclusive mencionado como “Ruedinha”, diminutivo de seu nome.

“[Rueda] É uma pessoa que já fazia negócios com a Táxi Aéreo Piracicaba desde quando eu cheguei lá como funcionário, aproximadamente dois anos atrás. Ele já era um nome que circulava como [sendo] sócio em uma aeronave de pequeno porte (um jato bimotor Raytheon 390 Premier, matrícula PR-JRR.)”, lembra.

Registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram que essa aeronave é pertencente à empresa Fênix Participações, que por sua vez é controlada por Caio Vieira Rocha, filho do ex-ministro César Asfor Rocha; pelo ex-senador Chiquinho Feitosa (Republicanos-CE) e por um dono de concessionárias de Pernambuco.

Advogado, Carlos Vieira Rocha afirmou, também em nome dos sócios, que Rueda não tem participação na aeronave ou tenha viajado nela. "Antonio Rueda não é proprietário da aeronave e nem sócio de nenhuma das 3 empresas sócias da aeronave", disse. 

Registros oficiais apontam que o jatinho foi comprado pela Fênix em 2 de outubro de 2024, por 2,3 milhões de dólares, o que corresponde à R$ 13 milhões à época, pagos a RZK Empreendimentos Imobiliários, que teria adquirido essa aeronave em 2014.

"Fechando o ciclo", a RZK trata-se deuma empresa de José Ricardo Rezek que, por sua vez, aparece como doador de diversos partidos, entre eles o União Brasil, sendo próximo de Rueda e um dos convidados do aniversário de 50 anos do presidente da sigla neste ano. 

Por meio de nota, a empresa informou que nunca vendeu nenhuma aeronave a Rueda. “Ele jamais atuou como intermediário em qualquer compra e venda e muito menos participou das negociações. A aeronave citada foi regularmente vendida à Fênix Participações Ltda., em conformidade com todas as normas legais, devidamente registrada na Anac”, acrescentou.

Além disso, ainda segundo o piloto, outros três jatinhos bimotores teriam sido adquiridos com participação de Rueda: 

  • Gulfstream G200, matrícula PS-MRL; 
  • Citation Excel, matrícula PR-LPG; e 
  • CitationJet 2, matrícula PT-FTC.

Cabe destacar que o uso de fundos de investimento para ocultar patrimônio ou para realizar operações de lavagem de dinheiro foi uma das principais descobertas das operações recentes da PF que miraram no PCC e em empresas financeiras sediadas na Avenida Faria Lima, em São Paulo.

**(Com apuração de: Leandro Demori, Cesar Calejon, Flávio VM Costa e Alice Maciel, do ICL Notícias;
Thiago Herdy, Colunista do UOL)

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Espera

Motta aguarda assessoria jurídica da Câmara para definir posse de suplente de Zambelli

Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli

13/12/2025 21h00

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta

Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta Foto: Câmara dos Deputados

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), espera uma resposta da assessoria jurídica da Casa para definir o destino do mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) até segunda-feira, 15.

A equipe de Motta afirmou à reportagem que a decisão deve tratar não necessariamente da cassação de Zambelli, mas da posse de Adilson Barroso (PL-SP). O prazo de 48 horas dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara menciona especificamente a posse do suplente, não a cassação da titular.

A Primeira Turma do STF confirmou, ontem, 12, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a perda imediata do mandato de Zambelli. O colegiado também chancelou a determinação para que a Mesa da Câmara dê posse ao suplente da deputada em até 48 horas, como prevê o regimento interno da Casa.

A decisão anulou a deliberação da própria Câmara de rejeitar a cassação de Zambelli, o que foi visto como afronta ao STF. Foram 227 votos pela cassação, 170 votos contrários e dez abstenções. Eram necessários 257 votos para que ela perdesse o mandato.

Moraes disse em seu voto que a deliberação da Câmara desrespeitou os princípios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade, além de ter "flagrante desvio de finalidade".

O ministro afirmou que a perda do mandato é automática quando há condenação a pena em regime fechado superior ao tempo restante do mandato, já que o cumprimento da pena impede o trabalho externo.

Nesses casos, cabe à Casa legislativa apenas declarar o ato, e não deliberar sobre sua validade.

O STF condenou Zambelli em maio pela invasão de sistemas e pela adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A pena é de 10 anos de prisão em regime inicial fechado, e tem como resultado a perda do mandato na Câmara.

A deputada, no entanto, fugiu do País antes do prazo para os recursos. Ela hoje está presa preventivamente na Itália, e aguarda a decisão das autoridades italianas sobre a sua extradição.

