Artigos e Opinião

ARTIGO

Venildo Trevisan: "Os caminhos da vida"

Frei

Redação

29/08/2015 - 00h00
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Estamos em busca de caminhos. Uns consideram que o mundo seja um verdadeiro caos onde ninguém entende ninguém, onde cada qual constrói seu mundo próprio, seu modo de pensar e sua maneira de agir. E não aceita interferência de quem quer que seja. Considera que estamos vivendo num mundo de desconhecidos e ignorados.

As leis, os princípios da moral e as instituições existem mais para inibir do que para libertar e orientar. Uma nuvem de pessimismo está pairando sobre essas cabeças e querendo perturbar os princípios e as convicções de uma convivência harmoniosa e espiritual entre os seres humanos. Esse é o modo de pensar e de interpretar a realidade de muitos entre nós.

Mas o mundo não é apenas isso. Existem grandes valores que precisam ser assumidos e elaborados para a felicidade e alegria de todos. Tudo depende da maneira com que se olha a realidade. Depende da maneira com que se percorre o caminho da sabedoria. Ela é generosa para todos os que conscientemente assumem sua historia passada e suas esperanças futuras. E elabora com discernimento o caminho pessoal sem interferir no caminho dos demais.

Ciente de suas limitações fará o máximo que estiver a seu alcance para conduzir seus projetos na construção de um ambiente saudável e seguro. Não terá medo de errar, pois saberá que o erro não interfere, mas será apenas um ponto de referencia mostrando por onde e como se deve andar; e por onde não se deve ir e agir.

Quem alimentar projetos e sonhos de valor saberá da necessidade em conviver com dúvidas e contrariedades. Pois elas constituirão uma bagagem incômoda, mas necessária para alcançar esses sonhos almejados. Serão constantes e permanentes. Mostrarão que nem tudo o que se almeja será o melhor. O melhor estará naquilo que nos for possibilitado realizar.

Se o ser humano conseguir penetrar em seus interior e detectar com naturalidade seus valores e suas fraquezas e for capaz de organizá-los, será a criatura mais feliz da face da terra. Tudo será aceito com naturalidade. Tudo será conduzido com serenidade e tudo será vivido com plena liberdade.

Mas os desafios continuam. Tanto na convivência familiar, quanto na convivência social ou religiosa as dificuldades serão sempre presença forte exigindo discernimento e paciência. Tambem em nossa formação espiritual encontraremos dificuldades e dúvidas profundas e inquietantes.

E isso é tão marcante em nosso meio que muitas pessoas por não terem uma formação mais solida facilmente abandonam o cultivo da fé e da amizade com Deus. Atribuem a ele os acidentes da vida. Julgam que ele seja alguém que determine e crie ameaças e castigos. Sua consciência não consegue aceitar que tudo seja conseqüência de uma má formação humana e religiosa.

O mundo seria um verdadeiro paraíso se os homens e as mulheres permitissem ser esclarecidos a respeito da verdade de Deus. E entenderem que esse Deus é alguém que só tem amor para dar, perdão para oferecer e misericórdia para celebrar.

Editorial

Quando a esperança pede uma pausa

A história da Malha Oeste não precisa terminar no abandono, mas também não pode continuar sendo contada apenas com promessas

14/05/2025 07h15

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Em certos momentos, parar para ajustar a esperança não é desistir, mas uma escolha prudente diante da realidade. Refrear expectativas é um gesto de maturidade coletiva, sobretudo quando se trata de políticas públicas e infraestrutura. É dessa pausa que falamos quando olhamos para o caso da Malha Oeste, ferrovia que atravessa Mato Grosso do Sul de leste a oeste e que há décadas vive em estado de abandono, sob uma concessão que pouco contribuiu para o desenvolvimento que dela se esperava.

A Rumo, atual concessionária, praticamente sucateou a estrutura da Malha Oeste. A inércia foi tamanha que, agora, o governo tenta encaminhar a relicitação da ferrovia, na tentativa de atrair novos investimentos.

Porém, sejamos francos: o trem das grandes expectativas já passa e está passando. Depois que passar, talvez ele nem volte a apitar na mesma estação. O tempo perdido foi demais. As promessas vazias, numerosas. A hesitação custou caro.

Enquanto se aguardava um plano concreto de revitalização, as empresas que poderiam justificar economicamente a reativação da ferrovia seguiram outro rumo. Literalmente. Projetos logísticos começaram a ser traçados de forma independente, como o leitor verá em outras matérias desta edição. Essa movimentação revela que o setor produtivo já não deposita confiança no futuro da Malha Oeste.

Não se trata apenas de frustração com a concessionária. A situação se agrava porque a mesma empresa que negligenciou a Malha Oeste opera, com rentabilidade e eficiência, uma ferrovia no norte do Estado. E é justamente para essa rota que as gigantes da celulose começam a voltar seus esforços logísticos, seja por trilhos ou por rodovias. O efeito dominó é claro: a Malha Oeste vai ficando para trás, esquecida nas margens da história e da competitividade.

Essa tendência é reforçada por uma conjuntura nacional nada favorável. O investimento público em infraestrutura, que já foi motor de desenvolvimento, hoje é cada vez mais raro. Os recursos mínguam e o governo federal parece mais preocupado em alimentar uma máquina pesada e ineficiente. A prioridade, ao que tudo indica, são as emendas parlamentares paroquiais, moeda de troca política que pouco ou nada contribui para transformar realidades estruturais como a da ferrovia sul-mato-grossense.

