Cidades

LUGAR DE LIXO

Drive-thru da reciclagem é lei, mas trato com resíduos está longe do ideal, diz especialista

Descarte individual incorreto afeta cadeia da logística reversa e coloca a reciclagem prática do País em torno de 5%, com mais da metade do pós-consumo voltando para os lixões

Continue lendo...

Dona da startup DuBem Sustentável, com produtos e serviços que tratam do reaproveitamento, descarte e preservação da água, Ana Cristina Franzoloso viu seu projeto "Drive-Thru da Reciclagem" virar lei e entrar para o calendário municipal, porém comenta que o trato com resíduos está longe do ideal, a começar pelo indivíduo.

Gestora ambiental, ela comenta que consegue quantificar o descarte do Drive-Thru da Reciclagem e aponta uma tendência crescente, que mostra que um comportamento está sendo criado entre os campo-grandenses, porém, com uma notícia triste. 

"Meu drive a gente foca muito o descarte correto; a logística reversa e economia circular funcionando. Faço mensuração de tudo isso, nunca diminuiu o meu descarte, sempre pessoas indo e descartando mais, significa que o munícipe está começando a se voltar para isso. A notícia triste é que é um número pequeno, precisamos mostrar e informar", afirma. 

Ainda em novembro de 2023, Ana viu o "Drive-Thru" entrar para o calendário oficial dos eventos de Campo Grande, com edições anuais marcadas para os meses de março; junho e outubro, através do Projeto de Lei 11.117/23 do vereador Ronilço Guerreiro

Mesmo diante disso, ainda que seja um objetivo, ela diz que o cenário ideal é utopia. Ana descreve que o saneamento, que passa pela água; drenagem; esgoto e resíduos sólidos, encontra sua barreira nesse último ponto. 

"Quando a gente fala de resíduos sólidos, o ciclo, a logística reversa, ela tem que funcionar no seu todo", diz ela, afirmando que não é a realidade atual.

Quanto à "logística reversa", Ana frisa que, é necessário um descarte correto para que, a partir disso, haja a destinação certa desse material, para chegar a um processo de produção que reinsira esse item no mercado, como um novo produto. 

"O Brasil está mais ou menos na faixa de 70% do que pode ser processado novamente, entre resíduo orgânico e reciclável... então é muito. Só que nós temos aí problemáticas muito grandes que inicia com o indivíduo", pontua. 

Coleta seletiva 

Cabe lembrar que, assim como o Drive-Thru, por lei o campo-grandense que não separar a porção de plástico reciclável - "mesmo não havendo coleta seletiva regular" - pode ser multado em mais de cinco mil reais.

Diante desse descarte inadequado, a lei estabelece que essa porção reciclável pode ser passível de multa que varia entre R$ 1.201,01 e 5.033,07.

Ações individuais

Ana não descarta os impactos do consumo acelerado, já que diante das produções em grande escala o equilíbrio no processo torna-se quase que inalcançável, porém, contrapõe dizendo que [individualmente] o problema perpassa mais pelo trato no pós-consumo do que na quantidade que cada um ingere. 

"Você entender que pode consumir de uma forma natural, não precisa ser nem mais, nem menos esse consumo seu, desde que você descarte corretamente: que é seco, o que é molhado? Você saber o que é reciclado... começa dentro da sua casa, para ir para as grandes empresas", complementa ela. 

A gestora destaca que o grande problema nesse ponto é justamente a "higienização", já que as pessoas possuem o costume de descartarem os recicláveis ainda sujos.  

"Sujos com resto de leite; de comida, isso contamina. Quando chega lá para o processo não funciona, não passa no teste e volta de novo para o lixão". 

Ela frisa ainda um grande furo de mercado, já que ainda existem determinadas embalagens de plástico que não possuem processo de reciclagem, o que Ana estima acontecer com mais da metade (entre 50% e 60%) dos materiais que chegam às centrais de triagem e acabam voltando para os lixões por esse motivo.  

