O mundo é completo. Tem de tudo o que a nossa pequena inteligência é capaz de entender, produzir e realizar. Quando o tema está concentrado sobre a espécie humana as surpresas são ainda maiores e surpreendentes. São as ações, os propósitos, os atos duvidosos que são emanados das suas entranhas que apontam para essas situações de absoluto horror. A imprevisibilidade das ações humanas aliado à sua imaginação e criatividade são os seus sustentáculos. Esses episódios chocantes estão todos os dias à nossa frente. Repito, todos os dias, infelizmente. Às vezes, com roupagens diferentes. Mas o seu propósito, não. Resulta sempre maléfico.
O caso do médico e prefeito do interior da Bahia que abusava das suas pacientes no silencio da sua oficina de trabalho, o famigerado caso, Eliza Samúdio, as atrocidades cometidas pelo médium João de Deus, o gesto monstruoso do pai que desviou os recursos financeiros conseguidos com a contribuição de familiares e amigos, para salvar a vida do seu filho, o caso recente do assassinato do ator Rafael Miguel e dos seus genitores e ainda o caso rumoroso de Suzane von Richthofen são alguns desses tristes espetáculos produzidos pelas ações e mentes mórbidas. São seres humanos travestidos de monstros. Não temos outra forma sensata de qualifica-los. Inobstante isso não deixam de ser interessantes lições para meditação e reflexão. A gritaria da consciência dos seus autores empurra-os para o abismo. A negativa das ações não resulta suficiente para fazer descansar a consciência. Essa é uma realidade palpável e evidente. Açoita todos os dias o sentir, o pensar e o agir dos seus protagonistas. Essas ações representam um pecado contra a consciência. Torna imperdoáveis os atos. O protagonista à toda evidencia fica preso ao seu próprio destino. Esses são pequenos exemplos diante da grandeza do tema.
Os exemplos citados, e outros tantos que poderiam ser alinhados falam mais do que as palavras. Dão luz e norte ao entendimento que estamos esposando. A omissão também tem o seu gravame. O calvário é longo. O protagonista desses atos horrendos começa a vivenciá-lo com a gritaria interminável da sua consciência. O desespero e a amargura passam a se constituir nos degraus anteriores da depressão. É a representação da sua própria morte física em vida. Seu alcance e profundidade não tem igual. Não oferece espaço para um pedido de clemencia. São inconciliáveis. Suas direções são opostas. A consciência grita pelo pronto restabelecimento da verdade dos fatos. Suplica por Justiça. Essa pode ser ludibriada. Mas não derrota a consciência. São essas as suas características marcantes. Sua força mostra a torpeza do caráter humano e reflete de outro vértice a fotografia explícita da sua fraqueza. O ser humano passa a andar envergonhado. Sente-se desprezível. Perde a autoridade diante do conjunto familiar. Não tem a chancela da sociedade. Não conta com o beneplácito da população. Nesse quadro de horror surge uma verdade inquestionável.
O dinheiro não consegue comprar a paz da consciência. A maior de todas as riquezas que o ser humano pode amealhar. Não tem outra igual. Aqui essa decantada verdade existe. O tormento da consciência é a sua prova inconteste. Sua nota de culpa. Quem protagonizou ou está protagonizando esses momentos sabem muito bem do que estamos falando. Não tem como fechar os olhos para uma realidade palpável. A cumplicidade da consciência é o seu inquestionável corolário. A conclusão resulta lógica e indestrutível. O beijo de Judas na face do Cristo é o exemplo singular a retratar o espírito do nosso pensamento. O triste fim desse relato bíblico todos conhecem. Dispensa outros comentários.