Cidades

MAIS DE 40 DIAS ACAMPADOS

Diário de um patriota: à espera da intervenção militar

Comportamentos e cronogramas dos manifestantes bolsonaristas em frente ao CMO, em Campo Grande

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Sabe aquele sentimento de angústia e espera que antecede um momento importante? O nascimento de um filho, a cobrança de um pênalti em uma final de campeonato ou mesmo a tensão criada pela frase - na volta a gente compra?

Esta é a sensação que salta às falas e posturas dos manifestantes bolsonaristas nas proximidades do Comando Militar do Oeste (CMO), em frente a Avenida Duque de Caxias, uma das principais vias de Campo Grande.

Desamparados pela derrota do presidente em exercício para Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva (PT) no 2º turno das eleições gerais, pleito disputado no dia 30 de outubro deste ano, os manifestantes aguardam religiosamente o anúncio da almejada intervenção.

Neste momento, passados os perrengues com as chuvas, frio e mais de 40 dias de acampamento, o ânimo e as rotinas dos manifestantes indicam que, a cada minuto que o anúncio não surge, que os portões do CMO não rompem com a notícia, as chances de Lula assumir a Presidência da República aumentam.

 

Estivemos três dias (7, 8 e 9 de dezembro) no acampamento, e o objetivo foi acompanhar a rotina dos manifestantes, fiéis a Bolsonaro, em todas as ocasiões.

Pela manhãs é assim: nada de alvoroço, o clima é pacato e tranquilo. Os primeiros a povoarem o ambiente são os idosos e as crianças, isso por volta das 7h.

Com o passar das horas e o desenrolar da alvorada, as mulheres e os homens que transitam o espaço - grupo que em grande parte é formado pelos próprios genros, e noras dos mais velhos -, voltam-se, entre um chimarrão (ou tereré - depende da temperatura e da origem) e outro, aos preparativos do café da manhã.

Acampamento ainda em vigor em frente ao CMO

Chega a hora do café da manhã. Aos poucos, os que persistem acampados começam a deixar suas barracas. A lida é pegar fila para comer pão francês, - geralmente acompanhado de mortadela (ítem associado ao cardápio de protestos da esquerda) e cafezinho, após, o ritual é sentar próximo aos portões do CMO e assuntar qual será o papo que irá energizar as bandeiras do Brasil, assim como as conversas quanto à retomada da ordem durante o dia que se inicia.

Na última sexta-feira (9), os burburinhos eram de que Lula poderia ser empossado já entre esta segunda-feira (12) e o dia 19 próximo, ao passo que na quinta-feira (8), o atual presidente pousaria de avião na Base Aérea de Campo Grande e iria se dirigir ao Comando Militar, em Campo Grande, fator que provocou alvoroço e euforia entre os manifestantes.

Também na sexta-feira, dia de disputa entre Brasil e Croácia pelas quartas de final da Copa, o papo era de que as polícias Militar, Civil e o Exército Brasileiro, se uniriam para manter apenas o presidente no Executivo. Por falar em seleção, o posicionamento dos manifestantes quanto ao torneio era um só: boicote!

De fato, Lula foi à solenidade de diplomação do presidente eleito. A cerimônia realizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta segunda-feira (12) o credencia a ser empossado no próximo dia 1º de janeiro de 2023.

Já no caso da seleção brasileira, a derrota para os croatas provocou risos e comemoração dos manifestantes.

Alvoroço no almoço

O fluxo de pessoas cresce ao passo em que o horário do almoço se aproxima. 

Até então, alguns manifestantes tremulam bandeiras em frente ao sinal de trânsito enquanto acenam para eventuais simpatizantes que transitam pela via.

A comida é distribuída principalmente na cozinha comunitária, espaço localizada em uma das tendas no canteiro da Avenida Duque de Caxias, bem próxima ao quartel. 

É o local onde os mantimentos e doações chegam. Água, embalagens de marmitas, frutas e doações diversas, tudo é descarregado preferencialmente ali.

No menu de quinta-feira passada tivemos arroz, feijão com calabresa, mandioquinha e salada. Cabe destacar que apesar de uma refeição justa, o alimento servido na cozinha comunitária não se assemelha aos longos churrascos do início do acampamento.

A ‘iguaria’ é vista em barracas com enormes caminhonetes, tendas de pecuaristas e fazendeiros, mas que não são compartilhadas com a maioria dos manifestantes, ficando restritas a alguns grupos. Sim: nas manifestações em frente ao quartel, também há divisão de classes.

