Motoristas do transporte coletivo paralisaram os serviços na manhã desta terça-feira (21) em Campo Grande e usuários ficaram “na mão” ao serem pegos de surpresa pela greve.
Terminais de ônibus amanheceram fechados e veículos não saíram das garagens.
A greve prejudica aproximadamente 100 mil usuários do transporte coletivo, que dependem da condução diariamente. Cinco milhões de pessoas utilizam o transporte coletivo por mês em Campo Grande.
Os motoristas alegam que não receberam o pagamento deste mês de junho e que a greve é por tempo indeterminado. Ou seja, enquanto não receberem o salário, não voltarão a trabalhar. O vale deveria ter sido pago nesta segunda-feira (20).
O fiscal da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Jorge Cabral, disse que a greve pegou todo mundo de surpresa.
"Normalmente era avisado. Alguns motoristas comentaram com alguns passageiros a noite, nas últimas voltas, as 22 horas, mas, ninguém sabia".
Conforme noticiado pelo Correio do Estado, Campo Grande pode ficar sem ônibus novamente nesta quarta-feira (22), caso o Consórcio Guaicurus não pague o vale, que deveria ter sido honrado nesta segunda-feira (20).
O que diz a prefeitura?
O diretor presidente da Agências Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg), Odilon de Oliveira Junior, afirmou ao Correio do Estado que a Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG) está em dia com as contas e que o Consócio Guaicurus não repassou o pagamento aos motoristas.
"Nós da prefeitura estamos em dia com o pagamento que beira R$ 1 milhão, desde o começo do ano estamos dando o suporte dentro das nossas possibilidades. Estamos cobrando o Consórcio Guaicurus para que honre com as contas o mais rápido possível e o transporte normalize", esclareceu.
A greve é ilegal pois o transporte coletivo é considerado serviço essencial à população.
"Os motoristas vão responder pela paralisação de hoje, mas na justiça. É algo ilegal", complementou o presidente da Agereg.
Além disso, a prefeitura pede para que o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, arque com o pagamento do passe do estudante dos alunos da Rede Estadual de Ensino (REE) e a União assuma a conta do passe dos idosos.
"Se o governo do Estado e a União assumirem com a gratuidade dos passes, diminuiria o impacto dos aumentos dos combustíveis. Cada um com sua responsabilidade", ressaltou o presidente da Agereg.
O que diz o Consórcio Guaicurus?
O Consórcio Guaicurus vem enfrentando dificuldades para honrar os compromissos após sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis, de acordo com Odilon de Oliveira.
O presidente do Consórcio Guaicurus, Robson Luis, disse ao Correio do Estado que a prefeitura realmente está pagando, mas que o dinheiro não é suficiente, tendo em vista o alto valor do diesel.
O Consórcio ainda afirmou que não sabe de onde irá tirar o dinheiro para honrar o salário dos motoristas e que acionará entidades financeiras, estado, município e a justiça.
"Estamos alertando para a questão do aumento do combustível há quatro anos e que o valor da passagem está defasada. O preço atual é de R$ 4,40, mas o correto seria de R$ 5,15 ou mais, só para bater o preço do diesel".
" A questão da situação atual é que venceu ontem o dia para pagar o vale, realmente. Nós não tínhamos dinheiro. Nós temos um limite no banco, [um limite] X e esse X vai ultrapassar e o banco não vai pagar".
(Colaborou: Léo Ribeiro)