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Obituário

Morre o ex-presidente Itamar Franco

Morre o ex-presidente Itamar Franco

O Globo

02/07/2011 - 10h20
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O senador e ex-presidente Itamar Franco morreu neste sábado, aos 81 anos, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Ele foi diagnosticado com leucemia e estava internado desde o dia 21 de maio. Na sexta-feira, o estado de saúde do ex- presidente piorou e foi levado para a UTI, com pneumonia grave. De acordo com o boletim médico divulgado na sexta-feira, Itamar respirava por aparelhos.

Itamar Augusto Cautiero Franco talvez seja o único mineiro que tenha nascido em alto-mar. Foi em junho de 1930, quando sua mãe viajava em um navio do Rio de Janeiro para Salvador e por isso foi obrigada a registrar o filho na capital baiana. No ano seguinte, o "erro" seria corrigido com o registro da certidão de batismo, que traz Juiz de Fora como sua verdadeira terra natal.

Na cidade mais importante da Zona da Mata mineira Itamar viveu a infância e a juventude ao lado da maior parte de sua família. Era órfão do pai, que morreu antes que ele nascesse. Descendente de italianos, a mãe Itália Cautieiro passou um dobrado para manter a família com a venda de marmitas. Ela morreu em 1992, vinte dias antes da posse oficial do filho caçula como presidente da República do Brasil. Mas essa é outra história.

Itamar gostava de jogar basquete. No fim da adolescência, escolheu seguir a profissão do pai e formou-se em Engenharia Civil e Eletrotécnica na Universidade Federal de Juiz de Fora. No entanto, a militância estudantil no Diretório Acadêmico foi mais prolífica do que a lida com planilhas e cálculos, ainda que no início da carreira o tino para a política tão parecesse algo tão definitivo: aos 28 anos candidatou-se a vereador pelo PTB e perdeu as eleições. O mesmo ocorreu quatro anos depois, quando tentou ser vice-prefeito.

Por ser amigo do governador mineiro Magalhães Pinto, sobreviveu ao golpe de 1964 e não foi cassado, como ocorreu com a maior parte dos colegas do PTB. A primeira vitória chegaria em pouco tempo. Filiado ao MDB, foi escolhido prefeito de Juiz de Fora em 1966, feito que se repetiria em 1972, ao ser reeleito. Como administrador da sua cidade de coração, dividiu a experiência de poder com figuras que vinte anos depois escolheria para ocupar cargos chaves no Planalto Central, como o professor Murilo Hingel (futuro ministro da educação), Mauro Durante (futuro secretário-geral), Djalma Moraes (Comunicações), Alexis Stepanenko (Planejamento) e a família de Henrique Hargreaves (Casa Civil).

No governo federal, formariam juntos o núcleo daquela que viria a ser conhecida conhecida como a República de Juiz de Fora, ou República do Pão de Queijo. Mas ainda chegaremos lá.
Itamar Franco era daqueles tipos de líder que não se isolam na hora de tomar decisões - no seu caso, quase todas cheias de suspense e emoção. Preferia estar cercado por colaboradores e mantinha o hábito de consultar pessoas simples - do garçom do cafezinho à faxineira - para arejar a mente ao ser desafiado a tomar medidas complexas.

Já era assim em 1974, quando exercia o segundo mandato como prefeito e decidiu renunciar para concorrer ao Senado pelo mesmo MDB. A decisão final só veio depois de ouvir a opinião do seu motorista, minutos antes do prazo.

- A vontade dele sempre prevalecia no final, apesar de ser um bom ouvinte e não ter vergonha de voltar atrás - lembra e contemporiza o fiel escudeiro Henrique Hargreaves.
Naquele tempo também era possível observar os primeiros sinais da estrela que carregaria por toda vida: algo que muitos chamariam de senso de oportunidade, outros classificariam como pura sorte. As chances de vitória na disputa pelo Senado eram as mais remotas.

O candidato natural do MDB era Tancredo Neves, mas o mineiro temia perder para o candidato do partido do Regime Militar, a Arena, por isso lançou Itamar ao sacrifício. Na hora das urnas, a oposição surpreendeu em todo o Brasil. Itamar foi eleito por Minas e repetiu a dose em 1982, com o partido já renomeado como PMDB.

