Assim como o resto do País, o Estado foi impactado com a retração econômica e, hoje, a economia regional está se adequando ao cenário nacional
Mato Grosso do Sul completa 38 anos, com desafios que se assemelham – guardadas as devidas proporções – aos encontrados no período da divisão. Assim como o resto do País, o Estado foi impactado com a retração econômica e, hoje, a economia regional está se adequando ao cenário nacional, fazendo ajustes e corte de gastos. A administração estadual reduziu pessoal e está planejando pacote de tarifaços na tentativa de suprir, mesmo que parcialmente, a perspectiva de deficit nas contas em médio e longo prazo. Essa reengenharia precisa ser feita com cautela.
O Estado tem, historicamente, importante posição no cenário produtivo, já na época da divisão, sendo o terceiro maior produtor de soja, ficando atrás do Rio Grande do Sul e do Paraná, e o quinto de rebanho bovino no País. Naquela época, década de 1970, o rebanho bovino somava 9,3 milhões de cabeças de gado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais recentemente, Mato Grosso do Sul desponta na produção de outros itens, como cana-de-açúcar, que teve crescimento de 94%, e florestas, o último, com aumento da área plantada em 116%, impulsionado pela instalação de grandes empresas de celulose, principalmente na região de Três Lagoas.
Passadas quase quatro décadas, ainda estamos no ranking de produtividade, apesar das oscilações, comuns na concorrência de mercado entre os estados, além da influência dos fatores econômicos, que estão comprometendo as contas internas. A alta do dólar tem efeito cascata, com consequências desde a gestão pública até o consumidor: apesar de ter efeito positivo para as exportações, pressiona o mercado interno e aumenta inflação e, no cenário familiar, inviabiliza os planos de quem pretendia viajar para o exterior. O aumento nos custos do setor empresarial obrigou a rever a planilha de gastos e a folha de funcionários. O desemprego atinge patamares recordes e é a explicação para a grande inadimplência no varejo. A bola de neve cresceu e ainda não atingiu o ápice.
É este o cenário atual, em que Mato Grosso do Sul está inserido. O desafio da administração estadual é passar pela turbulência, equilibrar as contas e evitar estragos em longo prazo. Estima-se aumento de receita de R$ 178 milhões com o pacote de tarifas, que prevê aumento de Imposto de Transmissão Causa Morte e Doação (ITCD), que é a taxação sobre herança; redução de 15 para 20 anos das isenções para veículos, ampliando o número de contribuintes de IPVA; e taxação de supérfluos, como cigarros e bebidas. Apesar desse aporte, a previsão é de que o Estado feche o ano com deficit de R$ 450 milhões, segundo cálculos do governador Reinaldo Azambuja, em entrevista, hoje, ao Correio do Estado. Segundo ele, a diferença pode ser coberta com fiscalização mais eficiente e entrada de maior arrecadação com comércio eletrônico a partir de 2016. A conta está longe de fechar, mas é importante destacar, quando se comemora a divisão do Estado, do potencial de desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. Resta aliar essa característica a ações econômicas e políticas que auxiliam no crescimento.