Artigos e Opinião

OPINIÃO

Antônio Carlos Siufi Hindo: "A gritaria da consciência e o encontro com a verdade"

Promotor de Justiça aposentado

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O mundo é completo. Tem de tudo o que a nossa pequena inteligência é capaz de entender, produzir e realizar. Quando o tema está concentrado sobre a espécie humana as surpresas são ainda maiores e surpreendentes. São as ações, os propósitos, os atos duvidosos que  são emanados das suas entranhas que apontam para essas situações de absoluto horror. A imprevisibilidade das ações humanas aliado à sua imaginação e criatividade  são os seus sustentáculos. Esses episódios chocantes estão todos os dias à nossa frente. Repito, todos os dias, infelizmente. Às vezes, com roupagens diferentes. Mas o seu propósito, não. Resulta sempre maléfico.

O caso do médico e prefeito do interior da Bahia que abusava das suas pacientes no silencio da sua oficina de trabalho, o famigerado caso, Eliza Samúdio, as atrocidades cometidas pelo médium João de Deus, o gesto monstruoso do pai que desviou os recursos financeiros conseguidos com a contribuição de familiares e amigos, para salvar a vida do seu filho, o caso recente do assassinato do ator Rafael Miguel e dos seus genitores e ainda o caso rumoroso de Suzane von Richthofen são alguns desses tristes espetáculos produzidos pelas ações e  mentes mórbidas. São seres humanos travestidos de monstros. Não temos outra forma sensata de qualifica-los. Inobstante isso não deixam de ser interessantes lições para meditação e reflexão. A gritaria da consciência dos seus autores empurra-os para o abismo. A negativa das ações não resulta suficiente para fazer descansar a consciência. Essa é uma realidade palpável e evidente. Açoita todos os dias o sentir, o pensar e o agir dos seus protagonistas. Essas ações representam um pecado contra a consciência. Torna imperdoáveis os atos. O protagonista à toda evidencia fica preso ao seu próprio destino. Esses são pequenos exemplos diante da grandeza do tema. 

Os exemplos citados, e outros tantos que poderiam ser alinhados falam mais do que as palavras.  Dão luz e norte ao entendimento que estamos esposando. A omissão também tem o seu gravame. O calvário é longo. O protagonista desses atos horrendos começa a vivenciá-lo com  a gritaria interminável da sua consciência. O desespero e a amargura passam a se constituir nos degraus anteriores da depressão. É a representação da sua própria morte física em vida. Seu alcance e profundidade não tem igual. Não oferece espaço para um pedido de clemencia. São inconciliáveis. Suas direções  são opostas. A consciência grita pelo pronto restabelecimento da verdade dos fatos. Suplica por Justiça. Essa pode ser ludibriada. Mas não derrota a consciência. São essas as suas características marcantes. Sua força mostra a torpeza do caráter humano e reflete de outro vértice a fotografia explícita da sua fraqueza. O ser humano passa a andar envergonhado. Sente-se desprezível. Perde a autoridade diante do conjunto familiar. Não tem a chancela da sociedade. Não conta com o beneplácito da população. Nesse quadro de horror surge uma verdade inquestionável.

O dinheiro não consegue comprar a paz da consciência. A maior de todas as riquezas que o ser humano pode amealhar. Não tem outra igual. Aqui essa decantada verdade existe. O tormento da consciência é a sua prova inconteste. Sua nota de culpa. Quem protagonizou ou está protagonizando esses momentos sabem muito bem do que estamos falando. Não tem como fechar os olhos para uma realidade palpável. A cumplicidade da consciência é o seu inquestionável corolário.  A conclusão  resulta lógica e indestrutível. O beijo de Judas na face do Cristo é o exemplo singular a retratar o espírito do nosso pensamento. O triste fim desse relato bíblico todos conhecem. Dispensa outros comentários.               

ARTIGOS

O papel da IA no bem-estar moderno

21/03/2025 07h45

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Os últimos anos foram marcados por transformações em várias esferas da sociedade, e um dos conceitos que mais mudou e ganhou novos significados foi o de bem-estar. Se antes ele era relacionado principalmente com a saúde mental e física, hoje em dia já abrange diversos outros fatores, como qualidade de vida, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, segurança e experiências personalizadas.

Esse cenário levou ao crescimento da economia do bem-estar, que, segundo dados do Global Wellness Institute (GWI), alcançou US$ 6,3 trilhões em 2023, montante 25% maior do que o valor avaliado em 2019 (US$ 4,9 trilhões). Para 2028, a expectativa é que o setor chegue a US$ 8,9 trilhões, o que reforça como essa pauta já é uma forte tendência.

Porém, vale destacar que os avanços nesse mercado foram possíveis, entre outros fatores, por conta da evolução da tecnologia, que ampliou o acesso a soluções inovadoras, otimizou processos e possibilitou a personalização do bem-estar de acordo com as necessidades individuais. Nesse contexto, a inteligência artificial (IA) tem desempenhado um papel fundamental, contribuindo ainda mais para que o bem-estar seja mais acessível e flexível.

Temos diversos exemplos que comprovam como as soluções inovadoras trazidas pela popularização da IA impactam diretamente o autocuidado e a forma como interagimos com o mundo: no setor da saúde, startups brasileiras como a Pipo Saúde utilizam a tecnologia para oferecer suporte a diagnósticos e otimizar o atendimento médico, permitindo que milhões de pessoas tenham acesso a serviços de saúde de forma mais eficiente. O bem-estar emocional também foi impulsionado com soluções como a da Vittude, uma plataforma que conecta pacientes a psicólogos por meio de IA, democratizando o acesso a cuidados mentais.