Perdeu o controle da legenda em Minas em 1986 e tentou o governo do Estado pelo PL. Mas foi derrotado por Newton Cardoso, justamente o candidato do PMDB. Voltou para o Senado e encerrou o mandato com a participação na Assembleia Constituinte de 1987 no currículo.

Desde a época em que era prefeito, Itamar gostava de dizer que se considerava um político de esquerda, embora pouquíssimas vezes tenha composto com os partidos mais tradicionais deste campo. Foi mais eficiente que os colegas na hora de reforçar a imagem de político com postura pública marcada pela seriedade e a austeridade. S

Surpreendeu a muitos correligionários quando aceitou ser vice candidato na chapa de Fernando Collor (PRB) à Presidência, em 1989. Mas era a única e melhor chance de alcançar o cargo máximo da República, o que viria a acontecer em pouco tempo.

O temperamento intempestivo do mineiro e do cabeça da chapa não poderia ter outro resultado: desde a campanha os dois se desentendiam com frequência e o clima não ficou melhor quando Collor assumiu o cargo. Itamar sempre foi uma pessoa difícil de lidar. Não era vaidoso. Mas orgulhoso, sensível a críticas e muito agarrado às suas causas.

Achava que era perseguição Collor escolher justamente a Usiminas na primeira etapa de um processo de privatização, ao qual se opunha inicialmente. Quando contrariado, tremia até o topete (mantido desde a juventude e sem adição de produtos de beleza, garantem os mais próximos).

Um ano e meio depois da eleição, escândalos de corrupção envolvendo pessoas diretamente ligadas ao presidente começaram a manchar o mandato e meses antes do impeachment de Collor Itamar percebia que a situação era insustentável.

Naquela época já reunia auxiliares para que diagnosticassem os principais problemas do país e iniciassem um desenho do que poderia vir a ser o seu governo. Com o afastamento definitivo de Collor, assumiu o cargo apoiado por um amplo leque partidário, num esforço claro para manutenção da ordem democrática há tão pouco tempo conquistada.

- Pode orgulhar-se a Nação capaz de dominar as suas mais graves crises políticas na ordem da Lei. Sábio é o povo que, na conquista e preservação de sua própria liberdade, expressa veemência no clamor das ruas e na serenidade de seus atos - discursou pela primeira vez na TV como presidente, às vésperas da passagem de 92 para 93.

Apesar da amplitude de apoio ao seu governo, o núcleo duro era mesmo formado pelos amigos do tempo de Juiz de Fora, somados a poucos parceiros da época do Senado, como Maurício Corrêa, que viria a ser nomeado ministro da Justiça. Não havia outro jeito, afinal, conhecia pouca gente no Rio ou São Paulo, e não tinha canais com o mundo acadêmico, empresarial ou sindical.

Até mesmo no mundo político sua base era considerada precária e pouco capilarizada. Ainda assim Itamar foi hábil suficiente para garantir a estabilidade política do país depois do maior escândalo político da vida nacional.

O núcleo estava sempre por perto e o aconselhava, mas não foi capaz de evitar um dos episódios mais curiosos do período. Com o suspeito argumento de que o último presidente a participar do carnaval teria sido Hermes da Fonseca, em 1913, Itamar partiu para o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro em fevereiro de 1994, onde protagonizou cena inesquecível ao lado da "modelo" cearense Lilian Ramos, de 27 anos.

O encontro ficou famoso por causa de uma ausência: a calcinha da jovem com quem sambou, trocou palavras de pé de ouvido e até telefones. Jantariam na noite seguinte, se a imagem do presidente da República em flerte explícito com uma mulher seminua não tivesse rodado o mundo e instalado uma crise que, no fim das contas, só serviu para encerrar abruptamente o romance.

No seu governo a população participou do plebiscito que reafirmou a escolha do regime presidencialista para o país. Promoveu o fim da hiperinflação (que chegava a 1.100% em 1992) ao executar o Plano Real. A medida foi gestada por quase um ano por um grupo de economistas e colocado a cabo pelo sociólogo Fernando Henrique Cardoso, indicado por Itamar para o Ministério da Fazenda.