Almoço servido para os manifestantes

Os momentos de alimentação contam com pessoas que destoam do cenário habitual de camisas e bandeiras da seleção. Muitas de pés descalços, com roupas sujas e surradas, que se enturmam no movimento e embarcam nas filas de refeição.

O alvoroço e os rostos mais jovens começam a aparecer por volta das 13h. A partir deste momento as tarefas e cronogramas são os outros. 

O espaço é tomado por alguns adolescentes, que chegam acompanhados de suas mães. Como dito anteriormente, a sensação é que todo mundo se conhece, seja por laços familiares, empregatícios ou mesmo pela convivência de quase um mês e meio.

Show da Tarde

A partir das 14h, horário em que o caminhão de som é ligado, se inicia o que eles chamam de “dinâmica”. A partir daqui, um ritual é seguido. A cada sessenta minutos, todos se dirigem aos portões do CMO para cantar o hino nacional. Após o hino, orações - individuais e coletivas.

Passado o fervor da dinâmica, um dos líderes do espaço se reveza entre ataques ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva; ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes - principal alvo dos manifestantes - e marchinhas que ditam o ritmo dos bolsonaristas.

Entre as preferidas estão - Eu te amo meu Brasil -, música interpretada pelo grupo Os Incríveis, com trechos como - "Eu te amo meu Brasil, eu te amo! Ninguém segura a juventude do Brasil" (música que apesar de falar em juventude, é cantada majoritariamente por idosos) - , e outras que mencionam rasgar a Constituição do país, e questionam a liberdade de expressão. 

Em meio uma atividade e outra, o rito segue o mesmo. Se acomodar próximo ao CMO, tremular bandeiras próximo ao sinal de trânsito e pedir a intervenção militar entre as conversas. 

Moraes na "urna"

Por todos os lados da Avenida Duque de Caxias, se vê inúmeros cartazes em português e em inglês pedindo a retomada militar.

Um caixão de papelão com o rosto do ‘queridinho’ Alexandre de Moraes é o troféu dos manifestantes. A organização interna também é notória, visto os geradores de energia, banheiros separados para homens e mulheres, assim como os nomes que receberam cada barraca.

Como dito anteriormente, a cozinha comunitária é a mais popular, entretanto, o espaço conta com acampamento dos Colecionadores, atiradores desportivos e caçadores (CACs), ao passo que outro ambiente, conhecido como ‘QG do Bolsonaro’, também é destaque entre a galera.

O fluxo se estende até às 18h, 19h. Sempre na mesma lida. Dinâmica, oração, ataques ao STF e bandeiras no sinal.  Com a ‘caída’ da noite, os mais jovens, com idade entre 15 e 16 anos, tomam a avenida e se oferecem para adesivar os carros que passam com o adesivo #Brazilwasstolen, ou 'o Brasil foi roubado', em tradução literal.

A partir daqui, a sensação é a mesma do início do dia. Filas para o jantar, retorno aos acampamentos e volta para casa, afinal, para os manifestantes, o próximo dia é sempre o mais importante.

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GREVE

Peritos de MS aderem a paralisação das atividades junto aos Policiais Civis

Nesta quarta-feira (18), o governo estadual enviou uma nova proposta aos agentes civis, mas que só será analisada pela categoria no sábado (21); segundo os peritos, nada foi enviado à eles

19/09/2024 17h15

Manifestação realizada nesta quinta-feira (19) pelos Policiais Civis

Manifestação realizada nesta quinta-feira (19) pelos Policiais Civis Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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O Sindicato dos Peritos Oficiais Forenses de Mato Grosso do Sul (SINPOF-MS) anunciou, nesta quinta-feira (19), a paralisação das atividades junto aos Policiais Civis por melhores salários e condições de trabalho.

Nesta manhã, uma manifestação ocorreu em frente do IMOL (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) e do IALF (Instituto de Análises Laboratoriais Forenses), próximo ao Lago do Amor, onde reforçaram os pedidos da categoria através de cartazes e faixas.

A alegação para a paralisação foi o não recebimento de nenhuma proposta oficial do governo estadual. Ainda reforçam que os peritos sul-mato-grossenses recebem o 3° pior salário do Brasil quando comparado com outros estados, incluindo Distrito Federal no ranking.

“O deputado Pedro Caravina nos informou ontem que receberíamos um ofício com uma proposta na data de hoje, mas até agora não fomos oficializados”, informou Francisco Orlando, presidente do SINPOF/MS.

Paralisados até às 08h de amanhã (20), quando completam 24 horas de manifestação, as delegacias de todo o Mato Grosso do Sul funcionam somente com serviços essenciais durante esse período, voltada apenas para prisão em flagrante, medidas protetivas e ocorrência com menor vítima.

