Política

trump x lula

Tarifaço estremece a relação do agro de MS com os Bolsonaro

O setor é historicamente aliado do ex-presidente da República e agora considera o fato um erro imperdoável

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O anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que, a partir do dia 1º de agosto, vai impor sobretaxa de 50% sobre todos os produtos fabricados pelo Brasil estremeceu a relação do agronegócio de Mato Grosso do Sul com a família do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL), principalmente com o filho dele, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

No Estado, o setor é historicamente aliado de Bolsonaro, tanto que atuou abertamente nas eleições de 2018 e de 2022. Contudo, conforme lideranças do agronegócio estadual ouvidas na sexta-feira pelo Correio do Estado, é impossível não reconhecer as “digitais” da família Bolsonaro na decisão tomada por Trump, que vai impactar a economia do campo.

Diante desse cenário e com a possibilidade do seu agravamento, as lideranças não descartam uma redução do peso do agro no apoio ao ex-presidente, ressaltando que na eleição de 2022 ele derrotou Lula em 77 dos 100 municípios mais ricos do agronegócio do Brasil.

Esses representantes do agronegócio esperavam mais pragmatismo da família Bolsonaro na relação com os Estados Unidos, tendo conhecimento de que o setor seria um dos mais afetados em um possível embate. 

Além disso, eles criticaram a forma isolada e inconsequente como agiu Eduardo Bolsonaro, classificada de imperdoável e com a possibilidade de produzir danos que podem ser irreversíveis.

Para uma das lideranças do agro no Estado, Donald Trump aplicaria essa sobretaxa adicional de 50% sobre os produtos brasileiros de qualquer jeito, em função das ações adotadas pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na área de política internacional. 

“Ele fez várias declarações em apoio ao Irã e também à Palestina, criticando os americanos. Eu penso que, em briga de gente grande, o melhor a fazer é ficar calado”, aconselhou.

Ele ainda acrescentou que a gota d’água teria sido a fala do presidente Lula durante a reunião da cúpula do Brics, grupo formado por Brasil, Federação Russa, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. 

“Trump já iria sobretaxar o Brasil por causa do Brics, mas usou como argumento a perseguição a Bolsonaro. No entanto, não posso negar que Eduardo está fazendo um estrago por lá [EUA] e isso é muito ruim”, afirmou.

O empresário rural espera que o presidente Lula não adote a lei da reciprocidade contra os Estados Unidos e decida negociar antes de tomar qualquer decisão. 

“Temos mais de 20 dias para tentar resolver esse problema, para que a diplomacia brasileira consiga pelo menos que a sobretaxa volte aos 10%. É preciso ter cautela neste momento e que o governo federal não pare de procurar novos mercados. Não podemos nos concentrar apenas nos EUA e na China”, aconselhou.

Já outra fonte ligada à agroindústria sul-mato-grossense reforçou que a questão da sobretaxa de 50% sobre todos os produtos brasileiros precisa ser resolvida agora. 

“A parte política, isto é, a disputa entre Bolsonaro e Lula, a gente resolve nas eleições de 2026, pois, se não cair esse tarifaço e o governo brasileiro adotar a reciprocidade, vamos ter a volta da inflação”, alertou.

Conforme ele, 80% de parte importante da sua produção é importada dos EUA e, se o preço aumentar em 50%, vai ter de repassar para o seu produto final pelo menos 30%. 

“Então, o agronegócio precisa de um interlocutor para negociar com os americanos que não seja o Lula nem alguém da família Bolsonaro. Volto a afirmar: a questão política a gente resolve no próximo ano”, avisou, criticando o fato de Eduardo Bolsonaro ter misturado política com negócios.

Uma outra liderança rural da área pecuária do Estado ressaltou que se trata de uma questão complexa. 

“Não queria acreditar que a taxação fosse por questão política, até porque o Trump já vinha fazendo isso com outros países, porém, como ele citou a liberdade de Bolsonaro como condição, acabou criando um viés equivocado. É extremamente errado o que está acontecendo, pois Bolsonaro e o filho só pensaram neles, e não nos interesses econômicos do País”, analisou.

O pecuarista lembrou que, no ano passado, os Estados Unidos foram o segundo destino de toda a carne bovina exportada pelo Brasil, com a venda de 229 mil toneladas, perdendo apenas para a China. 