É por isso que, ao falarmos da Malha Oeste, talvez o mais honesto seja, sim, pausar. Esperar menos para sofrer menos. Não se trata de desistir de lutar por desenvolvimento ou pela reativação dos trilhos, mas de entender que, sem mudanças estruturais, tanto na forma de concessionar quanto de investir, qualquer nova esperança poderá ser apenas mais um vagão vazio passando em vão.

Cabe à sociedade civil, aos empresários e aos líderes políticos pressionar por modelos viáveis e sustentáveis. A história da Malha Oeste não precisa terminar no abandono, mas também não pode continuar sendo contada apenas com promessas. Nesse momento, a pausa na esperança pode ser o primeiro passo para, quem sabe, reconstruí-la com mais responsabilidade e realismo.

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ARTIGOS

Como a Selic a 14,75% afeta o seu bolso

13/05/2025 07h45

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O Banco Central (BC) apertou o freio na economia: elevou a taxa Selic para 14,75% ao ano, o maior nível em duas décadas. A medida é uma resposta direta à inflação que insiste em pesar no bolso do brasileiro, hoje em 5,48% – bem acima da meta oficial de 3% ao ano. Mas o que isso significa, na prática, para quem está longe dos gabinetes e mais perto do supermercado?

A lógica é simples. Quando os juros sobem, pegar dinheiro emprestado fica mais caro. Com isso, as pessoas compram menos e as empresas ficam com mais dificuldade para investir. A ideia é esfriar a economia e, assim, conter a alta dos preços. É um remédio amargo, mas, segundo a teoria, é necessário para manter a inflação sob controle e preservar o poder de compra.

Além disso, essa alta torna o Brasil mais atraente para investidores internacionais. Com juros mais altos, aplicações em reais se tornam mais lucrativas, o que ajuda a valorizar o real frente ao dólar – algo que também influencia no preço de produtos importados.

Apesar de a medida ser um esforço claro para conter a inflação, há uma pedra no caminho: os gastos do governo. Enquanto o BC tenta conter a circulação de dinheiro, políticas públicas que aumentam os gastos, como benefícios sociais ou estímulos ao consumo, podem ir na direção contrária, criando um conflito entre a política monetária (juros) e a política fiscal (gastos públicos).

Isso é chamado de paradoxo da política econômica. Traduzindo: é como tentar enxugar o chão com a torneira aberta. Se o governo gasta muito sem compensar esse aumento com receitas, a dívida pública cresce, o risco de descontrole fiscal aumenta e a inflação pode voltar com força. Nesse caso, o BC pode ser forçado a manter os juros altos por mais tempo – o que prolonga o aperto, ou a inviabilidade, para todos.

Nem todo mundo consegue “evitar dívidas” ou “planejar melhor”, como tanto se recomenda. Para milhões de brasileiros, o salário acaba antes do fim do mês e o cartão de crédito vira a única saída. Nesse cenário, o aumento da Selic é especialmente cruel.

Seguem dicas: o rotativo do cartão é uma das formas de crédito mais caras do mercado. Com juros altos, a dívida cresce em ritmo acelerado. Quem está no rotativo deve, se possível, buscar alternativas, como um empréstimo com taxas menores, por exemplo, o consignado. Fale com o seu gerente do banco para trocar dívida cara por dívida menos cara.

As compras parceladas aliviam o mês, mas podem virar armadilhas. Em tempos de Selic alta, o parcelamento costuma embutir juros cada vez mais altos. Vale fazer as contas antes de fechar a compra – e evitar parcelar bens de consumo não essenciais. Se a renda já está comprometida, negocie. Muitos bancos estão mais abertos à renegociação, especialmente diante de cenários tão desafiadores. Não hesite em buscar condições melhores para alongar ou reorganizar suas dívidas.

Sempre procure orientação. Há programas de educação financeira gratuitos que podem ajudar a organizar o orçamento e tomar decisões mais conscientes, como os oferecidos pelo BC, por cooperativas de crédito e até na internet, mas é preciso cautela com as ajudas buscadas na rede, já que aparecer pessoas que aproveitam dessa fragilidade para te vender soluções mágicas que, da noite para o dia, prometem “transformar a sua vida financeira”.

Para todos – mesmo quem não está endividado – a nova Selic tem efeitos imediatos:

  • Rotativo do cartão de crédito e cheque especial: os juros ficam ainda mais pesados. Pague o total da fatura. Nem que seja com um outro empréstimo, como disse anteriormente, “menos caro”;
  • Financiamentos e compras a prazo: o custo aumenta. Reavalie o momento e a prioridade;
  • Compras do dia a dia: a inflação ainda está presente. Vale comparar preços, trocar marcas e cortar excessos. Evite compras impulsivas;
  • Investimentos: o momento favorece aplicações conservadoras como Tesouro Selic ou CDBs de liquidez diária, que rendem mais com a Selic alta.

O Banco Central já deixou claro que, se a inflação não ceder, os juros podem subir mais. Mas manter a Selic nas alturas por muito tempo traz seus próprios riscos, como frear demais a economia e afetar o emprego.

O equilíbrio entre segurar os preços e cuidar das contas públicas é delicado – e fundamental para que a economia volte a crescer sem penalizar ainda mais quem já está no limite. Enquanto isso, o brasileiro segue entre o aperto e a esperança. Os pensamentos de ordem continuam sendo os mesmos: lucidez e decisões conscientes.

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