Cidades

Trajeto casa-escola

Apesar de sancionada, Lei que prevê ônibus adaptados para PCDs não entra em vigor em Campo Grande

Norma aprovada em 2021 não foi cumprida pela Secretaria de Educação da Capital; Departamento afirma que o Consórcio Guaicurus já atende os alunos

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Após cinco meses de sanção, a Lei número 6.721, aprovada em 23 de novembro de 2021, que concede transporte adaptado para alunos considerados “pessoas com deficiência física”, (PCDs) da Rede Municipal de Ensino (Reme) de Campo Grande, não foi efetivada na Capital. 

O decreto torna possível que estudantes possam fazer o “trajeto casa-escola” de maneira mais efetiva e menos traumática, tanto para os próprios alunos quanto para os pais ou responsáveis. 

A professora de pedagogia e geografia da rede pública de Campo Grande, idealizadora do projeto, Maria Rosalina Gomes, relata estar indignada com a situação. A pedagoga afirma que o molde do programa foi inspirado na Lei trajeto casa-escola, número 265/2010 do estado de São Paulo, vigente em 645 municípios do estado desde 30 de março de 2010. 

“Observando a necessidade desses alunos fui buscar soluções voltadas às Políticas Públicas da Educação Especial. Ao perceber a falta dessas políticas, fui pesquisar o que poderia ser feito, e descobri que no estado de São Paulo existe uma. 

Conheci esse projeto de lei pessoalmente e trouxe a ideia para o nosso estado, visando a dignidade para esses alunos e mães que já tem uma vida tão sofrida.”, pontua.

De acordo com a professora, ao ser questionada pelo Ministério Público (MP), a Secretaria de Municipal de Educação (Semed) respondeu ao ofício, onde o órgão pedia esclarecimento sobre o não cumprimento da norma, dizendo que o serviço encontra-se devidamente garantido, já que não há obrigatoriedade de buscar o aluno e levá-lo de volta à residência.

A secretaria acrescentou que os alunos matriculados na Reme têm acesso gratuito ao transporte escolar público, com direito a acompanhante, desde que seja portador da carteirinha de identificação.

A repartição conclui, ainda, que Campo Grande dispõe de uma frota de ônibus coletivo 100% adaptados para acolher pessoas com deficiência física ou com mobilidade reduzida. 

As adaptações impostas pela Lei número 6.721 de Campo Grande, entende como meio de transporte adaptado os seguintes veículos: ônibus, vans, kombis, ou similares, que disponibilizem rampas e espaços para cadeirantes, bancos estofados, corrimãos de apoio, entre outras adequações. 

Maria Rosalina Gomes ressalta que não reconhece os veículos do Consórcio Guaicurus como ônibus adequados para o transporte de PCDs.

“A frota de ônibus citada pela Secretária de Educação, é o transporte coletivo, que não é adequado nem mesmo para a população que é considerada "normal", quanto mais para um aluno com necessidades especiais.”, frisa.

O responsável por apresentar o projeto à Câmara de Campo Grande, vereador Ronilço Guerreiro (Podemos), relatou, na época da sanção da lei, que a iniciativa era parte da ação que a população precisava e, que não acreditava na possibilidade de problemas futuros com a proposta.

“Tenho certeza que em breve essa lei estará regulamentada. Para colocar em prática a prefeitura da Capital pode usar recursos do Fundeb, de projetos federais de transporte escolar e inclusivo, bem como do orçamento, onde podemos até fazer suplementação no orçamento. Então acredito que não teremos problemas”, disse o vereador.

De acordo com a professora Maria Rosalina Gomes, o parlamentar Ronilço Guerreiro conversou com a então vice-prefeita da Capital, agora chefe do paço municipal, Adriane Lopes, que se comprometeu a analisar a situação.

Pais e alunos pedem por Lei aprovada 

Josiane da Silva Moraes (43), mãe de Henrique da Silva Moraes (10) explica que o filho tem baixa visão e que o garoto não enxerga com o olho direito e com esquerdo visualiza apenas 5%. O estudante da Escola Municipal Professor Arlindo Lima, faz acompanhamento no Instituto Sul Matogrossense para Cegos Florivaldo Vargas (Ismac). 

“As ruas não tem asfalto, o ponto de ônibus é longe de casa, quando chove é muito mais difícil, pois alaga todas as ruas. É muito difícil mesmo.”, ressalta.

A professora Maria Rosalina complementa dizendo que se o transporte fosse executado esse aluno teria direito devido a sua deficiência.

“Essa mãe atravessa a cidade para levar seu filho de transporte coletivo até a escola Arlindo Lima pois lá é referência para deficiente visual.”

