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Consórcio Guaicurus avalia que tarifa pode chegar a R$ 8 em 2023 na Capital

O cálculo do reajuste da passagem de ônibus é feito pela Agereg sempre em novembro e o valor pode ser executado no ano seguinte

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O valor da tarifa técnica do transporte coletivo para 2023, a ser apresentado pela Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande (Agereg), pode chegar a R$ 8,00. Quem faz esta avaliação é o Consórcio Guaicurus, responsável pelo serviço em Campo Grande. O valor, porém, nem sempre é acatado pela Prefeitura de Campo Grande.

O reajuste é calculado anualmente pela Agereg, de acordo com diversos custos com o trasporte coletivo, como o valor atual do combustível, os custos médios com manutenção dos veículos e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

De acordo com o diretor-executivo do Consórcio Guaicurus, Robson Luis Strengari, a Agereg também está estudando para que o valor seja calculado com base na quilometragem rodada pela frota de ônibus.

“Não sabemos se está definido o valor da tarifa técnica, mas deve ser em torno de R$ 8,00. Existe um custo para rodar o sistema”, disse Robson.

Questionado pela reportagem se o Consórcio Guaicurus teria um valor de tarifa para o próximo ano que ele acredita que seja um bom reajuste tanto para a empresa quanto para os passageiros, o diretor-executivo apenas informou que o valor da tarifa que a empresa gostaria que fosse feito o reajuste “estaria bem próximo do que a Agereg levantou”. 

Os dados de gastos com o transporte público, porém, são repassados à Agereg pelo Consórcio Guaicurus.

Apesar de o Consórcio Guaicurus avaliar que o novo valor pode chegar a R$ 8,00, a tarifa ainda passará pela avaliação da Prefeitura de Campo Grande para decidir a viabilidade desta taxa, levando-se em conta outros fatores, principalmente a acessibilidade do preço para os passageiros que utilizam o transporte coletivo diariamente.

Se for executado o valor da tarifa técnica “sugerido” pela concessionária, a locomoção dos passageiros de ida e volta, contando apenas com o uso de duas linhas para o trajeto, deverá custar, em 2023, cerca de R$ 16 por dia, valor próximo, por exemplo, do que é pago pelos passageiros na compra de quatro passes atualmente, cuja unidade custa R$ 4,40.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Campo Grande, por meio da Agereg, declarou em nota que “os valores da tarifa ainda estão em fase de estudos e discussão com os vários atores sociais que fazem parte e influenciam na composição de tarifa”.

SUBSÍDIO AO CONSÓRCIO

O então prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD) deu, no início deste ano, subsídio de até R$ 1 milhão por mês ao transporte coletivo e urbano da Capital, referente ao custo do passe de estudantes da Rede Municipal de Educação (Reme) e de pessoas com deficiência. 

Ao todo, serão quase R$ 12 milhões até o fim deste ano. Além disso, a prefeitura também concedeu isenção do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) de 2022 e remissão de 2021. A medida, na época, foi uma forma de evitar a greve dos motoristas de ônibus.

Segundo o Consórcio Guaicurus, grupo responsável por administrar o serviço na cidade, a defasagem do valor cobrado da população neste ano foi de R$ 1,8 milhão por mês em relação à tarifa técnica apontada pela Agereg no fim de 2021, cujo valor era R$ 5,10. 

O pedido de subsídio do transporte coletivo é antigo e faz parte do acordo assinado entre a prefeitura e as empresas do setor no Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS) no fim de 2020. 

Já que um dos pontos do documento determinava que a Agereg tinha de fazer o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão com as empresas, assinado em outubro de 2012 e válido por 25 anos.

Mesmo depois destes benefícios, que foram concedidos a partir de fevereiro deste ano, com aprovação de projeto de lei do Executivo municipal na Câmara Municipal, o Consórcio Guaicurus voltou a reclamar de dificuldades na execução do serviço a partir de março, quando houve um aumento considerável no valor do óleo diesel.

Em meio a esta situação, os motoristas do transporte coletivo de Campo Grande chegaram a fazer uma paralisação dos serviços no dia 21 de junho, por atraso no pagamento do adiantamento salarial que deveria ser sido pago no dia anterior. 

Os usuários do transporte coletivo ficaram à deriva, ao serem pegos de surpresa pela greve. Terminais de ônibus amanheceram fechados e veículos não saíram das garagens.

