As principais mensagens que o poder público deve levar à população são as de que o crime de tráfico de drogas não compensa e de que o Brasil tem leis duras e aplicação rigorosa.
O ano de 2019 tem sido atípico no combate ao tráfico de drogas, e esta atipicidade ocorre no sentido positivo. É um ano recorde de apreensão de cocaína, droga muito mais valiosa que outros narcóticos proibidos como, por exemplo, a maconha. O leitor deste jornal sempre esteve muito atento, e muito bem informado, sobre o trabalho das polícias no combate ao tráfico de drogas. Por estarmos localizados em um estado fronteiriço com dois países “exportadores” de drogas, a divulgação das políticas públicas, as críticas ao desempenho do poder público no combate ao crime organizado e o valoroso trabalho dos policiais – com ou sem infraestrutura – sempre estiveram relatados com precisão em nossas páginas.
Nas últimas décadas, uma das maiores cobranças da população em geral para as autoridades de segurança pública foi a de prender os chefões e toda a estrutura das quadrilhas, e não somente os transportadores de droga em pequenas quantidades, sempre conhecidos pelo apelido vulgar de “mula”. É preciso reconhecer que muita coisa mudou nesta década quando nos referimos ao combate aos grandes traficantes e ao crime organizado.
As polícias têm colocado, de fato, os chefões na cadeia. Ocorreu, por exemplo, no mês passado, quando uma família inteira foi presa por comandar o tráfico internacional de cocaína. As bases da quadrilha familiar funcionavam em Campo Grande e em Santos (SP), cidade portuária de onde é despachada grande quantidade da droga produzida no Peru e na Colômbia, que passa por Paraguai e Brasil e tem países europeus como destino.
O faturamento destes criminosos é astronômico e está na casa dos bilhões – seja de dólares, seja de reais. Somente o volume de drogas apreendido neste ano representa esta cifra. Se levarmos em consideração a droga que passa e consegue chegar ao destino, a receita dos criminosos é grande.
Receita Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e polícias estaduais, como o Departamento de Operações de Fronteira (DOF) de Mato Grosso do Sul, têm papel importante no combate ao crime organizado e só conseguirão resultados ainda melhores se ampliarem – ainda mais – a integração nos trabalhos. As principais mensagens que o poder público deve levar à população são as de que o crime não compensa e de que o Brasil tem leis duras e aplicação rigorosa. Este objetivo ainda não foi atingido, mas certamente estamos melhores que antes. Os números – e os chefes de quadrilha presos – nos mostram isso.