No que diz respeito ao bem-estar corporativo, ferramentas desenvolvidas por empresas como a Gupy ajudam organizações a monitorar o nível de satisfação dos funcionários e sugerem ações para melhorar o ambiente de trabalho, reduzindo o estresse e, consequentemente, aumentando a produtividade.

Outro exemplo do impacto positivo da IA no bem-estar moderno está na personalização do entretenimento, com plataformas como Spotify e Netflix, que usam IA para sugerir conteúdos que correspondem aos interesses do usuário, e do aprendizado, com ferramentas como o Duolingo, que usam IA para personalizar o ensino, tornando essa jornada mais eficaz e menos desgastante para os estudantes.

Acredito que essa tendência de sofisticação das tecnologias baseadas em IA vai tornar a busca pelo bem-estar completo ainda mais fácil. Desde aplicativos que monitoram padrões de sono e alimentação a assistentes virtuais que ajudam a gerenciar tarefas cotidianas, é fato que a tecnologia seguirá transformando a forma como cuidamos do nosso corpo, mente e relações.

Porém, não podemos esquecer que o segredo para o uso eficaz da IA nesse contexto inclui necessariamente o desenvolvimento ético dessas tecnologias, para que sejam seguras, inclusivas e realmente focadas no bem-estar humano.

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ARTIGOS

Financiamento rural e a reforma tributária

21/03/2025 07h15

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Os Fiagros são os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais. Criados em 2021, são ativos de investimento do agronegócio, seja de natureza imobiliária rural, seja de atividades relacionadas ao setor. O Fiagro acabou se tornando uma fonte alternativa de financiamento para o produtor rural, de modo a não depender exclusivamente dos bancos e do Plano Safra.

Entretanto, em janeiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei Complementar nº 214/2025, que regulamenta a reforma tributária, mas vetou trechos que previam a isenção de tributos para os Fiagros e para os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs). Esses trechos isentariam tais fundos da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

A justificativa do governo para o veto foi a ausência de autorização constitucional para que esses fundos não fossem considerados contribuintes do IBS e da CBS. Isso pode impactar diretamente o crédito para os produtores rurais. É uma insensatez e ilógico o que o presidente fez.

Os Fiagros são fundos em que as pessoas podem investir e que funcionam como fontes de financiamento para o agronegócio. No mundo inteiro, os fundos já são mais representativos do que os bancos. Esse tipo de fundo tem crescido bastante, pois permite também que investidores urbanos participem do setor agroindustrial, aproveitando o potencial do agronegócio brasileiro.

O Brasil conta com cinco grandes bancos e cooperativas de crédito, além de seis linhas de crédito disponíveis para o agronegócio. Há também o Plano Safra, que atende apenas uma pequena parte da produção. Dessa forma, os agricultores ficam nas mãos desses bancos e frequentemente enfrentam desafios para a concessão de crédito, tornando-se dependentes das instituições financeiras, que impõem taxas, garantias e burocracias muitas vezes incompatíveis com a realidade do setor.

Prova maior da importância de financiamentos alternativos é a notícia da suspensão do Plano Safra. O Tesouro Nacional decidiu suspender novas contratações dessas linhas de financiamento 2024-2025. A medida vale a partir de 21 de fevereiro. O governo, sempre correndo para remediar em vez de prevenir, editou a MP nº 1.289/2025, liberando 4,17 bilhões para conter a pressão do segmento. Ainda assim, é insuficiente para o que o setor demanda de fomento. 

Os fundos representam um novo universo, uma nova possibilidade de financiamento com juros menores, pois, muitas vezes, esse capital vem do exterior. Os investidores estrangeiros não estão acostumados com os juros elevados do Brasil e, portanto, taxas mais baixas já são atrativas para eles. O Fiagro é exatamente isso: uma fonte de financiamento. Além de financiar o campo, atualmente beneficia cerca de 600 mil investidores.

No momento, o Fiagro só paga imposto se houver mais de 100 cotistas no fundo, não sendo tributado pelo Imposto de Renda. Caso tenha menos de 100 cotistas, há a incidência de 15% de Imposto de Renda, cobrado apenas no momento do resgate do resultado pelo cotista. Além disso, o Fundo não paga PIS, Cofins ou ISS. Contudo, com esse veto presidencial, os Fiagros passarão a pagar os tributos previstos na reforma tributária, especificamente o IBS e a CBS. Isso significa uma alíquota de até 28,5%, o que inviabilizará completamente esses fundos.

É importante lembrar que a logística no Brasil é muito cara, os produtores gastam muito com transporte, e os custos trabalhistas e tributários são elevados. Agora, o governo tenta transferir mais essa responsabilidade para o produtor. Vale ressaltar, mais uma vez, que quanto mais difícil for a vida do produtor, mais difícil será a vida do consumidor, que verá o impacto nos preços dos produtos agropecuários nas prateleiras dos supermercados.

A nossa expectativa é que a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) manifeste firmemente sua discordância com o veto e atue no Congresso para derrubá-lo. A tributação desses fundos compromete a competitividade do setor, aumenta os custos para os produtores, reduz a oferta de crédito no agronegócio e, por consequência, eleva os preços dos alimentos para o consumidor final.

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