"Falar de gestão pública, de plano de gestão integrada de resíduo, é muito importante... mas para uma cidade ser sustentável precisa todos os eixos estarem juntos, iniciativa privada; terceiro setor; sociedade; indivíduo e gestão pública. A educação é o primeiro item, tem que estar nas escolas, mas tudo começa com uma logística reversa", destaca. 

Por fim, ela detalha que o País possui uma reciclagem prática que gira entre quatro e cinco porcento, sendo necessário, sim, um consumo mais direcionado e equilibrado, assim como uma cadeia produtiva funcionando para processos de reciclagem 

"Lixão e aterro já não funcionam mais, então tem que ter tecnologias para isso aí. É uma série de quesitos que tem que acontecer. Os resultados só acontecem quando todos os eixos funcionam, tem um consumo equilibrado e processo de produção para tudo isso", conclui. 

 

Assine o Correio do Estado
 

 

Itaquiraí

Mãe e filha morrem em acidente triplo na BR-487

Colisão ocorreu em trecho conhecido como estrada boiadeira, próximo ao município de Itaquiraí

13/12/2025 16h30

Foto: Portal Conesul

Continue Lendo...

Gabrieli de Freitas Vieira e sua filha Julia Pereira de Freitas, de apenas 3 anos morreram na manhã deste sábado após um acidente triplo na manhã deste sábado (13), na BR-487, próximo a região do Assentamento Santo Antônio, situado em Itaquiraí, distante 405 quilômetros de Campo Grande.

Conforme a imprensa local, ambas estavam em um Jeep Compass com uma familiar de 40 anos, e seguiam de Maringá (PR) com destino a Dourados, cidade em que possuíam comércio. A família seguia na rodovia sentido BR-163 quando tentou uma ultrapassagem forçada e atingiu a traseira de um veículo Polo, que seguia na mesma direção.

Com o impacto da colisão, testemunhas afirmam que o veículo teria capotado e batido na traseira de uma carreta que seguia na pista contrária, impacto suficiente para arremessar o carro da família para fora da pista, ao lado de uma borracharia. 

De acordo com a imprensa local, o acidente aconteceu por volta das 9h30. Gabrieli e a filha morreram no local. Socorrida, a outra pessoa da família foi levada ao hospital de Itaquiraí, consciente e orientada, apesar de cortes na cabeça.

Os demais motoristas envolvidos não sofreram ferimentos graves e testaram negativo para consumo de álcool.. Equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil, da Polícia Rodoviária Federal e da Perícia estiveram no local. As causas do acidente serão investigadas na Delegacia de Itaquiraí.

Assine o Correio do Estado

Cidades

TCE suspende licitação para reforma de ponte sobre o rio Paraguai

Inconsistências e riscos de gastos excessivos na licitação levaram o Tribunal de Contas do Estado a suspender o certame

13/12/2025 13h30

Imagem divulgação

Continue Lendo...

Menos de um mês depois de assumir como conselheiro do Tribunal de Contas, o ex-integrante do governo do Estado, Sérgio de Paula, suspendeu a licitação de R$ 11,7 milhões para obras na ponte da BR-262, sobre o Rio Paraguai.

A decisão foi publicada nesta sexta-feira (12), em edição extra do Diário Oficial do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul.

No dia 26 de novembro, a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul) lançou a licitação prevendo investimento de até R$ 11.728.608,10 para a execução de obras de recuperação estrutural.

Os envelopes com as propostas feitas pelas empreiteiras seriam abertos na segunda-feira (15). No entanto, foi determinada a suspensão do certame após a equipe técnica do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS) identificar “inconsistências e lacunas” em informações como:

  • Caderno de desenhos;
  • Relatório de critérios e especificações técnicas;
  • Verificação estrutural;
  • Projeto de recuperação estrutural;
  • Projeto de sinalização temporária;
  • Plano de execução.

A justificativa para suspender o processo licitatório da reforma da ponte foram inconsistências no Projeto Básico, que podem gerar gastos acima do necessário. Para isso, foi apontada a necessidade de atualização dos dados técnicos.