A votação em plenário na madrugada da quinta-feira, 11, contrariou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que, na tarde desta quarta-feira, 10, tinha aprovado a cassação.

Zambelli participou por videoconferência da deliberação da CCJ e pediu que os parlamentares votassem contra a sua cassação, alegando ser inocente e sofrer perseguição política. "É na busca da verdadeira independência dos Poderes que eu peço que os senhores votem contra a minha cassação", disse.

No plenário, a defesa ficou com Fábio Pagnozzi, advogado da parlamentar, que fez um apelo para demover os deputados. "Falo para os deputados esquecerem a ideologia e agir como seres humanos. Poderiam ser o seus pais ou seus filhos numa situação dessas", afirmou. O filho da parlamentar, João Zambelli, acompanhou a votação. Ele completou 18 anos nesta quinta-feira.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), discursou pedindo pela cassação. "Estamos aqui para votar pela cassação que já deveria acontecer há muito tempo", disse.

O PL trabalhou para contornar a cassação, para esperar que Zambelli perca o mandato por faltas. Pela regra atual, ela mantém a elegibilidade nessa condição.

Caso tivesse o mandato cassado, ficaria o tempo de cumprimento da pena mais oito anos fora das urnas. Ela só poderia participar de uma eleição novamente depois de 2043. Estratégia similar foi feita com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deverá ter a perda do mandato decretada pela Mesa Diretora.

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Política

PT oficializa pré-candidatura de Fábio Trad ao governo do Estado

Nome de ex-deputado foi oficializado em encontro realizado neste sábado (13)

13/12/2025 18h00

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Foto: Pedro Roque / Reprodução

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Ex-deputado federal, Fábio Trad foi oficializado como o postulante à governadoria estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A indicação ocorreu na tarde deste sábado (13), em reunião da cúpula petista na Capital, que contou com a presença do presidente nacional da sigla Edinho Silva e diversas lideranças do partido. 

Filiado ao partido desde agosto último, Fábio Trad migrou para o campo mais à esquerda após deixar o Partido Social Democrático (PSD), sigla a qual pertencia há 10 anos.

Fábio Trad, ressaltou o simbolismo político da visita do líder da sigla à Capital e afirmou que a presença da direção nacional recoloca o campo progressista sul-mato-grossense no centro do debate nacional.

“A vinda do presidente nacional do PT significa que a esquerda de Mato Grosso do Sul está, sim, no radar político nacional. Não é possível que um Estado da importância geopolítica de Mato Grosso do Sul não tenha um palanque competitivo, ideologicamente coerente com o campo progressista liderado pelo presidente Lula”, afirmou.

Ao Correio do Estado, o ex-deputado destacou que os partidos que compõem a frente progressista construirão um grande palanque para o Lula em Mato Grosso do Sul, voltado "às conquistas sociais e econômicas para o nosso povo", disse.

À reportagem, destacou que, a disputa pelo executivo estadual partiu de uma decição do presidente nacional do partido, decisão que viu com bons olhos.

"Sobre a construção em torno da minha participação na campanha, o presidente Edinho destacou a preferência do PT de MS para que a jornada seja encabeçada por mim. As definições estão se concretizando e eu espero contribuir com o presidente Lula para fazer em MS o papel que ele me incumbiu de exercer", declarou. 

Além de mirar o posto mais alto do executivo estadual, o partido deve priorizar a corrida pelo Senado, já que Soraya Thronicke (Podemos) e Nelsinho Trad (PSD), irmão de Fábio, não possuem vaga garantida para o próximo ano. 

"O presidente Lula está muito atento ao cenário aqui do estado e fará todo o esforço para que o campo progressista tenha êxito em todas as instâncias de disputa, inclusive o Senado com o companheiro Vander", disse. 

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Ex-deputado Fábio Trad / Foto: Marcelo Victor / CE

À época de sua filiação, Trad já era cotado para disputar as eleições para governador no pleito geral de 2026, contudo, havia rechaçado o embate contra o atual governador Eduardo Riedel (PP) nas urnas.

Diferente dos irmãos, ele vem de uma formação mais à esquerda. Advogado formado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), conheceu o movimento brizolista (ligado à Leonel Brizola).

Em Mato Grosso do Sul, já teve dois mandatos de deputado federal pelo PSD, onde sua família esteve abrigada durante quase toda década passada.

Após a pandemia de Covid-19, voltou-se mais à esquerda quando se colocou como um dos oposicionistas do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em 2022, não conseguiu se reeleger. Disputou a eleição pelo antigo partido e também foi derrotado na disputa pelo governo do Estado.

Em 2023, recebeu um cargo na Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), no governo Lula.

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