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Diário de um repórter: imersão em protesto bolsonarista em Campo Grande

Os detalhes por trás da reportagem sobre a rotina dos manifestantes do CMO

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Na última semana, o jornalista Alison Silva, do Correio do Estado, passou três dias imerso na rotina dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), que ocupam o entorno do Comando Militar do Oeste (CMO), localizado na Avenida Duque de Caxias, há mais de 40 dias.

Conforme noticiado anteriormente, os manifestantes aguardam por uma intervenção militar, pedido que começou a tomar as ruas após a derrota do presidente em exercício para Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva (PT), no 2º turno das eleições gerais, pleito disputado no dia 30 de outubro deste ano.

Para a reportagem “Diário de um Patriota”, Alison visitou o acampamento montado em frente ao CMO por três dias (de 7 a 9 de dezembro). No texto, ele explica como os manifestantes bolsonaristas estão se organizando para conseguir se manter no local, e como funciona a rotina e a convivência.

“A pauta era mais para identificar realmente essas rotinas, mas, quando eu cheguei lá, eu não imaginei que as coisas seriam dessa. É como se fosse algo recente, mas que, na verdade, já dura quarenta dias”, explicou.

Também existia uma preocupação sobre as condições em que as pessoas estavam vivendo, já que algumas passam a maior parte do dia no local.

“No meu entendimento, a ideia foi muito mais questionar o que eles estão consumindo. Uma pessoa que está imersa a quarenta dias, não dá para saber se ela está indo para casa, se ela está comendo direito, se está tomando banho… Enfim, eu acredito que sim, mas ela muda totalmente a rotina em função daquela atividade, e não se sabe o quanto ela está afetada. Quanto mais você está imerso em uma coisa, mais isso se torna parte de você”, pontuou.
 

Alison Silva/Correio do Estado

Alison optou por não se apresentar como jornalista no local, já que incomodava o fato de outros colegas de profissão já terem sido hostilizados enquanto trabalhavam em manifestações. 

“A partir do momento em que outros colegas - de outros veículos - foram atingidos e mal vistos pela própria manifestação, eu me senti mais confortável em fazer a matéria sem me anunciar, mesmo vendo o próprio jornal do Correio do Estado lá, sendo lido pela galera”, relatou. 

Além disso, ele comentou sobre o receio de estar sendo observado por manifestantes incomodados ou desconfiados pela presença de um novo membro no acampamento.

“Internamente, é assim: você chega e o olhar da galera é de desconfiança, no primeiro dia, principalmente, até pela questão da galera que está ali a muito tempo sentir que você não pertence a aquele espaço. Quando você está lá, você não sabe o que esperar, você não sabe se tem alguém te cuidando, te olhando. Por algum momento, eu achei que tivesse mesmo”. 

Apesar do começo de desconfiança, Alison não teve problemas, e ressaltou que as pessoas foram muito educadas.

“Todo mundo super educado, todo mundo foi super gentil comigo, inclusive os vendedores do entorno, o pessoal foi super receptivo”, concluiu. 

Tarefas

Para conseguir entender melhor o funcionamento do acampamento e a relação entre as pessoas, o jornalista precisou se enturmar, participar das chamadas “dinâmicas”, e ajudar em serviços do acampamento.

“Para mim, foi muito mais fácil conseguir uma resposta nas tarefas diárias. Eu chegava, tentava me enturmar, se eu não conseguisse eu puxava papo com alguém para entender o contexto do dia, qual era o assunto, para aí conseguir desenvolver, conseguir entender as dinâmicas”, comentou.

Foram três dias de convivência e, aos poucos, ele foi sentindo que as pessoas já estavam mais abertas para conversar. Segundo ele, parte dessa estranheza com pessoas novas se deve ao fato de que a maioria das pessoas que estão lá já se conhecem, seja por vínculo empregatício, familiar ou até mesmo pela convivência nos últimos 40 dias. 

“Quando as coisas ficavam difíceis, eu me aproximava das pessoas que eu já tinha tido algum contato antes, no primeiro ou no segundo dia, porque quando você consegue uma aproximação, você consegue se enturmar mais fácil. No geral, todo mundo se conhece, seja por vínculo empregatício ou de sangue mesmo”.

Organização

O que mais chamou a atenção de Alison foi a organização do acampamento, que também é o que explica como as pessoas estão conseguindo ficar no local por tanto tempo.

Alison Silva/Correio do Estado

“Todos os lugares têm nomes, todo mundo tem uma função, existem geradores de energia… Existe uma espécie de ciclo mesmo, uma engrenagem que funciona internamente. Mesmo que ninguém diga nada, todo mundo ali sabe suas tarefas”.

A impressão que ele teve, nos três dias, foi de que o senso de comunidade e a organização confortavam, de alguma forma, as frustrações dos manifestantes, e faziam a chance de uma intervenção parecer mais próxima.

Fake News

Outro ponto notado por Alison - e destacado na matéria publicada anteriormente - foi o poder das notícias falsas e a forma com que elas são usadas para “dar energia” para os manifestantes cumprirem o dia. 

“Parece que as pessoas têm a necessidade de criar uma narrativa, uma história, um contexto, que talvez não seja totalmente verdade, mas que vá circular ali entre as pessoas do CMO, vai ser tido como verdade e se espalhar ao longo do dia. E caso as coisas não aconteçam como eles imaginam, eles já se articulam no fim da noite, para poder gerar alguma outra história para o dia seguinte”, explicou.

Em um dos dias, a fake news que guiou os manifestantes foi a de que Bolsonaro iria pousar dentro do CMO.

