A decisão do presidente nacional licenciado do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP), de antecipar para 6 de fevereiro a convenção nacional do partido, provocou reação entre lideranças regionais peemedebistas. Líder do grupo oposicionista do partido, o presidente do PMDB paulista, Orestes Quércia, já contabiliza apoio de sete estados para evitar a mudança de data. Após receber pressão vinda especialmente do Sul do País, a Executiva Nacional marcou reunião de emergência para hoje às 15 horas em Brasília para resolver o impasse. Brigam para fazer a convenção no prazo-limite, 8 de março, dirigentes do PMDB de São Paulo, R io Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Acre. Em jogo, está menos a escolha do novo dirigente nacional do partido – a reeleição de Temer é dada como certa – e mais a candidatura à Presidência da República a ser apoiada pelo PMDB em 2010. Temer é cotado para vice na chapa da ministra Dilma Rousseff (PT). Já Quércia quer ver eleito o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). E há quem defenda uma candidatura própria peemedebista. A contrariedade do grupo com a nova data foi expressa por Quércia em encontro com Temer em São Paulo na sexta-feira (22). O presidente nacional deixou o encontro sem garantir que desistiria da antecipação. Os oposicionistas reclamam de ficar sabendo da decisão da Executiva por meio da imprensa. “Não houve nenhuma comunicação oficial. Nem a presidente nacional em exercício, Íris de Araújo, sabia”, afirmou o vice-presidente nacional Eduardo Moreira, presidente do PMDB de Santa Catarina. O líder catarinense coordenou anteontem (25) uma reunião extraordinária no Diretório Estadual do PMDB para definir estratégias contra a antecipação da data, entre elas a possibilidade de medidas judiciais para garantir a realização da Convenção Nacional em março. A discussão foi acompanhada por telefone pelo governador do Paraná, Roberto Requião, por Quércia, de São Paulo, e por dirigentes do partido no Rio Grande do Sul. “Esse casuísmo só existia na época da ditadura. Eles têm de parar com esse golpe”, afirmou Moreira, que não irá à reunião de hoje da Executiva Nacional “em protesto”. “O encontro foi marcado de forma açodada, em uma época inoportuna, o recesso parlamentar”. Para o dirigente, Temer revisará sua decisão. “Ele vai rever a antecipação, pelo bom senso. Se não o fizer, a via judicial é uma opção”. Candidato próprio Em meio à cisão dos peemedebistas, ganhou traços de realidade nos últimos dias a ideia de o partido ter candidatura própria à Presidência. O senador Pedro Simon, presidente do PMDB gaúcho, prepara festa no litoral do Rio Grande do Sul, na noite do próximo sábado (30), para oficializar Requião como pré-candidato a presidente do partido. Mais de 400 pessoas já confirmaram presença ao Encontro Estadual de Verão do PMDB-RS, em Capão da Canoa, que vai emprestar palanque ao ato político.