BRASÍLIA
O vice-presidente da República, José Alencar, considerou a violência "altamente preocupante" e disse que manteve a calma durante a tentativa do golpe de falso sequestro da qual foi vítima no domingo, quando estava no Rio de Janeiro. Alencar relatou: "Eu estava sozinho, em casa (apartamento), e atendi um cidadão dizendo que havia sequestrado minha filha. Ele a colocou no telefone, ela chorou e disse: papai, eu fui assaltada. E eu tinha absoluta segurança de que era ela, pela voz. Então, eu dialoguei com o camarada por algum tempo, com paciência, e no fim acabou tudo bem", contou.
Alencar afirmou que o interlocutor lhe pediu R$ 50 mil e que travou o seguinte diálogo com o suposto sequestrador: "Eu disse para ele: eu não tenho nada aqui, eu estou no Rio, eu não tenho dinheiro aqui. ‘Não tem joia?’ (perguntou). Eu disse, não tem joia. ‘Mas sua mulher não tem joia?’ Não tem joia, ela não usa joia. ‘Qual é a atividade do senhor?’ Eu disse: eu sou vice-presidente da República. Ele disse assim: ‘O quê?’ Eu sou o vice-presidente da República. ‘Qual é o nome do senhor?’ José Alencar Gomes da Silva. E nisso chegou o meu pessoal, a Marisa e as meninas, elas ligaram para a Maria da Graça, minha filha. Ela estava em casa, tudo bem".
Alencar observou que o interlocutor "ficou na dúvida" quanto estar falando com o vice-presidente. "Papai nos ensinava uma coisa muito importante. Papai ensinava que o desespero não ajuda. Então eu tive calma. Tudo bem, passou". Segundo Alencar, não houve tempo para nenhum pagamento.
O vice-presidente contou o episódio ao chegar ontem na Câmara, onde foi homenageado em sessão solene. No início da sessão, um breve vídeo sobre Alencar, com depoimentos de amigos e de parentes, emocionou o vice-presidente. A cerimônia atraiu o primeiro escalão do governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi representado pelo secretário-geral da Presidência, ministro Luiz Dulci. Também estavam no plenário o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, o ministro da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, e o chefe do gabinete pessoal do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho.
A pré-candidata petista à presidência e ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, chegou à sessão ao lado do deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e do senador Hélio Costa (PMDB-MG). Os dois são candidatos em seus estados, contrariando o desejo do PT. Na Bahia, Geddel vai disputar com o governador Jaques Wagner. Em Minas, Hélio Costa e o PT disputam a candidatura ao governo do Estado dentro da aliança PT-PMDB.