“Tais inconsistências podem acarretar riscos de sobrepreço, aditivos contratuais futuros e execução inadequada da obra, comprometendo a economicidade e a eficiência, em desacordo com a Lei nº 14.133/2021. Embora o projeto tenha avançado em sua conformidade com a nova Lei de Licitações, as lacunas técnicas e a necessidade de atualização são significativas. Para uma decisão embasada e para mitigar risos futuros, é crucial que as informações complementares e as atualizações necessárias sejam providenciadas e analisadas”, consta no ato.

Diante dos indícios de irregularidades no Estudo Técnico Preliminar (ETP) e no Projeto Básico, o relator, conselheiro Sérgio de Paula, determinou a aplicação de medida cautelar para suspender o processo licitatório até a regularização dos pontos apontados.

Previsão

Com previsão de início das obras somente no segundo trimestre de 2026, o valor estimado, como adiantou o Correio do Estado, indica que a reforma da ponte pode custar o dobro do apontado pelo ex-secretário de Obras, Hélio Peluffo.

Em 2023, ele previu gastos em torno de R$ 6 milhões na recuperação da estrutura da ponte, que tem sofrido diversas intervenções e situações que resultaram em tráfego em meia pista.

Essa situação ocorreu em 2023, quando a interdição durou mais de um ano, até que os reparos emergenciais fossem concluídos na pista de rolamento.

Além disso, há situação emergencial nos “amortecedores” instalados entre as pilastras e a parte superior da ponte (pista), que apresentam desgaste por falta de manutenção. Essa obra deverá ser bancada, agora, com recursos públicos.

Pedagiada "até ontem"
 

Investimento público em uma ponte seria algo normal não fosse a cobrança de pedágio, feita até setembro de 2022. Pequena fatia da receita era repassada ao Estado e a única obrigação da empresa era fazer a manutenção da estrutura, que tem dois quilômetros e foi inaugurada em 2001.

Porém, em 15 de maio de 2023 a empresa Porto Morrinho encerrou o contrato e devolveu a ponte Poeta Manoel de Barros sem condições plenas de uso, embora tivesse faturamento milionário.

Em 2022,  com tarifa de R$ 14,10 para carro de passeio ou eixo de veículo de carga, a cobrança rendeu R$ 2,6 milhões por mês, ou R$ 21 milhões nos oito primeiros meses daquele ano.

No ano anterior, o faturamento médio mensal ficou em R$ 2,3 milhões. Conforme os dados oficiais, 622 mil veículos pagaram pedágio naquele ano. Grande parte deste fluxo é de caminhões transportando minério. A maior parte destes veículos têm nove eixos e por isso deixavam R$ 126,9 na ida e o mesmo valor na volta.

Esse contrato durou longos 14 anos, com início em dezembro de 2008, e rendeu em torno de R$ 430 milhões, levando em consideração o faturamento do último ano de concessão. 

Em março de 2017, a Porto Morrinho conseguiu um abatimento de 61% no valor da outorga. Na assinatura, em 22 de dezembro de 2008, o acordo previa repasse de 35%  do faturamento bruto obtido com a arrecadação tarifária estabelecida em sua proposta comercial. A partir de março de 2017, porém, este valor caiu para 13,7%. 

Se tivesse de repassar 35% dos R$ 2,6 milhões arrecadados por mês em 2022, a Porto Morrinho teria de pagar R$ 910 mil por mês ao Estado. Com a repactuação do contrato, porém, este valor caiu para a casa dos R$ 355 mil. Em ambos os casos os valores teriam alguma variação porque ainda seria necessário descontar impostos.

Ou seja, a repactuação garantiu R$ 555 mil mensais a mais aos cobres da concessionária, que mesmo assim não cumpriu com sua única obrigação, que era manter a ponte em condições de uso. 

E, mesmo depois de parar de cobrar pedágio, ela continuou cuidando da ponte, entre setembro de 2022 até maio de 2023.  Neste período, recebeu indenização milionária, de pouco mais de R$ 6 milhões. 

O pedágio acabou por causa do fim do acordo do governo estadual, que construiu a ponte, com o DNIT, já que a rodovia é federal. Porém, o governo federal só aceita receber a ponte depois que estiver em boas condições de uso. 

** Colaborou Neri Kaspary

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).