“De janeiro a maio deste ano, só MS exportou 26,4 mil toneladas de carne para os americanos. Por isso, eu defendo muita diplomacia por parte do Brasil e deixar de fora da mesa de negociações qualquer viés político”, recomendou.

Para concluir, ele voltou a criticar toda a pressão política feita por Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. 

“Quando se mistura política com economia não dá certo. Toda essa pressão do Eduardo é um absurdo. Mas quero ver até que ponto Trump vai manter essa ameaça, pois os EUA estão atualmente com o menor rebanho bovino da sua história e dependem da carne bovina vendida pelo Brasil”, pontuou, prevendo que a diplomacia brasileira terá de trabalhar bastante.

SAIBA

Riedel evita polêmica sobre a sobretaxa

O governador Eduardo Riedel (PSDB) afirmou, na sexta-feira, que não ficou surpreso com o tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “porque, desde que o presidente Trump assumiu, ele enviou para vários países e falou que enviaria [para outros] depois”. Com esse discurso, Riedel tenta se desvincular do debate político e ideológico que tomou conta do tema depois que o próprio presidente dos Estados Unidos usou a suposta perseguição das autoridades brasileiras ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como uma das razões para aplicar o tarifaço às exportações brasileiras a partir de primeiro de agosto. “É muito ruim para o Brasil e Mato Grosso do Sul é afetado diretamente. No ano passado, nós exportamos US$ 700 milhões aos EUA. Entendo que a gente tenha que usar o caminho da negociação diplomática. Ele tem feito isso com vários paceiros”, afirmou. O governador enfatizou que os norte-americanos, apesar de importantes parceiros comerciais de Mato Grosso do Sul, representaram apenas 6% das exportações no primeiro semestre deste ano (US$ 315 milhões).

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RECONHECIMENTO

Prefeitura de Costa Rica alcança excelência na gestão pública nacional

Com 100% de asfalto, transporte gratuito e infraestrutura escolar, município conquistou o Prêmio Band Cidades Excelentes pela quarta vez

04/12/2025 13h47

O prefeito de Costa Rica, Delegado Cleverson Alves dos Santos (PP), durante a entrega do prêmio

O prefeito de Costa Rica, Delegado Cleverson Alves dos Santos (PP), durante a entrega do prêmio Reprodução

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Localizada no extremo norte de Mato Grosso do Sul, o município de Costa Rica, que tem pouco mais de 30 mil habitantes, desafia a lógica tradicional da administração pública brasileira e, além de participar, domina o cenário de reconhecimento governamental: foi contemplada com o Prêmio Band Cidades Excelentes nas edições de 2021, 2022, 2023 e 2025.

Considerado o "Oscar da Gestão Pública", a premiação validou o modelo implementado pelo prefeito Delegado Cleverson Alves dos Santos (PP) e fundamentado em três pilares estratégicos: infraestrutura urbana universal, revolução educacional e investimento social.

Segundo o gestor, o reconhecimento não é obra do acaso, mas resultado de um planejamento técnico que trata serviços públicos essenciais como direitos inegociáveis. "A política não é profissão, é missão", afirmou, resumindo a filosofia que transformou a cidade em um canteiro de obras e programas sociais.

Pioneirismo no Transporte

Enquanto muitas cidades brasileiras ainda lutam para pavimentar vias centrais, Costa Rica atingiu uma meta ambiciosa: 100% de asfalto na zona urbana. A universalização da pavimentação veio acompanhada de uma modernização estética e funcional, com a substituição da iluminação pública por tecnologia LED, garantindo mais segurança e economia aos cofres públicos.

Contudo, o maior divisor de águas na mobilidade urbana foi a implementação do transporte coletivo gratuito. Inaugurado em dezembro de 2021, o sistema "Tarifa Zero" posicionou Costa Rica como pioneira no estado de Mato Grosso do Sul.

“O transporte público percorre cerca de 300 quilômetros por dia, passando por 50 pontos, garantindo que o trabalhador e o estudante cheguem ao seu destino sem custo", destacou o Delegado Cleverson.

Recentemente, o programa foi expandido para atender comunidades rurais, como a da Lage, integrando o campo à cidade e fomentando o comércio local.

