Cidades

118 anos

Assistente social cria
ONG para zelar pelo próximo

Associação atende crianças que sofreram algum tipo de abuso

Gabriela Couto

26/08/2017 - 13h00
Continue lendo...

Aos poucos elas vêm chegando. Entram na sede da Associação Mãe Águia correndo, como se esperassem muito por aquele momento. Logo atrás vem a mãe ou algum familiar. Em poucos minutos todos se juntam e começam a brincar, como fazem todas as crianças. Mas ali, no grupo, todas sofreram alguma violência sexual. 

Para a presidente e fundadora da ONG, Daniela de Cássia Duarte, a presença de cada um nas atividades é muito comemorada. “Isso mostra que eles não desistiram do atendimento da instituição, que estão se sentindo acolhidos aqui. Nossa missão é ensinar resiliência e de alguma forma ir amenizando a dor que já sofreram”.

Há três anos e oito meses, a paranaense de Ponta Grossa tem ajudado centenas de casos com a entidade. São crianças de 2 a 17 anos, encaminhadas pelo Sistema de Garantia de Direitos e da Rede de Atendimento à Criança e ao Adolescente, como Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), Conselhos Tutelares de todas as regiões da cidade e Defensoria Pública.

Filha de pais separados e se vendo com a missão de cuidar dos irmãos mais novos, ela levou para a vida a vontade de zelar por quem precisa. Há 20 anos, Daniela enxergou a necessidade de olhar pelos pequenos que sofreram algum tipo de abuso e não ganhavam a assistência devida. Formou-se  em Serviço Social e, em 2012, fez o trabalho de conclusão de curso com o tema que pratica militância. 

“Durante a pesquisa, analisamos o estado de vulnerabilidade das crianças e adolescentes para trabalhos de prevenção. A recomendação dos meus orientadores era usar o TCC para criar a ONG”.  Deixando de apenas palestrar sobre prevenção para não ter uma vítima de violência sexual dentro de casa, a assistente social iniciou o projeto para que não haja reincidência dos abusos e o convívio do agressor com a criança, após a denúncia. 

“Aqui conseguimos monitorar de perto a rotina da família. A criança conta por exemplo se o padrastro que a molestou voltou a dormir na casa que ela mora. Aí é nosso papel avisar o judiciário para intervir e evitar que ela sofra novamente”. Além de dar a atenção necessária e garantir que os direitos da criança não sejam violados, a entidade oferece sessões de psicoterapia e demais atividades que amenizam os traumas.

Todo o serviço é feito gratuitamente e os profissionais atuam de forma voluntária. São seis psicólogos, três assistentes sociais e um artista plástico. A entidade ainda conta com seis acadêmicos de serviço social.

Apesar de fazer trabalho que deveria ser realizado pelos órgãos públicos, a Associação Mãe Águia sobrevive de doações. Não há verba do governo municipal, nem estadual para a entidade e toda a renda arrecada é de ações de associados.

As dificuldades para manter o local já fizeram Daniela desanimar e quase desistir. “As barreiras para continuar o trabalho sem a ajuda que precisamos já me abateram muito. Mas quando eu vejo a alegria dessas crianças não tem como desistir. Conseguimos dar uma nova perspectiva de vida para elas e empoderamento de valores para a família”, enfatiza. 

São mais de 200 crianças e adolescentes em atendimento. Só no ano passado 89 casos iniciaram atividades na ONG. Já neste ano são 48 novos integrantes no projeto. Uma forma de conseguir recursos é administrando palestras em empresas privadas, com mais de 50 funcionários. Neste ano Daniela também tem ministrado curso de prevenção de abuso sexual para agentes de saúde. 

SERVIÇO - Para ajudar ou conhecer a entidade os telefones são: (67) 3056-4002 e 9 9332-4838. 

Melhorias

Lei põe fim à construção de rodovias "de segunda linha" em MS

Após implantação de centenas de quilômetros de asfalto sem acostamento, prática começará a ser proibida

26/12/2024 09h42

A MS-040 é uma das rodovias estaduais que não possui acostamento.

A MS-040 é uma das rodovias estaduais que não possui acostamento. Paulo Ribas/Correio do Estado

Continue Lendo...

Foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) a Lei que torna obrigatória a implantação de acostamento na construção de rodovias estaduais em Mato Grosso do Sul.

Conforme previsto, os projetos deverão apresentar acostamento em ambos os lados, sendo ele com ou sem revestimento asfáltico, de acordo com o padrão de construção adotado para a rodovia.

Os requisitos técnicos construtivos dos acostamentos seguirão as regras estabelecidas no Manual de Implantação Básica do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), de acordo com as exigências contidas na publicação do Instituto de Pesquisas em Transportes (IPR) nº 742, que dispõe sobre normas a serem aplicadas em projetos e construção de estradas federais e dos órgãos rodoviários estaduais, ou norma que a substituir.

