O diretor-presidente da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg), Vinícius Leite Campos, afirmou que a falta de água em Campo Grande pode render para a concessionária de abastecimento da Capital, Águas Guariroba, uma multa superior a aplicada em 2019 pelo mesmo motivo.
Na ocasião, a multa chegou a R$ 1,3 milhão em razão do abastecimento prejudicado em alguns bairros.
“Ano passado multamos em R$ 1,3 milhão por falta de água em alguns bairros entre setembro e outubro, mas este ano, por ser uma situação mais generalizada e ser reincidente, se identificarmos que houve falta de investimento, essa multa será bem mais pesada”, explicou.
Ainda conforme Vinícius, desde 2019 a prefeitura tem cobrado um plano da concessionária que possa amenizar os problemas neste período.
“Já foram notificados sobre essa necessidade, mas ainda não apresentaram um projeto que possa solucionar o problema a curto prazo e nos próximos 20 anos”.
Por causa dessa situação, na quinta-feira (17), Campos se reuniu com o diretor-presidente da concessionária, Themis Oliveira.
De acordo com o diretor do órgão municipal, a sinalização da empresa foi que essas falhas no abastecimento são fruto do aumento no consumo em um momento de seca.
“Não nos convenceu, todo ano esse é um período que não chove e, por ser quente, aumenta consumo de água. Por isso, abrimos um procedimento para ver se a concessionária trabalha com folga no reservatório ou se está trabalhando no limite”, afirmou Campos.
Uma nova reunião entre técnicos da Agereg e da Águas Guariroba deve ocorrer hoje para apresentar os trabalhos que estão sendo feitos pela empresa.
O prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), afirmou que “oficialmente” só pode dar algum comentário após a resposta da empresa para a prefeitura. Mas ele declarou que vai continuar atuando para garantir o cumprimento do contrato às concessionárias.
“Nós multamos eles recentemente, nunca tinha sido feito por prefeito, mas é uma obrigação, nada de favor. Seria omissão e prevaricação se não fizesse”, declarou Trad.
FLAGRA
A reportagem do Correio do Estado flagrou o momento em que caminhões-pipa de uma empresa terceirizada coletavam água do Córrego Bandeira, localizado na região sul de Campo Grande.
Segundo funcionários dessa empresa, eles atuam para a concessionária de abastecimento da Capital e levariam a água para a estação de tratamento da Águas Guariroba. A cena foi vista no fim da manhã de ontem.
De acordo com funcionários que estavam na Rua Hikaru Kamiya, no Bairro Jardim das Nações, eles trabalhavam para uma empresa de São Paulo que está atuando de forma terceirizada para a Águas Guariroba.
A pessoa contou que já havia feito coleta do Balneário Atlântico, mas que naquele momento faria o trabalho no Córrego Bandeira.
Antes do registro fotográfico, a equipe já havia passado pelo local, quando havia, pelo menos, mais cinco caminhões-pipa para a coleta e uma pessoa com uniforme igual ao da concessionária de abastecimento da Capital.
Segundo informações apuradas pelo Correio do Estado, essa captação seria para irrigar canteiros de avenidas e de praças e não para abastecimento de água para a população.
Em contato com a empresa, entretanto, a assessoria de imprensa negou que houvesse coleta feita naquele local e informou que os trabalhos têm se concentrado somente no Balneário Atlântico, conforme noticiou a edição de quinta-feira do Correio do Estado.
A Águas Guariroba ainda afirmou que todos os veículos, terceirizados ou não, que estão a serviço da concessionária têm a logo da empresa estampada no caminhão.
No caso dos carros flagrados pela reportagem, a logo estampada era da concessionária de São Paulo, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
FALTA DE ÁGUA
Há pelo menos 15 dias vários bairros de Campo Grande têm sofrido com a falta de água, principalmente aos fins de semana.
Em comunicado divulgado no sábado (12), a empresa informou que a falta de água seria nas regiões do Bairro Taveirópolis (Vila Bandeirantes, Taquarussu, Amambai e Caiçara) e Pioneiros (Botafogo, Ouro Preto, Vila Adelina, Jardim Aero Rancho, Centenário, Parati e Guanandi I).
Além do Coophasul (Santa Luzia, Parque do Azaléia, Parque dos Laranjais, Coophasul, Vila Marli, Vila Neusa, Sírio-Libanês, Santa Carmélia e Manoel Taveira) Paulo Coelho (Jardim Centro-Oeste, Jardim Canguru, Cidade Morena e Moreninha 1, 2, 3 e 4).
Porém, moradores de outras regiões relataram o mesmo problema. Segundo Campos, a ouvidoria do órgão tem recebido diversas reclamações de falta de água ao longo desta semana.
Comunicado
Sobre a coleta no Balneário Atlântico, a Águas Guariroba afirmou que “está adotando ações para garantir a segurança operacional durante o período crítico de calor e estiagem”.
A empresa continua a nota dizendo que incluiu, de forma temporária, “novas fontes de captação de água e utilização de transporte por caminhão-pipa até a Estação de Tratamento de Água (ETA) Guariroba, sendo deliberado por lei em situações de emergência, como é o caso de MS”.
*Colaborou Álvaro Rezende