Educação

O pilar da educação foi o grande responsável por garantir a Costa Rica o 1º lugar na premiação estadual. A receita do sucesso combina infraestrutura de ponta com valorização humana.

Quem visita as escolas da Rede Municipal de Ensino (Reme) depara-se com uma estrutura raramente vista em escolas públicas: piscinas semiolímpicas, cobertas e aquecidas em todas as unidades de ensino fundamental. O esporte é tratado como política de saúde e inclusão, com festivais de natação integrados ao currículo escolar.

Paralelamente às obras, a prefeitura investiu pesado nas pessoas. A gestão implementou uma política de melhoria salarial para os professores, buscando colocar a remuneração da categoria entre as melhores do estado. Além disso, a equidade é garantida na ponta do lápis: todos os mais de 5 mil alunos recebem kits escolares completos, mochilas e uniformes, um investimento que ultrapassa a cifra de R$ 900 mil anuais, aliviando o orçamento das famílias.

Habitação

No setor social, a gestão atacou duas frentes cruciais: o déficit habitacional e a produtividade rural. O município ostenta o título de realizar a "maior entrega de habitação de MS" proporcionalmente ao seu porte. Através de parcerias com o Governo do Estado e a Caixa Econômica Federal (programa Minha Casa, Minha Vida), centenas de moradias foram entregues em loteamentos como o Residencial Flor do Cerrado.

"Cada chave entregue representa a dignidade de uma família que deixa o aluguel para trás", afirmou o prefeito, completando que, no campo, o programa AgroRica revolucionou a agricultura familiar.

Fugindo do assistencialismo básico, a prefeitura criou um sistema de microcrédito subsidiado onde o pequeno produtor pode acessar até R$ 20 mil para investir, com o município pagando 50% da conta e o produtor quitando o restante em parcelas facilitadas. 

O programa ainda inclui o "Cinturão Verde", cedendo terras e máquinas da Patrulha Mecanizada para garantir que o alimento chegue da terra à mesa da merenda escolar.

“A conquista dos três prêmios neste ano no Band Cidades Excelentes valida que o modelo de Costa Rica funciona. Ao integrar asfalto na porta, ônibus de graça, escola de tempo integral com natação e casa própria, o município não apenas melhora seus índices, mas reescreve o que o cidadão pode esperar do poder público", comentou.
 

FÉRIAS

Assembleia autoriza Riedel a tirar recesso de 18 dias no fim do ano

Governador de MS vai se ausentar das atividades de 29 de dezembro de 2025 a 16 de janeiro de 2026

04/12/2025 12h12

Riedel, na PréCOP30

Riedel, na PréCOP30 MARCELO VICTOR

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Assembleia Legislativa (ALEMS) autorizou o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), a se ausentar das atividades de 29 de dezembro de 2025 a 16 de janeiro de 2026.

Com isso, o chefe do executivo estadual terá "férias" de 18 dias neste fim de ano. Quem deve assumir o comando é o vice-governador, José Carlos Barbosa, mais conhecido como Barbosinha.

Em 18 de novembro, Riedel encaminhou mensagem aos deputados da Assembleia Legislativa pedindo autorização para se licenciar do cargo por 18 dias, entre dezembro e janeiro.

Na manhã desta quinta-feira (4), os deputados estaduais votaram a favor e autorizaram as "miniférias" do governador. 

OUTRAS LICENÇAS

Entre o fim do ano passado e ano, o governador já pediu três autorizações para se licenciar das funções.

A primeira licença foi de 23 de dezembro de 2024 a 14 de janeiro de 2025. Na ocasião, o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, deputado Gerson Claro (PP), exerceu a função de governador interino de 23 de dezembro de 2024 a 1º de janeiro de 2025. Em seguida, Barbosinha assumiu o governo de 1º a 14 de janeiro de 2025.

A segunda licença de Riedel foi de 13 a 20 de abril de 2025, quando deputados estaduais o autorizaram a se ausentar do Estado e do País. Barbosinha também ficou a frente do governo neste período. Na ocasião, Riedel viajou, junto com a esposa Mônica Riedel, para a Alemanha, para visitar o filho.

A última licença foi de 9 a 12 de outubro, quando o governador acompanhou a primeira-dama, Mônica Riedel, que participou da Maratona de Chicago, nos Estados Unidos.

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