O governo do Estado montou um protocolo de volta às aulas para a retomada das atividades presenciais na Rede Estadual de Ensino (REE) e um dos pontos no documento é a preocupação de que a forma de ensino deste ano, com tarefas 100% remotas, tenha feito aumentar a evasão escolar.
Para isso, a secretaria pede que a comunidade escolar (família, escola, sociedade em geral e o Poder Público) façam uma busca ativa para saber os motivos que tem levado estudantes a faltar às aulas.
“Orientamos a escola a realizar a busca ativa dos estudantes que não voltarem a frequentar a escola, especificamente daqueles em situação de maior vulnerabilidade, identificando o motivo e comprometendo-se a auxiliar”, diz trecho do programa.
As aulas presenciais da Rede Estadual foram paralisadas no dia 23 de março deste ano, após os primeiros casos de Covid-19 serem registrados em Mato Grosso do Sul.
A medida foi uma orientação do Ministério da Saúde e a pasta regional decidiu por não retomar o ensino presencial este ano.
Com isso, os estudantes que tiveram menos de um mês de atividades presenciais em 2020 e isso pode ter afetado a forma deles acompanharem as aulas.
Segundo a titular da Secretaria de Estado de Educação (SED), Maria Cecília Amendola da Motta, essa medida já começou a ser feita ainda este ano.
“Já está comprovado por pesquisa que já está havendo evasão. A gente não quer perder nenhum aluno, por isso a busca ativa tem tido bastante sucesso, todo mundo foi atrás dos alunos para fazer com que ele não perca esse ano", disse a secretária.
"O desafio é achar esse aluno, se não mudou de endereço ele tem que voltar para a escola, é lei”, completou.
O documento, ainda conforme Maria Cecília, começou a ser produzido durante o mês de agosto, quando se ainda tinha a ideia de retornar as aulas presenciais este ano.
Entre 2019 e 2020 a evasão escolar em Mato Grosso do Sul chegou a 2,2% no ensino fundamental e 6,8% no ensino médio, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Para evitar números maiores este ano, a secretaria pede que as escolas tomem algumas medidas, como:
- Localizar o estudante que está infrequente;
- Levantar as possíveis causas - sociais, econômicas, familiares, dentre outras. Realize uma escuta empática, ou seja, atente-se ao que é falado, compreender o sentimento e não emita julgamentos e críticas;
- Verificar com os órgãos competentes dispositivos da Rede de Atendimento que poderão auxiliar esse estudante e sua família;
- Levantar e elaborar ações pedagógicas que a escola poderá lançar mão para que esse estudante retorne ao processo de escolarização.
BIOSSEGURANÇA
O documento também estabelece medidas de distanciamento social e de funcionamento das escolas para o ano letivo de 2021.
Como manter o distanciamento de 1,5 metro de distância entre as carteiras escolares em sala de aula, uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e higiene pessoa de estudantes e profissionais que participarem das atividades.
“Esse protocolo foi apresentado para acalmar as famílias, os professores e toda a equipe das escolas. Para mostrar que o Estado está pronto para receber a todos com segurança”, salientou a secretária.
Segundo ainda, as aulas devem ser realizadas de forma escalonada, com turmas que vão ao presencial e outras que ficam com atividades remotas em outros dias. Porém, a quantidade de alunos e as séries que devem voltar primeiro ainda não foram definidas.
“Tudo vai depender de como vai estar a pandemia no começo do ano. A gente pode voltar 100% se tiver uma vacina, ou 50% sem vacina, mas tudo ainda é especulação, a gente não sabe como será, vai depender do avanço ou não da pandemia", disse Maria Cecília.
"[Quanto às turmas], se fosse para voltar este ano, certamente o ensino médio seria a prioridade, mas ano que vem ainda não sabemos”, explicou.
A secretaria estima que a plataforma para o ensino híbrido fique pronta até fevereiro do ano que vem, antes do começo das aulas.