Hospital tem procedimentos paralisados desde agosto do ano passado, mas afirmou que até o fim deste mês pagará o que deve aos médicos e retornará com eletivas
A Santa Casa de Campo Grande promete retomar as cirurgias eletivas em maio deste ano, depois de quase nove meses com alguns tipos de procedimentos paralisados no hospital. A unidade afirmou que ainda nesta semana deverá pagar o devido à equipe médica, retomando assim os procedimentos.
Em crise financeira, a Santa Casa de Campo Grande tem enfrentado problemas na realização de cirurgias eletivas desde o ano passado. Os primeiros procedimentos a serem paralisados foram a cirurgia geral e do aparelho digestivo, que foram interrompidos em agosto do ano passado. Eles teriam sido retomados em janeiro deste ano, porém, todas as cirurgias eletivas foram paralisadas em fevereiro.
“Informamos que o acordo estabelecido entre a administração da Santa Casa e as equipes médicas prevê o retorno dos atendimentos eletivos e ambulatoriais a partir da quitação da segunda competência financeira em atraso. Inicialmente, existiam quatro competências pendentes com os profissionais médicos; uma dessas já foi liquidada, graças ao suporte financeiro dos governos estadual e municipal. A segunda competência, conforme acordado, será quitada até o fim deste mês”, disse o hospital, em nota.
“Após a comprovação do pagamento da segunda competência, o compromisso firmado entre as equipes médicas e a direção da Santa Casa assegura o retorno integral às atividades, incluindo a realização de ambulatórios e cirurgias eletivas, com expectativa de normalização completa dos atendimentos”, completou.
Matéria do Correio do Estado publicada em fevereiro deste ano mostrou que vários procedimentos eletivos já haviam sido paralisados no ano passado. Além da cirurgia geral e do aparelho digestivo, também estavam parados desde o ano passado as cirurgias nas áreas de ortopedia, cardiologia pediátrica, urologia, cirurgia plástica e cardiovasculares.
Na época, pelo menos 420 procedimentos ortopédicos, que incluíam consultas e pré-operatórios, não eram realizados desde 3 de setembro de 2024.
A reportagem também mostrou que pelo menos 112 procedimentos de cardiologia pediátrica deixaram de ser realizados desde 7 de janeiro até o fim de fevereiro deste ano.
“A direção da Santa Casa reconhece que ainda há interrupção de algumas cirurgias de equipes específicas, relacionadas aos atendimentos ambulatoriais e eletivos. Entretanto, ressaltamos que os serviços de urgência e emergência permanecem ativos, sem nenhuma alteração”, declarou o centro médico.
Porém, o hospital afirmou que todos esses procedimentos devem ser retomados com o pagamento das equipes médicas, que deverá acontecer nesta semana. No entanto, a Santa Casa afirmou que não tem como dar uma data exata para o retorno dos procedimentos.
“Por fim, esclarecemos que a previsão exata para o pagamento depende dos recursos advindos do poder público e do planejamento financeiro da instituição. A Santa Casa reafirma seu compromisso em solucionar a questão com celeridade, garantindo a continuidade dos serviços prestados à população”, disse em nota ao Correio do Estado.
PROBLEMAS FINANCEIROS
Em fevereiro deste ano, o Correio do Estado mostrou que Santa Casa de Campo Grande apresentava deficit mensal de R$ 13,2 milhões, conforme dados que a instituição apresentou ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS).
Balanço financeiro do ano passado mostrou que o hospital faturou R$ 383,5 milhões e teve custos que somaram R$ 542,4 milhões, ou seja, R$ 158,9 milhões a menos do que necessitava por ano.
Parte deste “valor faltante” seria composta por repasses da administração pública que estariam atrasados. A prefeitura estaria devendo cerca de R$ 25 milhões, por ter interrompido desde janeiro de 2023 um repasse mensal especial de R$ 1 milhão acordado em julho de 2022.
Por causa dessa situação, em fevereiro deste ano, ocorreu a paralisação total das cirurgias e, em março, o hospital pediu que o município reduzisse o envio de pacientes de urgência e emergência em função da superlotação do pronto-socorro do hospital.
A falta de insumos também foi um dos motivos para a redução dos atendimentos no hospital.
Por causa dessa situação, o governo do Estado e a bancada federal enviaram R$ 25 milhões à Santa Casa, parcelados, para o pagamento dos funcionários e a compra de medicamentos.
SAIBA
Na semana passada, o governo do Estado fez o pagamento da primeira parcela dos R$ 25 milhões prometidos ao hospital. Foram repassados R$ 8,3 milhões para o Fundo Municipal de Saúde.
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