O contribuinte já deu seu recado ao governo, que tenta recriar a CPMF: não aguenta mais tributo algum na tão pesada lista de encargos pagos ao poder público.
Ao tentar ressuscitar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), a presidente Dilma Rousseff prova que os “remédios amargos” para tirar o Brasil da crise virão em doses cavalares, ação que pode resultar em dois efeitos simultâneos: reação imediata da população atingida e sérios danos na economia.
O contribuinte já deu seu recado ao governo, de que não aguenta mais tributo algum na tão pesada lista de encargos pagos ao poder público. A administração de Dilma parece não estar conseguindo sair do buraco que ela mesma cavou durante o primeiro mandato, o qual pode ser sintetizado como uma gestão, no mínimo, irresponsável.
No primeiro mandato de Dilma Rousseff, o governo abriu mão de receita e aumentou os gastos. Grosso modo, é como se um chefe de família optasse por ganhar menos e gastar mais, na tentativa de agradar a todos os moradores da casa.
Como não é possível satisfazer todos, o governo está acuado por algo que construiu no passado. Em tempos de vacas gordas, de preços de commodities agrícolas, minério de ferro e petróleo em alta – os principais produtos de nossa pauta de exportação –, foi fácil para o Partido dos Trabalhadores fazer, inconsequentemente, manobras arriscadas, como a de aumentar gastos e reduzir impostos.
Agora, em época de vacas magras, o governo Dilma Rousseff fica sem saída. E também sem apoio para qualquer medida que venha a tomar.
Ao aumentar impostos para aliviar o caixa e elevar a arrecadação, sofre forte pressão do setor produtivo, como, por exemplo, dos grandes empresários, os que estão na linha de frente na manutenção dos índices econômicos e das taxas de emprego. Ao agir na outra ponta, cortando verba de programas sociais, sofre rejeição de sua base, que quer a manutenção dessas ações, financiadas pelos recursos dos tributos.
Praticamente sem apoio no Congresso, e sem nenhum suporte da população (tem recorde nos índices de reprovação), que, além de viver na pele a crise econômica, assiste aos escândalos intermináveis de corrupção investigados pela Polícia Federal, a presidente da República se afunda ainda mais em seu próprio poço. Seja qual for a escolha que faça, ficará sem saída.
O cidadão brasileiro, que paga em dia seus impostos e não tem culpa alguma da inépcia do governo federal, é quem sofre na pele as consequências das escolhas desastrosas da equipe econômica de Dilma Rousseff. Mesmo quem votou nela, nas últimas eleições, sente-se traído pelo Partido dos Trabalhadores, que rasgou promessas de campanha, o que é típico de estelionato eleitoral.
Há pouco espaço para manobras e negociações para Dilma Rousseff. Há, também, pouca paciência da população e nenhuma disposição em pagar mais impostos. Se a presidente já balançava há alguns meses, agora seus movimentos são muito mais arriscados rumo à queda.