Com a precipitação que ultrapassou os 100 mm entre quarta-feira e quinta-feira, Campo Grande teve trechos de pavimentação levados pela força da água
Perto dos 1.000 milímetros este ano, as chuvas evidenciam ainda mais os buracos no asfalto em Campo Grande. Em conversa com o Correio do Estado, Marcelo Miglioli, titular da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), afirmou que o problema não será solucionado enquanto a situação financeira do Município não for regularizada.
“Os buracos nas vias tendem a demorar mais para serem resolvidos, nós estamos com o serviço de tapa-buraco, mas muito aquém do que a gente gostaria e, enquanto não conseguirmos equalizar o financeiro, essa situação deve continuar”, disse o secretário à reportagem.
Na semana passada, quando foi convidado a participar de uma audiência na Câmara Municipal, Miglioli já havia afirmado que os buracos são “o maior problema que Campo Grande tem na parte de zeladoria da cidade” e acrescentou que “não se corrige problemas históricos de mais de 30 anos em apenas um ou dois anos”.
Com a dificuldade em captar recursos financeiros, as dívidas com as empresas que fornecem o serviço de tapa-buracos só aumenta, o que faz a Sisep realizar revezamento de dias e regiões onde serão feitos os serviços.
“A hora que nós colocarmos em ordem essa questão financeira, nós vamos ter todas [equipes] trabalhando simultaneamente e em ritmo acelerado”.
Como um dos exemplos de asfalto em condição ruim, o secretário menciona a Avenida Mascarenhas de Moraes, onde ele diz que é “preciso ser feito um projeto maior, com drenagem e uma melhor infraestrutura de pista, para isso, são necessários R$ 22 milhões”. Miglioli afirma que está buscando conseguir esse recurso.
Porém, depois, ele reafirma a falta de recurso para realizar todas as demandas que a Capital precisa e diz que a prioridade são áreas de urgência.
“A gente não tem estrutura própria para resolver esses problemas no asfalto, mas, dentro do que está disponível pelas empresas, estamos solucionando o que for prioridade, como as avenidas principais. Estamos trabalhando em ritmo forte, as questões mais emergenciais a gente está tentando resolver primeiro”, reforçou.
CHUVAS
Antes mesmo de conseguir resolver os problemas causados pela chuva da semana passada, a precipitação que caiu entre a noite de quarta-feira e ontem causou mais problemas na Capital.
De acordo com dados do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS), Campo Grande registrou 111,4 mm de chuva de quarta-feira até as 15h30min de quinta-feira. A Capital foi a recordista do Estado no quesito.
Em levantamento realizado pela reportagem, com base em números do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Cemtec-MS, foi revelado que este ano, ainda a cerca de 45 dias de terminar, já superou o total de precipitação registrado em 2024: 922,4 mm, contra 780,6 mm (uma diferença de 18,17%).
Porém, mesmo que este ano demonstre que deverá ultrapassar a barreira dos 1.000 mm de chuva, ainda estaria longe do catalogado de 2020 a 2023, quando a Capital chegou a alcançar incríveis 1.503,4 mm, volume levemente maior que a normal climatológica – média estatística de um elemento meteorológico (como temperatura, chuva, vento) calculada ao longo de um período padrão de 30 anos –, que no caso de Campo Grande é de 1.455,3 mm.
Como era de se esperar, a forte chuva causou estragos em várias regiões de Campo Grande. Na rotatória entre as Avenidas Ernesto Geisel e Rachid Neder, uma árvore de grande porte caiu, arrastando fios de energia e rompendo um poste de luz, que acabou atingindo o totem da floricultura Jatobá Park.
Na tarde de ontem, com o retorno da chuva após horas de hiato, a Avenida Rachid Neder, mais uma vez, transformou-se em um rio de águas lamacentas. O Córrego Segredo transbordou e alagou a Avenida Ernesto Geisel.
O alagamento deixou uma mulher e sua filha, uma criança de colo, isoladas em um carro no meio da enxurrada. As duas tiveram que ser socorridas por um homem em um trator.
Marcelo Miglioli comentou a situação da região. “O ponto mais crítico foi na Ernesto Geisel com a Rachid Neder, lá choveu 110 milímetros [até as 11h]. Já é uma região que fica comprometida quando chove muito, mas tivemos também quedas de árvores”, destaca.
A rotatória da Avenida Euler de Azevedo também foi tomada pela água.
A prefeita Adriane Lopes (PP) afirmou que as inundações que ocorreram, de forma específica, na Avenida Rachid Neder, em razão das fortes chuvas que caíram durante a noite são consequência da falta de envio de recursos do governo federal à cidade.
Em outro ponto da cidade, na Praça Itanhangá, carros foram arrastados pela enxurrada durante a chuva e parte da grade do local se desprendeu, ficando pendurada. Também houve registro de queda de árvore na Avenida Senador Antônio Mendes Canale. Equipes da Sisep foram acionadas e realizaram a limpeza do
local.
Uma árvore de grande porte caiu sobre a fiação elétrica na Rua Goiás, no Bairro Vila Célia, provocando danos em três postes. A queda da árvore interrompeu o fornecimento de energia ao prédio de uma escola e também para parte das residências vizinhas.
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