O diretor-presidente da Agereg, Odilon de Oliveira Junior, afirmou na época ao Correio do Estado que a Prefeitura de Campo Grande estava em dia com os repasses ao Consórcio Guaicurus.

No entanto, o Consórcio Guaicurus alegou que o subsídio não era suficiente, tendo em vista o alto valor do diesel. Por este motivo, a partir de junho, o governo do Estado também começou a conceder subsídio ao transporte da Capital, com R$ 1,2 milhão mensais para o pagamento referente ao passe dos alunos da Rede Estadual de Ensino (REE).

Em contato com o governo do Estado, a Secretaria de Governo e Gestão Estratégica (Segov) informou ao Correio do Estado que os valores e a continuação ou não do repasse ao Consórcio Guaicurus seriam decididos pela gestão eleita neste ano.

Na época em que foi decidido o subsídio, em junho deste ano, acordo firmado entre o governo do Estado e a Prefeitura de Campo Grande previa que o repasse seria feito somente se a tarifa de ônibus não fosse até dezembro deste ano.

Além desses dois subsídios, o governo federal destinou, em outubro deste ano, R$ 14,7 milhões como forma de subsídio ao passe livre de idosos em Campo Grande, o valor foi repassado à concessionária. Apesar de todos esses repasses, não há previsão para redução da tarifa por parte do município em virtude dos subsídios. 

Saiba: Atualmente, a tarifa vigente do transporte coletivo custa R$ 4,40. A tarifa do ônibus executivo, também conhecido como “fresquinho”, custa R$ 5,40.

E a tarifa reduzida, que é equivalente a 40% do valor da tarifa vigente, é de R$ 1,75 nos feriados, como o Dia de Finados, Natal, Ano-Novo, Aniversário de Campo Grande, entre outros.

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Pesquisa

Brasileiro debateu menos política em grupos de família e amigos no WhatsApp em 2024

Levantamento do InternetLab mostra que esse tipo de conteúdo apareceu com menos frequência nesses grupos do que em anos anteriores da série histórica.

15/12/2025 21h00

Divulação

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A circulação de notícias e discussões sobre política em grupos de família, amigos e trabalho no WhatsApp caiu em 2024, mesmo em um ano de eleições municipais.

Levantamento do InternetLab mostra que esse tipo de conteúdo apareceu com menos frequência nesses grupos do que em anos anteriores da série histórica.

A proporção de pessoas que apontam os grupos de família e de amigos como aqueles em que mais aparecem debates sobre questões da sociedade foi de 23% e 24%, respectivamente, em 2024.

Em 2023, quando não houve eleições, esses percentuais eram de 30% e 27%. Nos grupos de trabalho, a proporção manteve-se em 11%.

Já o compartilhamento de notícias sobre política em grupos de família, amigos e trabalho caiu de 31%, 29% e 13%, em 2023, para 27%, 24% e 11%, respectivamente, em 2024.

A diretora de Pesquisa e Operações do InternetLab, Heloisa Massaro, explica que, na etapa qualitativa da pesquisa, surgem relatos de saturação dos usuários desses grupos.

"Em anos anteriores, muitas pessoas diziam que, depois de brigas ou expulsões de grupos maiores, passaram a criar grupos paralelos, menores, com poucos amigos ou familiares, nos quais conseguiam conversar sobre política. O que observamos mais recentemente é um pouco diferente. Neste ano, apareceu mais um relato de saturação dos grupos em geral. Um cansaço mesmo. As pessoas estão menos ativas nos grupos", afirmou.

O estudo apresenta depoimentos de alguns entrevistados, sem identificá-los. Uma das entrevistadas, de São Paulo, relata sensação semelhante à descrita pela pesquisadora.

"Me sinto muito cansada com a quantidade de informações e de coisas que temos que acompanhar para manter contato e informação", afirmou.

Segundo Heloisa, isso não significa que o tema política tenha desaparecido das interações no aplicativo. "Muitas vezes, a discussão migra para conversas individuais no WhatsApp ou para outros espaços", disse.

"Nos grupos, pelo menos na minha família, ficou proibido mesmo. Quando alguém toca em algum assunto, como alguma mudança na economia, logo alguém interrompe, porque sabe que vai dar briga', contou outra entrevistada.

Medo de dar opinião

Mais da metade (56%) das pessoas que participaram da pesquisa relataram sentir medo de expressar opinião sobre política porque "o ambiente está muito agressivo". O percentual, no entanto, manteve-se relativamente estável nos últimos três anos, dentro da margem de erro.

