Artigos e Opinião

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Venildo Trevizan: "Caminhos"

Frei

Redação

24/08/2019 - 02h00
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Muitos e variados são os caminhos que se apresentam na vida de cada um. Uns já existem. Outros precisam ser construídos. Não existem. Cada qual precisará desdobrar-se para abri-los e construí-los. Não adianta sonhar que estejam de acordo com os desejos.

Cada ser humano faz parte de uma história e de um jeito de encarar sonhos, esperanças e desejos. Todos buscam caminhos. Nem todos os mesmos. São caminhos que podem levar à felicidade. Podem ser caminhos de muitas e perigosas curvas e inúmeros obstáculos. Podem ser estreitos e escuros. Todos exigem prudência, atenção e habilidade.

Não poderá aventurar. Não poderá imaginar que tudo será fácil e favorável aos anseios de felicidade e de tranquilidade. Será sempre necessário contar com os imprevistos e com as surpresas nem sempre favoráveis. Muitas vezes será necessário parar no meio do caminho e examinar com calma a situação em que se encontra e qual seria o melhor para prosseguir.

Não são raros aqueles e aquelas que imaginam tudo fácil, tudo favorável. A calma e a prudência não fazem mal a ninguém. É bom manter a mente sempre lúcida, o olhar sereno e os passos firmes. É sempre bom saber que o caminho se percorre passo a passo, e não aos saltos.

O Mestre dos mestres adverte sabiamente a todos quantos desejam alcançar objetivos preciosos em suas buscas. Quando alguns lhe perguntaram se seria fácil ou difícil a salvação, ele respondeu: “Façam todo o esforço possível para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo: muitos tentarão entrar e não conseguirão” (Lc.13,22-23).

O Mestre deixa claro que os valores intelectuais e espirituais só se alcançam mediante esforço consciente e bem trabalhado. O caminho e a porta que levam ao mal são largos e prazerosos. Os que conduzem à virtude são estreitos e penosos. Exigem exercício diário de purificação e conversão. Exigem vigilância e atenção.

Para alcançar a sabedoria dos justos, será preciso construir o caminho a partir da humildade e da simplicidade do coração. Um coração acolhedor e honrado. Um coração do qual brotam sentimentos de partilha e de solidariedade, de carinho e de bondade, de alegria e de generosidade.

São essas as pessoas desprendidas de seus interesses materiais e até espirituais, que deixam por onde passam sinais de santidade e de comunhão íntima com Deus. Não pensam e nem buscam elogios. Tudo quanto transmitem e realizam o fazem por sentirem em si o desejo de tudo realizar como gesto de amor e como atitude de gratidão.

Assim é a vida nesse planeta terra. Nele, há lugar para os egoístas e para os generosos, para os injustos e para os justos, para os pagãos e para os cristãos, para os pecadores e para os santos, para os maus e para os bons.

Todos têm seus objetivos e sua maneira de pensar, de agir e de ser. Não precisam de colaboradores. Consideram-se autossuficientes. Assim inúmeros pensam.

Mas é bom saber que tudo isso são realidades cultivadas de acordo com a capacidade pessoal. E mais: cada qual possui dons criativos, mas também fraquezas e limitações. Serão eternamente necessitados de apoio e de ajuda para construir seu caminho.

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O papel da IA no bem-estar moderno

21/03/2025 07h45

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Os últimos anos foram marcados por transformações em várias esferas da sociedade, e um dos conceitos que mais mudou e ganhou novos significados foi o de bem-estar. Se antes ele era relacionado principalmente com a saúde mental e física, hoje em dia já abrange diversos outros fatores, como qualidade de vida, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, segurança e experiências personalizadas.

Esse cenário levou ao crescimento da economia do bem-estar, que, segundo dados do Global Wellness Institute (GWI), alcançou US$ 6,3 trilhões em 2023, montante 25% maior do que o valor avaliado em 2019 (US$ 4,9 trilhões). Para 2028, a expectativa é que o setor chegue a US$ 8,9 trilhões, o que reforça como essa pauta já é uma forte tendência.

Porém, vale destacar que os avanços nesse mercado foram possíveis, entre outros fatores, por conta da evolução da tecnologia, que ampliou o acesso a soluções inovadoras, otimizou processos e possibilitou a personalização do bem-estar de acordo com as necessidades individuais. Nesse contexto, a inteligência artificial (IA) tem desempenhado um papel fundamental, contribuindo ainda mais para que o bem-estar seja mais acessível e flexível.

Temos diversos exemplos que comprovam como as soluções inovadoras trazidas pela popularização da IA impactam diretamente o autocuidado e a forma como interagimos com o mundo: no setor da saúde, startups brasileiras como a Pipo Saúde utilizam a tecnologia para oferecer suporte a diagnósticos e otimizar o atendimento médico, permitindo que milhões de pessoas tenham acesso a serviços de saúde de forma mais eficiente. O bem-estar emocional também foi impulsionado com soluções como a da Vittude, uma plataforma que conecta pacientes a psicólogos por meio de IA, democratizando o acesso a cuidados mentais.

