Desde o segundo semestre de 2008, a Globo aposta em séries de curta temporada em sua programação. Mas neste ano a emissora vai valorizá-las ao máximo e sua nova programação, que entra no ar a partir do próximo dia 4, mostra claramente essa escolha. Mesmo em ano de Copa do Mundo, eleições presidenciais e, por que não lembrar, de aniversário de 45 anos da rede. "Este conceito de temporadas nos dá resposta de audiência e mercado. E, do ponto de vista artístico, é muito motivacional", justifica Manoel Martins, diretor-geral de Entretenimento da Globo.
Além das séries já conhecidas "A grande família" – há 10 anos no ar –, "Aline", "Os caras de pau" e "Força-tarefa", o público poderá conferir, ao longo do ano, o lançamento das novas "S.O.S. emergência", "A vida alheia", "Separação", "Justiça para todos", "A cura" e "As cariocas". A última marca a volta do diretor Daniel Filho à emissora, enquanto a penúltima explora mais uma vez o autor João Emanuel Carneiro, tratado pela Globo como revelação entre os autores, estreando neste formato. "A ideia é explorar mais o lado fantástico, o que pode se aproximar um pouco de um filme de terror", explica João. Séries jornalísticas também ganham mais espaço na grade com a estreia do "Globo mar", com nove episódios sobre o litoral brasileiro, e, posteriormente, do "Nós, brasileiros", com histórias de solidariedade e superação de pessoas anônimas.
Sobre o mundial de futebol, poucos detalhes são revelados. Sabe-se que a Globo pretende exibir 56 dos 64 jogos previstos, alguns deles utilizando a tecnologia 3D. "Pensamos em testar antes da Copa, em alguma partida, para entender melhor o processo", adianta Carlos Henrique Schroder, diretor-geral de Jornalismo e Esportes. Segundo ele, 120 profissionais cobrirão a seleção brasileira e as outras equipes. Além disso, três unidades móveis – capazes de captar, editar e transmitir imagens fora dos estúdios – serão disponibilizadas para o evento. "Estaremos preparados para entrar a qualquer hora com informação de qualidade para o telespectador", garante. No jornalismo, Fátima Bernardes e William Waack apresentarão, respectivamente, o "Jornal nacional" e o "Jornal da Globo" da África do Sul, onde acontecerão os jogos.
Já em relação às eleições, exceto pelas conhecidas promessas de uma cobertura completa e repleta de comentaristas e entrevistados na bancada, pouco se adianta a respeito do que realmente será feito. "Temos um projeto que deve ser revolucionário na cobertura eleitoral da televisão, mas por ser fácil de fazer, preferimos não comentar nada. Só o que podemos informar é que se trata de uma ação muito ambiciosa", desconversa Octávio Florisbal, diretor-geral da Globo.
O que costuma ser um grande problema em ano de Copa do Mundo não deve prejudicar a emissora em 2010. As transmissões dos jogos devem acontecer às 11h e às 15h, deixando a grade da emissora sem grandes alterações a partir das 17h30min. "Vamos transmitir quase todos os jogos, mas tentaremos anter a grade o mais sólida possível. O horário nobre será mantido, já que as competições acontecerão nos períodos matutinos e vespertinos", analisa Roberto Buzzoni, diretor da Central Globo de Programação. Além da proposta de fazer a audiência crescer – já que as tardes e manhãs podem ganhar pontos com as transmissões da Copa –, o mundial de futebol também garante um começo de ano farto para a emissora. "O primeiro bimestre foi muito bom para o mercado publicitário como um todo. A Globo alcançou, neste período, 30% de crescimento. E, além da Copa, o primeiro semestre ainda terá antecipação de verba dos governos por causa das eleições", valoriza Willy Haas, diretor-geral de Comercialização.