"Esse indicador está estável desde 2022, quando atingiu 57%. Naquele ano houve um pico, o que é esperado, por ter sido uma eleição presidencial muito marcada pela polarização", explicou Heloisa.

Além disso, 52% dos entrevistados afirmam se policiar cada vez mais sobre o que dizem nos grupos, enquanto metade diz evitar falar de política para fugir de brigas.

"Os dados sobre as pessoas se policiarem mais cresceram até 2022 e depois se estabilizaram em um patamar um pouco mais baixo. Isso é consistente com o contexto, já que eleições federais tendem a gerar mais engajamento e mais conflito do que eleições municipais ou anos não eleitorais", afirmou.

"Acho que os ataques hoje estão mais acalorados. Então, às vezes você fala alguma coisa e é mais complicado. O pessoal não quer debater, na verdade já quer ir para a briga", disse uma das entrevistadas.

Mulheres se resguardam mais

No recorte por gênero, a pesquisa indica que as mulheres relatam mais medo de se posicionar, se policiam mais e evitam com maior frequência compartilhar mensagens que possam atacar os valores de outras pessoas.

"Em praticamente todos os indicadores ligados a se sentir seguro ou à vontade para falar de política, as mulheres aparecem com percentuais mais baixos. Já os homens predominam entre os mais ativos, administradores de grupos ou dispostos a compartilhar conteúdo mesmo com risco de conflito", disse Heloisa.

Menos usuários em grupos de debate político

De 2020 a 2024, o número de usuários que participam de grupos exclusivamente dedicados a debater política no WhatsApp caiu quase pela metade. Enquanto 10% dos usuários estavam nesses grupos em 2020, apenas 6% relataram participar deles em 2024.

Heloisa pondera, no entanto, que a variação foi pequena entre 2023 e 2024 e deve ser lida dentro de uma tendência mais ampla.

"Quando olhamos a série histórica, essa queda é gradual e acompanha uma redução geral do número de grupos dos quais as pessoas participam. Há também queda na média de grupos por pessoa. Por isso, interpreto esse dado mais como parte dessa tendência geral do que como um recuo específico e abrupto do debate político", afirmou.

Grupos de campanha eleitoral

Em 2024, houve aumento no recebimento de links e na inserção em grupos de campanha eleitoral no WhatsApp. A proporção de usuários que receberam um link e entraram em um grupo desse tipo cresceu nove pontos percentuais em relação a 2023 (36% ante 27%) e cinco pontos na comparação com 2022 (31%), ano de eleições federais.

"Isso sugere um uso mais sofisticado desses grupos por parte das campanhas. Vimos estratégias mais elaboradas do que em anos anteriores. Muitos desses grupos estavam ligados a bairros, comunidades locais ou ações específicas, algo característico das eleições municipais", explicou Heloisa.

"Ou seja, não é que o debate político tenha desaparecido. Ele continua existindo, mas de forma mais direcionada e estratégica, fora dos grupos tradicionais de família, amigos e trabalho", concluiu.

Sem intervenção

Em meio a greve, Prefeitura defende contrato com o Consórcio Guaicurus e recusa intervenção

A Agetran se apresentou contrária ao pedido de liminar da ação popular, movida por Luso Queiroz (PT), que solicita intervenção imediata do Município na gestão do Consórcio Guaicurus

15/12/2025 19h20

Os motoristas do Consórcio Guaicurus aderiram à greve e pararam completamente o serviço durante esta segunda-feira (15)

Os motoristas do Consórcio Guaicurus aderiram à greve e pararam completamente o serviço durante esta segunda-feira (15) Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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A Prefeitura Municipal de Campo Grande, por meio da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), se apresentou contrária ao pedido de liminar da ação popular, movida pelo ex-candidato à prefeito Luso Queiroz (PT), que solicita intervenção do próprio Município na gestão do Consórcio Guaicurus.

A ação popular solicita a intervenção administrativa imediata na concessão do transporte coletivo urbano, atualmente operada pelo Consórcio Guaicurus, e imputa ao Município, à AGETRAN e à AGEREG suposta omissão fiscalizatória e gestão inadequada do contrato de concessão.

A Agetran diz que a ação popular "mostra-se manifestamente inadequada, pois pretende submeter ao Poder Judiciário a revisão ampla da política pública municipal de transporte coletivo urbano, fundada em alegada omissão administrativa", a qual "não se confirma segundo o relatório de auditoria do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE/MS). 