A Lei não se aplica nos casos em que:

  • os trechos das rodovias atravessem áreas urbanas, devidamente delimitadas pelo perímetro urbano, que obedecerão a legislação municipal, bem como, rodovias que interligam cidades com volume médio diário (VMD) inferior a 50 (cinquenta) veículos/dia;
  • os trechos apresentarem condições topográficas e/ou geotécnicas que imponham restrições de ordem técnica ou orçamentária;
  • os trechos contem com implantação de faixa adicional, refúgio, áreas de descanso, belvedere, acessos locais, taper de acesso, faixas de aceleração e desaceleração.

O texto, sancionado pelo governador Eduardo Riedel, começa a valer apenas 180 dias após a publicação, ou seja, no dia 24 de junho de 2025.

Rodovias mais caras

Um dos principais fatores que fazem com que rodovias sejam entregues sem acostamento é a economia no valor da execução. Além disso, as rodovias sem acostamento podem ser finalizadas em um menor período de tempo, o que as torna ideais para entregas políticas.

A MS-040 é uma das rodovias estaduais que não possui acostamento.Falta de acostamento favorece o acontecimento de acidentes. Foto: Paulo Ribas/Correio do Estado.

A MS-040, por exemplo, rodovia que liga Campo Grande a Santa Rita do Pardo, não tem acostamento. Ela foi entregue em 2015, no fim da gestão André Puccinelli. Agora, a rodovia faz parte da chamada "Rota da Celulose", e será privatizada. Dentre as melhorias, o projeto já prevê acostamento, que deve custar cerca de R$ 500 milhões.

A MS-112, entre os municípios de Inocência e Cassilândia, também não tem acostamento, o que favorece a ocorrência de acidentes. Além disso, esses acidentes, bem como veículos que estragam no trecho, acabam travando completamente o fluxo da rodovia.

A MS-040 é uma das rodovias estaduais que não possui acostamento.Foto: Paulo Ribas

Assine o Correio do Estado.

DESENVOLVIMENTO

Megafabrica de celulose está mais perto do túnel de R$ 8 milhões para hexatrens

Governo do Estado de Mato Grosso do Sul anuncia a vencedora da licitação para contrução da passagem inferior que deve abastar a estrutura da Suzano de eucalipto

26/12/2024 09h30

Suzano usa os chamados hexatrens, carretas, que possuem seis semirreboques acoplados e circulam apenas em estradas secundárias

Suzano usa os chamados hexatrens, carretas, que possuem seis semirreboques acoplados e circulam apenas em estradas secundárias Reprodução/Suzano

Continue Lendo...

Através da edição "pós-Natal", do Diário Oficial desta quinta-feira (26), o Governo do Mato Grosso do Sul anunciou a vencedora da licitação de R$ 8 milhões, que coloca a Mega fábrica de celulose do interior mais perto de seu túnel para fluxo de hexatrens. 

Apesar dos termos complicados, o fato de que a empresa Vale do Rio Novo Engenharia e Construções Ltda. - empresa construtora de estradas com sede em Avaré (SP) -, é que saiu vencedora da licitação que fazia parte do pacote de R$ 88 milhões lançado três dias após as eleições

Vale lembrar que, esse "pacote" de cinco licitações da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), leva iniciativas para três municípios diferentes de Mato Grosso do Sul: 

  1.  Fátima do Sul
  2.  Dourados
  3.  Ribas do Rio Pardo

Com isso, pelo valor total de R$ 8.772.176,13, fica encarregada pela construção da passagem inferior, um verdadeiro túnel para a travessia dos hexatrens que abastecem a fábrica da Suzano com eucaliptos. 

Entenda

Considerada a a maior fábrica em linha única de celulose do mundo, após meados de 2024, com o final de junho, a unidade da Suzano em Ribas do Rio Pardo botava para funcionar sua capacidade instalada de mais de 2,5 milhões de toneladas anuais de celulose de eucalipto. 

Ainda enquanto estava sendo instalado, o empreendimento movimentou a mão de obra de dez mil pessoas, sendo que pelo menos três mil desses devem integrar um quadro permanente de trabalho. 

Sendo que a Suzano em Mato Grosso do Sul conta ainda com a unidade que fica em Três Lagoas, essas fábricas precisam ser abastecidas com eucalipto, que vem por exemplo dos 600 mil hectares de florestas plantadas em Mato Grosso do Sul. 

Só do viveiro que fica localizado em Ribas do Rio Pardo, por exemplo - como já abordado pelo Correio do Estado -, são produzidas em torno de 35 milhões de mudas por ano.

Como essas cargas precisam de um transporte único e específico, a Suzano usa os chamados hexatrens, carretas, que possuem seis semirreboques acoplados e circulam apenas em estradas secundárias, devido à baixa velocidade necessária e incompatível com as demais pistas asfaltadas. 

Como a Suzano possui cerca de 16 desses hexatrens em operação - o que se traduz em 50 caminhões a menos trafegando por rodovias estaduais -, é aí que entra a necessidade da construção de um percurso próprio para esse tipo de veículos e finalidade. 

 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).