O plano garantiu a normalização da atividade econômica e permitiria, e nos anos seguintes, a retomada do desenvolvimento econômico e social do Brasil. Esta conquista sempre foi até o fim da vida o seu maior motivo de orgulho. 

RODOVIAS

Investimentos em rodovias de MS alcançam os R$ 249 mi em 2024

Os números levam em conta apenas a MS-306 e a MS-112, ambas administradas pela concessionária MS Way, divididos em R$ 107 milhões e R$ 142 milhões, respectivamente

23/12/2024 11h00

Trecho da MS-306 em Chapadão do Sul

Trecho da MS-306 em Chapadão do Sul Foto: Saul Schramm

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O governo estadual divulgou, nesta segunda-feira (23), o balanço anual de investimentos para melhorias na segurança e fiscalização das rodovias estaduais, mais especificamente na MS-306 e no sistema rodoviário MS-112/BR-158/BR-436, ambas administradas pela concessionária Way Brasil.

Segundo os dados fornecidos pelo executivo estadual, os investimentos ultrapassam a casa dos R$ 249 milhões, sendo R$ 107 milhões para a MS-306 e o restante (R$ 142 milhões) para a MS-112, que é integrada às BR-158 e BR-436. 

A MS-306, que se estende por 218 quilômetros, ligando Costa Rica a Cassilândia e passando por Chapadão do Sul, recebeu este ano 108,52 km de acostamento, 4,3 km de faixas adicionais, três obras de arte especiais com alargamento em pontos críticos e 12,3 km do contorno de Chapadão do Sul, obra inaugurada em outubro. Além das manutenções estruturais, também foram feitas fiscalizações no local.

Já os R$ 142 milhões para MS-112 (integrada às BR-158 e BR-436), que vai do entroncamento com a BR-158 (Três Lagoas) até o entroncamento com a BR-158 (Cassilândia), foram aplicados em microrrevestimento e recomposição de pista.

Pedágio novo e antigo

No dia 11 de fevereiro deste ano, cinco praças de pedágio, instaladas nas rodovias MS-112 e BR-158, iniciaram a cobrança. A tarifa básica, aplicada a veículos de passeio, é de R$ 12,90, com preços diferenciados para outras categorias.

O pagamento nas cabines manuais pode ser feito por meio de dinheiro, cartão de crédito e débito, Visa Vale Pedágio e DBTrans.

Há também pista de cobrança automática, com 5% de desconto no valor da tarifa. Para utilizar esta modalidade, o usuário deve se consultar as empresas que oferecem meio de pagamento eletrônico, como Conectcar, Greenpass, Sem Parar, Move Mais e Veloe.

Na MS-306, o pedágio já é cobrado desde abril de 2021, um ano depois do começo da sua privatização. Em cada uma das praças o motorista de carro de passeio é obrigado a desembolsar R$ 12,20, ou R$ 36,60 pela rodovia inteira. 

Isso equivale a R$ 0,1678 por quilômetro. Para efeito de comparação, na BR-163, onde existem em torno de 160 quilômetros duplicados, o valor do pedágio é de R$ 0,0851. Ou seja, o custo do pedágio na rodovia estadual é 100% maior. 

Dados - acidentes em MS

Segundo números do Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO), fornecido pelo Governo Federal, de janeiro até agosto deste ano foram registrados 15.231 acidentes em rodovias no Mato Grosso do Sul, com 135 óbitos e uma taxa de mortalidade de 0,79%, além de terem deixado 28.852 feridos ou ilesos das pessoas envolvidas nos sinistros.

Mesmo sem os dados atualizados de setembro a dezembro, a série histórica (de 2018 a 2023) mostra que neste último trimestre do ano há, em média, 6.641 acidentes, cerca de 1.660 acidentes em cada um dos meses citados. Além disso, apresenta uma taxa de mortalidade alta, de 0,85%.