A estudante Larissa Souza é deficiente visual total e revela que enfrenta dificuldades no trajeto para escola. “Dependo de transporte coletivo e tenho que enfrentar muitas dificuldades, como: a superlotação dos ônibus, a falta de “senso” das pessoas, por verem que sou deficiente visual, mas mesmo assim não me darem lugar, e muitas outras coisas. O Transporte coletivo não é para alunos especiais.”, termina

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INTERIOR

Mulher é morta por ciúme em assentamento rural, o 8º feminicídio de MS

Identificado como "Bill", o homem fugiu após o crime e as equipes policiais seguem em diligência para levar o acusado à prisão

18/04/2025 10h30

 Moradora de Campo Grande estava no assentamento para visitar uma de suas comadres. 

Moradora de Campo Grande estava no assentamento para visitar uma de suas comadres.  Reprodução/PCMS

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Morta pelas mãos do então namorado após uma suposta briga por ciúmes, ontem (17) longe cerca de 70 quilômetros de Campo Grande, uma mulher de 41 anos, identificada como Ivone Barbosa da Costa, aparece como a oitava vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul. 

Conforme a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, esse feminicídio foi registrado no assentamento da zona rural de Sidrolândia batizado de Nazareth. 

Os policiais civis se juntaram aos agentes militares e Perícia Técnica, em trabalho na cena do crime durante toda a madrugada até o nascer do sol, uma vez que após o feminicídio com objeto "perfurocortante" o acusado fugiu do local. 

A polícia aponta, com base nos relatos colhidos até o momento, que a mulher de 41 anos era moradora de Campo Grande, mas estava no assentamento citado para visitar uma de suas comadres. 

A vítima fatal não estava desacompanhada, indo ao município vizinho junto de seu neto, de apenas cinco anos, além da presença do acusado pelo crime, que foi identificado até o momento apenas como "Bill". 

Morte em assentamento

Na residência da comadre, uma discussão teria começado entre os dois após o consumo de bebida alcoólica, motivada segundo apurações preliminares por ciúmes. 

Em escalada, o homem teria se munido de um "instrumento perfuro cortante", segundo a Polícia Civil em nota, e a discussão acabou resultando em agressão. 

Enquanto o conflito se desenrolava, dois filhos da dona da casa sofreram ferimentos leves ao tentarem impedir que as agressões evoluíssem. 

Com o objeto em mãos, Bill teria atingido diretamente a região da nuca de Ivone, o que fez com que a mulher de 41 anos morresse no local das agressões. 

Bill fugiu antes que a polícia e demais agentes chegassem ao local, com diligências em andamento nesta sexta-feira (18) Santa em busca da identificação e posterior prisão do acusado. 

Feminicídios em MS

Em 2025, antes dessa morte no assentamento em Sidrolândia, outras sete mulheres já haviam sido vítimas de feminicídio no Mato Grosso do Sul, como confirmado pelo painel estatístico da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). 

Pela ordem cronológica, o primeiro caso de 2025 foi a morte de Karina Corin, de 29 anos, nos primeiros dias de fevereiro, baleada na cabeça pelo ex-companheiro, Renan Dantas Valenzuela, de 31 anos. 

Já o segundo feminicídio deste ano no Estado foi a morte de Vanessa Ricarte, esfaqueada aos 42 anos, por Caio Nascimento, criminoso com passagens por roubo, tentativa de suicídio, ameaça, além de outros casos de violência doméstica contra a mãe, irmã e outras namoradas.

Após denúncia do Ministério Público de  Mato Grosso do Sul em quatro crimes, em caso de condenação e penas máximas aplicadas, o assassino de Vanessa pode pegar mais de 86 anos de cadeia, como abordado pelo Correio do Estado.

Os outros feminicídios de 2025 vitimaram: 

O sétimo caso de feminicídio registrado em 2025 foi o de Giseli Cristina Oliskowiski, morta aos 40 anos, encontrada carbonizada em um poço no bairro Aero Rancho, em Campo Grande.

 

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censo 2022

Campo Grande tem apenas a 15ª proporção de habitante por ciclovia de MS

Nacionalmente, Mato Grosso do Sul é o 19º estado com maior porcentual de vias sinalizadas para bicicletas, diz pesquisa

18/04/2025 09h30

Pesquisa mostrou que ciclovias da Capital estão em locais que atendem poucos moradores

Pesquisa mostrou que ciclovias da Capital estão em locais que atendem poucos moradores GERSON OLIVEIRA

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Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que em Campo Grande apenas 1,27% da população mora próxima à ciclovias, o que representa 4.364 moradores residentes, parâmetro que coloca a Capital na 15ª posição entre as cidades de Mato Grosso do Sul.