Histórico da greve

No dia 27 de agosto, o Sindicato dos Peritos Oficiais Forenses de Mato Grosso do Sul (SINPOF-MS) anunciou apoio às reivindicações salariais dos Policiais Civis do Estado, que não recebem alteração na folha de pagamento desde 2013, após realizar assembleia

No dia 26 de agosto, o Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul (Sinpol-MS) deu o prazo de 20 dias para o governo apresentar uma proposta considerada decente pelos agentes e escrivães. Além do aumento salarial, a reivindicação pede a contratação de mais investigadores e escrivães, já que existe déficit de 900 profissionais, do qual a situação pode acarretar no fechamento das delegacias. 

Três dias depois, os Policiais, juntamente com os Peritos Criminais e Médicos, fizeram um movimento na Assembleia Legislativa, às 8h30, para reforçar os pedidos. Um outro questionamento feito pela categoria é a carga horária excessiva, que deveria ser de 40h semanais, mas chega a ultrapassar as 80h, além de não ter pagamento extra.

*Colaborou Léo Ribeiro

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Direito Garantido

Dias após decisão, Prefeitura concede direito a exames de servidoras

O Executivo Municipal foi intimado para permitir que as trabalhadoras se ausentem por um dia para a realização de exames previstos em lei

19/09/2024 17h00

Servidoras entram na Justiça para garantir direito a exames na Capital - Crédito Paulo Ribas / Arquivo / Correio do Estado

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Após ter sido intimada pela Justiça, a Prefeitura Municipal de Campo Grande concedeu o direito de dispensa de um dia por ano para que as servidoras realizem exames de mama e do colo do útero.

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) emitiu uma circular interna para que todos os departamentos tomem conhecimento do cumprimento da lei que assegura o direito de ausência (das servidoras públicas e contratadas) por um dia para a realização de exames.

Leia na íntegra:

"Desta forma encaminhamos para conhecimento de todos os setores desta Secretaria Municipal de Saúde/SESAU, quanto a decisão liminar deferida, concedendo o direito de dispensa por 1 dia ao ano, para servidoras realizarem exames de câncer de mama e do colo do útero, de que trata a Lei Municipal nº 5.693 de 18 de abril de 2016 (DIOGRANDE nº 4.550 _ quarta-feira, 27 de abril de 2016), sem necessidade de nova regulamentação, bastando para tanto, que as servidoras apresentarem o respectivo documento de comprovação de realização do exame referido, sendo que terão o respectivo dia justificado/abonado".

Entenda

A determinação ocorreu após o Sindicato dos Assistentes Sociais do Estado de Mato Grosso do Sul entrar na justiça quando uma servidora pública apresentou um requerimento de dispensa para realizar exames preventivos de câncer de mama e de colo do útero, no dia 14 de maio de 2014. Entretanto, o pedido foi negado.

Diante do caso a Justiça determinou que a Prefeitura Municipal de Campo Grande cumpra o previsto em lei e libere servidoras para a realização de exames médicos, sob pena de multa que pode variar de R$ 10.000,00 a R$ 500.000,00 por procedimento que não for realizado.

Embora a determinação tenha sido acatada, o advogado que representa as servidoras atentou que, talvez, nem todos os setores sejam atendidos.

"A decisão foi cumprida rápido, algo inédito na atual gestão, todavia, faltou sensibilidade da Chefe do Executivo de estender a todas as servidoras efetivas e contratadas da Municipalidade", pontuou Márcio Almeida, advogado.

A reportagem entrou em contato com a assessoria indagando se o direito foi estendido às servidoras de todas as pastas. Até o momento do fechamento do material, não obtivemos resposta. Assim que recebermos, será incluído.

Cabe ressaltar que a intimação eletrônica estabelece o prazo de 10 dias para a leitura do documento, tendo ocorrido no dia 13 de setembro, e a parte intimada tem 42 dias para responder, até 25/10/2024.

O que diz a lei?

  • Art. 1º Todas as servidoras públicas, inclusive as contratadas que prestem
  • serviços em órgãos públicos, deverão fazer, uma vez por ano, o exame preventivo de câncer de mama e do colo do útero.
  • Art. 2º Para a realização do exame, as mulheres referidas no caput do artigo anterior, terão um dia de folga ou dispensa.
  • Art. 3º O comprovante do exame realizado será apresentado no prazo máximode 30 (trinta) dias e recolhido pelo órgão público e/ou empresa e devidamente arquivada na ficha funcional do servidor.

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