Essa alta do último trimestre em comparação com o restante do ano está diretamente relacionado com o aumento no tráfego neste período, muito em consideração com os feriados, como Natal e Ano Novo, que aumentam a taxa de viagens e, consequentemente, a de acidentes também.

Saiba

Em março do ano passado, o Governo do Mato Grosso do Sul e o Grupo Way Brasil assinaram o contrato de concessão da MS-112 e trechos das rodovias federais BR-158 e BR-436. A concessionária administra 412,8 quilômetros de estradas no Estado, que passam pelas cidades de Cassilândia, Paranaíba, Aparecida do Taboado, Inocência, Selvíria e Três Lagoas, região nordeste do Estado.

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MAIS UM CASO

Mulher é morta com 10 facadas em aldeia de MS, 32º feminicídio de 2024

Suspeito de 23 anos foi preso em flagrante pela morte da esposa, de 22, longe cerca de 428 quilômetros da Capital de Mato Grosso do Sul

23/12/2024 10h32

Discussão inicial teria acontecido entre os dois já no caminho da aldeia, com o acusado pegando uma faca assim que chegaram na residência

Discussão inicial teria acontecido entre os dois já no caminho da aldeia, com o acusado pegando uma faca assim que chegaram na residência Reprodução/PCMS

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Com 2024 prestes a chegar ao fim, os números de feminicídio deste ano seguem em contagem com mais um mulher morta, aos 22 anos em uma aldeia indígena no interior de Mato Grosso do Sul, sendo a 32ª vítima desse crime desde janeiro. 

Informações repassadas pela Polícia Civil mostram que o crime, registrado na manhã de ontem (22), aconteceu na aldeia indígena Porto Lindo, que fica no município de Japorã, que fica aproximadamente 428 km de Campo Grande. 

Em nota, a PC evidencia que essa jovem, Cintia Martins, de 22 anos, foi morta pelo então companheiro, que é um ano mais velho que a vítima, após o casal sair de uma festa na noite anterior. 

O caso

Uma discussão inicial teria acontecido entre os dois já no caminho da aldeia, com o acusado pegando uma faca assim que chegaram na residência, enquanto a mulher teria ido se deitar na cama. 

Segundo narra a Polícia Civil, com a arma em mãos, foram vários golpes desferidos contra a mulher, que foi atingida na região da face, pescoço e tórax. 

Houve tentativa de socorro, com a mulher sendo levada até um hospital no município de Iguatemi, onde não conseguiu resistir aos ferimentos. 

Diante do crime, agentes policiais das delegacias tanto de Iguatemi quanto de Japorã foram acionados para localizar o suspeito, que foi preso em flagrante e confessou ter matado a mulher, indicando inclusive onde estava a arma usada.

Escalada de violência

Há menos de sete dias houve operação da Polícia Civil em Mato Grosso do Sul, quando as autoridades ligadas à segurança pública notaram a elevação dos índices e agiram na intenção de "frear" esse avanço dos feminicídios no Estado. 

Na ocasião, mais de 50 homens estavam sob a mira das autoridades de segurança, procurados por crimes como: 

  • Feminicídios, 
  • Tentativa de feminicídios, 
  • Ameaça, 
  • Violência doméstica, etc. 

Além disso, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul, dos quais 12 deles foram concentrados na Cidade Morena, sendo um único preso em Campo Grande por: violência doméstica e familiar, lesão corporal, ameaça e injúria. 

Desde a instituição da "Lei do Feminicídio" (n.º 13.104/2015), os números desse crime em Mato Grosso do Sul apresentam perfil oscilante, com o primeiro ano dessa legislação à época encerrando com 18 mulheres mortas. 

30º feminicídio registrado em 2024 foi a morte da mulher de 56 anos, identificada como Sueli Maria, assassinada ainda no último dia 17 de novembro, quando Mato Grosso do Sul alcançou o mesmo índice  que havia registrado no ano passado. 

Quando ainda restava pouco mais de um mês para o fim de 2024, em 28 de novembro, Mato Grosso do Sul já ultrapassava o total de feminicídios registrados no Estado em 2023, sendo Vanderli Gonçalves dos Santos a 31ª mulher morta em MS neste ano. 

 

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