“A gente via que, na verdade, a agenda oficial dele dizia que ele estava em Rondônia. Uma pesquisa básica, pequena, já faria o pessoal ver que a chance dele estar ali era bem pequena”, pontuou.

Experiência

Para Alison, viver a reportagem foi uma das maiores experiências dentro do jornalismo, e a expectativa é de que mais matérias imersivas sejam produzidas.  

“Acho que até hoje, dentro do jornalismo, foi uma das maiores matérias que eu fiz. Talvez a gente vá passar a vida escrevendo e não vai conseguir uma matéria que fale ‘pô, essa aqui fui eu quem fiz’, e eu acho que essa matéria, até agora, foi uma das melhores”, ponderou.
 

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CAMPO GRANDE

Evento reúne 20 brechós com itens a partir de R$ 5,00

Primeiro brechó do ano terá roupas, sapatos e acessórios usados, mas em ótimo estado de conservação

15/01/2025 12h00

Primeiro brechó do ano será realizado nos próximos dias em CG

Primeiro brechó do ano será realizado nos próximos dias em CG ARQUIVO PESSOAL

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BOM, BONITO E BARATO: Primeiro brechó do ano ocorrerá nos próximos dias em Campo Grande.

O evento reunirá 20 brechós em um só lugar. São três mil itens à venda, como:

  • Roupas (masculino, feminino e infantil): blusa, camiseta, camisa, suéter, casaco, calça, saia, vestido, meia calça, touca, luva, jaqueta, meias, cachecóis, blazer, bermuda, cropped, pijama, roupão, paletó, entre outros
  • Acessórios (feminino, masculino e infantil): bolsa, colar, pulseira, relógio, anel, cinto, brinco, lenço, chapéu, tornozeleira
  • Sapatos (feminino, masculino e infantil): sapatilha, rasteira, bota, tênis, salto, sandália, chinelo, chuteira, etc

O preço mínimo é de R$ 5,00. Serão vendidas desde peças simples à peças de grife. Os itens são usados, mas em ótimo estado de conservação.

O objetivo é incentivar a moda sustentável, reduzir o desperdício têxtil, preservar o meio ambiente, diminuir o impacto ambiental causado pela produção de roupas novas, apoiar empreendedores locais e quebrar preconceitos.

O evento é realizado todo mês e reúne milhares de pessoas e vende milhares de itens. Neste mês, ocorrerá na metade de janeiro.

Confira alguns dos brechós que marcarão presença no evento:

@coletivodebrechos
@garagebrecho
@madamebella
@divina2mao
@carmozitabrecho
@brecho_chicamariia
@Brechorebua
@dryvariedades_cg
@brecho_flor_da_guavira
@itinerantebrecho
@rubi__brecho
@reuse_bazar_marlene
@garimpodamoda.cg.ms
@brecho_das_menin
@aura_brechoboutique
@madamebiubrecho
@mariaabellabrecho
@Novo_de_novo_brechocg
@katiuscia_brecho_
@dryvariedades_cg

O ‘Coletivo Brechós’ ocorre neste sábado (18), 8h às 15h, na Plataforma Cultural, localizada na avenida Calógeras, número 3015, Centro, em Campo Grande. A entrada é gratuita.

Veja fotos de roupas, sapatos, acessórios que serão vendidos no evento:

 

Cidades

Ministério Público investiga demolição de imóveis históricos no centro de Campo Grande

Nove inquéritos foram instaurados para apurar se proprietários tinham autorização para demolir os imóveis, inventariados pelo Plano Diretor como detentores de significância histórico-cultural

15/01/2025 11h20

Divulgação: MPMS

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) deu início à investigações acerca da demolição de imóveis históricos no Centro de Campo Grande, feita sem a prévia autorização.

Até o momento, foram instaurados nove inquéritos civis, sendo cinco deles novos e quatro do ano passado, pela 26ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, Patrimônio Histórico, Cultural, Habitação e Urbanismo de Campo Grande. Estes, instaurados na terça-feira (14) são destinados a apurar a eventual destruição ou deterioração de seis imóveis, bem como a responsabilização aplicável.

Embora não sejam tombados, os imóveis são reconhecidos e devidamente inventariados pelo Plano Diretor de Campo Grande como detentores de significância histórico-cultural e fazem parte, mais especificamente, da denominada Zona Especial de Interesse Cultural (ZEIC) 2.

Procedimentos

A Promotoria localiza os imóveis e identifica os proprietários para eventual responsabilização. Em um dos casos, já foi feito acordo entre o MPMS e os proprietários do imóvel. O valor pago por eles para a compensação da deteriorização do imóvel foi destinado à higienização, tratamento, digitalização e gestão eletrônica dos documentos históricos do Arquivo Histórico de Campo Grande (ARCA), e utilizado na restauração do Obelisco, monumento criado em homenagem ao fundador de Campo Grande, José Antônio Pereira.

"O trabalho de identificação pelo MPMS e visitação dos imóveis de relevância histórico-cultural em Campo Grande continua. A depender do que for averiguado, novos procedimentos poderão ser instaurados", destaca o órgão.

Preservação

Todo bem que constitui o patrimônio cultural brasileiro deve ser protegido pelo Poder Público, com a colaboração da comunidade, seja por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento, desapropriação, entre outras formas de acautelamento e preservação.

Antes de iniciar eventuais modificações nos imóveis detentores de significância histórico-cultural, o proprietário precisa pedir e obter autorização prévia da Prefeitura Municipal. Esse passo é mandatório até mesmo no caso de obras menos complexas, como pintura e reformas.

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