No que diz respeito ao bem-estar corporativo, ferramentas desenvolvidas por empresas como a Gupy ajudam organizações a monitorar o nível de satisfação dos funcionários e sugerem ações para melhorar o ambiente de trabalho, reduzindo o estresse e, consequentemente, aumentando a produtividade.

Outro exemplo do impacto positivo da IA no bem-estar moderno está na personalização do entretenimento, com plataformas como Spotify e Netflix, que usam IA para sugerir conteúdos que correspondem aos interesses do usuário, e do aprendizado, com ferramentas como o Duolingo, que usam IA para personalizar o ensino, tornando essa jornada mais eficaz e menos desgastante para os estudantes.

Acredito que essa tendência de sofisticação das tecnologias baseadas em IA vai tornar a busca pelo bem-estar completo ainda mais fácil. Desde aplicativos que monitoram padrões de sono e alimentação a assistentes virtuais que ajudam a gerenciar tarefas cotidianas, é fato que a tecnologia seguirá transformando a forma como cuidamos do nosso corpo, mente e relações.

Porém, não podemos esquecer que o segredo para o uso eficaz da IA nesse contexto inclui necessariamente o desenvolvimento ético dessas tecnologias, para que sejam seguras, inclusivas e realmente focadas no bem-estar humano.

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Financiamento rural e a reforma tributária

21/03/2025 07h15

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Os Fiagros são os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais. Criados em 2021, são ativos de investimento do agronegócio, seja de natureza imobiliária rural, seja de atividades relacionadas ao setor. O Fiagro acabou se tornando uma fonte alternativa de financiamento para o produtor rural, de modo a não depender exclusivamente dos bancos e do Plano Safra.

Entretanto, em janeiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei Complementar nº 214/2025, que regulamenta a reforma tributária, mas vetou trechos que previam a isenção de tributos para os Fiagros e para os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs). Esses trechos isentariam tais fundos da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

A justificativa do governo para o veto foi a ausência de autorização constitucional para que esses fundos não fossem considerados contribuintes do IBS e da CBS. Isso pode impactar diretamente o crédito para os produtores rurais. É uma insensatez e ilógico o que o presidente fez.

Os Fiagros são fundos em que as pessoas podem investir e que funcionam como fontes de financiamento para o agronegócio. No mundo inteiro, os fundos já são mais representativos do que os bancos. Esse tipo de fundo tem crescido bastante, pois permite também que investidores urbanos participem do setor agroindustrial, aproveitando o potencial do agronegócio brasileiro.

O Brasil conta com cinco grandes bancos e cooperativas de crédito, além de seis linhas de crédito disponíveis para o agronegócio. Há também o Plano Safra, que atende apenas uma pequena parte da produção. Dessa forma, os agricultores ficam nas mãos desses bancos e frequentemente enfrentam desafios para a concessão de crédito, tornando-se dependentes das instituições financeiras, que impõem taxas, garantias e burocracias muitas vezes incompatíveis com a realidade do setor.

Prova maior da importância de financiamentos alternativos é a notícia da suspensão do Plano Safra. O Tesouro Nacional decidiu suspender novas contratações dessas linhas de financiamento 2024-2025. A medida vale a partir de 21 de fevereiro. O governo, sempre correndo para remediar em vez de prevenir, editou a MP nº 1.289/2025, liberando 4,17 bilhões para conter a pressão do segmento. Ainda assim, é insuficiente para o que o setor demanda de fomento. 

Os fundos representam um novo universo, uma nova possibilidade de financiamento com juros menores, pois, muitas vezes, esse capital vem do exterior. Os investidores estrangeiros não estão acostumados com os juros elevados do Brasil e, portanto, taxas mais baixas já são atrativas para eles. O Fiagro é exatamente isso: uma fonte de financiamento. Além de financiar o campo, atualmente beneficia cerca de 600 mil investidores.

No momento, o Fiagro só paga imposto se houver mais de 100 cotistas no fundo, não sendo tributado pelo Imposto de Renda. Caso tenha menos de 100 cotistas, há a incidência de 15% de Imposto de Renda, cobrado apenas no momento do resgate do resultado pelo cotista. Além disso, o Fundo não paga PIS, Cofins ou ISS. Contudo, com esse veto presidencial, os Fiagros passarão a pagar os tributos previstos na reforma tributária, especificamente o IBS e a CBS. Isso significa uma alíquota de até 28,5%, o que inviabilizará completamente esses fundos.

É importante lembrar que a logística no Brasil é muito cara, os produtores gastam muito com transporte, e os custos trabalhistas e tributários são elevados. Agora, o governo tenta transferir mais essa responsabilidade para o produtor. Vale ressaltar, mais uma vez, que quanto mais difícil for a vida do produtor, mais difícil será a vida do consumidor, que verá o impacto nos preços dos produtos agropecuários nas prateleiras dos supermercados.

A nossa expectativa é que a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) manifeste firmemente sua discordância com o veto e atue no Congresso para derrubá-lo. A tributação desses fundos compromete a competitividade do setor, aumenta os custos para os produtores, reduz a oferta de crédito no agronegócio e, por consequência, eleva os preços dos alimentos para o consumidor final.

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