O levantamento é referente ao Censo Demográfico de 2022 e demonstra que, entre os municípios do Estado, destacam-se os municípios de Ivinhema, com 6,8%, e Japorã, com 6,03% de moradores que residem no entorno de domicílios com vias sinalizadas para o trânsito de bicicletas, como ciclovias, ciclofaixas ou ciclorrotas.

Dos 79 municípios do Estado, de acordo com o IBGE, em 32 não foi constatado nenhum porcentual nos quesitos pesquisados. Ou seja, os domicílios não estavam localizados em vias com alguma sinalização para o trânsito de bicicletas.

Municípios como Dourados (8º), Três Lagoas (7º) e Corumbá (4º) detém um posicionamento no contexto estadual com porcentuais maiores de sinalização cicloviária que Campo Grande.

Com apenas 110 km de ciclovia, Campo Grande ocupa a 15ª colocação entre os municípios do Estado, com porcentual de 1,27% da população residente próximo a vias com esse corredor.

A mais recente obra para ampliar as ciclovias na Capital foi a conclusão de 1,2 km de malha cicloviária na Avenida Gury Marques, mudança que ocorreu em fevereiro do ano passado. A obra foi lançada pela Prefeitura de Campo Grande em agosto de 2023, em comemoração aos 124 anos do município.

As ciclofaixas e ciclovias estão localizadas nas seguintes avenidas da Capital: Afonso Pena, Duque de Caxias, Lúdio Martins Coelho, Nasri Siufi, Fábio Zahran, Costa e Silva, Cônsul Assaf Trad, Orla Morena (Avenida Noroeste), Nelly Martins (Via Park), Rua Petrópolis, Cafezais, José Barbosa Rodrigues, Dom Antônio Barbosa, Gury Marques, do Poeta (Parque dos Poderes), Prefeito Heráclito Diniz de Figueiredo, BR 262 – sentido Indubrasil, Amaro Castro Lima, Rádio Maia, Rita Vieira e Ernesto Geisel (em frente ao Shopping Norte Sul Plaza), além da Rua da Divisão, Rua Graça Aranha e Rua Vitor Meireles.

Conforme analisa o IBGE, “de forma geral, os porcentuais de moradores residindo em vias com sinalização para bicicletas foram significativamente baixos, revelando que a infraestrutura das vias em Mato Grosso do Sul ainda é muito direcionada para veículos automotores”, descreve.

No contexto estadual, MS está na 19ª colocação no que se refere ao acesso a ciclovias pela população, com apenas 1,1% de vias sinalizadas, se comparado com as outras unidades da federação. 

NACIONAL

No contexto nacional, o levantamento do Censo 2022 mostra que a existência de via sinalizada para bicicletas no País está presente em vias onde residem 3,3 milhões de pessoas (1,9%).

Entre as unidades da federação, o índice mais elevado alcançou 5,2%, em Santa Catarina, seguido dos seguintes estados: Distrito Federal (4,1%), Ceará (3,2%), Amapá (3,1%) e Rio de Janeiro (2,5%). O menor porcentual levantado de moradores em ciclovias pertence ao Maranhão e ao Amazonas, ambos com 0,5%.
Em recorte por região, MS está à frente apenas do estado de Goiás (0,9%), enquanto o vizinho Mato Grosso detém um porcentual um pouco melhor, com 1,4%.

Já Balneário Camboriú (SC) detém o maior porcentual entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, com 14,0% dos moradores próximos a ciclovias, seguido por Florianópolis e Joinville, também de Santa Catarina, com 12,1% e 11,8%, respectivamente.

ACESSIBILIDADE

A pesquisa também traz informações sobre acessibilidade, e MS lidera entre os estados com vias com rampa para cadeirantes. Conforme informa o IBGE, no Estado, 41,05% dos moradores estão em vias urbanas cujas quadras têm rampas para cadeirantes. 

O número é o maior entre os estados, mas ainda mostra que três em cada cinco moradores não têm acesso a esse meio de acessibilidade. 

Atrás de MS vem o Paraná, com 37,33%, e o Distrito Federal, com 30,42%. Os menores valores foram vistos no Amazonas, com 5,61%, e em Pernambuco, com 6,19%.

Entre os municípios do Estado, Alcinópolis é o mais acessível em via urbana, com 69,39%, seguido por Paraíso das Águas (62,59%) e Nova Andradina (58,98%). Os registros negativos nesse quesito vêm de Miranda (5,66%), Jateí (5,79%) e Bela Vista (6,91%).

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