Razões para o indeferimento da tutela

O primeiro motivo que a Agetran alega é que o ato lesivo não se presume, pois o ônus da prova é integralmente do autor popular e críticas abstratas à política pública não configuram lesão juridicamente relevante. 

Além disso, ação não se presta à fiscalização genérica da administração, mas apenas à invalidação de atos específicos e comprovadamente lesivos, o que inexiste no presente caso.

O segundo ponto abordado é sobre a atuação fiscalizatória da Agetran, a qual diz que afasta qualquer alegação de lesividade. A agência afirma que realizou fiscalização contínua do contrato de concessão e nos últimos cinco anos foram aplicadas aproximadamente 16 mil penalidades administrativas ao Consórcio Guaicurus.

O documento também traz como defesa o relatório do TCE/MS e diz que confirma a inexistência de dano e regularidade da atuação administrativa.

"O TCE/MS, após auditoria aprofundada sobre a concessão do transporte coletivo, não identificou danos ao erário imputável à AGETRAN ou ao Município, nem apontou ilegalidade grave capaz de caracterizar lesão à moralidade administrativa e ainda reconheceu a existência de fiscalização, controle e acompanhamento contratual, limitando-se a expedir recomendações e determinações administrativas, típicas do controle externo preventivo e corretivo". 

Por fim, a contestação afirma que o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Público converge com as conclusões do TCE/MS, pois:

  • não imputou irregularidades à atuação da AGETRAN
  • não reconheceu lesão ao patrimônio público
  • não recomendou intervenção administrativa
  • tampouco apontou prática de ato ilegal ou imoral por parte do Poder Concedente.. 

Risco de dano grave à coletividade 

A Agetran inseriu no documento de contestação também uma parte sobre o Periculum in mora reverso, ou seja, o risco de que a própria decisão judicial, ao conceder a liminar, cause um dano mais grave ou irreparável à parte contrária do que aquele que a medida pretendia evitar.

"A intervenção administrativa na concessão do transporte coletivo urbano constitui medida excepcionalíssima, que somente se justifica diante de colapso institucional ou ilegalidade grave e comprovada — circunstâncias absolutamente inexistentes no caso concreto".

De acordo com a Agetran, a concessão liminar de intervenção implicaria: 

  • na ruptura do contrato;
  • insegurança jurídica para operadores, trabalhadores e usuários;
  • risco de descontinuidade do serviço público essencial;
  • instabilidade financeira e operacional do sistema;
  • sobrecarga imediata da Administração Pública sem estrutura instalada.

A Agetran finaliza dizendo que o Município não tem capacidade operacional para intervenção imediata, pois "jamais operou diretamente o transporte coletivo urbano; não dispõe de frota própria, garagens, oficinas, motoristas, mecânicos ou logística operacional". 

Finaliza afirmando que nenhuma das providências solicitadas pode ser implementada de forma imediata por decisão liminar, especialmente em um sistema complexo e de grande escala.

Nota do TRT sobre a greve dos motoristas

Em atendimento aos questionamentos da imprensa, o Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região informa que o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande foi notificado formalmente ao 12h36min desta segunda-feira (15/12), da decisão sobre a manutenção mínima de 70% dos trabalhadores em atividade, enquanto durar a paralisação da categoria. A decisão, proferida durante o plantão judiciário, na noite de domingo (14/12), reconhece o direito constitucional de greve e assegura a manutenção de serviços indispensáveis, visto que o transporte coletivo é essencial para a população. 

De acordo com o des. César Palumbo Fernandes, relator do processo, “A Justiça do Trabalho reconhece a importância do direito de greve, constitucionalmente assegurado aos trabalhadores e também a gravidade da situação, ante ao não recebimento dos seus vencimentos. Entretanto, a população também tem constitucionalmente garantido o acesso a serviço público de transporte urbano, caracterizado como essencial e por esse motivo não se pode aceitar a paralisação de 100% dos serviços. Há uma multa fixada inicialmente em R$ 20 mil reais por dia de descumprimento da decisão, que incide de imediato e caso não atendida pode vir a ser majorada, sem prejuízo do reconhecimento de crime de desobediência e adoção de outras medidas coercitivas cabíveis.”

Uma audiência de conciliação foi marcada para esta terça-feira (16/12), às 15h45, na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, localizado à Rua Delegado Carlos Roberto Bastos de Oliveira, nº 208 – Jardim Veraneio. A reunião será aberta para a imprensa.

 

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