A ampliação do monitoramento eletrônico em Campo Grande, com a instalação de novas câmeras pela cidade, é uma boa notícia – e mais do que isso, um passo na direção correta. Trata-se de uma tendência global adotada por grandes centros urbanos que buscam modernizar seus sistemas de vigilância, melhorar a segurança pública e tornar o trânsito mais disciplinado. O uso da tecnologia como ferramenta de gestão urbana é uma realidade inevitável, e felizmente a capital sul-mato-grossense avança nesse caminho.
Em um primeiro momento, é natural que muitos associem a presença de câmeras apenas à aplicação de multas a motoristas infratores. É uma reação compreensível, sobretudo em uma cultura em que o trânsito ainda é, infelizmente, um dos principais ambientes de desrespeito às leis. No entanto, reduzir o papel das câmeras apenas à fiscalização veicular é enxergar uma parte pequena do seu potencial.
Sim, o controle de infrações de trânsito é uma função importante. A perspectiva de ser multado a qualquer momento e de sentir os efeitos da infração no bolso tem, comprovadamente, impacto positivo sobre o comportamento dos condutores. A longo prazo, isso deve se traduzir em menos acidentes, menos mortes e mais respeito entre os usuários das vias públicas. Mas as câmeras são, antes de tudo, instrumentos de prevenção, não apenas de punição.
O papel do monitoramento vai além. A presença das câmeras, em tempo real, pode contribuir significativamente para a segurança pública. As imagens captadas são fundamentais para a investigação de crimes, identificação de suspeitos, reconstrução de eventos e produção de provas. Casos de furtos, roubos, agressões e até desaparecimentos podem ter suas soluções aceleradas quando há imagens disponíveis. A cidade ganha um novo aliado na luta contra a criminalidade.
Mais do que isso, o registro constante da rotina urbana contribui para uma sensação maior de segurança entre os cidadãos. Embora o debate sobre privacidade seja sempre necessário – e deve continuar –, é preciso reconhecer que o uso adequado e transparente da tecnologia pode salvar vidas, evitar injustiças e aprimorar a atuação das forças de segurança.
Contudo, é essencial destacar que a tecnologia, por si só, não resolve todos os problemas. O investimento em câmeras deve vir acompanhado do cuidado com a infraestrutura básica da cidade. De nada adianta uma vigilância de ponta se as ruas estão esburacadas, mal sinalizadas ou com asfalto deteriorado. Segurança também se faz com calçadas bem cuidadas, iluminação eficiente e vias acessíveis. A urbanidade começa no chão que se pisa.
Portanto, que as câmeras tragam mais tranquilidade à vida dos campo-grandenses, mas que também sirvam de lembrança de que uma cidade segura é, acima de tudo, uma cidade bem cuidada. Que a tecnologia caminhe lado a lado com políticas públicas abrangentes, que olhem para o cidadão em todas as suas necessidades – do tráfego à segurança, da investigação ao conforto diário.