O ex-deputado Roberto Razuk, 84 anos, preso nesta terça-feira (25) em uma operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) por envolvimento em esquema do jogo do bicho, pode não ficar preso em cela comum. Isto porque, além de idoso, ele passou recentemente por uma cirurgia, depende de cilindros de oxigênio para respirar e a Delegacia de Polícia Civil onde está custodiado não teria estrutura para mantê-lo.
Conforme informações apuradas pelo Correio do Estado, Roberto Razuk enfrenta um pós-operatório delicado após a remoção de um câncer e problemas cardíacos.
As condições debilitadas do alvo da operação teriam criado um impasse na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) de Dourados, pois a cela comum não é equipada para receber presos que necessitam de cuidados especiais de saúde.
Conforme reportagem do Correio do Estado, a defesa já entrou com um pedido de domiciliar, citando os problemas de saúde e idade do investigado.
"A defesa ainda não sabe as razões da prisão preventiva de Roberto Razuk. No momento, foi apresentado um pedido à magistrada para garantir a ele o pedido a prisão domiciliar, porque Roberto Razuk é idoso e esta com a saúde bastante abalada. Nós aguardamos a resposta a esse pedido com toda a urgência, em razão de previsão legal expressa garantindo esse tipo de direito", destacou o advogado André Borges.
Além disso, em ofício encaminhado à Justiça, o próprio delegado de Polícia Civil teria afirmado que a delegacia "não dispõe de estrutura adequada para recebê-lo". O delegado também a idade avançada e a dependência do "tubo de oxigênio" como barreiras para a custódia naquelas instalações.
Ainda não há decisão judicial sobre o pedido da defesa para a prisão domiciliar.
Operação
Os filhos de Roberto Razuk, Rafael Razuk e Jorge Razuk, também foram presos durante a operação desta terça-feira, além de outros 17 mandados de prisão e 27 de busca e apreensão cumpridos em Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.
Na ação, em conjunto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, o Gaeco apreendeu mais de R$ 300 mil em dinheiro, armas, munições e máquinas supostamente usadas para registrar apostas do jogo do bicho.
Em Dourados, a residência de Roberto Razuk foi um dos principais pontos de ação, onde agentes recolheram malotes.
Outro alvo da operação foi Sérgio Donizete Balthazar, empresário e aliado político, proprietário da Criativa Technology Ltda., que no início deste ano ingressou no Tribunal de Justiça com mandado de segurança para tentar suspender a licitação da Lotesul, estimada em mais de R$ 50 milhões.
Também aparecem entre os alvos o escritório de Rhiad Abdulahad e Marco Aurélio Horta, conhecido como “Marquinho”, chefe de gabinete de Neno Razuk e funcionário da família há cerca de 20 anos.
A família Razuk já foi alvo de outras operações relacionadas ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. A ação desta terça-feira é tratada pelo Ministério Público como uma nova fase dessas investigações.
Fases
Em outubro de 2023, antes das fases da Successione, a Polícia Civil fez uma apreensão de 700 máquinas da contravenção, semelhantes a máquinas de cartão utilizadas diariamente em qualquer comércio, sendo facilmente confundidas.
As prisões foram desencadeadas a partir da deflagração das fases da Operação Successione, que começou no dia 5 de dezembro de 2023. Na ocasião, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Foi nesta fase que os ex-assessores parlamentares de Neno Razuk foram pegos.
Duas semanas depois, no dia 20 de dezembro, foi deflagrada a segunda fase da operação, com o cumprimento de 12 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão. Ela foi realizada após investigações do Gaeco apontarem que a organização criminosa continuou na prática do jogo do bicho, além de concluírem que policiais militares também atuavam nesta atividade.
No dia 3 de janeiro do ano passado, chegou a vez da terceira fase da operação, com mais dois envolvidos presos pela contravenção na Capital.
A disputa pelo controle do jogo ilegal em Campo Grande se intensificou após a prisão de Jamil Name e Jamilzinho, durante a Operação Omertá, em 2019, que eram apontados pelas autoridades como os donos do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul.
Quatro anos depois, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos de reclusão, após um julgamento de três dias.
O termo italiano “Successione” – que dá nome a operação, é uma referência a disputa pela sucessão do jogo bicho em Campo Grande após a operação Omertá.





